sexta-feira, setembro 30, 2016

57 anos de diferença
(E uns breves apontamentos confessionais)


Hoje misturam-se-me o incómodo pelo que no post abaixo expliquei, o sono (uma vez mais, já aqui estive a dormir), a vontade de que chegue o fim de semana, a vontade de ir ao cinema e a chatice por não haver nada de jeito para ir ver, a canseira por pensar que me apetecia esta sexta-feira ter tempo para almoçar num sítio bonito, nas calminhas, e saber que não posso, a vontade de responder aos comentários e, ao mesmo tempo, estar a pensar que deveria ir ao google pesquisar a ver se há mais alguém a queixar-se do mesmo que eu, a vontade de mandar esta gaita do blog toda às malvas, a preguiça nocturna que trago colada a mim desde que regressei de férias, sei lá que mais. Tudo misturado.

Que me desculpem os Leitores a quem não tenho respondido aos comentários ou aos mails. Leio-os, claro, mas chego a esta hora num tal estado que o mais que consigo é ligar o piloto automático e, entre os cochilos, ir escrevendo nem sei bem sobre o quê. Continuam aqui ao meu lado os meus últimos livros e tinha pensado pegar num trecho da escorreitíssima prosa de um deles, coisa de primeira água, e nem energia tenho para escolher o trecho quanto mais para o transcrever. Presumo que isto seja um síndroma pós-férias (se bem que já lá vão duas semanas) misturado com uma inusitada carga laboral, digamos assim. 

Sobre o que tenho andado a viver, acho que um dia, quando isto tiver amainado e tiver ganho algum distanciamento, escreverei alguma coisa. Não é só uma experiência profissional e pêras: tem sido também uma experiência pessoal muito interessante. E eu gostava de um dia, de alguma forma, poder partilhar as minhas impressões convosco. Ou isso, ou escrevo um livro. Ou dedico-me a fazer palestras. Ou nada disso e parto para outra. 

Enfim, adiante que daqui a nada já estou mas é a atirar-me para fora de pé e a não dizer coisa com coisa. 

Outra coisa: ouvi que ia haver um sorteio extra do euromilhões e já aqui estive a jogar. Só faço apostas simples. Gastei 2,5€. A improbabilidade é de tal calibre que não me faz sentido pensar que terei mais hipóteses se gastar mais dinheiro. Apenas terei hipóteses se tiver um extraordinário bambúrrio de sorte. Como acho que um dia o terei, quando me lembro, jogo. A ver se é desta. Se for, aviso.

Entretanto, abri o youtube para escolher uma música para ir ouvindo enquanto estou nisto. E lá está. O esperto do algoritmo diz que acha que eu vou gostar de algumas coisas. Geralmente acerta.

E é esta coisa dos programas -- que são concebidos para 'varrerem' tudo o que fazemos e que intrusivamente controlam cada peça do que escrevemos ou lemos -- que volta e meia lhes corre mal e limpam o que não devem como agora, se calhar, aconteceu com a minha querida listinha dos blogues que gostava de ler todos os dias e que, por erro do blogger, magia negra ou sei lá o quê me desapareceu. Bolas. Não me conformo. Que raiva.

Mas adiante.

Dizia eu que o youtube me recomenda alguns vídeos e eu, bem mandada, fui ver o primeiro e, de facto, é uma ternura.

Partilho-o convosco.

Um miúdo de 7 anos e um homem de 64 (ie, 57 anos de diferença), falam sobre coisas da vida.


Muito bonito


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Maravilhosas as crianças. E ternos os homens que, com uma certa idade, conversam com crianças.

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E façam lá o favor de descer até ao post que se segue para verem lá bem o que me aconteceu.

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Então mas que é feito dos outros blogues ali na barra lateral...? Desapareceram...?
Mas como é que uma coisa daquelas desaparece sozinha, senhores...?


Caraças. Montes deles. Alguns que já estão parados no tempo e de que já não faço ideia do endereço... Tantos. Como é que agora vou conseguir lembrar-me de todos? Mas que coisa. 

