No post abaixo já falei da bazuca do Draghi, nos milhões e milhões que vão limpar as contas dos bancos, da esperança que haja gente decente e capaz que saiba tirar partido desta medida e, finalmente, dos camaleões sem vergonha e língua de pau (que é como quem diz, langue de bois) que já começam a sair à cena.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra e vou ver se não me alongo porque ando a deitar-me tarde demais e estou perdida de sono. Isto de agora ter que acompanhar uma primeira-ministra todos os dias úteis das dez às onze e picos (Refiro-me ao Borgen, claro), ainda reduz mais uma hora à minha já de si tão fraca disponibilidade.
Ando com temas em atraso e não estou a conseguir pôr-me em dia, e hoje tinha aqui uns quantos em carteira mas, dadas as limitadas circunstâncias, vou ter que me cingir ao que me parece mais rápido.
Desde antes do Natal que não comprava livros. É que nem sequer tinha conseguido entrar numa livraria e, a sério, parece que já andava em estado de carência.
Fui hoje e, embora tenham sido não mais que uns rápidos minutos, o bem que me soube...!
Cheguei a casa feliz da vida e fui logo fotografá-los para vos mostrar.
Mas vamos com Ângela Rô Rô, minha gente.
Cantemos a Canção V com letra de Hilda Hils e música de Zeca Baleiro
da Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé - De Ariana para Dionísio
Na Estante leio o que o futuro administrador da RTP, o Nuno Artur Silva das Produções Fictícias, diz sobre a adaptação dos livros ao futuro, e transcrevo um pequeno excerto:
Os livros que escolhemos ter nas nossas estantes vão ser, literalmente, escolhidos a dedo como objectos de colecção e, tal como hoje acontece com os livros infantis, podem ter mil e uma formas e feitios.
("Os livros são objectos transcendentes/ Mas podemos amá-los de amor táctil" - Caetano Veloso)
Objectos transcendentes de mil e uma formas, um amor táctil pelos livros. Percebo bem. Acontece-me isso. Livros belos pelo seu conteúdo mas também pela sua forma. Gosto de os ver, tocar, cheirar.
De entre os de hoje, o livro de Hilda Hilst incontornável: não são apenas as suas palavras que têm uma vida própria, que nos dão vontade de partir a correr atrás delas, sair voando pelos campos, saias ao vento, pernas ao léu - é também a cor, a provocação, o sexo descarado, a alegria tresloucada da transgressão inocente. As ilustrações de André da Loba são fantásticas. Ter um livro destes nas mãos é um prazer para o qual o sono já não me permite encontrar descrição.
Já me fartei de rir com os poemas que acabam com uma moral da história que é do mais imoral que se imagina, mas uma imoralidade radiosa, festiva.
Eu sei que uma mãe de família e executiva bem comportada, não deveria sequer olhar para estas obscenidades, uma pornografia pegada... quanto mais comprá-las. Mas esta euzinha aqui, vocês sabem, tem algumas particularidades e gosta à brava de tudo o que lhe cheire a transgressão, alegria, palavreado gostoso, cores felizes, insinuações saborosas. Como passar ao lado de um objecto tão provocante? Impossível. Foi vê-lo e anda cá que és meu.
Ainda li apenas uma parte mas, do que vi, posso dizer que é uma coisa do além. Amanhã vou organizar aqui em casa um sarau de poesia. Vou pôr-me a declamar estes poemas e talvez filme a expressão do meu marido enquanto me for ouvindo. Corar não vai corar, isso já sei, que, moreno como é, só mesmo quando é apanhado em falso é que se ruboriza (por exemplo, quando me diz que uma dada colega é velha e gorda e eu a vejo na rua, jovem e boazona). Capaz é de ficar de boca aberta sem querer acreditar no que está a ouvir.
Poderia transcrever aqui um pouco mas teria que procurar com atenção e persistência a ver se descobria algum excerto que não fizesse fugir a sete pés os/as leitores/as mais recatados/as.
Contudo, já não consigo. É muito tarde, estou com muito sono e ainda deixava escapar alguma expressão que não encaixasse bem no salão que é o Um Jeito Manso, salão de meninas finas e de cavalheiros bem falantes.
Por isso, alertando os mais pios de que deverão, a partir de agora, avançar de olhos fechados, vou mostrar apenas uns pares de folhas.
Com vossa licença.
E, para disfarçar, para ver se não me tomam por uma libidinosa desencabrestada, junto a pintura de Ângelo de Sousa sobre os desdobráveis com as lusas poesias,
E agora uma imagem sem palavras porque, afinal, um desenhinho que mal tem?
E com uma história simples, nada de mal.
Uma gracinha. Este André da Loba que belo ilustrador me saíu! E que belas, apesar de desabridas e libertinas, as bem dispostas palavras de Hilda.
Amanhã a ver se, mal acabe a saga da Primeira-Ministra, não me disperso e vos transcrevo uma parte. É que, diversão à parte, a qualidade da escrita é um espanto e as ilustrações também.
Engraçado este vídeo: Hilda Hilst, Zeca Baleiro e Zélia Duncan
onde Hilda diz que as pessoas cagam para os poetas
Ah, a felicidade de ouvir as vozes de quem ama as palavras.
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Recordo que no post já a seguir falo de um fim de ciclo marcado pela bazuca do super-Mario. A ver vamos é se há capacidade para a saber aproveitar.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela sexta-feira.
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https://www.youtube.com/watch?v=FF-7S-mIsqw
ResponderEliminar"Deus pode ser uma negra noite escura, mas também um flambante sorvete de cerejas”
O marido vai ficar maravilhado!!!!!
Beijinho
Boa tarde...HELLO...Agora que se respira por aqui ar mais leve,vou então entrar noutro tempo,do verbo popular,mas que alguns com horror domingueiro,ouvem,riem,gulosamente mas exclamam : CREDO !!!Era eu um liceal,imberbe...interno,fomos visitados pelos pais...já não era o meu caso,já me tinham desejado "BOA SORTE",Um pai ufano,diz prá mulher:FODA-SE,O NOSSO FILHO é o que tem os livros em melhor estado...UM PADRE nosso professor,ainda novo,escutou por acaso...Disse-lhes:CLARO...É O MAIS BURRO !
ResponderEliminarmúsica do dia - https://www.youtube.com/watch?v=g93odzEUXg8
ResponderEliminarBob Marley