No post abaixo já vos falei de um talentoso português, Daniel Pinheiro, um excelentíssimo wildlife filmmaker. O seu Mondego dá-nos vontade de mergulhar nele, de largar tudo e partir à sua descoberta. Depois de ter visto este e os outros filmes, quase sinto que o que dá mesmo vontade é filmá-lo a ele a fazer aqueles belos filmes. Que prazer imenso ele deve sentir quando recolhe e trata imagens tão belas.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.
Talvez tenha havido um momento em que tudo começou. Uma colisão, uma explosão, um big bang. E talvez tenha havido um tempo antes disso.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra.
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Talvez tenha havido um momento em que tudo começou. Uma colisão, uma explosão, um big bang. E talvez tenha havido um tempo antes disso.
Somos insignificâncias sobre um pedaço de matéria à deriva no espaço, uma aleatoriedade incompreensível.
Mas, a maior parte das vezes, em vez de nos maravilharmos com a sorte que temos por estarmos aqui e agora, estragamos tudo. Guerras, vãs ambições, mesquinhas invejas, neuras fúteis, tristes doenças de alma.
Mas, a maior parte das vezes, em vez de nos maravilharmos com a sorte que temos por estarmos aqui e agora, estragamos tudo. Guerras, vãs ambições, mesquinhas invejas, neuras fúteis, tristes doenças de alma.
Por quanto mais tempo terá a espécie humana o privilégio de poder andar a surfar o imenso espaço sobre este belo planeta azul, acho que ninguém sabe. Que cada momento fosse vivido em reverência e como se fosse o último é o que me pareceria inteligente.
Mas, enfim, de verdadeiramente inteligente a espécie humana não tem muito, isso já o sabemos. As flores, as pedras, os pássaros, esses sim, sabem apreciar o dom de ser e estar.
Mas, enfim, de verdadeiramente inteligente a espécie humana não tem muito, isso já o sabemos. As flores, as pedras, os pássaros, esses sim, sabem apreciar o dom de ser e estar.
Li a entrevista concedida por Frederico Lourenço a Anabela Mota Ribeiro no Público e gostei, claro que gostei, é uma entrevista ímpar. É uma pessoa inteligente e franca, ele, despe-se sem rebuços e expõe, com clareza, o que pensa e sente. Pessoas assim às vezes tocam o limite do suportável e acabam por sofrer. Sofreu.
Gosto do que ele escreve, aprecio (na fraca medida das minhas possibilidades) a sua obra, e partilho com ele a dificuldade na compreensão da poesia de seu pai.
Contudo, diz coisas terríveis, coisas nas quais não me revejo:
É um erro fundamental as pessoas pensarem que têm direito de ser felizes. O normal é estarem a sofrer, em situações que são desafiantes, injustas, doridas. Isso é o que distingue a vida da morte
Mas revejo-me no desprendimento com que agora encara o passado:
Há um verso da Ilíada que é dos mais importantes da minha vida. Aparece duas vezes, diz o seguinte: “A estas coisas permitiremos o terem sido”... Vou aceitar que o passado existiu desta forma, não vou entrar em luta com o que foi o passado, vou centrar-me no agora e no futuro
Contudo, em minha opinião, o que Frederico Lourenço diz não deve ser lido como a apologia de que as crises existenciais, as amarguras, as insatisfações ou desajustes são a verdade essencial de que a vida é feita, ou que tudo o que é alegre ou sereno é fútil. Há uma altura em que Frederico Lourenço refere que:
O bailado dá-me uma felicidade irradiante. A arte de um modo geral tem esse condão.
Há momentos de felicidade irradiante.
Pode a vida de algumas pessoas ser mais infeliz do que a de outras - pais que não sabem amar os filhos, filhos que se ausentam deixando os pais sem razão para viver, corpos que têm desejos que outros não entendem, circunstâncias avaras, rudes golpes de infelicidade, desencontros irrecuperáveis. Pode a vida ter tudo isso. Mas a vida não é uma luta, à partida, perdida. A vida tem também momentos de magia, coincidências extraordinárias, acasos de felicidade, a sorte de podermos testemunhar uma lua branca que se esconde em dias marcados, milhões de estrelas que iluminam as nossas noites, flores e pássaros, passos de dança que transportam quem os vê, memórias e futuros, risos de crianças, palavras voando livres pelo imenso espaço, mãos generosas que se estendem através da escuridão.
