Einstein disse: ‘Temos de aprender a distinguir entre o que é verdadeiro e o que é real’
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Acreditar numa coisa ao mesmo tempo que se sabe que não pode ser provada (por enquanto) é a essência da física. Homens como Einstein, Dirac, Poincaré, etc, exaltaram a beleza dos conceitos, colocando a verdade, de maneira bizarra, num nível de importância inferior.
Há tantos desses exemplos que eu próprio me fiz eco da arrogância dos meus mestres teóricos, que estavam, na verdade, a afirmar que Deus (também conhecido como o Mestre, Der Alte), ao moldar o universo, pode ter cometido alguns erros favorecendo uma verdade conveniente em detrimento de uma matemática maravilhosamente bela. Até agora, este deselegante falta de confiança no Criador tem-se sempre mostrado precipitada.
[Excerto de um texto de Leon Lederman, director emeritus do Fermi National Accelerator Laboratory que recebeu o Prémio Nobel da Física em 1988 - em 'Grandes ideias que não podem ser provadas' já aqui ontem referido].
Mas, então, qual é o meu tema verdadeiro? Estamos a falar de autenticidade? O meu único objectivo foi sempre, desde o início, dar forma à tensão sem forma que paira na escuridão dentro do meu crânio, como a imagem que perdura depois de um relâmpago. Que importância tinha quais eram os fragmentos dos destroços gerais que eu escolhia para tema? Guitarra, pátio e mar azul-cerúleo com veleiro, ou a peixaria da Maggie Mallon… que importância tinha? Mas, de alguma maneira, tinha; de alguma maneira, ali estava sempre o velho dilema, isto é, a tirania das coisas, do real inevitável. Mas, no fim de contas, que sabia eu sobre coisas reais, quando elas surgiam e me confrontavam? Era precisamente a realidade que não me interessava nem um pouco. Volto a perguntar se foi isso que na verdade me bloqueou; o facto de o mundo que decidi pintar não ser o meu. É uma pergunta simples e a resposta parece óbvia. Mas há uma falha. Dizer que o Sul não era meu sugere que havia outro lugar que era e, digam-me, onde é que se encontrará esse raro lugar, pálido Ramon*?
[Excerto de 'A Guitarra azul' de John Banville]
*Pálido Ramon' é uma referência ao poema "The Idea of Order at Key West" de Wallace Stevens (que aqui abaixo é lido por Tom O'Bedlam)[Excerto de 'A Guitarra azul' de John Banville]
Oh! Blessed rage for order, pale Ramon,
The maker's rage to order words of the sea,
Words of the fragrant portals, dimly-starred,
And of ourselves and of our origins,
In ghostlier demarcations, keener sounds.
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Fotografias feitas hoje em casa
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E, caso ainda o não tenham feito, aceitem o convite e desçam até ao 'O amor verdadeiro e o electrão'.
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