No post a seguir falo das imaturidades cobardes do Governo do Láparo (presentemente a propósito da birra que está a fazer na sequência de mais um chumbo, agora o da aclaração) e do triste pântano em que nos movemos.
Mais abaixo falo de Mário Soares que fez um discurso digno de um verdadeiro leão ao apoiar a candidatura de António Costa à liderança do PS e, um pouco mais abaixo ainda, dou os parabéns ao gatésimo Chico que, a brincar, a brincar, já lá vai com 70 anitos.
Mas isso é a seguir. Aqui, a gora, a conversa vai ser breve mas é sobre outra coisa.
Pedro Paixão e Miguel Esteves Cardoso, uma 'espécie de amor'
|
Estava a ler a autobiografia de um romancista, 'Os factos', de Philip Roth. Mas estava a sentir-me um bocado maçada. Em boa hora comprei os dois livros novos de Pedro Paixão. Os livros dele são irregulares, de qualidade um bocado aleatória. Mas eu gosto dele, talvez porque gosto de gente com pancada.
Comecei pelo 'Espécie de Amor' em que fala da sua desmedida amizade com Miguel Esteves Cardoso. E estou presa. Muito bem escrito, muito interessante, como se fosse uma história muito íntima mas que sabemos ser verdadeira. Uma amizade que esmagava Pedro Paixão.
Além disso, Miguel Esteves Cardoso casou com a ex-mulher de Pedro Paixão e isso custou-lhe muito, não por ciúmes mas por medo da má influência sobre o filho e, por isso, recusou ser padrinho de casamento deles, tendo-lhe, então, o Miguel dito que nunca mais se falariam. E estou a falar nisto porque acabo de ouvir na entrevista; se ele relata isso no livro, ainda lá não cheguei.
Mas o livro é mais do que o que ele conta, mais do que os episódios pitorescos. O livro valeria apenas pela escrita, é uma sucessão de frases incríveis. Um livro muito bom.
Se não fosse tão tarde, transcreveria uns excertos, para que pudessem ficar com uma ideia, mesmo que apenas ao de leve. No entanto, já são quase duas da manhã e não dá.
Mas peço que vejam a entrevista na Sábado. Não sei se por impossibilidade mesmo, se por nabice minha, não consigo inserir o vídeo mas, se carregarem aqui, poderão lá ir ter e ver. E a casa dele... maravilha.
Recomendo também que vejam Pedro Paixão dissertando, À Procura de Wittgenstein. Se não me engano, é apresentado por Luís Quintais.
Pedro Paixão pode ser meio louco mas tem laivos de genialidade. Eu, pelo menos, acho-o brilhante - mesmo quando um pouco louco.
(A forma como ele se esfrega enquanto é apresentado dá bem ideia da pancada que tem naquela cabeça. Mas que interessa isso?)
(A forma como ele se esfrega enquanto é apresentado dá bem ideia da pancada que tem naquela cabeça. Mas que interessa isso?)
À procura de Wittgenstein
(Wittgenstein, de quem Pedro Paixão tanto fala no seu livro e que foi incentivo para tantas discussões com Miguel Esteves Cardoso quando viviam juntos)
*
Relembro: por aí abaixo há mais coisas para ler mas, dado o adiantado da hora e o sono que tenho, não me vou repetir. Convido-vos apenas a irem descendo.
*
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quinta-feira.
Um livro a adquirir, sem dúvida. Sempre gostei de gente com uma pancada (dependendo da pancada, evidentemente).
ResponderEliminarE uma boa quinta-feira.
ResponderEliminarUJM
ResponderEliminarSou uma felizarda. Conheci bem esses dois homens de quem tanto gosto. E até fui ao casamento do Miguel com a ex mulher do Pedro.
Tudo se torna mais fascinante se pensarmos na época em que todas estas coisas aconteceram.
Era um admirável mundo louco!
Olá Carlos,
ResponderEliminarEspero que esteja tudo a correr bem consigo.
Quanto ao livro, está a ser de leitura inesperadamente fascinante.
Volta e meia os livros dele são repetitivos, muito intimistas e a tender para o pinga-amor.
Mas este, sendo talvez também isso, é diferente. Volta e meia até me faz lembrar a Clarice Lispector. Aquela escrita que sai ao correr da pena, uma torrente. Mas inteligente, bem escrito.
Vá dando notícias da sua vida que também deve ser bem interessante (pode ser dura mas deve viver situações de que, um dia, se vai recordar)
Um abraço.
Olá Helena,
ResponderEliminarMuita sorte a sua, mesmo. Muitas vidas dentro da mesma. Muitas recordações, muitas boas experiências.
Havia de voltar a fazer entrevistas, Helena. Gostei de a ver, toda woman in red, na entrevista.
Um dia havia também de se pôr a escrever as suas memórias e contar sobre toda esta gente interessante que tem conhecido.
Deve ter tantas boas recordações, não é? Por isso, esse seu sorriso inesgotável.
Um abraço, Helena!