Não posso fazer de conta que ando muito bem informada porque não ando. Os meus dias têm sido marados de todo, e o que sei é o que ouço no carro ou, agora, numa espreitadela à pressão depois de ter chegado a casa depois da meia-noite (cineminha, meus Caros, e o bem que me soube O Estagiário...).
Mas basta-me ter visto o título das notícias para achar que o Marcelo das Vichyssoises virtuais não está a começar bem.
Diz que está disposto a servir como presidente para pagar dívida a Portugal. Mas daqui eu lhe digo: se o País lhe deu muito, acho que ficamos assim, a malta é desinteressada, a malta não está à espera de retribuição, fique lá o que lhe demos, senhor.
Depois de, compulsivamente durante anos, fazer intrigas, depois de manipular tudo o que lhe ocorre, seja por uma causa, seja só porque sim, de falar de livros da treta à mistura com livros bons, de colectividades de beira de estrada à mistura com coisas sérias, augurar resultados eleitorais e se deitar a fazer palpites para jogos de futebol, fazer propaganda a telenovelas, aparecer em capas de revistas a fazer de conta que anda a paqueirar a Judite, a dar entrevistas à Cristina Ferreira ou a fazer ele entrevistas já nem me lembro a quem (seria ao Ronaldo?) ou a meter conversa com quem quer que lhe apareça com um microfone à frente, eis que, depois de andar há um ano a bater perna pelo país a fazer pré-campanha, aí o temos, finalmente, a cumprir o sonho de uma vida: ser candidato presidencial.
Já antes tinha tentado ser presidente da Câmara e espalhou-se ao comprido, já tinha tentado estar à frente do PSD e pouco tempo lá se aguentou. Nos comentários falava dessa sua experiência como líder da oposição como se tivesse sido coisa de décadas: qual quê, pouco tempo, uma aventura, só peripécias, tendo saído pela porta baixa como um vulgar mentiroso. Parece que é bom como professor e tem graça como entertainer. Tirando disso, não se tem dado bem*.
É certo que, ao fim de tantos anos, todas as semanas na televisão, o povo já se lhe afeiçoou. É como o cão da minha vizinha, vejo-o sempre aqui na rua, um cão simpático, parece que já me afeiçoei ao bicho. Mas será que vejo o cão da minha vizinha como o sucessor do tal das cagarras? Não sei. Não digo que não. Só digo que não sei. É que para ser melhor que o tal das cagarras não é preciso muito mas, ainda assim, teremos mesmo que deixar qualquer um entrar em Belém? Não sei.
Digo isto sem ser capaz de dizer qual me pareceria na mouche. O Nóvoa é um querido, um intelectual despojado, um idealista, mas ainda não me convenceu. Da Mariazinha de Belém também não me chegam bons presságios, não me convence, acho-a muito seguradinha. Não sei. A coisa não está famosa. Mas o Prof. Marcelo não me parece. Acho que mal, por mal, mais vale deixar-se estar ali no renhonhó com a Judite.
Até ver, o meu voto ia era para o Candidato Vieira.
Vai Vieira, avança! Estou contigo!
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As imagens são do extraordinário We Have Kaos in the Garden.
* - Chamo a vossa atenção para o comentário já aqui abaixo do Leitor Fernando Ribeiro no qual ele fala justamente dos feitos e desfeitos do Professor Marcelo.
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É tarde e eu, para variar, estou cansada. Mas não quero ir sem uma palavra mais pessoal.
Por isso, com vossa licença. mudo de registo, agora.
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É tarde e eu, para variar, estou cansada. Mas não quero ir sem uma palavra mais pessoal.
Por isso, com vossa licença. mudo de registo, agora.
Quando se escreve aqui sem saber quem está aí desse lado, não se sabe se alguém recebe isto como sendo para si, em especial. Eu gostava de saber escrever de forma a que cada um de vós sentisse que as minhas palavras lhe eram destinadas. Mesmo que nem todos sentissem, que ao menos alguns sentissem. Ou, pelo menos, que uma pessoa, uma única, sentisse. Mas não sabemos, escrevemos como se soltássemos sonhos no ar, palavras aladas cruzando um céu infinito e, em segredo, desejamos que elas pousem no coração de alguém, que floresçam, que lá criem raízes, as nossas palavras a perfumarem de afecto o coração de alguém especial.
E, hoje, é a pensar que ao menos um pessoa sentirá que é para ela que aqui venho, tão tarde -- e que escolho a música, a imagem -- que vou ao céu buscar um pequeno planeta.
Este é um planeta que esconde gelos e véus, grutas e outras vidas, mas que se veste de azul de propósito para os poetas amorosos que embalam recordações boas não esqueçam o dia de céu azul em que, numa varanda florida, sob árvores suspensas, desceu ao seu encontro alguém que trazia sorrisos e silêncios, carinhos, surpresas no olhar. É para tocar o coração desse alguém que aí está desse lado que aqui estou.
Não sei de que partículas é feita a atmosfera deste pequeno planeta, uma atmosfera talhada em mistérios e palavras azuis, não sei de Cinturas de Kuiper, nem consigo pegar nas minhas mãos para agora depositar nas vossas nem Éris nem Ixion, sequer Varuna, mas posso, sim, posso, trazer-vos este que aqui vos mostro, simples como eu gosto de pensar que sou, distante como sei que sou, cercado de azul como gostava que me imaginassem - e pedir-vos que o guardem convosco, num recanto secreto da vossa vida.
Quando o virem, saberão que nele estarei eu, convosco, tão perto de vós, aqui tão perto de vós, tão perto que talvez consigam sentir a minha respiração azul.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado.
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Lembro que há muitos, muitos anos, o Marcelo Rebelo de Sousa deixou de inventar "factos" políticos no Expresso (ter-se-á zangado com o Balsemão?) e criou um semanário próprio, chamado "Semanário", precisamente. Foi mais um falhanço dele. Não acerta uma.
ResponderEliminarO Marcelo pode ser muito simpático como pessoa e ter uma grande facilidade de expressão, mas tem uma visão fulanizada e estritamente taticista da política, que reduz a rasteiros jogos de intrigas. Não tem ideias, quanto mais ideais. Mas muito pior do que o Marcelo seria termos o autoritário e vingativo Rui Rio como presidente. Aí é que seria motivo para gritarmos todos «Deus nos acuda!».
Um outro cenário de terror seria termos o Marcelo como presidente e o Rui Rio como primeiro-ministro. E não estamos livres de que isto venha a acontecer. Faço figas para que não aconteça. Já basta o que basta!
Platão recebido e armazenado.
ResponderEliminar* digo, planeta. onde raio fui buscar plutão ou platão..deve ser uma ramela que teima em não sair
ResponderEliminarTocante o "ps" final a este post
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Seria muito interessante ler/ouvir depoimentos de activistas do movimento associativo estudantil dos anos 1964/5 -1971/2. Nessa epoca. Marcelo nao era só afilhado e filho de conhecidos fascistas era tb ele proprio um integrante da movida direitista pós- facista estudantil Lembro-me bem dele e dos amigos dele dessa época; ao contrário de outros, talvez por medo, nao era caceteiro. Claro, toda a gente tem o direito de mudar; no caso de Marcelo talvez seja mais correcto contudo dizer: simplesmente adaptou-se ao tom do tempo.
A ver vamos, como dizia o cego! Mantenho as minhas dúvidas sobre as hipóteses de Marcelo. Pode muito suceder-lhe o mesmo que aconteceu com Freitas no seu confronto com Soares. Oxalá!
ResponderEliminarP. Rufino