quarta-feira, maio 14, 2014

Carlos Fiolhais esteve no 5 para a Meia-Noite e foi um prazer: o físico prodigioso e bem humorado ora fala como um poeta, ora como um menino deslumbrado perante a vida. Se não o viram, não sabem o que perderam. //// E uma adenda para iniciar uma resposta aos apoiantes do PCP que protestaram por eu ter pregado um raspanete ao João Ferreira


Ai estas minhas desregradas noites. Tenho estado para aqui a prometer que vai haver tareia, que não me vou ficar, a ameaçar que tiro a faca da liga e tal e coisa e depois, sento-me aqui, e perco-me. Leio os comentários em volta do João Ferreira da CDU e vejo as hostes a alinharem-se para uma bela briga de rua e eu, em vez de saltar para o meio, por aqui me vou deixando ficar. 

Comecei com um desfile de sexy girls, depois juntei um trio de gente talentosa - um poeta surpreendente, um músico ímpar e uma fotógrafa de nus - e agora ainda vou aqui tecer mais um comentário.

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Eu, como qualquer mulher que se preza, sou multi-tasking (e, ao escrever isto de ser mulher já me estou a lembrar de uma outra coisa - mas fica para outro dia), e, portanto, estou a escrever aqui e, ao mesmo tempo, estou com um olho no burro e outro no cigano.

Face ao que vou dizer, talvez devesse rectificar a expressão pois a pessoa de quem vou falar de burro não tem nada e, se é cigano, não dá ares disso. Mas, enfim, adiante que se faz tarde.

Queria eu dizer na minha que, enquanto desfiava poemas, seleccionava nus de mulheres e de montanhas e cerzia tudo com transições musicais, estava de olho na televisão.

Pois não é que o maluco do José Pedro Vasconcelos levou o ganda maluco do Carlos Fiolhais ao Cinco para a Meia Noite



Saquei logo da machine para fazer a reportagem. Ganda pinta a deste homem. Um comunicador. E eu, que, como já aqui tantas vezes falei, me encanto pela poesia da Física, pelo mistério das coisas de que tudo é feito, pela beleza intangível das partículas elementares, ouço-o falar da intimidade do mundo e de coisas assim e fico presa às suas palavras.

Pontilha-as com humor, com uma irrequietude quase infantil e nós ainda mais cativados ficamos. Computação, modelação, simulação, e eu bebo o que ele diz. O super computador centopeia,  e o milipeia, e os átomos que gostam de estar juntos, a investigação pelo prazer de descobrir, e a utilidade imprevista que depois se faz da ciência, e a elevação moral que vem do despojamento de quem já se viu perante o inesperado e misterioso  - uma sucessão virtuosa de prazeres. Fico rendida.

Contou do Pelintrão, confessou que não sabe o que são glutões e que não acredita em pipocas saltitonas  -mas, em contrapartida, mostrou que sabe que o caminho do conhecimento se faz caminhando, pelo prazer de caminhar, pelo prazer de saber que algures poderá aparecer um rasto de luz e que, indo atrás desse rasto de luz, se poderá descobrir algo infinitamente pequeno cujo comportamento poderá vir a explicar o comportamento do infinitamente grande ou abrir a porta para o grande desconhecido.

Claro que não é um qualquer Medina Carreira, Passos Coelho ou Durão Barroso que poderá perceber esta linguagem.

Carlos Fiolhais, quando fala, fala para quem tem a mente livre, não para os seres pequenos, formatados, jotas, iguais e nulos. Fala para crianças de verdade, fala para poetas, fala para cientistas, fala para estrategas, fala para visionários, fala para as pessoas que amam o mundo, não para os que se acham superiores ao mundo.

Em boa hora, o entrevistador levou lá também Vanessa Fidalgo, especialista em duendes, elfos, fadas, seres alados. É o lado místico, fantasioso, do não-conhecimento, do que está ainda na sombra, dos pontos de luz perdidos algures nos labirintos do infinito. Um contraponto inteligentemente antevisto por quem pensou juntar os dois na mesma conversa.


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O vídeo lá em cima é Illustris Simulation of the Universe (Credit: NASA, Harvard CfA, Illustris Collaboration)


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São quase 2 da manhã e daqui a nada tenho que estar a pé. Por isso, como temi desde o início, a tareia política que prometi fica para amanhã (embora amanhã à noite tenha a casa cheia, pimentinhas em força, pessoal a jantar e alguns a pernoitar, pelo que não sei se conseguirei dar um ar da minha gracinha). Mas, se não for amanhã, é depois. Contudo, para que não fique no ar a ideia de que amuei ou coisa do género, aqui deixo uma imagem que vale mil palavras:



Imagem obtida aqui a propósito desta mesma temática. 


