segunda-feira, junho 01, 2015

Em Portugal, a malta acima dos 65 é fixe, meu...! Bora a multiplicar por aí este conceito do LATA 65...?


Vi o destaque no BoredPanda, vi a notícia no The Telegraph, encontrei o vídeo no YouTube: um grupo de idosos do Centro Paroquial de Alcântara a fazerem graffiti. Eu, que tanto aprecio a arte de rua (não as letras e riscos vândalos, atenção...), fiquei logo entusiasmada. Iniciativa fantástica. LATA 65


As imagens que uso para ilustrar este post referem-se a esta fantástica iniciativa.




Vejo pelos mais idosos da minha família que os que se mantêm activos, com genica, com boa disposição, são os que conservam a boa saúde física e mental, ultrapassando os dissabores com espírito positivo e energia.

Ainda hoje, em casa dos meus pais, o meu pai no cadeirão articulado, todo quezilento, volta e meia a chamar pela minha mãe, depois baralhado a dizer coisas um bocado ao lado -- e a minha mãe sempre na boa. Tinha preparado um lanche e pêras, e toda ela vestida de forma jovem, toda animada, como se as maçadas lhe passassem ao lado (e se eu sei que não passam).

E lá tinha mais uma manta de crochet giríssima para a cama de mais um dos bisnetos, e um casaquinho amoroso para a bisneta, e já está a estudar as cores para uma manta para a cama dela. E no fim, foi buscar umas calças, tinha comprado uns jeans elásticos justos para ela mas, afinal, ao vesti-los, achou que lhe ficavam justinhos demais em baixo e deu-mos a mim. Mas veste-se assim, toda jovem. E anda sempre a rir. Ainda hoje, por causa de uma coisa que eu disse no momento em que ela estava a beber sumo, desatou a rir, engasgou-se e não se desengasgava de maneira nenhuma, eu batia-lhe nas costas e nada, a minha filha é que disse para ela pôr as mãos ao alto e passou-lhe mas logo os miúdos se puseram logo todos de mãos ao alto e já nos ríamos com aquela cena toda. E conta anedotas de alunos alentejanos (grande parte delas aprendida com a grande amiga, uma divertida alentejana, ex-colega de profissão) e desatamo-nos todos a rir, e é uma alegria.

Saíamos de lá tardíssimo, nem demos pelas horas. Claro que esta desorientação em parte terá resultado de os homens da família não terem ido, ficaram a ver o futebol e, nós, mulheres, tal a farra que armamos e tão divertidos que andavam os miúdos, nem demos pelo tempo a passar.

Mas isto para dizer que vejo pela minha mãe que fez 82 anos e que tem uma agilidade incrível (quando estávamos no jardim, voou-lhe o chapéu para o jardim do vizinho e ela já se preparava para saltar o muro e ir lá buscá-lo. O que vale é que o vizinho estava por lá e foi buscá-lo, senão ela não se ensaiava nada de efectuar essa manobra acrobática).

E, no entanto, tenho na minha família pessoas da mesma idade e mesmo mais novas que são umas palonças, mal se mexem, sempre com alguém para fazer por elas, e sempre meio deprimidas, sempre a queixarem-se de maleitas, sempre com uma conversa em volta de fatalidades, doenças, poucas sortes, sei lá, um saco.

Por isso, iniciativas como esta da LATA 65 só podem ser louvadas, replicadas, multiplicadas. Que os idosos do nosso país se mexam, se entusiasmem e encham de alegria e cor as ruas das nossas cidades - é o que todos deveremos incentivar.



Workshop Lata 65 - Idosos aprendem a fazer graffitis
[em parceria com o Wool -- Festival de Arte Urbana da Covilhã]



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Boa!
Que os mais velhos nunca esqueçam a criança que têm dentro de si.
Feliz Dia de Todos, seja das crianças, seja dos que ainda o são, seja dos que deveriam acordar a criança que têm dentro de si.

Be happy.

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