Não mexi em tal coisa.... Ainda se tivesse estado a mexer naquilo ainda admitia que tivesse trocado as mãos. Mas não, Nem pó. Desapareceu simplesmente. 

E agora nem sei que faça. Admito que seja algum problema na plataforma blogger (se bem que já espreitei unas quantos blogues que também têm uma lista de blogues ali de lado e estão lá todos) e portanto acho que o melhor é não mexer e esperar que volte a aparecer. Porque tentar eu repor... é que ainda por cima, tendo-os eu rebaptizado, sei lá eu do nome e endereço verdadeiros... Caraças. Como é que eu agora os visito? 

Raios partam esta porcaria do blogger. No outro dia, quando queria ver o UJM, aparecia-me a mensagem que eu não tinha sido convidada. E não o conseguia ver. Depois voltou a si.

Hoje isto. Se eu fosse paranóica ainda achava que isto era algum ataque. Como não sou, espero que quem fez isto, faça o favor de voltar com as sardinhas ao prato. Agradecida.

Gaita.


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quinta-feira, setembro 29, 2016

De Fred “Rusty” Gage apenas os bonecos


Então mas alguém de bom senso acharia que, depois de ter falado de flores, os dedos ainda macios de dedilhar o teclado com palavras embebidas em cores e perfume, eu ia aqui pôr-me a falar do Deutsch Bank ou da matrafona búlgara que entrou nos últimos cem metros a ver se ganha a maratona da ONU (Marcelo dixit*)? Eu não. Posso ser maluca mas não sou parva.

Nem vou alargar-me no que se segue que se há coisa de que não sou capaz é de falar do que não conheço. E, meus Caros, se há coisa que eu não conheço, mas não mesmo, é o que se passa dentro da minha cabeça.



Ontem disse que não sou introspectiva -- e é verdade. Mas se não me interessa nada saber se sou assim ou assado (até porque acho que o mais provável é que seja assim e assado), a verdade é que gostava de perceber o que se passa dentro de mim para que as minhas mãos desatem a escrever palavras que, lidas de seguida, parecem fazer algum sentido. Não sei quem lhes encomendou o sermão pois no milionésimo de segundo antes de as escrever não faço a mínima ideia do que vai aparecer escrito. Ou seja, eu não sou. Mas o que é que dentro de mim, em que sítio, o quê, tem o meu ID? Não faço ideia.


Ilumina-se o meu cérebro por cada palavra que vai aparecer escrita? E têm cores pré-definidas por assuntos, amarelo para luz, azul para serenidade, encarnado para paixão? E lendo a sequência de cores do meu cérebro consegue reconstituir-se o que aqui está escrito? E eu que penso em flores, em pintura, em passeios pelas margens dos rios ou em sestas à sombra das árvores e que penso em amor, beijos, risos, tenho dentro de mim cores vibrantes que se interpenetram? E as pessoas tristes terão luzes cinzentas e apagadas?

Ou não é nada assim que se passa? Se alguém espreitar com aparelhos potentes o que se passa dentro de mim jamais vai poder identificar: ah, aqui está o cérebro de uma mulher que pode ter vindo de um outro planeta, que noutras vidas foi etrusca, bonobo do lado materno, que gosta de arte abstracta, que gosta de escrever pela noite fora, que gosta de ter da vida o lado caloroso? Será que perscrutando por dentro, com potentes radares e sondas ultra-sónicas, o meu e os vossos cérebros são iguais: luzinhas azuis quando se diz mar, luzinhas cor-de-rosa quando se diz flor? Se calhar até iguais aos dos macacos?


E será que quando estou cansada e, em vez de me ir deitar, me ponho aqui a escrever, o meu cérebro se ajeita, como se eu estivesse a arrumar a casa, a varrer o lixo? E quando chego à cama, fecho os olhos e adormeço, o meu cérebro vira-se de lado, quietinho, limpinho, as luzinhas todas apagadas e desata também a dormir? E, no dia seguinte, mais pontinhos de luz estão prontos a iluminar-se para me trazer alegria? Reproduzem-se? Uma série deles novinhos em folha, reluzentes, prontos para um novo dia?

