sábado, abril 12, 2014

Scarlett Johansson fotografada por Craig McDean para a Vanity Fair de Maio de 2014 (e eu, nem sei porquê, lembrei-me das minhas noites de sexta ou sábado até há algum tempo atrás)


Ora bem. É sexta feira, tive uma semana tramada, avizinha-se outra que tal, estive antes de ontem à hora de almoço e até a meio da tarde com um dos meninos que estava atacado com forte amigdalite e, portanto, pode acontecer que tenha sido contagiada, mas agora estou-me nas tintas para tudo isso. Só me apetece pensar em coisas boas e imaginar um fim de semana soalheiro e tranquilo. Já sei que sol é coisa que não deve haver mas, se não houver, invento. Quando se têm poucas férias por ano, um simples fim de semana já me sabe a uma temporada nas Seychelles. E, de resto, it's friday night e, se agora pusesse música em altos berros, desatava a dançar. Só não o faço porque, a esta hora, o meu marido já não está para ambientes de hard rock

Dantes, à sexta feira, saíamos em grupo e corríamos as discotecas e bares da 24 de Julho e adjacências. Ao princípio era o Kremlin, o Plateau ou o Alcântara. Ou o Frágil (mas esse lá mais para cima). Depois o Indochina e por aí fora. Começava-se pelos mais calmos mas, à medida que a noite avançava, o barulho ia subindo, a confusão aumentando. Multidões ululantes, toda a gente a dançar, uma barulheira que nos revolvia as entranhas, fumo, muito fumo. Agora não consigo imaginar-me nessas cenas, ambientes repletos de fumo já me são irrespiráveis. Os miúdos ficavam nos meus pais ou melhor, os meus pais iam lá para casa, dormiam lá. Mais tarde saíam os meus filhos com os amigos deles e nós com os nossos.

Estou aqui a ver se me lembro do nome de um bar onde íamos muito para começar a noite, umas bebidas muito boas nuns vasos artísticos e coloridos que às vezes vinham a fumegar, ali para a Almirante Reis ou para essas bandas, agora já nem sei bem precisar. Já sei: Bora-Bora. Ao princípio achávamos aquilo o cúmulo do exotismo. Depois passou a ser normal - mas agradável.

Pavilhão Chinês
Também íamos ao Pavilhão Chinês no Príncipe Real: uma maravilha. A ver se um dia destes lá volto. Esse é calmo, é especial, é muito bom.

E íamos a outro ali mais para baixo, entre o Príncipe Real e a Lapa, não me lembro do nome. Tinha várias salas, uma sala grande de snooker. Como seria o nome?

Eram as sextas e os sábados quando não estávamos in heaven. O meu marido não dançava, detestava aquelas barafundas. Ficava encostado a um balcão ou a uma coluna de copo na mão à espera que eu me cansasse. Volta e meia lá o arrastava para dançar. De resto, dançava eu sozinha ou com os meus amigos ou com quem estivesse à minha volta, ali às escuras no meio da multidão. O stress saía todinho num instante. O que eu dançava.

Agora já não consigo ter vontade de me ir meter naqueles ambientes caóticos.

Adiante. Ao vir há bocado no carro vinham-me a ocorrer vários assuntos importantes para deles aqui falar convosco mas agora até a palavra importante me incomoda. Quero lá eu saber de coisas importantes...? Quero é dormir, descansar, ler e pensar num programa bom para amanhã.

E, para me acompanhar num programa descontraído, nada como a Scarlett, moça sexy, curvilínea e bem disposta. Mulheres com curvas generosas são geralmente generosas, descontraídas. E, portanto, admitindo que ficarei em boa companhia para irmos curtir a night na companhia dos nossos namorados aqui está ela tal como a verão os leitores da Vanity Fair para o mês que vem.




Scarlett Johansson, fotografada por Craig McDean no New York Palace Hotel para a Vanity Fair, Maio 2014


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Muito gostaria ainda de vos convidar a visitarem o meu Ginjal e Lisboa. Hoje é dia grande por lá. Saíu um novo vídeo do Cine Povero que assenta n' 'O desempregado com filhos' de Gonçalo M. Tavares dito por Cristina Branco. O vídeo, é como sempre, uma preciosidade e tem a particularidade de, em parte, ter sido filmado no Ginjal.


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E por agora por aqui me fico. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, um belo sábado. 
E desejo-vos muita saúde e felicidades. 
A vida é curta: nada de a desperdiçar.

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5 comentários:

  1. Cara UJM
    O que me ri com este seu post que me lembrou os meus tempos de boémia. Ao contrário de si, ainda mantenho esse lado. Só que hoje temos outros menos barulhentos e que permitem conversar.
    Conheço todos os que refere e muitas sextas feiras minhas se terão assemelhado às suas.
    Falta aí o Procópio e a Outra Face da Lua, mais o Café de S. Bento a juntar ao tranquilo Pavilhão Chinês. Eram mais calminhos, mas dava para intervalar...

    Muito obrigada pelo seu "querer" que, para mim, vale tanto como o meu "crer". Não esqueço o gesto, que me comoveu!

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  2. Olá Helena,

    Espero que esteja tudo bem com a sua amiga. Com a força do afecto há uma razão suplementar para que a vida se sinta agarrada com mais força. Daqui envio um abraço (virtual mas não menos sincero).

