Quem assiste a tamanha beleza não pode fazer de conta que não viu.
Toca-me a beleza o coração, a pele, os nervos, a alma. Toca-me e fica, por instantes, presa a mim.
Fecho os olhos e revejo, dentro de mim, o que o olhar me trouxe de fora. Tanta, tanta beleza.
O Tejo, os cargueiros ao longe, os elegantes veleiros, Lisboa, suave, suave, o sol que se põe, a luz dourada que se encosta às águas. Fecho os olhos e tudo se mistura ternamente com os meus pensamentos.
Fecho os olhos e vejo um céu navegando nas águas de um rio dourado, lembranças de outros dias, sonhos esfumados, poalhas de luz trazidas pela toada doce que escuto dentro de mim.
Fecho os olhos e vejo um céu navegando nas águas de um rio dourado, lembranças de outros dias, sonhos esfumados, poalhas de luz trazidas pela toada doce que escuto dentro de mim.
Depois a luz dourada desaparece, agora há um brilho metálico, e os barquinhos não parecem de verdade. Talvez lá vão pessoas de verdade mas eu quase não as vejo.
As águas parecem estremecer ao de leve sob esta luz prateada.
Noto, então: um veleiro vai, afasta-se de mim, segue o seu caminho rumo a um outro horizonte. E outro vem, aproxima-se, pára. E então reparo em alguém que lá vem. Alguém. Alguém trazido pela luz, sobre as águas, braços abertos, talvez o coração também aberto, respirando a beleza infinita a que eu também assisto.
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Grigorij Sokolov interpreta "Vers la flamme" de Alexander Scriabin
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Toda a nossa costa é uma beleza.
ResponderEliminarUsufruir da paisagem que o Tejo nos dá e da luminosidade única de Lisboa... é uma benção para a alma.