sexta-feira, agosto 19, 2016

Alô, alô António Costa!
Ora leve lá daqui um cartão encarnado para a 'demorosidade' mental do seu Secretário de Estado Mourinho Félix que anda há meses ensarilhado com a substituição da administração da CGD, causando perplexidade nacional e internacional


Depois de ter estado a falar de arte de rua, não é de bom grado que me atiro a um tema tão pouco artístico como o que envolve mais um membro do Governo de António Costa.

Acho que é escusado apresentar o disclaimer mas, ainda assim, digo o óbvio: apoio este Governo. 

Era um caso óbvio de patriotismo varrer da história portuguesa figuras tão nefastas como Passos Coelho ou Paulo Portas. Acresce que acredito que a política de austeridade alheada a um liberalismo bacoco apenas serve para empobrecer o país e para o tornar vulnerável. E, atendendo a que um país não é uma entidade abstracta, claro que sempre lutarei por uma vida melhor, sustentadamente melhor, para todos os portugueses honestos. E, assim, foi com alegria e esperança que vi António Costa aproximar-se do PCP e do BE para, dentro e fora do país, em conjunto, lutarem a favor da aprovação do seu progrma e das suas medidas.

Contudo, apesar de ser uma mulher de paixões, não cultivo a cegueira como forma de estar na vida.

Assim, da mesma forma que critiquei forte e feio o miserável governo do láparo e do vice-irrevogável, também aqui me encontrarão a criticar o governo da geringonça sempre que me pareça que se estão a pôr a jeito.

No outro dia critiquei Rocha Andrade e hoje critico Mourinho Félix.


E personalizo a crítica porque é a ele que tenho visto a dar entrevistas sobre o tema da administração da Caixa Geral de Depósitos mas, para ser justa, a crítica deveria ir, antes de mais, para Centeno e para Costa.

Esta paródia de se andar há meses a ver se substituem a administração cessante, a elencar nomes e mais nomes, a discutir o modelo de governação e a não serem capazes de chutar à baliza revela uma puerilidade saloia e um amadorismo inaceitável.

Não se consegue perceber um conselho de administração com tanta gente. Não se percebe, a bem da verdade, que sejam precisos mais do que uns sete ou nove (e estou a ser generosa). Tudo o que vá para além disto, é distribuir tachos, aumentar a entropia na gestão, manter gastos elevados, dar um péssimo exemplo, desautorizarem-se ab initio perante os clientes, perante os trabalhadores, perante a opinião pública

Não me dei ao trabalho de ir saber quem eram as luminárias que ficaram pelo caminho por excesso de acumulação de funções nem os inteligentes a quem o BCE exige que vão estudar. Quando ouvi a recomendação fiquei siderada. Seria de gargalhada se não fosse um vexame de ir às lágrimas. A precisar de férias como ando, tenho que me poupar. Por isso, evito enervar-me com o que posso ignorar.

Contudo, esta é daquelas que se atira à nossa cara. Depois de meses nesta coisa de mastigar e não engolir, sem conseguirem apresentar uma admistração eficiente, razoável, competente e que respeite a lei (nomeadamente na questão da presença mínima de mulheres), acho uma vergonha que venham do Draghi recomendações que fariam humilhar o mais descarado. Que atinem e que vão estudar se querem brincar aos banqueiros. Porra. Se fosse comigo, eu abria um buraco no chão e enfiava lá a cabeça.

No entanto, o dito Secretário Mourinho, com aquele seu ar de pastelão e com aquela coisa de transformar os erês em guês (aspectos que não tem culpa mas que, conjugados com os nonsenses que diz, contribuem para aquele seu ar de incapacitado para o lugar), aparece-nos nos ecrãs de televisão revelando não perceber bem a diferença entre o género humano e o manuel germano e disserta sobre as atribuições de um chairman e de um CEO sem fazer ideia do que está a dizer, e por aí vai, dizendo que vai mudar a lei para que as cavalices que quer fazer não sejam ilegais... e que aceita que tenha havido demorosidade no processo.


E eu ouço-o e sinto-me triste. Juro. Triste.

Não é possível que não haja gente mais qualificada para ocupar aquele lugar. Mourinho Félix revela que não sabe gerir um processo desta natureza, revela desconhecimentos básicos e, caraças, inventa palavras enquanto fala -- e não me parece que o faça para dar uma de Mia Couto, mas por simples ignorância.

