terça-feira, outubro 28, 2014

Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho: depois das queixas de violência doméstica, prosseguem as mentiras, o terror, as lágrimas e tudo à frente dos filhos, à porta de casa, na praça pública, nas capas das revistas. A destruição continua. Será que vão conseguir parar? Não seria caso para as autoridades intervirem?


No post abaixo já falei do BPI e no seu ilustre banqueiro, Fernando Ulrich Aguenta-Aguenta, e na ministra que não acerta uma e no iluminado da OCDE e, para rematar à maneira, juntei um banqueiro na mais pura linhagem dos Horta Osórios e Ulrichs deste país: o banqueiro dos Monty Phyton. Quando o tema quase dá vontade de chorar, eu tento arranjar maneira de que as lágrimas que me saiam sejam de risota.

Mas isso é a seguir.

Aqui, agora, a conversa é outra, outra, outra. Não queria falar nisto de novo pois já aqui falei muitas vezes e, de todas as vezes, fico com a sensação de não o ter feito convenientemente. 





No outro dia, chocada com o que via nas capas das revistas, comprei uma, queria comprovar. Fiquei ainda mais chocada. Ainda pensei em falar aqui mas não conheço o assunto suficientemente bem para poder falar dele como se tivesse conhecimento de causa. Mas agora o meu marido, ao fazer zapping, parou no Prós e Contras sobre Violência Doméstica.

Neste momento, enquanto escrevo, ouço um testemunho doloroso de uma jovem mulher, creio que a Fátima Campos Ferreira lhe chamou Lua, cuja mãe viveu o tormento da violência e do medo, situação que ela própria viver também na primeira pessoa. Fala de uma forma objectiva e racional, com uma lucidez assombrosa. A mãe fez apresentou 32 queixas e passaram por situações limites, entre a vida e a morte. 


Ouço isto e fico apavorada por todas as mulheres que passam por semelhante calvário. Custa perceber como se consegue viver debaixo de uma permanente ameaça. Ouço também dizer do terror que é recear que o agressor venha atrás, persiga, tente entrar em casa. Uma vida assim só pode ser uma não-vida.

O número de mulheres mortas em Portugal continua a crescer. Ao tiro ou à facada os ogres não param de agir selvaticamente e, por cada mulher morta, quantas não são agredidas, empurradas, esmurradas, ameaçadas?

Uma vez, ao falar disto, mostrei a minha estranheza: porque não denunciam, não fogem, as mulheres ameaçadas?

Mas uma leitora que viveu na pele este terror explicou-me: não denunciam nem fogem por medo, medo das vinganças, medo das consequências junto dos filhos, medo por não terem para onde ir. Percebo e fico aflita por pensar isso. De facto, deve ser um pavor saber-se à mercê da agressividade ou do rancor de um maníaco raivoso.

Penso que uma mulher que sofra esta situação deverá aconselhar-se junto dos serviços de apoio às vítimas, deve contar o seu drama aos amigos e familiares, deve tentar estar acompanhada, deve partilhar a sua aflição, ter apoio especializado.



Mas o caso de que falava mais acima, ao referir a revista que comprei, a FLASH!, é o de Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho. A fotografia da capa mostra-a com uma pele incerta, manchada, o rosto tenso. Lá dentro a descrição de mais um drama. 



Carrilho chamou a polícia para entregar os filhos pois alega que na última vez foi agredido por gente da ex-mulher, deitado ao chão, imobilizado. E que não se arrisca mais. Acontece que ela, supostamente com medo dele, não quis sair do elevador e mandou uma amiga receber as crianças. E ele não quis entregar os filhos a outra pessoa que não à mãe. Então, perante tal impasse, um dos polícias ofereceu-se para fazer o transbordo das crianças. Com isto, a menina que vinha a dormir, acordou assustada ao colo do agente e desatou a chorar. O menino, assustado também, começou a chorar e a dizer, pai, ó pai...

E agora ele diz que vai pedir a guarda das crianças e refere um episódio em que o filho lhe teria telefonado às 5 da madrugada a dizer que estava sozinho em casa com a irmã e que ele, tendo lá ido, foi agredido pelo acompanhante de Bárbara que teria chegado um bocado depois.

Se isto é verdade ou não, não faço ideia.

