sexta-feira, abril 08, 2016

João Soares e as prometidas salutares bofetadas nos dois senhores do Público,
os castiços Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente
- para mim isso vale tanto como se lhes tivesse prometido umas saudáveis beijocas.
Que Bruno Nogueira nos traga, pois, o Sr. Henrique porque estamos a precisar de uma diversão à séria.


Se os últimos tempos não me têm sido fáceis, este dia, hoje, foi uma coisa do além. E se isto não fosse um diário público, era certo e sabido que me poria para aqui, em privado, a carpir sobre o meu ombro. Como, por pouca sorte, isto dos blogues é uma coisa qualquer que de privado não tem nada, nada mais me resta que não engolir os queixumes e tentar distrair-me com o que gira por aí, pelos ares. 

João Soares - a temível fera que ameaça tratar da saúde
de dois monumentos do Público 
E, por onde ando, de facto qual girândola, o que vejo são bofetadas. Bofetadas para aqui, bofetadas para acolá, e obviamente demita-se, e é o próximo a sair ou não é caso para isso, ou é caso mas não é por isso, e os vapores etílicos -- e, de certeza, as redes sociais a bombar.

À falta de cãozinho abandonado ou de mochilas simbólicas ou de alguém por quem R.I.P. em barda, as bofetadas com certeza que servem muito bem.
Ora não, a malta precisa é de adrenalina para bombar na maior animação.
Augusto M. Seabra, a verrinosa figura que,
na maior das facilidades,
consegue tirar do sério John Macho Só Ares
Fui, pois, tentar perceber o que se passava -- e o que vejo é daquelas polémicas à antiga, um provoca, o outro reage, teimas e zangas antigas, quiçá do tempo dos duelos ou de amigos bem bebidos que se desafiam para uma cena de pancada à porta da taberna, contendedores que se desafiam com adjectivos, impropérios, interjeições e muito riso à mistura, sopapo e canelada, cartas ao director e direito de resposta, os amigos a tomarem partido, as mãos a salivarem para a próxima disputa, a caneta já a pingar de inspirada inquietação enquanto o dono se baba, venham eles, venham eles, quantos são, quantos são?

Vasco Pulido Valente, o tal meliante
que anda
há séculos a pedi-las
(so, John Só Ares say)
E, enquanto isso, nos passeios, as vizinhas, as comadres, as beatas a correrem, na maior afobação, a chamar o polícia e o vigário. Ai que horror, até palavrão já rola na calçada, benza-se prima, benza-se.

Aqui chegada, acrescento: se me perguntarem se João Soares é, para mim, um modelo de virtudes e se dele mandaria erigir uma estátua apolínea para deificar a cultura do meu país, pois vos diria que talvez não.

Mas se me perguntarem se exijo dos ministros que se portem como uma menina acabada de ser ungida pelos sagrados óleos da castidade dir-vos-ei também que não. 

Posto isto, espero que, na Cultura, João Soares cumpra o que é esperado, que dignifique a actuação do governo nos domínios culturais e que o faça com competência e denodo. Tirando isso, se pisca o olho a alguém quando escreve no facebook, se envia beijinhos e abraços a alguns, beijocas fofas às admiradoras ou bofetadas virtuais ao Augusto M. Seabra ou ao Vasco Pulido Valente é coisa para cujo lado melhor durmo.


Só tenho uma sugestão a dar ao nosso ministro: que, quando voltar a desafiar os seus adversários na polémica, faça uso do seu estilo erótico (onde francamente tem mais graça). Insinue práticas dangereuses, proponha desaforos, junte personagens perigosas, e uma ou outra faca na liga -- apimente a prosa, vá. Mostre que é homem (de letras).

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E, entretanto, acabo de ter uma má notícia. É que acabo de ver António Costa a pedir desculpas aos dois ofendidos e informando a comunidade que já recomendou aos ministros que nem no facebook nem à mesa do café deverão soltar a franga ou a fera que têm dentro deles. 


Podemos, pois, descansar. Já não teremos bengaladas, bofetadas, traulitadas, besteiradas. Afinal vivemos na era dos smiles e dos gatinhos fofos. As tiradas queiroseanas já não moram aqui.