E, se me sentem vulnerável, entram num frenesim, percorrendo vastos universos escuros, a ver como me defender do que me ataca? Doenças, mau olhado, malapatas cá para o meu lado -- e aí estão eles a comunicarem entre si a ver como me proteger?

Pergunto.


Só pergunto. Claro que poderia tentar espreitar um pouco do que já se sabe dos insondáveis mistérios que se escondem de mim, fechados a sete chaves na minha cabeça. Mas, apesar de me desconhecer, intuo as minhas limitações. Por isso, do que Fred “Rusty” Gage tem a dizer sobre o tema escolho apenas os bonecos.

Belas as imagens do que há dentro de nós, algures, visto de uma certa forma: a beleza da arte abstracta.
Aquilo para que algumas pessoas olham com desdém dizendo: 'Mas o que é isto? Olha-se e não se percebe o que é?' Ou: 'Uma criança de quatro anos fazia isto, bolinhas e risquinhos às cores'. 
Aquilo que, afinal, comanda a nossa existência. A realidade abstracta e misteriosa que nos move.

Para terminar este não-post, limito-me a transcrever alguns tópicos.
Gage and his colleagues discovered that the human brain can give rise to new neurons throughout life. He also found that exercise and cognitive enrichment can increase the brain’s ability to generate more neurons. 
Using new stem cell technologies, his team has shown that neurons generated from the skin cells of people with schizophrenia are dysfunctional in early developmental stages, providing a hint as to ways to detect and potentially treat the disease early. 
By sequencing the genomes of single cells, Gage and collaborators showed that the genomic structures of individual neurons differ from each other even more than expected. This may help explain differences between closely related individuals.

Esta sou eu? A mulher-árvore? 
Ou esta somos todos nós?

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* "Marcelo dixit" a propósito da metáfora da maratona
-- não o simpático epíteto que lá em cima usei para com a dita trafulha.

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E, agora que não fui capaz de falar de nada, sugiro que desçam até ao post abaixo. Flores de outono.

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Flores, apenas


Bouquet à Manet
(Manet gostava muito da sensualidade das grandes peónias)

Jarra com peónias, Manet

Tenho coisas. 

Uma é que nunca fui de ir a floristas comprar flores para jarras. Acho mal empregado arranjar flores frescas para depois as deitar fora. Mesmo receber flores frescas de presente não é coisa de que goste muito. Olho o ramo tão bonito e, cá para, mim penso: 'mal empregadas, tão bonitas, e qualquer dia vão para o lixo, é dinheiro deitado ao lixo'. Claro que escondo que penso isto. Tento então preservá-las. Depois, quando estão secas, continuo a achá-las bonitas e custa-me deitá-las fora. Só recentemente deitei fora um ramo lindíssimo que uma das minhas primas me deu há que tempos. 

Bouquet à maneira de Cézanne
(para não correr o risco de morrerem,
Cézanne fazia flores de papel que pintava.
No entanto, acabavam por ir perdendo a cor)

Duas jarras de flores, Cézanne

Mas gosto de apanhar algumas no campo e deixá-las ir secando. Alfazema, por exemplo, gosto de apanhar e também gosto de lhes juntar folhas ou flores do campo. Mas, no campo, o que não falta são flores -- pelo que, se secarem, voltam à terra, não chegam a perder-se. Mas nem no campo gosto muito de as apanhar. Acho-as mais bonitas vivas. Cortá-las só para um deleite pessoal um bocado fútil parece-me uma violência desnecessária. 

Escrevo isto e penso que, quem ler, deve achar que cá está mais uma maluquice, e da grossa. E deve ser pois gosto de ver belos arranjos florais quer ao vivo quer em fotografia. Mas, embora saiba que muita gente deve achar uma heresia, gosto ainda mais de arranjos de flores a fingir.

Bouquet à Renoir
(do género dos arranjos que Madame Renoir gostava de fazer
e que geralmente continham flores brancas)

Grande jarra de flores, Renoir

E assim é que, para colmatar esta minha pancada, nesta sala tenho ali num canto uma jarra de vidro com umas flores de pano, umas flores cor de marfim, grandes, abstractas. Numa outra, uma jarra de vidro azul, uma jarrinha pequena com um feitio incomum, tenho umas flores que são apenas umas hastes muito finas com as pontas azuis. Fica bonito, acho elegante. 