    Quanto às minhas noites, eram uma festa e não foram assim há tanto tempo. Mas parece que perdi a pedalada. Estas coisas são também uma questão de hábito. Era todo um ritual: jantávamos e depois íamos para um bar e depois íamos dançar. Geralmente nem vinha a casa depois do trabalho. Levava uma muda de roupa ou apenas uns adereços ou outros sapatos e, antes de sair, ia à casa de banho e saía de lá outra. Como era ao fim do dia, ninguém dava por nada. Mas uma vez encontrei um colega já de alguma idade e geralmente sisudo que ficou a olhar para mim muito admirado: 'desculpe... mas não a vi há bocado com outra roupa...?' e eu disse 'viu, mas eu gosto de mudar de roupa a meio do dia; nunca reparou que faço isso todos os dias..?'. Ele ficou a olhar para mim muito admirado, sem perceber se eu estava a falar a sério. Mas não me desmanchei.

    Mas, sabe, ainda hoje à noite estávamos com vontade de fazer um programinha, jantar fora, ir ao cinema. Mas não vi um único filme que me despertasse atenção e deu-nos preguiça sair só para jantar. A ver se as noites ficam quentes que aí já é mais fácil: depois do trabalho, vamos andar à beira-rio e depois arranjamos um programa qualquer. O drama é quando vimos para casa, nos descalçamos, nos dá a moleza. Já não nos apetece voltar a sair.

    E vamos esperar que este Abril se alegre, que o sol desponte de vez e a ajude a esquecer os seus dias tristes de Abril.

    O meu tio, quando soube que tinha cancro no pulmão, dizia que não se importava de morrer mais cedo porque tinha tido uma vida feliz e porque havia tanta gente que vivia menos tempo que ele e que tinha vidas mais infelizes que ele, que achava que só o facto de ter vivido uma vida boa até então já era razão para se sentir agradecido pela vida feliz que tinha tido.

    Nós ouvíamos isto com espanto mas víamos a convicção com que ele o dizia que acreditávamos nele - e isso, de certa maneira, aliviava a nossa angústia.

    O seu filho Miguel também teve uma vida preenchida. Já lhe contei que o vi no hotel de Santiago de Cacém com os filhos na véspera de ser operado. Estava descontraído e feliz que só visto. Ninguém diria que estava com uma doença daquelas nem com medo de ser operado. Estava mesmo numa boa.

    Partiu de 'papinho cheio', acho eu. Foi poupado à decrepitude, foi poupado a outros males. Partiu numa altura em que era admirado e amado. Talvez tenha partido feliz. E talvez, pensando assim, Helena, se sinta também tranquila sabendo que o seu filho foi poupado a desamores, a tristezas, e que viveu e partiu feliz. Tente, Bárbara Helena, que Abril seja para si o mês do qual o seu Miguel certamente muito gostava. tente partilhar isso com ele. Talvez lhe custe menos.

    (Estou a dizer isto mas, ao mesmo tempo, a pensar que eu devia ser capaz de arranjar motivos mais fortes para que a partida dele seja mais tolerável para si, mas parte-se-me o coração só de pensar no desgosto que deve ser. Mas uma mulher forte, alegre e imaginativa como a Helena deve ser capaz de descobrir uma maneira de estar perto dele, sentindo tranquilidade e não apenas tristeza)

    Um abraço! E um abraço também para a sua amiga. Se estiver com ela pode dizer-lhe que só não lhe mando uma caixinha de bombons porque abraços virtuais ainda vá que não vá, agora bombons virtuais é que não devem saber a nada...

    :)

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  3. Jeitinho
    Gostei mesmo desta sua terna resposta.
    O Miguel partiu feliz, sim. Mas faz-me imensa falta a sua ternura e a felicidade que ele sentia quando estava com o irmão. Vê-los gargalhar, vê-los abraçados, até vê-los criticarem-se, tornavam-me uma mulher feliz, que achava que tudo tinha valido a pena. Continuo a pensar o mesmo, mas a sua ausência é muito dolorosa.
    E, depois, tudo o que eu mais quero é que não o transformem num herói. O melhor do Miguel era, justamente, não o ser!

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  4. Olá Helena,

    Quando estou com os meus e os vejo animados, a conversarem, a combinarem coisas, felizes da vida, também me sinto realizada e abençoada. Tento guardar todos esses momentos dentro de mim. Cada minuto é uma dádiva e o que vamos vivendo fica dentro de nós. A vida é breve e os laços que a seguram são frágeis.

    Por isso, percebo muito bem o que diz e compreendo muito bem a saudade e a falta que esses momentos lhe fazem. Nada os substitui.

    Mas talvez um dia destes, (quando chegar a hora certa...!), um dos seus netos lhe chegue com uma notícia feliz e quem sabe então a sua casa não volta a ter risos de criança e a família feliz em volta de uma nova vida.

    A vida continua e há que saber vivê-la o melhor possível apesar de tudo e fazendo com que valha a pena e que aqueles que partiram antes de nós, se nos estiverem a ver, vejam que estamos bem.

    É bom de dizer, sei bem, mas acredito mesmo nisto.

    Um abraço, Helena.

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  5. Duas coisa de que gosto aqui: o Pavilhão Chinês e a Scarlett.
    P.Rufino

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