quinta-feira, maio 26, 2016

Sou antiquada?
[Com reportagem fotográfica dentro e fora de casa, in heaven]


Como abaixo referi, depois de Sintra outra maratona nos esperava. Aliás, eu, que facilmente me perco deixando-me ficar a olhar as árvores, os telhados, os solares e palacetes, estive constantemente a ser chamada à razão - que havia de ser de noite e de ainda andarmos na labuta.

Por isso, com pena de ainda não ser desta que consegui revisitar Monserrate, lá nos viemos embora. E cá estamos, in heaven.



Ultimamente as visitas têm sido de fugida, apenas umas horas a cada fim de semana e é quando não aparece algum impedimento e nem isso, ou vá lá, de vez em quando uma festa, uma tarde de sábado ou de domingo inteirinha. Ora, com tanta chuva e com tão fraca freguesia, a casa estava mesmo a precisar de uma limpeza geral, de portas e janelas abertas para entrar o ar, o sol.

Quem por aqui me acompanha há mais tempo sabe bem que, entre outras pancadas, tenho uma bem rara: gosto de fazer limpezas a sério. Já o referi aqui várias vezes: somos apenas nós a tratar da casa e do terreno. Portanto, é de se esperar o pior. Tudo por fazer.


Depois de passarmos pelo supermercado -- que esta quinta-feira esta casa vai matar saudades de corridas, brincadeiras e mesa cheia -- foi cada um para seu lado. 

O meu marido foi para o exterior que havia folhas secas por todo o lado, a mesa e as cadeiras todas a precisarem de uma boa esfrega, os canteiros cheios de ervas, as palmeiras a parecerem umas vassouras. 


E eu atirei-me à limpeza dentro de casa. Comecei por limpar o pó. A casa tem muito para limpar, a quinquilharia é muita, muita moldura, muito castiçal, muita treta. Depois, como se têm posto para os locais mais altos coisas a que os pimentinhas gostam de deitar a mão, há lugares de atravancamento, coisas para limpar umas a seguir às outras, uma seca. É que uma coisa é uma pessoa ir limpando todas as semanas e outra, bem diferente, é a casa estar quase fechada, mais de um mês sem se limpar o pó, e tudo a precisar de limpeza a sério, não basta passar o pano ao de leve e já está.


E, se eu gostasse de de limpar pó... mas não gosto. Mas, pronto, tem que ser. Depois carreguei com os tapetes para a rua e sacudi-os à força de braços. Isso gosto. Deixei-os na rua, a apanharem sol. Depois varri, adoro varrer, as carpetes grandes, tudo varrido com vassoura de arame fino para soltar o pó, a casa toda varrida, móveis afastados, bancos e banquetas tudo de pernas para o ar em cima dos sofás.

Até que tive uma hiper-alucinação. Imaginem bem a humidade ou frialdade que tem estado, nem sei, que fui dar com o mais bizarro fenómeno que aqui alguma vez encontrei. Chegar cá a casa e em tudo o que é canto e esquina encontrar bichos de conta, teias de aranha ou centopeias isso já não é novidade. Mas hoje ia-me passando. Comecei por nem perceber o que era. Sou míope, mas como é coisa pouca não uso óculos. Mas a coisa funciona com o que reconheço. Agora aquilo? Tive que me pôr quase em cima. Atrás de um aparador de madeira, pesado, carregado, que o meu marido afastou da parede (que é a parede que dá para a rua), quando ia varrer atrás, vi duas bolinhas brancas a saírem do rodapé que é de madeira. Não percebi. Quando me pus lá quase em cima é que vi: dois cogumelos! Dá para acreditar? Dois cogumelos nascidos do rodapé! Dei-lhes logo uma traulitada com a vassoura, e varri-os para a rua. Devia ter fotografado primeiro, para o fenómeno poder ser testemunhado. Só visto.


