Cheguei a casa depois das nove da noite, nem meia dúzia de passos tive energia para dar quando me vi em terra firme.
Foi no percurso para casa que ouvi isto de o Paulo Portas ir trabalhar para a Mota-Engil. Mas apanhei a notícia a meio e logo depois tive que fazer uma chamada.
Por isso, só agora que liguei o computador é que fui à procura das notícias. Logo à cabeça o ex-irrevogável de capacete na cabeça e sorriso lustroso. Por cima aquilo que transcrevi no título desta mensagem: Mais do que um prémio, uma aposta no futuro.
Fiquei espantada com a franqueza (um prémio...?). Só a seguir é que reparei - e estou a falar a sério! - que esta frase pertence a um anúncio da NOS, ou seja, não tem a ver com a contratação do Paulinho.
Portanto, lá fui ler a notícia. Vai para o Conselho Internacional da Construtora Mota-Engil com a prioridade do mercado da América-Latina.
Ou seja, é um lugarzinho que lhe permite continuar a fazer aquilo de que gosta, isto é, bater perna por aí, frequentando bons hotéis e etc. Para a Mota Engil é, de facto, uma aposta no futuro, já que, nestes mercados, ter sido ex-ministro é um bom cartão de visita. E sendo um ex-ministro de um país europeu, melhor ainda. Não interessa se sabe ou não fazer alguma coisa: interessa que tem contactos, que se mexe bem, que tem desenvoltura para negócios. Se fosse mazinha, coisa que manifestamente não sou, até poderia insinuar que, se calhar, até tem alguma experiência em fazer negócios nos quais algumas das práticas correntes na América Latina são o pão nosso de cada dia.
Podia dizer coisas assim.
Mas não vou dizer. Por um lado acho que um ex-ministro não é forçosamente alguém com sarna que tenha que ser mantido em isolamento e a pão e água e, por outro, acho que mais vale que viva dos seus rendimentos do que ande por aí aos caídos, batendo com a cabeça nas portas que já não consegue abrir
-- e, sim, refiro-me ao Pedro (o que abria todas as portas, o tal que, entre outros lapsos, se esqueceu de pagar a Segurança Social, esse songamonga que deu cabo do País enquanto mandava os jovens emigrar ou chamava piegas aos que ia maltratando) e a quem, obviamente, ninguém de bom senso oferece trabalho.
Portanto -- e não estando eu a dizer que acho recomendável esta forma de actuar -- neste mundo dos grandes negócios da construção civil, em especial nos da América Latina (ou África) em que muita manha, algum savoir faire e um sorriso pepsodente, artes de dançarino e outras habilidades que tais são uma mais-valia, não estranho nem acho mal que a Mota-Engil contrate o ex-irrevogável Paulo Portas.
Nem, conhecendo-se os gostos de Paulo Portas e, naturalmente, a sua vontade de ter um emprego e um bom ordenado, me espanta que tenha aceitado o convite da Mota-Engil ou da TVI. Em ambos os casos junta o útil ao agradável: por um lado irá ganhar bem e, por outro, pode passear à borla ou vender refrescos em forma de comentário televisivo.
Ou seja, parece-me que tudo bate certo e que todas as partes ficam ganhadoras. E se é certo de que quando alguém muito ganha, outro alguém muito perde, poderá questionar-se: quem é que, nesta história, perde?
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Poderia alvitrar mas, a sério, não me apetece pois isso levar-me-ia para outros quadrantes temáticos e estou a cair de sono.
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E, para não acabarmos em seco, sai uma musiquinha. Como verão, não tem nada a ver nem com o ex-Irrevogável Portas nem com nada do que acima se falou. Apenas gosto do Lello Perdido e esta é uma oportundade para o ouvir. Desbocado e maluco mas, enfim, com uma irreverência que me agrada. Com vossa licença, silêncio que se vai cantar o fado.
Ser Milionário
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desejo-vos, meus Caros Leitores, uma grande terça-feira.
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Enviaram-me um artigo, não sei em que “media” foi publicado, onde se referia, a propósito deste tacho privado ao Portas, “O Coiso (PP) no Cais do Lodo (a Mota-Engil), de algum modo relembrando o filme de Elia Kazan, “Há Lodo no Cais”. De facto, é o isso que me ocorre. A tal empresa que tem como uma das suas “características” pescar políticos saídos de cena, depois de ter andado ao colo com eles e que lá os vais buscar, emprega-os, para o tal tão útil exercício de tráfico de influências. Portas é um inútil. Nunca fez nada na vida, a par de umas provocações no Independente e depois andou ali pela Política por não saber fazer nada mais. Tem um mestrado em “sound-bites” e pouco mais. Mas, como tem olho para ser videirinho, num país de cegos, a criatura (usarei este termo neutro, a soar a feminino) é rei, ou melhor, rainha. Nunca restaram dúvidas de que utilizaria os lugares que ocupou enquanto governante (desleal) de Passos - sobretudo tendo em conta a ascendência que teve na AICEP, que sempre cavalgou, quer como MNE e depois Vive-PM - para dar o salto, uma vez na “reforma” para o sector privado e por aí ir fazendo a sua vidinha, sem ter de esforçar muito, ou trabalhar. Não é para isso que lhe pagam, mas para ele lhes ir abrindo portas, colocar as carpetes no chão para depois a dita Mota-Engil lá ir buscar os frutos, o investimento, ou oportunidades de negócio que pretende. A Mota-Engil sabe bem do material de que são feitos os nossos políticos, do tal ex-arco da governação. Venais, sempre prontos a saltar da cadeira do Poder para uma outra na sua empresa. E assim sendo, usa-os, como quem usa um “kleenex”. Venham mais, uns a seguir aos outros, após a governança, onde se foi banqueteando. E eles lá vão, sorrindo, com os bolsos prontos a encher. Uma vez utilizados, a M-E, substituiu-os por outros. Portas é mais outro figurão, outro “Coiso”, sem escrúpulos que fará parte do “Cais do Lodo”. Lá o vi, rodeado de abraços e beijos (estes da Judite), quando foi á TVI para discutir a sua participação por lá, um dia destes. Estrear-se-á como repórter, ou enviado especial, quando for até Londres, Madrid, Luanda, etc, comentar o Brexit, as eleições espanholas e sei lá que mais. Claro que o marau não dá ponto sem nó. Tanto esforço para quê? Possivelmente para fazer esquecer que foi do CDS, do governo de Passos e que um dia gostaria de ser PR. É cá uma fezada. Pode ser é que a malta não ligue patavina e as audiências sejam um fracasso. O mesmo podendo suceder na Mota-Engil. Neste último caso, se o actual governo (que é eticamente diferente da trampa do arco da governação)continuar até 2019 e se prolongar, os contactos de PP secam e deixam de ser úteis para o Grupo que lhe deu o tacho. Nesse caso, o mais provavel é regresar à A.R, por nada mais saber fazer. Enfim, Paulo Portas o Grande Mariola!
ResponderEliminarP.Rufino