E não tem que se assistir ao seu declínio pois não são flores, são representações de flores. 

Ora bem. Estive a ver os belos arranjos outonais que aqui vos mostro e achei-os mesmo bonitos. Lá no campo, quando apanho flores, também as ponho em bules. Gosto especialmente de um bule muito antigo, de esmalte em tom lilás com o desenho de amores perfeitos lilases. Gosto de lá ter hastes de alfazema. A cor condiz, acho bonito. Estas estão em cafeteiras e as flores que compõem os arranjos podem ser vistas abaixo.

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Andar no campo, ver as cores puras das flores, sentir o seu perfume, ver as abelhas que as procuram para delas sorverem o açúcar, o mel, a secreta doçura, ouvir os pássaros atraídos pelo deleite dos tons que vibram à luz do sol, olhar a corola e os delicados órgãos que sob ela se ocultam -- esse é, para mim, o verdadeiro prazer que a companhia das flores me proporciona.
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E a propósito disto das flores, com vossa licença:


When Like the Sun de A.D. Hope, lido por Tom O'Bedlam

No vídeo, as flores são quase todas de Georgia O'Keeffe e a mulher nua reclinada é de Lev Tchistovsky

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quarta-feira, setembro 28, 2016

Oh Bordalo II...!
Que só mesmo a tua bicharada para me manter aqui a pé, rapaz...!





Fogo que isto não está fácil. Retomei a rotina diária há pouco mais de uma semana e, chegada aqui à noite, dou por mim perdida de sono, como se já estivesse a precisar de férias e, ao fim de pouco tempo de reclinanço neste sofá de perdição, estou a adormecer num sono descansado como se estivesse a sestar.

E assim foi que, tal como ontem -- mal escrevi o post anterior, o dos belos assentos, e, antes que me deitasse a circular pelos outros blogues, a saber o que há de novo ou a responder aos comentários -- já estava caída no poço da santa inconsciência.

Acordei agora e, ainda mal acordada, volto a optar pela facilidade.

No entanto, não me rendo às primeiras: escolho uma música alegre a ver se, contagiada pela energia sensual dos cubanos, consigo salsar e rumbar em vez de borregar.

Muito bem. Vamos lá. A ver se consigo que as minhas mãos consigam andar por si e se, sem a ajuda da cabeça, conseguem acordar as palavras.


Depois de semanas sem comprar livros e desmotivada até de fazê-lo tão militantemente ignara fui nas férias, eis que no fim de semana e esta terça-feira tive umas recaídas -- e logo daquelas que provam que curada nunca estive nem tão pouco tentada a está-lo.

No domingo, de fugida entre veraneios e turismos acidentais, com o tempo à rédea curta, dei um salto a Setúbal. A vontade de me despedir da Culsete era grande e a pena de não trazer uma das últimas provas da sua existência teve que ser apaziguada. Tenho aqui ao pé de mim o que lá comprei e tinha vontade de vos mostrar. Em especial dois dos livros são de me benzer e chorar por mais. Mas, para isso, deveria fotografá-los e, para tanto, não encontro energia.

E esta terça-feira, com o dia transbordante como é a marca de água destes dias de semana, dei por mim, à hora de almoço, a mandar às malvas toda a urgência e a adentrar-me por ente os arremedos de literatura da estantaria, procurando, como cão que fareja restos de vida por entre os destroços, livros que me saltassem para os braços. E houve três que o fizeram num súbido coup de foudre. Tenho-os também aqui e, há pouco (antes de escrever sobre os tais bancos que fazem a diferença), estive gulosamente a namorá-los, mãos ansiosas por desfolhá-los folha a folha. Também mereciam uma vinda ao palco. Fotografia, nome e autoria, uma qualquer pequena amostra dos interiores. Em vez de estar a escrever isto, devia estar a ir buscar a máquina, a escolher-lhes um décor, uma iluminação, e que fizessem um cheese para vos aparecerem bonitos. Mas não consigo. Pesa-me o sono. Três semanas de dolce fare niente dão nisto, parece que a boa vida, à noite, faz questão de me lembrar que a coisa, para ser bem feita, era eu vir almoçar a casa, dormir a sesta, e, então, voltar ao batente para, à noitinha, aqui estar, fresca e esperta como uma alface escrevinhadeira. 

