Tenho que confessar: não vi o comentário semanal de Marques Mendes na SIC com a Maria João Ruela desde o início. Quando cheguei a casa, liguei a televisão e já estava ele a desancar neste desqualificado desGoverno.
Agora a seguir, depois de escrever isto, vou dar uma vista de olhos no Expresso e, se me mantiver acordada, ainda cá volto para contar o que andei a fazer até àquela hora em que cheguei. Mas primeiro ainda terei que fazer o transvase das fotografias da máquina para o computador, escolher algumas, reduzi-las, etc., mas a ver se o consigo fazer pois andei em sítios bonitos e quero partilhar convosco.
No entanto, venho aqui agora, num instante, só para dizer da minha perplexidade. O pequeno arauto do regime, certamente picado com a desconsideração de Passos Coelho que o contradisse a semana passada e falou dele e das suas informações privilegiadas com ar de desdém, deu-lhe e deu-lhe com força.
Marques Mendes mostrou, documentadamente, tudo o que vai subir ou já subiu a nível e impostos e taxas, e falou, com números, das rubricas em que as contas de Estado estão em derrapagem. Falou das gorduras, falou da despesa que era suposto cortar e que subiu, falou do que Passos Coelho e Maria Luís Albuquerque dizem enquanto, ambos, fazem o contrário.
E eu, ouvindo Marques Mendes, tal como quando ouço Manuela Ferreira Leite, Pacheco Pereira, Rui Rio e outros PSDs que ainda conservam decência e decoro, interrogo-me: será normal que a oposição a sério venha das próprias hostes laranjas?
Não, não pode ser normal. Juro que isto me faz muita impressão.
Já no outro dia aqui o disse: acho a oposição ao Governo, o pior Governo de que tenho memória, uma desgraça. Uma vergonha.
O PCP anda a brincar aos escuteirinhos, a montar barraquinhas para a feira, ou seja, para a festinha do próximo fim de semana, a Festa do Avante. Qual terapia ocupacional, todos os anos se mobilizam para, ao longo de semanas, fazerem o que três dias depois vão desfazer. É mais um summer festival, nada mais que isso, um summer festival produzido em regime de voluntariado, nada a dizer, cada um organiza os eventos e frequenta os festivais que quiser. Mas a verdade é que, para eles, parece que é mais do que isso, parece que é alguma coisa importante, tão importante que justifica que se desliguem da realidade nacional. Brinquem ao Rock in Rio da Atalaia, vistam tshirts com foice e martelo ou ponham boinas do Che, façam o que quiserem mas não venham depois achar-se uns revolucionários nem querer que alguém os tome a sério como oposição. Não dá.
O PS, por seu lado, com esta manobra dilatória do Seguro, arranjou maneira de deixar o Governo à vontadinha. A gente o que vê, do lado do PS, é que andam entretidos numa luta autofágica. Parecem irmãos ciumentos e birrentos. Quando aos meus pimentinhas lhes dá para isso, é a mesma coisa: podem armar uma cegada porque há dois que se querem sentar na mesma cadeira ou dois que querem brincar com o mesmo cavalinho encarnado ou que disputam o mesmo lápis. Assim andam os do PS: fazem birra com a duração dos debates, com as datas dos debates, com qualquer mariquice que venha a talhe de foice. Incomoda ver tanta parvoíce. E depois quando vejo o Tozé na televisão, lá anda a fazer coisas só por fazer, sobe a escadas, abraça um, faz biquinho para outra, distribui sorrisinhos piu-pius e abracinhos fofos. Neste fandoliro, como podem prestar atenção ao que os destravados do Governo para aí andam a destruir?
De resto, do lado da Oposição, não existe mais nada. BE, Livre, e mais nem sei quem é o mesmo que nada. Ou as televisões não lhes ligam ou eles não se sabem tornar relevantes. Não riscam.
De modo que, tirando pessoas como os que referi do PSD que ainda protestam, não se ouve nem mais um pio de jeito do lado dos que fazem política. Passos Coelho pode levar até ao fim a sua sanha de destruição de valor e pode fazê-lo nas calminhas, para ele é easy como comer uma canjinha de galinha. A oposição não mexe uma palha para o impedir. Do PR nem falo, até porque não sei se existe. Eu, pelo menos, não dou por ele.
O País está com o défice alto, com a dívida estratosférica, com os indicadores todos a revelarem uma preocupante debilidade da economia e uma total dependência externa a todos os níveis. Mesmo o aparente abaixamento do desemprego, para além dos que emigraram, dos que desistiram de tentar arranjar emprego e isto, aquilo e o outro, há o facto de a maioria serem estágios pagos pelo Estado, ou seja, não resultantes, de crescimento económico.
E, perante isto, a Oposição está de férias ou está noutra. Cambada de políticos que não valem um caracol furado.
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As duas últimas imagens provêm do blogue 77 Colinas; a primeira, a de Marques Mendes como domador, provém do We Have Kaos in the Garden
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