Depois, como o chão é de tijoleira. fiz a outra coisa que adoro fazer: lavar o chão. Encho o balde de água e detergente (desta vez, usei um detergente com cheiro a laranja) e vou de uma ponta a outra, lavando o chão, tudo. Claro que tenho que mudar de água várias vezes, para a água estar sempre limpinha. E gosto de chegar ao caminho cimentado que passa à volta da casa e despejar os baldes de água, despejo-os com energia, rente ao chão, que fica o caminho também lavado.

Por fim, o meu marido ainda ajudou na limpeza da cozinha, que já era tarde e eu já estava a pôr o jantar ao lume.

Ah, e pelo meio fiz duas máquinas de roupa, as cobertas que estão sobre os sofás desta sala da televisão, tudo lavado, as toalhas das casas de banho e os lençóis que íamos usar na cama tudo lavado, não gosto de roupa a cheirar a guardada ou a humidade. E mais umas camisolas que estavam numa cadeira. Tudo.

Depois foi trazer tapetes para dentro, pôr tudo no sitio, arrumar.

A casa agora cheira toda a lavadinho como eu gosto.

No fim desta labuta, já era bem de noite quando demos por concluídos os trabalhos e fomos tomar um belo duche e jantar. 

A borboleta que aqui vêem está mumificada, só pode. Faleceu há uns cinco anos. Como tinha umas cores muito bonitas, deixei-a ficar numa tacinha, aqui na sala. Pois mantém-se inalterada. Agora, para a fotografar, pu-la entre as tartarugas nesta grande taça de cerâmica que tem tartarugas toda à volta. Um fenómeno.


Ah, deixem-me explicar estas fotografias. Eu gosto de fazer várias coisas ao mesmo tempo e, portanto, enquanto estava a limpar o pó, para me motivar, fui intervalando para tirar fotografias, dentro e fora de casa (quando ia tratar da roupa, aproveitava para fazer a reportagem das flores com que me cruzava e que sempre me maravilham pela perfeição, pelo requinte, pela simplicidade e beleza).


Mas então, dizia eu, finalmente, sentámo-nos à mesa. O jantar estava bom, obrigada, e o tinto acompanhou bem. Rematei com umas nêsperas que fui lá fora apanhar.

Quando acabei de jantar, bateu uma canseira que ainda pensei que não me aguentava, que tinha mesmo que ir dormir. Mas vá lá, comecei a passar as fotografias para o computador e a escrever e passou-me. 

Entretanto, a televisão não funciona. Não sei se foi da humidade, se é de estar tempo sem trabalhar, se quê. O meu marido andou de roda dela mas com pouco empenho, que se lixe a televisão, diz ele. Depois deitou-se aqui ao meu lado, no sofá onde estou a escrever e ficou a ouvir a música que eu estava a escolher. Diz que assim é que se está bem. A ver se amanhã o meu filho, que é habilidoso para estas coisas, percebe o que se passa. Se calhar é o aparelho da TDT que pifou. Não temos cabo aqui, não se justifica. Por isso, hoje, até pelo facto de não termos visto televisão, foi um dia santo. Mas, de qualquer maneira, faz-me impressão estar sem televisão.

E é isto. Já é tarde e esta quinta-feira não me posso levantar tarde que o almoço tem que começar a ser feito cedo. E, claro, com isto tudo, mails e comentários sem resposta -- as minhas desculpas e os meus agradecimentos. Não mereço os Leitores que tenho, tão queridos e eu tão indelicada. Sorry, mesmo.


Sei que é feriado mas não sei de quê e já não tenho disponibilidade mental para ir pesquisar. É capaz de ser Corpo de Deus. Mas isso também não faz diferença. É dia de descanso (para quem não está de serviço, claro) e, como todos, dia de curtir a vida.

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A quem aterrou agora aqui, in heaven, convido a descer para darem um passeio comigo, em Sintra, that beautiful lady village.

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