Bem. Depois de. ensonada, ter escrito dois postezecos levezinhos, um autobiográfico e outro com a sessão fotográfica de um brincalhão pseudo-nataleiro, estava para ir pregar para outra freguesia quando, ao espreitar os jornais online, dou com umas notícias que fizeram faísca entre elas.
Mas, com vossa licença, vamos com a Rosinha e com uma música alusiva aos tempos de crise que atravessamos
Avancemos, então, para as notícias. Transcrevo:
Sem acordo à esquerda PS recusa moção de rejeição
Carlos César reitera que os socialistas não pretendem contribuir para a queda do Governo, caso não haja uma “alternativa responsável e estável” com o BE e o PCP. (...)
O presidente do Grupo Parlamentar insistiu neste ponto: "Não votaremos nem apresentaremos nenhuma moção de rejeição se não tivermos em simultâneo a garantia que temos uma alternativa acordada e consolidada com os restantes partidos políticos".
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Pensei: manobra de diversão para consumo dos papagaios-avençados ou para entreter os jornalistas. Mas eis que leio o Mestre Ferreira Fernandes e percebo que a palermice pode mesmo andar no ar.
Quero crer que não, que as esquerdas não iam prestar-se ao papelão de parecerem irresponsáveis e parvinhas. Mas nunca fiando (que uma coisa já eu aprendi: nunca devemos subestimar a estupidez humana).Transcrevo:
Vão os semideputados deputar, enfim?
Temos tido, há muito, um grupo de deputados semiaproveitados. Não que alguém os obrigue. Eles próprios, comunistas e bloquistas, é que se trancaram na semirresponsabilidade. Aquele parlamento, para eles, não era bem o deles. Isto é, eles entravam lá como os outros deputados mas tinham um trauma de infância política: não tinham subido a escadaria de São Bento como quem toma o Palácio de Inverno. Na verdade, a quase totalidade dos semideputados (não digo todos porque pode sempre haver um tolinho) sabia que aquilo de 1917 já está fora do prazo há muito. Mas como também era o trauma que lhes dava alguma graça, deixavam-se estar... Então, o grupo de 20 ou 35 semideputados semideputava e mantinha reféns o quase milhão de portugueses que inocentemente pensava tê-los a deputar a tempo inteiro.
Aconteceu, porém e entretanto, uma revolução a sério: porque os semideputados não queriam ser parte duma alternativa, o outro lado pôde desgovernar a toda a brida nos últimos anos. Com o 4 de outubro passado, e a direita outra vez à frente, embora sem maioria, a situação arriscava--se a repetir. O facto deu um sobressalto aos semideputados e pareceu que eles iam ser deputados. Vão? Se fossem materialistas como dizem, sim. O que tem de ser tem muita força. O problema é que com tanto ano a fazer de semi, fica-se menor. É capaz de haver quem de política só faça continhas: nas próximas eleições fica à frente o PC ou o Bloco?
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E depois de ter lido que a camarilha pafiana já bateu no fundo -- com os ministros precários e pafiosos, em desespero de causa, completamente à nora, para conseguirem alivanhar uma espécie de programa de desgoverno, a serem instados pelas chefias a inspirarem-se no programa do PS -- fico a pensar que havia de ter graça, mas graça mesmo a sério, que Portugal acordasse um dia destes e percebesse que os comunistas e bloquistas tinham tido uma crise infantil de auto-afirmação e que esta coisa da relação entre o PS e as forças de esquerda não tinha passado afinal de um coitus interruptus. Havia mesmo de ter graça.
Bem.
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E, por falar em graça, depois disto só mesmo esta: desde 1981, o clítoris é uma das estrelas da gastronomia local.
Até me encolhi quando li isto. Credo! Onde?!?! Foge!!!!
Li melhor:
Perdido na tradução: Tradutor da Google anuncia festival do clítoris
(A Feira do Grelo) É um festival para promover o papel dos grelos na culinária tradicional da Galiza mas durante algumas semanas foi o festival do clítoris. "O clítoris é um dos pratos principais da cozinha galega", podia ler-se na página do concelho de As Pontes, graças a uma confusão do tradutor automático do Google.