Pode ser que amanhã consiga disciplinar-me e impedir-me de adormecer quando batem as onze badaladas. Agora passa da meia-noite e, seguisse eu a recomendação conjugal, seguiria daqui para o leito em vez de me pôr a escrever sobre o que devia fazer e não faço. Mas a indisciplina corre-me nas veias e, por isso, aqui estou.

É que parece que chego sempre fim do dia com cinquenta mil assuntos sobre os quais me apetecia trocar uma prosinha com vós-outros. Há também ali em baixo comentários que me estão a chamar (e o virginal, então, estava mesmo a pedir um riso a duo) mas, com mil perdões que vos peço, vou fazer-lhes orelhas moucas pois não quero fazer perigar a possibilidade de me manter acordada até vos dizer ao que venho: o nosso Arturinho está a bombar cada vez com maior pujança e graça e isso tem que ser dito e festejado.

Com o que encontra -- chaparia, tubos e tralha -- o nosso Artur inventa ternura e dá à luz uma bicharada que nos olha com olhos quase de gente. Não é a primeira vez que o fantástico Bordalo II vem de visita a Um Jeito Manso nem será a última. O seu talento vai em crescendo e eu, que sou fervorosa devota da arte de rua, orgulho-me que seja meu conterrâneo um menino com tanta arte dentro do corpo.



Diz dele próprio o puto Bordalo (que já se internacionalizou pelo que se apresenta na língua de sua majestade de aquém e de além mares):
I was born in Lisbon, 1987. I belong to a generation that is extremely consumerist, materialist and greedy. With the production of things at its highest, the production of "waste" and unused objects is also at its highest. "Waste" is quoted because of its abstract definition: "one man's trash is another man's treasure". I create, recreate, assemble and develop ideas with end-of-life material and try to relate it to sustainability, ecological and social awareness.


O que mostro neste post é uma amostra da série Big trash animals. As palavras são ainda dele:


Trash Animals is a series of artworks that aims to draw attention to a current problem that is likely to be forgotten, become trivial or a necessary evil. The problem involves waste production, materials that are not reused, pollution and its effect on the planet. 
The idea is to depict nature itself, in this case animals, out of materials that are responsible for its destruction.
These works are built with end-of-life materials: the majority found in wastelands, abandoned factories or randomly and some are obtained from companies that are going through a recycling process. (...)


Grande Bordalo!

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E, agora, queiram descer até ao post seguinte para irem repousar a vossa beleza em bancos, cadeiras ou balouços onde o rejuvenescimento é garantido.

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Sítios onde uma pessoa deve descansar com um sorriso nos lábios


Sou o quê, eu? Parece que tudo o que surpreende me encanta, que tudo o que é diferente me atrai. Pudesse eu e partiria por aí plantando insolências e traquinices pelas ruas, e oferecia pincéis e tintas e pedras e outros materiais a artistas e que fizessem o que quisessem nas paredes e nas pracetas, e contratava designers para surpreenderem os cidadãos, e inventava grandes canteiros e pedia que plantassem árvores e flores, e punha música nos largos e passava filmes com gente a dançar a ver se se formavam bailes espontâneos. Serei doida? Sonhadora? 
Não sei e, para dizer a verdade, também nunca penso nisso: não sou instrospectiva. Dos milhões de assuntos que despertam o meu interesse, francamente, eu não sou um deles. Volta e meia, por falta de imaginação, escrevo aqui sobre mim (como agora) mas é só aqui, parece que faz sentido introduzir os assuntos de uma forma mais pessoal. No resto do dia nem me lembro de tal coisa.
Mas, doida, sonhadora ou banal, a verdade é que vibro com coisas como as que agora mostro. No Bored Panda há mais bancos, todos criativos. 

