No post mais abaixo falei de um homem cujas palavras, em minha opinião, devem ser levadas em conta. Se um dia elas nos chegarem, poderosas, dos lados da Rússia, o mundo será diferente do que é hoje. Claro que entre o que se sonha e o que, de facto, se pode fazer vai um imenso mar de diferenças (Obama é apenas um, de entre tantos, que o pode confirmar) mas, ainda assim, acredito que cada vez mais russos vão começar a seguir com atenção a sua ambição. Mas sobre Mikhail Khodorkovsky falo a seguir.
Aqui, agora, a conversa é outra.
Não vou falar do imenso mar de gente em Paris, na grande marcha republicana em que mais um milhão de pessoas saíu à rua para mostrar o seu apego à liberdade, pois se, por um lado, acho emocionante que tanta gente se junte em torno de um dos mais cruciais pilares da democracia, por outro tenho a convicção de que pouco vai mudar e de que muitos dos governantes que ali estiveram, o estiveram apenas porque, enfim, noblesse oblige. Ver a cara de manequim dos fanqueiros do Passos Coelho umas filas lá para trás, irrelevante e inútil, sempre de tacha arreganhada, uma cara a rir no meio de um mar de rostos consternados, diz bem do exemplo do que é um governante que ali foi apenas para fazer número.
Que foi uma manifestação histórica não tenho dúvidas mas que foi inútil temo bem que o tenha sido e, portanto, pouco mais tenho a dizer que isso. A psicologia de massas é isto mesmo: grandes comoções, um frémito de fraternidade emocionada a percorrer os corpos, a sensação de que tudo é possível. Mas, logo que o grupo de desfaz, tudo volta ao que é - a menos que à frente dos destinos dos países esteja gente capaz de interpretar os anseios do povo e capaz de o traduzir em actos, com garra, líderes de verdade, gente com visão de estadista. Mas o que ali vi deixa-me de pé atrás, especialmente no que se refere ao território político em que me insiro, a Europa*: Hollande é a fraca figura que se sabe, um homenzinho que vive em função da imagem e da opinião pública, Rajoy outra fraca figura, Merkel uma contabilista luterana (que tem a particularidade de ter uns grandes tomates - and sorry for my french), o malabarista Juncker, etc, etc, e Passos Coelho, a nódoa que tão bem conhecemos.
Por isso, vou ficar-me por aqui no que a grandes temas da actualidade diz respeito. E, se me permitem, vou passar para o registo das pequenas coisas do dia-a-dia.
Meryl Streep, com uns anos de diferença mas sempre com a mesma beleza luminosa |
Meryl Streep é hoje uma estrela inquestionável no mundo da representação e não há filme em que ela não brilhe com aquela luz que parece emanar dos seres especiais.
Ela é tudo o que há para ser: namoradinha inocente, grande fazendeira africana, bruxa, mãe devota, amante divertida, executiva implacável, mulher apaixonada, governante reformada com Alzeihmer, o que se quiser - e, em qualquer papel, é perfeita.
Meryl Streep em África Minha |
Ela é tudo o que há para ser: namoradinha inocente, grande fazendeira africana, bruxa, mãe devota, amante divertida, executiva implacável, mulher apaixonada, governante reformada com Alzeihmer, o que se quiser - e, em qualquer papel, é perfeita.
E, logo de nova, a excepcionalidade da sua arte de representar se tornou muito evidente e, desde então, não foi por ser loura, morena, alta, baixa, nunca pela perfeição simétrica do rosto ou beleza sensual do corpo que a sua arte se impôs: sempre foi a mulher que ela encarnava que se impunha.
Toda a gente que trabalha com ela refere a forma osmótica como a personagem se apodera dela, levando-a a adquirir a voz, os mais específicos sotaques, os tiques, quase a personalidade da personagem que representa.
Meryl Streep em O Diabo veste Prada |
Mas, antes de tudo isto, ela foi rejeitada. Era feia, não servia para o papel, disseram-lhe. Custa a acreditar porque feia ela nunca foi. Tinha, então, 26 anos, foi a um casting para o papel feminino do King kong e Dino de Laurentiis disse que ela era che brutta, feia demais. O papel foi para Jessica Lange.
Jessica Lange em King Kong |
O vídeo abaixo mostra Meryl Streep, na semana passada, como ela sempre é - segura, divertida, resplandecente na sua beleza intemporal - descrevendo esse episódio.
Meryl Streep ‘Not Pretty Enough’ To Be In King Kong - The Graham Norton Show
Para se ver o que são as coisas. A relatividade das coisas, quero eu dizer. A relatividade de tudo, vendo bem as coisas.
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E chega de coisas. Por agora, fico-me por aqui que esta segunda-feira a coisa promete, afazeres de toda a espécie e feitio, incluindo familiares que a coisa não anda especialmente fácil. Por isso, adiante antes que se faça tarde.
.....* - Sobre a Europa, recomendo a leitura de um artigo (que em comentário abaixo foi deixado por Fernando Ribeiro) da autoria do neo-convertido, o polifacetado Moita Flores.
O artigo intitula-se:
Europa terrorista - A quadrilha que vai liderar a manifestação de Paris prostituiu a Europa, matou os projetos de Vida.
Lê-se e não dá para acreditar. Também tu Moita Flores...?
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Relembro: sobre uma figura da qual, por cá, pouco ouvimos falar mas que me palpita que um dia destes será bem conhecida falo já a seguir - alguém que sabe do que fala quando fala de liberdade ou não tivesse estado preso durante alguns anos.
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira.
Saúde, sorte e afecto é o que vos desejo.
E que, por um qualquer milagre, a PT não seja condenada ao esquartejamento, isto é, que não seja vendida.
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O Moita Flores passou-se? Está com uma ferocidade que só visto! Não é que ele não tenha razão, mas nunca o imaginei a dizer isto desta maneira: http://www.cmjornal.xl.pt/opiniao/colunistas/francisco_moita_flores/detalhe/europa_terrorista.html.
ResponderEliminarFernando Ribeiro, bom dia,
ResponderEliminarEstou banzada! Terá sido mesmo ele ou terá pedido a outra pessoa para escrever e essa pessoa pregou-lhe uma partida...? Qualquer dia não se encontra, à superfície da terra uma única alma que defenda o modelo de Europa em que Passos Coelho e a madrinha Merkel tanto acreditam.
Bom dia e obrigada pelo artigo que já me fez rir.
Um abraço.
E já puxei a referência ao artigo para o post.
ResponderEliminarSó visto mesmo, contado não se acredita!
Realmente, o Moita desta vez "excedeu-se" (no bom sentido, claro). E nao é que o homem até tem razão?
ResponderEliminarP.Rufino