Talvez existam outros universos paralelos, talvez dois universos tenham colidido em tempos e talvez muitos outros existam por aí. Não sei se algum ser fantástico está a comandar todas estas derivas. Talvez não. Talvez tudo não passe de um conjunto de acasos, de fugazes momentos de sorte, de um inexplicável devir, de um infinitamente grande conjunto de pequenos infinitos, de vidas que passam e vão para outros universos, de uma eternidade efémera. Não sei. Mas acho que temos muita sorte por podermos presenciar este maravilhoso mundo - e isso deveria ser mais forte do que tudo o resto.
Before the Big Bang: looking back in time - Parallel Universes (BBC science)
O Universo conhecido
The Known Universe takes viewers from the Himalayas through our atmosphere and the inky black of space to the afterglow of the Big Bang. Every star, planet, and quasar seen in the film is possible because of the world's most complete four-dimensional map of the universe, the Digital Universe Atlas that is maintained and updated by astrophysicists at the American Museum of Natural History.
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Relembro: descendo até ao post seguinte poderão ver, de perto, a maravilha que é este nosso planeta, este nosso País. Daniel Pinheiro leva-nos pela mão e mostra-nos um Portugal que existe belo, limpe e livre (apesar da seita que nos desgoverna).
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma boa semana a começar já por esta segunda-feira!
O Espaço, ou Universo, sempre me fascinaram. Sempre que surge uma oportunidade e aparece um bom artigo científico sobre este tema, leio e, por vezes, até o guardo. Na nossa imprensa já têm aparecido alguns interessantes artigos sobre isto, mas é sobretudo nalguns meios de comunicação estrangeiros que surgem com mais frequência. Na TV, no canal da Odisseia, creio, estas questões têm igualmente sido abordadas. Quando olhamos para o Espaço, não nos damos conta, na maioria das vezes, o quão pequenos somos, ou, melhor, o quão – infinitamente pequenos, somos. Se pensarmos que o nosso sistema solar é minúsculo no seio da nossa galáxia, sabendo que a nossa galáxia não é das maiores e que existem milhares de outras em todo o Universo, se concebermos tudo isto, então talvez possamos ter uma ideia de quão diminutos somos neste imenso Espaço. E, todavia, o nosso planeta é uma combinação extraordinária de vários factores, situações, fenómenos físicos e químicos que permitiu a mais espantosa criação: a do ser humano, com a sua inteligência. Como é possível a um ser tão minúsculo em termos de Universo, ser capaz de ter uma capacidade cognitiva desse mesmo Universo é algo que me fascina! Steve Hawkins sublinhou mais do que uma vez a nossa capacidade de compreensão completa do Universo. Ao que se sabe, o nosso tamanho no Cosmos situa-se num ponto intermédio das escalas possíveis, quer seja medida em centímetros, em nanómetros (milésimos de milímetros), ou em anos-luz. Na verdade, se fossemos mais pequenos, não teríamos átomos suficientes para desenvolver a complexidade que possuímos. E, se fossemos muito maiores, por exemplo, do tamanho de uma galáxia (!), o nosso pensamento, limitado pela velocidade da luz, seria demasiado lento para poder funcionar. Apenas ocupando uma posição “intermédia” de todos os tamanhos é possível surgir uma consciência tão sofisticada como a nossa, segundo os cientistas. Deste modo, se existirem por aí extraterrestres inteligentes, deverão ter provavelmente a dimensão entre a de um cão e o de uma árvore. Somos feitos de átomos, que, todavia, configuram apenas, ao que se sabe, 4% do Universo. Antes pensava-se que as estrelas formavam todo o Cosmos, hoje sabemos que o que vemos é apenas cerca de 0,5% da realidade. O resto, além de hélio, hidrogénio e alguns átomos, é matéria e energia escuras. Há algum tempo descobriu-se que essa matéria escura é como uma camada que envolve os cúmulos das galáxias em halos gigantescos. É assim que os protege gravitacionalmente da força desagregadora da energia escura, que tende a desmembra-los, na sua “ansia” de expandir o Espaço. Já li teorias que de algum modo divergem, umas que defendem a expansão do Espaço, outras o contrário. Já quanto ao nosso sistema solar não temos dúvidas. Tem os dias contados daqui a cerca de 5 mil milhões de anos.
ResponderEliminarP.Rufino