Um país não se desenvolve se não tiver gente competente em lugares chave (e refiro-me a competências técnicas, de gestão, de liderança -- para além de competências ligadas à percepção política das situações).

Mário Centeno e António Costa escolheram os Secretários de Estado do Ministério das Finanças como? 
  • Por serem fiéis ao PS? Se for, eu digo-lhes: não chega. 
  • Ou, no caso deste, por ser primo do Mourinho do futebol? Se for, digo também: se foi por isso, mais valia, então, que tivessem ido buscar o do futebol. Assim como assim, se é para resover as coisas com os pés, talvez o outro tenha mais jeito.

Portanto, daqui segue uma recomendação a António Costa: limpe o Governo. O país tem que se desenvolver rapidamente e isso não é compaginável com ter verdinhos destes em lugares-chave. Faça-o. Tem que ser.

E, de caminho, recomendo também que estenda a limpeza a todos os lugares (no poder central ou local, if you know what I mean) onde, às custas do erário público, se alojaram, como assessores, todos os jotas e afins que foram úteis nas últimas campanhas eleitorais. 

Read my lips, António Costa: sei do que falo. 

E digo-lhe que, quando votei no PS, não foi no velho PS, o dos jobs for the boys, o dos compadrios, o dos tachos para todos que votei. Não foi. Por isso, custe o que custar, e antes que lhe custe ainda mais, limpe toda essa tralha de políticotes de aviário porque não é dessas competências que o país precisa. Faça-o. Vá por mim. 


António Costa:
Se quer continuar a ter motivos para se apresentar confiante, sorridente a a dar o peito às balas, não pode ter rabos de palha e dar abrigo a apaniguados que são certamente respeitáveis e bem intencionados mas que estariam melhor noutras funções. 

Antes que as gentes do PCP ou do Bloco que lhe tirem o tapete ou que os portugueses relembrem o PS de antanho, cheio de vícios e avenças, precaveja-se e limpe a casa.
É o meu conselho.

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E, para aligeirar o espírito, recomendo, meu Caro Leitor, que desça para ver um tal imperador que não os tem. Nem grandes, nem pequenos: pura e simplesmente, não os tem,


...

1 comentário:

  1. Tem razão, UJM. Este processo da CGD, que se arrasta há tempos, de forma cinzenta e bizarra, to say the least, é lamentável e revela alguma (alguma?) incompetência. Como se não bastasse, ainda temos o BCE a dar a sua opinião, já que por cá tarda haver solução. Esses 2 Secretários de Estado que refere deveriam ser substituídos. Espero que o sejam a breve trecho, na tal “rentrée” política, em Setembro!
    Quanto aos tais dois políticos que menciona, Passos/Portas, de facto, só espero que a História os engula. No caso de Passos, julgo que tem, definitivamente, os dias contados. Nunca mais voltará a ganhar eleições, perdê-las-à em 2019 e será corrido (o mais provável indo para uma qualquer empresa privada, se calhar com cunha do Relvas).
    Vejo entretanto, com algum espanto – talvez continue a ser ingénuo – a importância que, com a boa excepção do BE, os restantes Partidos com assento na A.R deram ao Congresso do MPLA. Ana Gomes tem razão quanto ao nível de representação que o PS e o Governo deveriam ter optado; a posição do PSD não me surpreende, igual ao que costumava ter antes; mas, já o CDS é extraordinária! E depois, ver esse cabotino do pior, Paulo Portas, ali, não como político, mas representante de negócios privados e de tráficos de influências para os mesmos, mete nojo! Razão tem Ribeiro e Castro, um dos poucos militantes limpos do CDS, ao dizer o que disse, quer dele e da sua presença (ontem, por exemplo, com a Judite de Sousa e antes) e sobre a direcção dos eu Partido; e envergou-me o discurso do PCP, como se este MPLA de hoje tivesse alguma coisa a ver com o de Agostinho Neto (as referências à luta e guerra de libertação foi patética! Este PCP não mudará nunca!).
    Enfim, e assim vai este triste país. Que, ao que parece, já pouco cresce, enquanto que Espanha, mesmo sem a estabilidade de um governo, há meses, lá vai a subir no que respeita ao crescimento económico.
    Bom fim-de-semana! E para quando as suas férias?
    Temos tirado às pingas, uns dias hoje, outros amanhã, etc. Quando nos dá na real gana! Nada de 15 dias seguidos ou coisa assim. Não temos necessidade disso, com os filhos criados.
    P.Rufino

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