Tal como não sei se terá sido verdade que ele a agrediu na escola dos filhos ou se foi ao contrário, se os amigos de Bárbara é que o agrediram. Não sei quem fala verdade, ou se falam os dois. Não sei nem é suposto que saiba.

Tudo isto é quase obsceno.

A Flash!, que dá conta de todo este drama, mostra fotografias do que se passou na entrega das crianças, com a polícia. Ora como estavam os fotógrafos lá? Carrilho chamou-os? Ou alguém fotografou aquela triste cena e as enviou para a revista? Não sei.

O que sei é que, como já antes aqui o referi, a mediatização de toda esta brutal violência, violência física e psicológica, parece-me um péssimo exemplo, quase uma banalização e glamourização de um crime.

As revistas estão cheias desta triste história, parece que nenhum deles se quer ficar, não cuidando de preservar os filhos. Na ânsia de se agredirem, parecem ignorar os sentimentos e a estabilidade das crianças.

Hoje vi-a na capa de outra revista, desta vez é ela que diz que quer falar e contar a sua versão. Não comprei nem vou comprar, incomodada que fico com isto.

Mas lá está ela na CARAS, agora maquilhada, sorrindo, com os filhos, o rosto de Carlota, a menina de 4 anos, praticamente visível. E sobre a imagem que aparenta felicidade e glamour palavras como violência, mentiras.


Dá ideia que não ouvem amigos, familiares, dá ideia que ignoram tudo o que é razoável e apenas querem ferir o outro, mesmo que, para isso, se destruam mutuamente e cilindrem os filhos.

A revista Flash! traz uma afirmação de um psicólogo onde ele refere que não percebe porque não intervém o Ministério Público. Não sei nem sei se deveria pois desconheço a lei. O que sei é que me parece que, se ninguém os intercepta, isto ainda pode acabar mal, isto é, pior do que já está.

E é que há a dimensão pública dos intervenientes: ela uma das mais reputadas apresentadoras da televisão portuguesa e ele um ex-ministro, professor universitário, filósofo com obra publicada. Para além de deverem saber poupar-se, deveriam também conseguir lembrar-se que têm a responsabilidade do exemplo. Mas já que não conseguem pensar em preservar-se a eles próprios e aos filhos, deveriam, pelo menos, pensar no exemplo fatal que estão a dar.

É que, até mais do que neles, penso é no exemplo para os monstros que por aí andam à solta, que agridem, esfaqueiam, atingem a tiro as mulheres e que, às tantas, vendo estes do jet set nestes desacatos, ainda se sentem desculpabilizados, como se tudo isto fosse normal, socialmente aceite,

Não haverá ninguém que chame Bárbara Guimarães e Manuel Maria Carrilho à razão? Será que apenas vão parar quando uma desgraça maior acontecer?

Que horror tudo isto, que horror. Tantos e tantos anos de civilização para se assistir a tanta violência e a tanta insanidade.







Violência Doméstica
Não podemos tolerar, não podemos perdoar, não podemos compactuar. 
Nem podemos ignorar.
Não podemos.



Alguns contactos úteis 


  • A Associação de Mulheres Contra a Violência (AMCV) é uma organização não governamental (ONG), de utilidade pública, independente, laica e sem fins lucrativos, cujo objecto é a promoção dos Direitos Humanos, nomeadamente ao nível dos Direitos das Mulheres, Jovens e Crianças, e o combate a todas as formas de Violência e Discriminação.

SEDE
Tel. 21 3802160
Fax: 21 3802168
E-mail: sede@amcv.org.pt


  • A APAV tem como missão apoiar as vítimas de crime, suas famílias e amigos, prestando-lhes serviços de qualidade, gratuitos e confidenciais. É uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, que apoia, de forma qualificada e humanizada, vítimas de crimes através da sua Rede Nacional de Gabinetes de Apoio à Vítima e da sua Linha de Apoio à Vítima – 707 2000 77 (dias úteis: 10 – 13h / 14 – 17h).


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A canção lá em cima é Hope there's someone e é interpretada por Antony and the Johnsons.

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Relembro: no post abaixo há banqueiros, despedimentos, conversa fiada e até, imagine-se, humor com um banqueiro em versão Monty Phyton.