Eu aqui em casa também tenho cadeiras, pequenas cadeirinhas, cadeirões de orelhas, bergères, e chaises-longues, bancos, banquetas e banquinhos -- de toda a espécie e feitio. Alguns são iguais aos pares, outras são peças únicas. Para umas comprei tecido e mandei-as estofar a meu gosto, algumas desenhei-as eu e mandei-as fazer. Mas o curioso é que olho para a heterogeneidade que me rodeia e, a mim, parece-me que é tudo coerente. Se calhar é a minha cabeça que tem os hemisférios entrelaçados e me leva a olhar para  coisas insólitas e achá-las normais.

Mas não interessa o que eu acho. Interessa sim que a paisagem que dá forma aos nossos dias nos ponha bem dispostos, nos provoque ou nos interpele ou nos faça sentir serenos e felizes. Como estes bancos ou balouços aqui abaixo.

Vöcklabruck, Áustria

Polónia, em Tychy

Massachussets, EUA

New Castle, Inglaterra

Na Dinamarca
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E isto pede mesmo uma música que nos leve entoando e deslizando entre lugares felizes. 

Ho Hey.

The Lumineers

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma quarta-feira feliz.

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terça-feira, setembro 27, 2016

Uma terra quase fantasma... até à chegada dos refugiados
&
De bónus, o vídeo com a análise de Stephen Colbert ao 1º debate 'Hillary Clinton vs Pato Donald'



Ora bem. Não é que já esteja acordada ou atilada. Não: estou na mesma. Portanto, não é daí que me vão vir melhoras. A questão é que, depois de ter partilhado convosco um momento de pura sabedoria taoísta, ao pôr-me a ouvir uma música muito bela, senti como que uma espécie de uma elevação. 
Riam-se à vontade os que já se acham num patamar elevado. Confirmem: é mesmo verdade. Eu sou assim, animal-animal mesmo. Só não me ponho estendida na beira no rio, os pés na água, a olhar para o rodar do sol por entre as árvores e a ouvir a quarta tocada por um bando de pássaros porque ainda não descobri o lugar certo. Senão a ver se me punha para aqui armada em esperta a falar de impostos ou sigilos bancários. Que isso se fosse catar seria o meu desejo. Mas isto é só até descobrir o rio de leite e mel em cujas margens descansarei a minha cansada mente.
Bem. Adiante.
Dizia eu que.


E, portanto, elevada até ao patamar em que o animal-animal dá lugar ao animal-levemente-pensante, procurei temas menos eco-epicuristas. Como vos dizia, as cordas tangiam e o meu coração sentia-se envolto em harmoniosos laços enquanto as minhas mãos procuravam mais beleza.

E encontraram-na.
Podem pensar que estou no gozo. Não estou. Quando se me varre a censura interna, fico assim. Zen. Zeníssima.
Mas, portanto, dizia eu.

A beleza dos gestos, dos afectos, a beleza suprema da generosidade. Penso que a felicidade maior vem da generosidade e do contacto com a natureza - e de nos sentirmos próximos (física ou mentalmente) de quem amamos.

Mas pronto, filosofia à parte que a hora não está para os clássicos.

Dizia eu, então, que.

Nem sei como fui parar onde o meu coração se aconchegou. O mundo como um abrigo e não como um lugar perigoso. 
Centuries-old Italian villages were becoming ghost towns. Refugees were fleeing conflict and seeking new homes. The needs of each have come together in Camini, a 12th-century town whose population has dwindled to about 280 people—a quarter of what it once was. In hope of breathing new life into deserted neighborhoods, Camini has welcomed more than 80 refugees and immigrants from Africa and the Middle East.

No fundo, a mesma harmonia que a beira do rio, que o amor simples. Procuro a harmonia.
Não gosto de complicações. Se há coisa que me chateia são complicações: livros com páginas e páginas de coisa nenhuma, de prosoleio irrelevante, ou problemas parideiros, problemas dentro de problemas, ou soluções que não se percebem, que cansam só de tentar perceber se são soluções ou mais problemas. Eu não. Para mim só o polinómio depurado, a geometria cristalina, a equação elegante como uma bailarina em pontas, o texto como um sussurro da alma, a música como uma suave carícia na superfície da minha pele.
Coisa assim. 
Mas dizia eu que. 

