Uma palavra por dizer. Um passo por dar. Um caminho por percorrer. O acaso por desafiar. Uma tarde a escurecer. O dia sem todos os seus momentos. Um hiato. Um buraco no peito. O peso de um silêncio em excesso. Uma distância não querida. Um livro a meio. Um sorriso sem retorno. Um beijo em suspenso. Um voo interrompido. Uma nuvem quebrada. Um rasto que se dissipa em azul. Uma estrela quase esboçada.
O inacabado. A perfeição antes do fim. O ser antes antes de acontecer. A respiração antes do seu alvorecer, a madrugada que se anuncia no calor da noite. Fragmentos. Breves instantes. Afinidades longínquas. Destinos que parecem cruzar-se. Lá longe. Lá longe. Silêncios. O lamento do violoncelo, o murmúrio do piano. Palavras adivinhadas. A infinita incerteza.
Como hoje, em que subitamente, sem desígnio celeste, nem interpretação moral, nos inscrevemos na hospedaria do desencontro, onde nada se acha do que nos sucede, mas só a poeira dos pequenos incidentes humanos que não tiveram história.
A intervenção do súbito no sentido das coisas que nos aplicamos a descobrir é a assinatura indecifrável que só a elas próprias compete. E do romance nada resta, excepto o idioma em que ele é escrito.
(In)significâncias. (Im)perfeições. O (in)finito contido no seio de cada pequeno instante. Cruzamentos.
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Fotografias feitas esta manhã.
Numa interpretação de Camille Thomas e Beatrice Berrut, de Brahms, a Sonata op.38 1st mvt
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Acredito, deve ser um bom livro. Dizia Almada, há-de haver outra maneira de salvar uma pessoa (sem ser lê-los a todos).
ResponderEliminarBea,
ResponderEliminarNão sei como, nós leitores, poderemos ler tudo o que gostaríamos; nem sei como podem os escritores escrever tudo o que quereriam. Não sei como é possível a salvação perante tão penosas impossibilidades.
Um belo domingo, bea!