terça-feira, janeiro 13, 2015

É dos carecas que elas gostam? Os carecas são mais viris que os cabeludos? Ou tudo não passa de um mito urbano? --- Pelo sim, pelo não, aqui vos deixo um tratamento para carecas. Terão é que entrar pela Porta dos Fundos, se não se importam.


No post abaixo já mostrei a amizade entre um cão e um golfinho, uma coisa do mais ternurento que há e, para dizer a verdade, quase inacreditável.

Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Coisa cabeluda mesmo.


Talvez até já tenha contado.

Um dia, no meu gabinete, num final de tarde, naqueles momentos de descontração, o presidente falava com um director sobre tratamentos bons para o cabelo, sobre lavar ou não o cabelo todos os dias, fortificantes, etc. Aconselhavam-se mutuamente e qualquer deles quase se gabava de ainda ter bastante cabelo, embora um olhar atento pudesse percepcionar já alguma escassez capilar.

Às tantas, num momento de súbita e impensada caridade, como que a querer consolá-los pela preocupação que revelavam e pela perda de cabelo que começava a ser evidente, saíu-me da boca uma observação: 'Dizem que a principal causa da queda do cabelo nos homens é a quantidade de testosterona: quem mais a tem, menos cabelo tem'.



John Malkovich, um exemplo perfeito da dita tese


[Devo dizer que eu tinha ouvido isso, anos antes, a uma médica nossa amiga quando a questionei sobre a crescente calvície do meu marido, e estou em crer que ela falava a sério dado que é pessoa com pouco sentido de humor.]

Quando me saíu aquilo, eles olharam para mim, sem dizerem nada, quase estarrecidos. Um ainda balbuciou: Testosterona...? Percebendo já o caminho estreito em que me estava a meter mas sem a arte suficiente para sair de lá,  ainda estraguei mais: 'A hormona da virilidade...'.

A verdade é que, no momento em que o disse, já me tinha apercebido da gaffe mas tinha a percepção nítida de que já nada havia a fazer, não podia engolir as palavras que tinham sido ditas. 

Fizeram um sorriso amarelo, olharam um para o outro, meio enfiados, encolheram os ombros, mesmo sem saberem como sair daquela. Lembro-me que o presidente, um brincalhão, ainda tentou levar a coisa na desportiva, fingindo que dava cabeçadas numa das paredes. De repente, viam que eu achava que aquele cabelo de que antes se estavam a gabar era, afinal, prova de que não teriam muita testosterona. Ainda tentei compor, falei de alimentação saudável e mais umas parvoíces mas parecia que, quanto mais falava, mais me enterrava. 

A coisa espalhou-se. 

Um colega contou-me, algum tempo depois, que tinha ouvido a secretária a comentar com outra que um homem com muito cabelo era pouco macho e, perante o espanto da outra, atestava que tinha sido a doutora fulana de tal (eu) a dizê-lo, como se isso atestasse o rigor científico da afirmação.

Noutra vez, estava eu a falar com um outro colega sobre um outro que tinha começado a trabalhar connosco. Ele não sabia quem era, não sabia se já se teria cruzado com ele ou não e perguntou-me como era o outro. Descrevi-o: altura mediana, muito moreno, cabeludo. Nessa altura o meu colega fez um sorrisinho malicioso: Cabeludo...? Ah... então esse já está catalogado, não...

Eu nem queria acreditar em como aquilo se tinha espalhado.

Uma outra vez, numa reunião relativamente formal, estávamos uns quantos e, no final, alguém falou de um de uma outra empresa e alguém disse que achava que conhecia. Mas, para confirmar, pediu para o descrever. O outro disse que era assim, assado, com óculos e careca. Logo um colega meu, meu amigo mas do mais patife que há, exclamou: 'Careca? Ui...! Aqui a doutora tem uma teoria sobre isso. Não quer explicar?'. Os outros viraram-se para mim, curiosos e eu, furiosa com ele e talvez até levemente ruborizada, só fui capaz de dizer: 'Private joke'.

Essa minha gaffe foi uma das que fez o seu caminho na empresa. Infelizmente não foi a única.

Lembrei-me disto a propósito do vídeo abaixo, Careca, que vos convido a ver.

Ah, é verdade, os meus Leitores cabeludos não se lamentem. Não se pode ter tudo: queriam ser uns guedelhudos e ainda ser muito machos...? Ora, ora, que garganeirice - a coisa tem que ser bem distribuída.

(Estou a brincar! A sério! Passo a vida a ver homens com uma trunfa de dar gosto e que têm ar de estar à altura em qualquer situação)


Clive Owen, um que não é careca e que tem ar de ser do mais competente que há  -
ou seja, a prova de que todas as regras têm uma excepção
(se bem que a gente veja que o cabelinho começa a enfraquecer, especialmente lá no cocuruto)

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Mas já chega de conversa. Vamos lá então ao filme.

Careca - segundo a Porta dos Fundos

(não aconselhável a pessoas sensíveis)


Como habitualmente, a apresentação do vídeo é atípica e com pouco a ver com o seu conteúdo mas isso não interessa, o que interessa é mesmo o remedinho que os meus Leitores que queiram disfarçar as entradas podem querer aproveitar (cuidado é com os efeitos secundários!):

O ministério da saúde adverte: você ainda vai ficar careca. Isso não quer dizer que você vai virar um professor paraplégico com poderes telepáticos que comanda uma escola de crianças mutantes, ou que você vai construir um grande império da metanfetamina e ser exibido na Record, nem que você vai nocautear o Vitor Belfort com um chute no queixo. Você vai continuar sendo exatamente o mesmo cara, só que sem cabelo e experimentando um monte de remédio estranho.