Acolher os outros. Querer que os outros, os que nada têm, sintam a paz e o amor no seu coração. Abraçar. É bom abraçar.

É o caso que aqui abaixo se vê. Vejam, por favor.

Portugal, com tantas aldeias quase fantasmas, precisa de vida nova.

Mesmo que a cor da pele ou o tom das preces seja diferente.


Cosmano e Assan, pai e filho


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Vi os animais que se estimam como se da mesma família no Bored Panda.

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E antes de deslizarem até ao próximo post, caso não resistam a saber o que Stephen Colbert gozou com o primeiro debate Hillary Clinton versus Donald Trump, eis o vídeo da intervenção de abertura do programa de hoje.


The First Presidential Debate Lives Up To the Hype

The Late Show with Stephen Colbert



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Contra o stress, o tédio, a rivalidade e todas essas coisas maçadoras, peace and love
- ou como algumas 'esposas' selvagens sabem criar um ambiente em que todos vivem em harmonia
[Este post contém conteúdo sexual explícito. A partir deste aviso não poderão dizer que não sabem ao que vão]


Isto nem tem a ver com o debate entre Hillary Clinton e o pato Donald (Trump): é uma coisa geral. É dos livros, da tradição oral, do que queiram: com as mulheres ao comando tudo corre melhor.


Claro que há mulheres que são pérfidas, mesquinhas, enfernizadoras, etc. Dessas manda a prudência que se guarde distância. Mas não vamos agora deter-nos em casos particulares. Olhemos, sim, para o geral e imaginemos um mundo perfeito, sem dessas mulheres que são verdadeiras almas penadas e sem homens parvalhões, desses que acham que têm que se mostrar muito machos para verdadeiramente o ser. Imaginemos um mundo sem restrições, sem nuvens negras, sem vizinhas censoras, sem virgens ofendidas, sem beatas a granel, sem blogueiras carpideitas, comentadeiras a metro. Um mundo harmonioso, sem poluição sonora, visual, moral. Um mundo perfeito, sem tirar nem pôr.

E isto não é coisa saída da minha cabeça: existe mesmo.

Faço um intervalo para contar como hoje aqui cheguei. 

Outro dia dos valentes, mais de doze horas de seguida. Nada de muito violento, nada, mas o facto de não ter conseguir deixar a cabeça vogar pelo espaço sideral durante uns instantes, de vez em quando, cansa-me. Portanto, aqui chegada, depois de jantar e das lides domésticas, deitei-me no sofá, liguei o computador, acho que comecei a ver os mails ou os jornais online, nem me lembro. Só sei se adormeci profundamente. Acordei com os tlins de mails de trabalho a chegarem e, tal o sono colado a mim, nem me mexi. Que cheguem que, para mim, hoje já chega: amanhã também é dia. Abaixo os mails e os social-mails.

Depois, aos poucos, comecei a despertar. Mas, incapaz de me interessar pelas minudências da actualidade, pus-me a ler a National Geographic. E foi aí que dei com este título Wild Wives of Africa - Bonobo Love.


isto de mulheres selvagens já de si me parece um bom tema. Juntar a isso a boa onda dos bacanos dos bonobos pareceu-me logo o supra-sumo do bom gosto. Fui averiguar.

Enquanto ouço na RTP falar de Nella Maissa e de Brahams e ouço estudos, prelúdios e gente que fala de interpretações ao piano usando palavras que me agradam, vejo o que agora vou partilhar convosco. Isto, sim, é cultura.


E agora ponham os olhos no que abaixo vão ver: para que sirva de exemplo

[E não se esqueçam: o vídeo é impróprio para virgens assarapantadas ou assanhadas, de qualquer sexo]


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As fotografias de gotas são de Linda Biba.

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segunda-feira, setembro 26, 2016

Pessoas e bonecos na Baixa de Lisboa


Começo por onde este domingo comecei: pelo Terreiro do Paço onde decorria o Pitch Market. Dia de sol de outono, temperatura amena, manhã boa para palmilhar as ruas da Baixa.