O que defendo, não é um partido de esquerda a engolir os outros, não é um a anular os outros, não é uns a abdicarem dos seus ideais a favor de compromissos espúrios: é apenas pôr o País acima das diferenças. Perante uma situação de calamidade, unirem-se para derrotar os que devastam o País. Não será possível encontrar linhas de convergência para o futuro? Não?!

Diferenças? Claro. Que se mantenham. Que se discutam essas diferenças. Que não existam consensos sobre tudo. Claro. Mas que se consigam encontrar percursos comuns para que se consiga salvar este pobre e desengonçado País. De que servirá ao PC ter mais um ou dois deputados, roubando-os ao PS? De que serve isso, com esta direita ultra-liberal no poder?

Não percebem que o que devem é derrotar a direita? Que é a direita estúpida, ignorante e incompetente que deve ser derrotada? Que se devem unir para defender o País? Um ou dois deputados a mais valem a destruição do País?

... Capisce J e Anónimo?


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Relembro que este é o meu terceiro post de hoje e que, se forem deslizando por aí abaixo, poderão encontrar belezas para vários gostos. Moda, mulheres quase despidas, mulheres completamente despidas, fotografia, poesia, música.

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E, por agora, por aqui me fico. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira. 
E que ganhe o Benfica, ora essa. Acima de clubites eu ponho o meu País!

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4 comentários:

  1. "Perante uma situação de calamidade, unirem-se para derrotar os que devastam o País. Não será possível encontrar linhas de convergência para o futuro? Não?!"

    Unirem-se para derrotar apenas uma das partes que têm vindo a desvastar o país com a outra parte que também tem vindo a desvastar o país, dá mais do mesmo, que é a devastação do país.
    Talvez pudesse haver um outro PS, mais à esquerda, mais ideológico e honesto, que pudesse ser um aliado do PCP, mas espero que nunca o PCP se faça aliado deste PS perante a ilusão de derrotar a direita... Essa aliança seria entrar no ciclo de devastação.
    J

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  2. JOAQUIM CASTILHOmaio 14, 2014

    Resposta ao Anónimo

    Este comentário traduz bem o pensamento sectário característico de um dos últimos Partidos Comunistas da velha linha soviética que não consegue aprender com as lições da História. Tal como o PC alemão que, ao recusar apoiar o Partido Social Democrata maioritário, permitiu a subida de Hitler ao poder por via eleitoral, também o PCP ao aliar-se, recentemente, à Direita portuguesa contra o PS permitiu a subida do Láparo e seus comparsas ao poder.
    Julgando-se detentor da Verdade da Esquerda (a Pravda soviética) vai religiosamente defendendo a pureza e a imobilidade da sua estratégia política para conseguir, em tempo de crise, aumentar a sua votação em 1 ou 2% , continuando mesmo assim com uma aceitação popular cerca de três vezes menor que a do PS, mas, como sempre irá proclamar uma grande vitória, ao combater um acordo eleitoral de Esquerda e dando chances à Direita que diz combater.
    Já agora, com que forças políticas o PC pretenderia formar o apregoado Governo Patriótico de Esquerda que refere insistentemente na sua propaganda política?

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  3. Como o infinito é longe, uma das tabuletas indicadoras vai virar-se para a direita.

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  4. Verdade da Esquerda? Linha Soviética...? Sempre as mesmas tretas...
    O facto de eu, que não falo pelo PC nem milito no PC, defender que o PC deve manter a sua identidade e não ceder à aliança com um PS cujo o programa politico é diametralmente oposto do programa politico do PC, merece tal discurso caro Castilho? parece um guião pronto a recitar...
    E o paralelismo com a situação histórica da Alemanha na ascensão de Hitler é brilhante... e eu que pensava que se tinha ficado a dever aos 14 milhões de votos que levaram à nomeação do Hilter como chanceler e a uma segunda votação em que obtiveram a maioria parlamentar...
    Portanto, e só para ver se eu aprendo qualquer coisa com estas pérolas que de outra forma correm o risco de se perderem para sempre na blogosfera; sectarismo não é o oposto de tolerância, de reconhecimento, é antes e muito em concreto a recusa de formar alianças com outros partidos que partilhem uma muito ambígua classificação de esquerda ou direita, tendo em vista a vitória eleitoral independentemente do interesse da representatividade parlamentar, defesa de ideais, etc... é isso? Finalmente uma revisão de Democracia, que bem precisamos, que a Antiga Grécia já lá vai...
    Muito agradeço estas lições gratuitas, bem haja!
    J

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