A página, escrita em galego, tinha uma versão em castelhano traduzida automaticamente pelo Google.
A confusão surgiu, segundo a porta-voz do concelho, por causa do significado da palavra em calão português. O tradutor terá confundido o galego com o português e preferido a acepção em calão à botânica.
A confusão surgiu, segundo a porta-voz do concelho, por causa do significado da palavra em calão português. O tradutor terá confundido o galego com o português e preferido a acepção em calão à botânica.
Uffff.... Antes erro de tradução do que ser mesmo verdade. Nunca mais comia cozido galego! Nem cozido nem sopa nenhuma! Nem petisco! Aliás, nem nunca mais punha os pés na Galiza.
Pronto. E, agora que já juntei a política à gastronomia, temperando o post com o picante da Rosinha (e isto para evitar trocadilhos vulgares como o do 'grelo da Rosinha'), é que vou mesmo pregar para outra freguesia.
Permitam que relembre: caso queiram saber dos meus hábitos (secretos) desçam até ao post já a seguir.
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Permitam que relembre: caso queiram saber dos meus hábitos (secretos) desçam até ao post já a seguir.
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Ao que parece, o problema residirá na posição do PCP. Não creio que o BE entrasse por essa via, sobretudo tendo em conta as posições que entretanto assumiram, de maior contenção e realismo, como dizia Catarina Martins, aqui há tempos, "face à votação do Bloco, de ter sido apenas 10%". O PCP tem um problema de flexibilidade que acaba por virar-se contra ele. Com este tipo de atitudes estará sempre vocacionado aos 8%, 9%, ou até 7%. E não passará daí. Julgo que o BE aprendeu alguma coisa com o passado. E, sinceramente, espero que hoje mesmo se chegue a um acordo. Agora, será mau que esse acordo não seja assinado conjuntamente e, pelo contrário, separadamente – por culpa do PCP. Um acordo desse tipo fragilizará o governo PS com apoia de incidência parlamentar do BE e PCP. E até pode vir a ser o argumento que Cavaco Silva precisa para o inviabilizar. O que seria politicamente trágico. Uma vez mais, por culpa, ao que me parece, do PCP. Se for, igualmente, do BE, pior cenário ainda. Mas, custa-me a acreditar. Por outro lado, a dita moção de rejeição deveria ser só uma – a apresentar pelo PS e ter o apoio do BE e PCP. Haver mais do que uma (inclino-me para uma do PCP) mostraria divisões entre a coligação de Esquerda, que só daria mais razões para a Esfinge de Belém manter Passos/Portas num governo de gestão. Vamos pois acreditar que o bom senso prevalece e que se chega a acordo até hoje. Todavia, por muito que me custe dizê-lo, o estrago já foi feito. Quem quer que seja que esteve na colocação de dificuldades para um governo de alternativa ao da Direita (e repito, afigura-se-me ter sido o PCP, mas posso estar enganado) já desacreditou, de algum modo, a solidez daquilo que Costa pretendia apresentar, ou levar a Belém. Há gente que nunca aprende, politicamente falando! Sinceramente, começo a ficar farto destes políticos! Já não bastavam as provocações do PR, da comunicação controlada pela Direita, dos Assis divisionistas, temos agora “o barco encalhado” nas negociações entre o PS, BE e PCP (por culpa deste último). Parece que não aprenderam nada com o que se passou depois do PEC IV. Ou então, preferem este tipo de águas turvas, para se manterem à tona. Será que o PCP receia pela sua sobrevivência política no nosso universo eleitoral se aceitar um acordo desta natureza? E prefere a situação de partido de protesto para todo o sempre? Mas que Esquerda é esta? O resultado, se isto fracassar, é daqui até Junho termos uma maioria absoluta do…PSD, com o apoia do resquício de Partido do CDS, arrumado nuns 5%, só para dar mais reforço político à coisa, um PS degastado e em queda futura e o resto da Esquerda uma vez mais fora do centro de decisões políticas e num papel secundário. Irrelevante. Bonito serviço! A ser assim, emigrarei! Porra de Esquerda esta!
ResponderEliminarP.Rufino