Por ali andei, turista, nariz no ar, sondando as diferenças, sentindo o ar do tempo. Respiram-se ventos que vêm de longe, de muitas outras terras, a diversidade é total, a aceitação absoluta. Há alegria nas ruas, há um movimento tranquilo que se mistura com a luz dourada, há música, há um colorido cosmopolita. Gosto cada vez mais de Lisboa.

Se forem descendo, depois deste post, encontrarão outros (digamos que) mais temáticos. Este não, este é generalista: mostro as pessoas e os bonecos que, por estes dias, habitam esta zona de Lisboa. Espero que gostem.

Girafa no Pitch 

Porco no Pitch


A segunda noiva que, este fim-de-semana, vi em despedidas de solteira. rodeada de amigas
(ainda hei-de perceber a lógica ou a graça destas 'cenas' mas a noiva estava a divertir-se e isso é que interessa)

Mulher com asas na cabeça e com Gaivota
(Se eu fosse jornalista, teria entrevistado esta mulher com tão altivo porte)


E a praia logo ali: banhos de sol no pequeno areal junto ao Cais das Colunas


Depois da corrida, os alongamentos
(outra fantástica figura, a quem eu também teria entrevistado de bom gosto)


O rapaz das longilíneas e abstractas bolas de sabão
(a topologia mora aqui, ai mora, mora)

E a bola alongada divide-se em múltiplas bolas de várias dimensões que deslizam até se desfazerem no ar,
fazendo a delícia de quem as vê


Uma cidade luminosa que apela aos afectos


As omnipresentes selfies.
Neste caso era o homem o mais aficcionado, munido de um pau-de-selfie,
perante o que me pareceu ser a indiferença da mulher


O homem e a mulher estátua, junto de quem, a todo o instante, os turistas se sentam para serem fotografados.
Quando alguém dá uma moeda, o homem leva a mão ao boné e ambos esboçam um leve sorriso


Música a sério na Rua do Carmo


No passeio em frente, apanha-se sol na maior descontracção enquanto se ouvem os violinos

Finalmente um clássico do Chiado: uma das sempre muito bem concebidas montras da Hermès
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Beijo de saudade


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Se alguma das pessoas que aparece no post não quiser aqui figurar, bastarará provar que é essa pessoa e pedir-me para retirar a fotografia que, assim que possível, o farei.

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E queiram, meus Caros Leitores, descer até ao post seguinte para continuarem o passeio por esta Lisboa que eu amo.

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Conhecer Lisboa
- Como? Quais os meios de locomoção possíveis?


Depois do desassossego, as novas formas de locomoção em Lisboa. Dantes dizíamos com convicção que aqui não podíamos andar nem de bicicleta nem de saltos altos. E, para ver as vistas, conhecer a cidade e percorrer as sete colinas, só mesmo a pé, de eléctrico (nos casos em que o havia até lá) ou, então, de carro, em ruas onde estacionar é uma dificuldade.

Tudo isso mudou. Os novos passeios, aleluia!, são de pavimento liso. O pesadelo de andarmos com o salto a prender-se na calçada, pelo menos na 24 de Julho, está a chegar ao fim.

Depois, não me perguntem como conseguem, mas o que não falta é gente de bicicleta. Mais: reparei que se fazem expedições com guia. Lá vão eles em grupos, o da frente a explicar o caminho e o que estão a ver.

Depois há os imensos, imensos tuk-tuks, de todo o tamanho, desenho e feitio, Frequentemente conduzidos por jovens, há-os por todo o lado.

E há os autocarros da Câmara para o sight seeing. Com bom ar, indicação de que se fala em várias línguas.

E depois há o resto que nem sei bem o que é. Por exemplo, uma expedição de carrinhos eléctricos também com guias (como podem ver numa das fotografias). E isto já para não falar de grupos a pé, com guias. Uma animação.









O Guia (ao centro), em inglês, descrevia empolgadamente a reconstituição de Lisboa,
quase se transfiguarava ao falar do Marquês e dos Távoras.
os turistas ouviam-no atentamente.
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Lisboa


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