sábado, abril 16, 2016

Alô, alô Catarina Martins!
Vamos lá a controlar não apenas essas hormonas mas também essa criaturas aflitas com o género que só fazem estragos no seu Bloco de Esquerda...
Ok?


Ia eu no carro, à hora de almoço, no meio de um trânsito infernal e com uma chuva diluviana que transformava as estradas em traiçoeiros rios, quando ouço a Catarina Martins, no debate com o Governo, capaz de matar o António Costa à dentada. Ele, calmo, lá lhe ia respondendo mas nada aplacava a ira da desaustinada Catarina.

Agora cheguei a casa, bastante tarde já -- trabalhei até tarde e, por cima, apliquei-lhe uma dose de laré -- e, ao ligar a televisão, lá estava ela, na Assembleia da República, olhar fulminante, capaz de estraçalhar o pobre do Costa.

E pensei que até há não muito tempo, uns dias por mês, eu também ficava assim. Não era uns, era basicamente um. Acho que era na véspera de me aparecer o período. Fogo. Eu ficava ao rubro. Qualquer coisa que me contrariasse minimamente, fazia com que se rompesse uma barreira qualquer e a raiva soltava-se, mas soltava-se à séria, incontida - e eu ficava capaz de avançar à pancada para cima de quem me fizesse frente.

Claro que tenho auto-controlo e tentava dominar-me. Sabe Deus o que eu me esforçava. Por vezes pensava: mas será que ninguém consegue perceber que estou assim (e mentalmente via-me a mostrar uma unha), prestes a cometer um crime? Mas a verdade é que conseguia disfarçar: nunca ninguém me mandou acorrentar ou, sequer, açaimar. Mas só pode ter sido milagre.

Mas, como é bom de ver, tanto auto-controlo tinha que ter um escape. Chegava a casa e, mal o meu marido abria a boca, já eu estava capaz de me atirar à sua jugular, de o insultar, a ele e a toda a sua família, capaz de lhe atirar a roupa pela janela, de lhe atirar com meia dúzia de pratos à cabeça. Uma raiva perigosa. Ele já sabia que o melhor, nessas alturas, era fazer-se de morto. Não dava troco ou, então, dizia uma coisa que para mim era insultuosa: deve estar para te aparecer o período. Fogo. Ele dizia aquilo e eu tinha que me esforçar muito para não partir para a violência. Sentia que ele me estava a provocar. Ou a inventar uma estúpida justificação para se ilibar de graves culpas. A fúria crescia dentro de mim, mas crescia tanto, crescia mas para níveis muito perigosos. Controlava-me, claro, mas a que custo. Sentia-me uma santa por ser capaz de aplacar uma ira tão justificada. E, depois, tinha que me conter para não desatar a chorar perante tanta injustiça.

Até que aparecia o período e passava tudo, ficava mansa como uma gatinha. Nem mais me lembrava do que me tinha despertado tão maus ímpetos. Tinha que puxar muito pela cabeça para me lembrar, e geralmente achava que se calhar teria sido alguma expressão ou alguma coisa de intangível pois, em concreto, já não me lembrava que alguém me tivesse feito ofensas ou causado danos graves. Varra-se-me tudo como que por magia.

Depois entrei em menopausa e foi remédio santo. Nunca mais tive desses ataques de fúria.
[Afrontamentos também só devo ter tido uns cinco ou seis, nada de mais. Nem qualquer outro sintoma ou efeito secundário. Nunca estive tão bem como estou agora.]

E, portanto, com esta minha experiência, sou perita na matéria. Ou seja, tenho para mim que aquele ataque de raiva que a Catarina Martins teve, na Assembleia, contra um até assarapantado Primeiro-Ministro foi um descontrolo hormonal pré-menstruação. 

Não é que o anti-regulador Carlos Costa, o do BdP, com toda a porcaria que tem feito, não tire qualquer um do sério. Tira, oh se tira. 
Uma pessoa pensa naquele atado, naquele atarantado, naquele frouxo, naquele pneu furado, naquela galinha choca e fica capaz de partir para o disparate. É um facto - há que reconhecê-lo.

Mas aquela raiva da Catarina contra o António Costa, cá para mim, foi mais que isso, foi mesmo um ataque de TPM


[De futuro, se a Catarina não se tratar ou não aprender a controlar-se, os debates na AR têm que ser agendados em função do período dela -- é o que eu muito vivamente recomendo a quem trata desses agendamentos. Em situações destas, toda a prudência é pouca.

Em contrapartida, recomendo que submetam o Carlos Costa (o pataroco, não o do fio dental da Quinta das Celebridades) a uma sessão de perguntas por parte da Catarina em fase aguda de TPM e tentem ver se não há mais algumas na mesma situação. É capaz de haver que isto, quando as mulheres passam muito tempo umas com as outras, parece que acabam por ficar com os ciclos sincronizados. A ver se ele se aguentava. É o aguentavas: saía de lá a fugir a sete pés, espavorido, nunca mais punha os pés fora de casa]

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Quanto àquela parvoíce, sem nexo de qualquer espécie ou género, relacionada com o Cartão de Cidadão, nem sei que diga. Parece graçola, uma daquelas piadolas lançadas para descredibilizar o BE. Fico na dúvida se a anedota terá nascido mesmo no seio do Bloco. Lembrei-me daquilo que um colega meu costuma fazer que é, no gozo, lançar uma boca qualquer como, por exemplo, que um certo ministro ou deputada é gay. Quando a gente reage: 'Disparate, não é nada!', ele diz 'Pois não. Mas pode espalhar.'.


Ou seja, esta do cartão deve ter sido algum brincalhão que lançou essa boca -- de que no Bloco de Esquerda queriam mudar o nome do cartão de cidadão porque cidadão é do género masculino e não deve ser usado para as cidadãs -- e apesar de ser mentira, disse para espalharem.


Porque, se não foi isso, foram mesmo aquelas meninas do BE que se espalharam. Ao comprido.
E note-se que digo meninas sem saber do que é que têm entre as pernas porque, para o caso, é irrelevante.
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Já agora, a propósito disto dos géneros: I'm a lady

(Little Britain)

...


E, também já agora, recomendo a leitura de Sexo e Género. A sério.


2 comentários:

  1. Deixo-lhe uma dos mais interessantes artigos que li sobre este assunto
    http://www.esquerda.net/opiniao/o-masculino-generico-uma-questao-gramatical-ou-um-debate-ideologico/36527

    Bom fim de semana

    GG

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  2. esqueci-me deste :)

    https://paulojorgevieira.wordpress.com/2016/04/15/eu-quero-um-cartao-de-cidada/

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