Não conheço Rita Amaral Cabral mas conheço uma pessoa que lhe é muito próxima. Se ela se parecer, comportamentalmente, com essa pessoa que eu conheço, terá paciência para muita coisa menos para fazer sala, desenvolver aquilo a que se costuma chamar small talk, aturar chatos, fazer fretes, fazer mesuras e, até, portar-se bem quando a saturação pede um chega para lá. Admito que seja moça para não lhe dar para excessos e fúrias mas, ainda assim, parte dessa maneira de ser (digamos que rebelde) lhe deve correr nas veias. A verdade é que a idade traz habituação a tudo e que a sua própria profissão, as companhias e as circunstâncias da vida vão moldando a maneira de ser pelo que, mesmo que em jovem tenha sido uma irreverente, agora já deve estar polida, quase formatada.
Mas, não a conhecendo, não posso ajuizar. Certo é que, pelo que se vai conhecendo, se sabe que privilegia um certo recato, que evita aparecer com ele em público especialmente em acontecimentos sociais ou mediáticos e que continua a exercer a sua profissão como jurista.
Falou-se muito nela por altura da bronca do BES, dado que era lá administradora mas a verdade é que a sua reserva e discrição ajudaram a que tivesse passado relativamente incólume perante o olhar da opinião pública.
Já antes se tinha falado dado que uma sua irmã era casada com Miguel Paes do Amaral, o que fazia de Marcelo quase cunhado do dito, na altura presidente do grupo Media Capital, dono da TVI onde Marcelo era comentador.
Coisas que passam já que, em qualquer dos casos, Rita Amaral Cabral não teve papel relevante no que estava em causa. E, não sendo dada a ribaltas, o sururu passa e ninguém mais se lembra de falar nela. E, quando se fala, sobretudo o que se diz é que é a 'namorada de longa data de Marcelo'. E a verdade é que há anos e anos que Rita é mesmo a namorada de Marcelo.
Viver com Marcelo não deve ser fácil: hiperactivo, hipocondríaco, certamente habituado às suas rotinas e com alguma dificuldade em suportar o contraditório, percebe-se que a opção de ambos tenha sido a de viver cada um em sua casa. A convivência diária com uma pessoa como Marcelo não deve se fácil e, pelo que se sabe, Rita Amaral Cabral preza a sua paz de espírito, tal como preza a sua independência e liberdade. Portanto, a nível de convivência, devem ter optado pelas doses homeopáticas ou espaçadas e, pelos vistos, tem resultado.
Li há pouco:
Ele não se cansa de lhe tecer elogios e refere-se a ela como sendo a sua «sensação espiritual». Rita Amaral Cabral namora com Marcelo Rebelo de Sousa desde os primeiros anos da década de 1980 mas nunca contraíram matrimónio nem nunca sequer quiseram viver juntos. «Não me voltarei a casar nunca mais. A Igreja Católica não aceita o divórcio e eu concordo. E recuso-me pelas mesmas razões de princípio a pedir a anulação do [meu primeiro] casamento», disse à jornalista Clara Ferreira Alves, numa entrevista.
«Tive a sorte de encontrá-la [à Rita Amaral Cabral] porque ambos partilhamos a mesma convicção católica de que o matrimonio dura ate a morte. Tive a sorte de que a mulher a quem tive de pedir sacrifícios concordasse inteiramente [com eles]», justificou o comentador. O romance iniciou-se quando se (re)encontraram, em 1981, nas reuniões da assembleia de representantes da Faculdade de Direito, o órgão que votava e escolhia os elementos do conselho diretivo.
No outono desse ano, no final de umas eleições, ficam sozinhos a fiscalizar a urna de voto enquanto os restantes membros da mesa vão jantar. Quando os colegas regressam, vão eles dois cear. Pouco depois, começam a sair juntos e a namorar, iniciando uma relação que se prolonga até os dias de hoje. Em 2006, um problema cardíaco de Rita Amaral Cabral trava a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República. Ele considera que a doença dela foi um sinal da providência divina para não se submeter a sufrágio.
Não sei se Rita alguma vez se casou ou se tem a nostalgia do casamento de fadas com que talvez tenha sonhado em menina. Ou se, tal como Marcelo, tendo-se casado uma vez, ficou vacinada. Ou se é mesmo convicção religiosa ('casamento só há um'). Ou se, pura e simplesmente, acha que não teria saco para aturar as pancas do namorado. Não faço ideia.
Não interessa: vivem nesse regime e, pelos vistos, assim vão continuar. Pareceu-me ouvir dizer a Marcelo que não vai viver em Belém e, de certeza, que o ouvi afirmar que não vai haver Primeira-Dama.
Pareceu vagamente incomodado, como se, perguntando-lhe por isso, lhe tivessem tocado nalguma corda sensível. Se foi, não tem porquê. Cada um faz o que quer da sua vida privada e, quando alguém elege uma pessoa para desempenhar algumas funções, é para isso, e só para isso, que o elege: não para que encarne o modelo da figura exemplar (casado, pai de família, etc). Portanto, o que desejo é que vivam felizes. E só não lhes desejo que tenham muitos meninos porque já estão mais para avós do que para terem filhos.Ou seja, agora muito a sério, o que lhes desejo é que estes próximos cinco anos sejam para Marcelo anos de um trabalho desempenhado com competência, próximo dos portugueses, isento, sensato, evoluído, civilizado, democrata, humanista, grande defensor da liberdade, zelador dos mais desfavorecidos. E etc e tal. Tirando isso, se vive aqui ou acolá, se vive sozinho ou acompanhado, se come pastéis de nata ou pão-de-ló, tanto me dá. Por mim, nessas coisas, está tudo certo.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.
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O simples entoar da palavra Primeira-dama remete-me logo para Africa. A Africa pós colonial tem uma historia cheia de casos de mulheres que pelo simples facto serem esposas do Presidente fizeram/fazem jus ao cognome de primeiras-damas. Fizeram e fazem o sol e a chuva nos países onde os maridos foram/são presidentes. Muitas mesmo ainda mais déspotas do que os maridos Por cá felizmente nunca tivemos disto. No pós 25 Abril o único caso efectivo de comportamento de Primeira-Dama é o de Maria Cavaco Silva. E mesmo assim sem nenhum dos piores defeitos de algumas das ditas Primeiras-damas africanas. Simplesmente bimba e, por acrescento, metediça!
ResponderEliminarJá agora muito embora pareça anedótico é verdade. Na Guiné-Bissau nos últimos anos de Nino Vieira como Presidente havia duas Primeiras-damas na cabeça de muita gente do circulo onde ele se movia, melhor havia a 1ª Primeira-dama e havia a 2ª Primeira-dama. A 1ª era a mulher oficial, a 2º era um das amantes. Nunca ouvir chamar à Isabel Vieira em cerimonias publicas 1º Primeira-dama. Pelo contrário, ouvi várias vezes chamar a N 2ªPrimeira-dama, que ficava muito justamente furiosa!