No domingo, parámos numa estação de serviço para meter gasóleo. Quando fui pagar, dei uma vista de olhos pelos jornais e revistas. Pensei: deixa cá espreitar o Expresso. Até estava disposta a dar uma última hipótese. Que nada. Parangonas, alhos e bugalhos, uma caldeirada de mau gosto. Nem lhe toquei. É o género de jornalismo que, de tanto o ter suportado, acabou a fazer-me erisipela.
Agora, arredada que ando deste mundo borbulhante que, cada vez mais, me cansa, fui espreitar os onlines. Tenho sempre esta coisa: podem ter descoberto petróleo no Beato, ouro na Bobadela, uma baleia dentolas na ex-ribeira de Alcântara, sei lá, qualquer coisa de animador. Nada. O Expresso online na senda do sensacionalismo: Marcelo e as barrigas de aluguer. Benfica, para todos os gostos. E, de prato principal, números de vítimas da guerra, como se, de tão grande o número, merecesse ombrear com a festa do Tri ou do 35º qualquer coisa ou com o Marcelo a ter que resolver sobre as barrigas de aluguer. Caixinhas para cada gosto, o espírito vendilhão à solta.
Não dá. Não há pachorra. Que eu aqui no meu boteco tanto sirva bailado, folhetins ou tareões a preceito no láparo ou no putativo primeiro-ministro é comigo: não sou profissional de jornalismo, escrevo isto porque sim, não montei empresa para servir notícias embrulhadas em publicidade e parangonas disfarçadas de jornalismo a sério. Agora o Expresso...? Não era jornalismo de referência? Pensava que si. Dá pena ver no que se transformou.
Só para ver com quem é que eles andam a treinar, fui espreitar as capas das revistas cor-de-rosa desta semana. Cá está. O mesmo estilo:
- Marcelo porque não podia deixar de ser, é uma super vedette, vende que nem pãezinhos quentes e, se vier embrulhado em paixões secretas, ainda melhor.
- Bárbara Guimarães, depois das notícias do julgamento com o Carrilho a tirar-lhe fotogafias (que diz que não tirou e vá lá uma pessoa saber em quem se fiar), cá aparece a sorrir e isso, só por si, já é notícia.
- O Beauté, quando não é com o marido com aquele seu fantástico afro-style cabelo que parece que está permanentemente sob efeito de uma electricidade estática do caraças, ou com o filho, é agora a falar da vida de pobre -- e ter sido pobre e depois ser rico é sempre um hit.
- Depois é o treinador benfiquista, o bem sucedido Rui Vitório, que agora aparece por todo o lado, indiciado de ser apoiado por uma mulher grávida que tem uma vida secreta, e ainda estou para saber que segredo cabeludo é esse.
- Depois é uma tal Cláudia Jacques que não sei bem quem é (ex de Rui Moreira?) que se mostra peituda e apaixonada não sei por quem.
E eu penso: mas isto vende? As pessoas interessam-se por isto?
Provavelmente sim. Se calhar 25 % de 50% da população consome isto: se calhar são os mesmos que votam no Passos Coelho. E, pelos vistos, é a este público que o Expresso agora também quer chegar. Está quase. Vai no bom caminho.
Nem de propósito temos aqui abaixo:
Jornalistas na Porta dos Fundos.
É ver como é que os escolhem.
Atriz desconhecida foi vista com ex-blogueiro fazendo suposto polêmico vídeo que seria publicado em canal de comédia da internet nesta suposta segunda-feira. Abafa!
Tal e qual.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.
Haja saúde e alegria que o resto vem a seguir.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.
Haja saúde e alegria que o resto vem a seguir.
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Este video da Porta dos Fundos está óptimo! Infelizmente, é cada vez mais, o tipo de jornalismo e “informação” que se vai vendendo e, pior ainda, que as pessoas gostam. Basta ver a quantidade de revistas da treta, cor-de-rosa, que por aí há e que se vendem até dizer chega, de algum modo também como a porcaria do futebol, desde jornais a, sobretudo, debates e comentários sobre o tema. A par ainda dos inenarráveis programas de TV, como os da Guilherme a fauna que por ali passa.
ResponderEliminarNão existem critérios de exigências. Mesmo no que respeita à Política. Basta ver os comentadores, os programas a esse respeito, etc. Ainda há pouco me pus a ver o Prós e Contras da Fátima Campos Ferreira e acabei por desligar a televisão, tal a “imundice” palavrosa de duas criaturas, uma deputada do PSD e um representante do sector privado do Ensino. Valeu, do que vi, a bem estruturada Secretária de Estado e o Daniel Oliveira (reabri o prgrama e voltou a enojar-me).
Essa questão, que aqui até nem vem a propósito, está, à partida, inquinada na sua discussão, pois a questão não deve circunscrever-se ao foro “legal” ou jurídico, mas tão só ao simples facto de que o Estado e os contribuintes não devem, em nenhuma circunstância, socorrer empresas privadas, sejam elas quais forem, incluindo do sector do Ensino (e da Saúde, por junto – já que a Saúde, ao contrário do “brutotes” dono de um hospital privado dizia ao ex-PM/Passos Coelho que o foi inaugura, que a “saúde era um negócio”!). O sector privado deve bastar-se a si próprio, resolver os seus problemas por sua conta e risco e não esperar que o Estado, quando as coisas correm mal, o venha socorrer (como sucedeu com a Banca), ou se não têm pés para andar, como sucede com a maioria esmagadora das escolas privadas, o venha ajudar a subsistir.
Voltando ao Video da “Porta dos Fundos” é triste, mas é a realidade cada vez mais. E a malta nem se apercebe, nem contesta, nem quer saber. Aceita toda esta manipulação, absorve-a e fica feliz. Uma cambada!