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Comecei isto com a ideia de ser só uma gracinha para depois partir para uma outra coisa mas deixei passar o tempo e agora já não são horas de me meter na aventura que tinha em mente. Às tantas foi um mecanismo de defesa já que era barra pesada e eu, em coisas assim, temo sempre não encontrar o registo adequado. A ver se fica para amanhã. Ou então não, é demasiado horrível. Logo vejo. Também queria mostrar mais algumas bibliotecas mas fica para outro dia.

Relembro: a amizade marítima entre um cão e um golfinho é já a seguir e é um belo ansiolítico, vos digo eu.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça-feira.

E aproveitemos a vida enquanto ela nos é leve. E aproveitemos a liberdade e a beleza que nos cerca.

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5 comentários:

  1. Quanto a esse dito popular dos carecas só tenho a dizer que o povo quando os inventou meteu-lhes umas pitadas de malandrice... cof... cof... :-)

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  2. O Sr. Benjamin era um sujeito baixinho, magrinho, embora, estranhamente, com uma pequena mas visível barriguinha, que (talvez fosse um tique) afagava carinhosamente com um das mãos. A outra apoiava-se numa bengala. O Sr. Benjamin costumava abastecer-se naquela mercearia de bairro, a “Mercearia Laurindo”, fundada pelo falecido Sr. Laurindo dos Santos. Fazia ali as suas comprinhas, a viúva do Sr. Laurindo, Dª Graciete, apontava tudo, num papel pardo e no final do mês cobrava a “despesazinha mensal”, que o Sr. Benjamin pagava de imediato, em dinheiro contado. O Sr. Benjamin tinha, porém, um complexo, ou, como dizia aos que confiava, uma “infelicidade”, que era o ser careca. Que nem um ovo. Um amigo, um dia, anos atrás, sugeriu-lhe a compra e uso de um capachinho. E foi uma alegria! O Sr. Benjamin voltou a sorrir e, pelo menos em público, deixou de ser calvo. Só à noite, segundo sua prestimosa mulher, a Dª Efigénia - sempre muito adoentada, raramente saindo à rua, a não ser para ir à missa ou à farmácia - tirava o dito, ao deitar, que colocava, carinhosamente, na cabeceira da cama, para, uma vez acordado, logo a voltar a colocar, devotamente, usando-a mesmo durante as ablações matinais. Tinha horror a ver-se ao espelho, assim careca. Curiosamente, o Sr. Benjamin compensava a falta de cabelo com uma híper abundante cobertura capilar pelo resto do corpo, o que muito o orgulhava. Os pêlos tapavam-lhe as mãos, saiam-lhe da camisola e do casaco pescoço acima, da manga das camisas mãos abaixo e até através das peúgas, perfurando-as! No Verão, o Sr. Benjamin gostava de orgulhosamente ostentar aquela sua viril pelugem, ainda preta, vestindo umas camisas de manga curta. Os pêlos respiravam então liberdade, através do pescoço e dos braços, a par das mãos felpudas. A garotada, espantada com tanta generosidade capilar, metia-se com ele, nessa altura, mas ele não lhes ligava e lá prosseguia o seu caminho, impante. Um dia, entrou, uma vez mais, na Mercearia Laurindo. Levava, desta vez, uma mão na cabeça e a outra, como habitualmente, na bengala. O vento de Outono estava fortíssimo e ele temia que lhe levasse o seu querido capachinho. Ao pagar, naquele dia, em conversa com a filha da Dª Graciete, uma mocetona bonita de 25 anos, distraiu-se a olhar, com atenção a mais, para as opulentas linhas do corpo curvilíneo da menina Lisete e saiu da Mercearia sem cuidar de segurar a cabeça. O vento, esse não lhe perdoou. E, num instante, levou-lhe o capachinho. Esteve uns dias sem aparecer. Lá voltou à Mercearia. Para se abastecer. Desta vez, careca. E triste, de olhar no chão e voz sumida. Humilhado. Foi quando a menina Lisete, meigamente lhe disse: “Sr. Benjamin olhe, cá está o seu capachinho! Alguém o encontrou e entregou-nos. Lavámo-lo e está pronto a voltar a ser usado. Um sorriso enorme encheu a cara engelhada do Sr. Benjamin. “Deixe cá que eu coloco-o na sua cabeça”, disse a menina Lisete. E assim fez, rematando o gesto com um beijo carinhoso na cara do Sr. Benjamin. “Este é o dia mais feliz da minha vida, menina! Muito obrigado. Deus lhe pague a simpatia!” e, agradecendo, saiu, de regresso a casa. Ia todo contente!
    P.Rufino



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  3. Se o problema fosse a penugem que nos cobre e protege da GEADA,JURO ,jamais faria a barba...QUANTO ao dito popular,todo o homem estima a sua cabecinha,careca...!

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  4. Ri.
    Parece-me que a calvície não está directamente relacionada com a quantidade de testosterona produzida.
    Fenómeno mais complexo, provocado por variados factores, inclusive a hereditariedade.
    Carecas ou com farta cabeleira? A escolha não vai por aí….
    Ah, é tão sensual beijar uma careca!!
    Gostei do Sr Benjamin!!
    Beijinho.

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