Ontem, depois de ter escrito sobre António Araújo que escreveu sobre José Rodrigues dos Santos que, pelos vistos, acha que escreveu sobre Marx (e que, se me é permitida a conclusão, mais valia que ambos tivessem estado quietos), estava com vontade de fazer mais dois posts: um sobre graffitis e outro sobre casais que, mesmo de costas, se vê que são casais.
No entanto, esta minha velha pasteleira que nem a pedal está a andar, o disco a rebentar pelas costuras e eu sem paciência para a limpeza que se impõe, atrapalhou-me os planos. Empastelava-se de minuto a minuto, e eu desligava-a, depois voltava ao mesmo e eu capaz de a atirar para o lixo, até que desisti. Não sei quantos anos tem este meu rocinonte mas, na volta, está a precisar de descanso. Ou de palha (disco, memória, etc). Mas adiante.
Dado que o programa de festas não me permite que me ponha para aqui com grandes floreados, vou apenas fazer o post dos graffitis e é quase sem palavras. Só mímica. Ou seja, só imagens.
Esta segunda-feira ao cair do dia, descobri-os numa ruazinha estreita de Lagos. Não sei há quanto tempo ali estão. Na volta há muito, eu é que passava por eles sem os ver que isto a gente parece que tem a vista instruída para ver só o que já conhece ou aquilo de que está à espera. Por isso, é que eu me esforço para não reter grandemente coisa alguma para ver se vou com a atenção sempre desperta. Mas desaprender dá muito trabalho e a cabeça da gente (e, portanto, também os olhos e etc) já tem muita manha, passamos pelas coisas em modo cache, isto é, isto já conheço nem vale a pena olhar. E, por isso, sem uma pessoa dar conta, ignora mil coisas que aí estão, por todo o lado, à espera de serem descobertas.
Ou seja, ia passando distraída e, já depois, estaco, péra aí, tava ali o quê? (eu, quando penso, não me importo com a semântica, vai tudo a eito, palavras pela metade). E, acto contínuo, dei dois passos atrás e... lá estava o rapaz estranho. Fotografei, intrigada. Incompleto. Insólito. Mas perturbador assim mesmo.
Mas vamos com música, ok?, que andar a flanar por uma cidade a sul pede música.
George Ezra - Listen to the Man
Logo à frente outra pintura. Vista de perto nem estava a perceber. Quando a vi através da lente, percebi. Meio rosto. Afastei-me, já percebi. Muito bom.
E logo outra, um menino sonhador, uma pintura a la Banksy. Muito bonito.
E logo outra figura enigmática. Uma figura andrógina, uma expressão indefinida.
Mais à frente, num poste, junto ao caixote do lixo, esta, sim, esta já a tinha visto e fotografado antes.
E depois, já nas paredes do Mercado dos Escravos, uma longa linha de texto, e podia ser graffiti mas, por acaso, não é mas eu, se fosse a eles, aos responsáveis pelo pelouro da cultura, pedia aos inspirados graffiteiros que pintassem paredes à vontade, que enchessem a cidade da sua arte, que a arte de rua é arte generosa, pública, para quem a queira desfrutar.
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E já não vou aos casais que já não tenho tempo. Pode ser que mais logo.
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E desçam, por favor, para me dizerem se o Sr. Dr. Historiador e Jurista António Araújo também não deve ter um parafuso a menos para andar a gastar o seu preciso latim com o histriónico apresentador de televisão José Rodrigues dos Santos?
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