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa terça-feira.

...

6 comentários:

  1. acrescente-se uma linha no código penal, tipo , absolvição (se despachar o agressor para o seu criador) no caso de comprovada violência doméstica. Era um efeito dissuasor mais eficaz que campanhas na televisão com maquilhagem

    gajos que fazem isto são doentes, e parece-me que não têm cura

    grandes males , grandes remédios

    a não ser que pensemos como o Irão, que executou a mulher que matou o seu violador - http://pt.euronews.com/2014/10/25/irao-executada-mulher-acusada-de-matar-homem-que-a-tentou-violar/

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  2. Subscrevo totalmente este seu post.
    Também não consigo entender o porquê
    de tanta violência, sobretudo psicoló
    gica entre BG e MMC. Dá a impressão
    que há um grande ódio entre os dois,
    mas os filhos deviam ser a maior preo-
    cupação deles...Não está a ser e tam-
    bém não sei quando terminará e como!!!
    Alguém poderá fazer alguma coisa?
    Duvido...
    Bj.
    Irene Alves

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  3. Cara amiga, nem sei que lhe diga sabe?

    Poderia ser eu no lugar dela, há uns anos atrás. Com um relacionamento como o dela.

    Felizmente, não tive filhos. Felizmente tinha família. Tinha e tenho amigos. Mas tive de mudar o número do telemóvel. E bloquear as contas de email.

    Sair do país também ajudou.

    Mas quantas poderão fazer o mesmo?

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  4. Bárbara que conheço desde menina, sempre muito bela, bem educada e de uma educação excepcional

    Teve a infelicidade de fazer um programa com o "intelectual de merda" também conhecido pelo "CARRALHO DO CARRILHO e deixou-se embalar no sonho de casar com um velho debochado que quando professor pôs 2 alunas grávidas.

    Está um chaço autentico de tanto ódio e raiva que tem à mãe dos filhos, pois pensava que o taxo de Paria não acabava. Tinha lá a sua amante Celine e quando não lhe renovaram o contrato, pensava ter uma no papo e outra no saco.

    Mas a Celine quando ele deixou o cargo viu nele o que ele é um presunçoso velho e rancoroso e deu-lhe com os pés e ele deixou de ter a casa da Celine, para lá ficar em vez de ir para um hotel-

    A Bárbara farta de aturar um velho sempre a rosnar sobre todos e tudo, de chanatas em casa sem fazer niente quando ele regressou ressabiado de Paris depois de ter sido corrido, fez aquilo que já devia ter feito há muito tempo. Lembram-se quando ele a obrigava com o menino a fazer campanha para a Camara Municipal de Lisboa e a triste figura que ele fez no frente a frente com o Carmona Rodrigues? Esse ressabiado e malvado que faz chantagem com as crianças é o verdadeiro carrilhão. Como dizia o Almada Negreiro: MORRE CARRILHO MORRE, PUM, PUM E PUM.

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  5. Pôr do Soloutubro 29, 2014

    Cara Jeitinho,

    Este é um assunto chocante e gravissimo quando há duas crianças que crescem com péssimas referencias. Assim se vê como funciona a defesa dos direitos das crianças neste país.

    País onde eu mandasse, esta imprensa que vive do escandalo e da mentira, não medindo as consequencias, seria seriamente punida.

    Começava no entanto por punir os policias de determinada esquadra que assim que são alertados para situações protagonizadas por figuras publicas, chamam os fotografos que lhes pagam por isso.
    É assim que aparecem fotografias que provocam iras, ódios e mais vinganças.

    Este mundo está uma selva mais perigosa que a dos ditos irracionais.

    Preocupa-me cada vez mais que mundo vamos deixar aos nossos netos.

    Boa noite e um beijinho.

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  6. Cláudia, olá,

    Fico contente que escreva sobre isso no passado: é sinal que passou por ela e está aqui para a contar. Deve ser difícil perceber como alguém que supostamente nos amava se pode tornar em alguém que nos faz mal, não é? Transtornos, maldade intrínseca, doença...?

    Mas a Cláudia está aí e googlei-a e vi-a bonita e sorridente e tem certamente uma nova vida, cheia de coisas boas pela frente.

    Um abraço e desejo-lhe um belo dia.

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