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E, assim sendo, nada mais tendo eu a declarar e pouco mais havendo a dizer sobre tão exígua farrinha, coisa de funfuns, gaitinhas e nada mais, chamo o Bruno Nogueira e peço que traga o Sr. Henrique. Esses, sim, são uns verdadeiros pândegos.

Arraial Gay Pride


Lado B
...

Já agora, ponhamos os olhos na idades dos cultos senhores que tão saudável beligerância mostram:

João Soares - 66 anos
Vasco Pulido Valente - 74 anos
Augusto M. Seabra - 60 ou 61 anos bem aviados
....

7 comentários:

  1. Ora nem mais, UJM! Também penso o mesmo. Para o lado que durmo melhor! Os dois caquéticos estão à espera das bofetadas? Pois eu prefiro esperar por obra feita. É isso que se espera deste governo na Cultura.
    Tenha uma boa noite.
    P.Rufino

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  2. Depois de ver a real gravidade da idade dos arguidos em tão grave polémica,fico preocupado com a soma total...! E no entanto o "nosso" JÔ SÓ ARES fará bem em desafiar com tal arrojo e pulimento para umas "salutares"bofetadas (estamos perante gente CULTA)não frequentadores de tascas,tabernas muito menos "carvoarias" os dois ao mesmo tempo? Acho que António Costa não se deve meter.Salvará a situação o seu calendário....Se marcarem o ajuste de "contas" para esta quinta feira...Porra,não vai dar...Já é sexta !Paciência JÔ.Cumprimentos ,bfs !

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  3. Oh, fiquei surpreendido com a idade do Seabra. Julgava-o do tempo do Rascunho da Bíblia!
    E depois tem aquelas diatribes sobre a Maçonaria. Como se isso tivesse alguma relevãncia. Tinha, ao tempo de Salazar. Olhassem para o passado recente e vissem a acção da Opus Dei na Banca e por aí fora. O BCP de Jardim Gonçalves e Paulo T.d.C e quejandos foi um belo mau exemplo. E hoje demite-se, por causa de um "fair divers" o J.Soares. Já a espúria criatura, a MLAlbuquerque depois das trafulhices dos Swaps e outras porcarias ficou, o Relvas aguentou-se tempo demasiado e o tratante do Passos que mentiu logo a seguir a ser eleito por lá continuou PM por 4 anos, a lixar-nos a vida. Este país é patético. Escandaliza-se com o pequenino e fica tranquilo com as patifarias. Cortou-se no RSI (CDS/Portas, essa corja) e ajudaram-se os bancos e os pobres dos banqueiros. Enfim...
    P.Rufino

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  4. Depois dos sessenta é expressamente proibido ameaçar com par de bofetadas, vá lá uma!

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  5. Deixemos de fingir que somos puras donzelas como acabou por fazer António Costa. Uma das chatices de ser ministro é, entre outras coisas, não poder responder taco a taco a provocações. Alguns desses provocadores, sobretudo aqueles que vivem da provocação e da intriga em colunas pagas na comunicação social, merecem mesmo umas bengaladas.

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  6. Pois é Rita, o homem não ia dar mesmo bofetadas a sério, isso é só mais lá pelas coreias. por cá é mais na base da força da expressão. Mas pronto, já ninguém quer saber de metáforas.

    O país caminha para o acabrunhamento. Assim não dá.

    Um abraço, Rosa, e uma bela semana para si!

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  7. Olá ECD,

    Por um lado, os filmes e as telenovelas, os reality shows e as capas das revistas, são estalada, insulto e insinuação que até ferve. Os comentários dos jornais online ou de alguns blogs são um chorrilho de ameaças físicas, palavrão de criar bicho. Mas se alguma figura pública usa alguma figura de estilo mais pictórica ou movimentada logo cai o carmo e a trindade como se o autor estivesse a preparar a cavalaria para sair ao ataque. Dá dó ver tanta beatice.

    Mas, enfim, vivemos tempos de estupidez em que o politicamente correcto coexiste com a boçalidade.

    A cultura anda amodorrada, choca, já não se agitam as águas.

    Tomara que as metáforas e as figuras de estilo voltem à cidade, que assim isto está bem é para as vizinhas que habitam as sacristias.

    um abraço, ECD, e que esta semana seja uma alegria!

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