domingo, abril 06, 2014

"Os piu-piu de Maçães" - mais um texto de antologia de Pacheco Pereira no Público


Todo o artigo é imperdível mas, para abrir o apetite a quem o não leu, aqui transcrevo uma parte:


Os tweets de um secretário de Estado chamado Bruno Maçães têm sido alvo de chacota generalizada na Internet, mas não é o seu contributo para o anedotário destes dias de lixo que é relevante. Eles significam muitas outras coisas, bem mais graves do que as inanidades que escreve: vão fundo ao pensamento débil de quem nos governa e mostram a perigosidade social de meia dúzia de ideias extremistas na mão de quem tem poder e que, sem mudarem nada, estragam o país por muitos anos.

Que ele canta como um pássaro de curtos trinados, que é o que significa tweets, isso é verdade. Mas que dificilmente se pode encontrar melhor exemplo da gigantesca arrogância e presunção de um conjunto de conselheiros de Passos Coelho, em que tudo transpira a uma gigantesca auto-suficiência e assertividade, associada a uma profunda ignorância do que é Portugal, a sua história e as suas pessoas, o povo, nós todos, o único “nós” que tem sentido.

Como todos os revolucionários são adâmicos, acham que o mundo começou com eles e vai acabar com eles, seja como paladinos de um combate mundial contra o Mal, quer como heróis consumidos num Armagedão de perversidade alheia, de preguiça colectiva, de pieguice generalizada, da maus costumes despesistas, de hábitos de vida de rico nuns miseráveis que acham que têm direitos e não sabem economia, ou seja, nas chamas do socialismo, da coligação do Papa Francisco com Obama, com Cavaco, com o Tribunal Constitucional, com os “socráticos” e com os ressabiados “velhos do Restelo” do PSD e CDS que só pensam nas suas pensões milionárias. Essa junção pestífera de demónios representa as mil cabeças do Diabo. Sim, eles viram o Exorcista em pequenos e têm medo do Diabo.

A metade de Passos Coelho que não foi feita por Relvas foi feita por homens como Maçães, combinando na mesma criação a esperteza aparelhística e o mundo das negociatas e das cunhas, com as altas esferas académicas sempre dispostas a fazerem de dr. Strangelove. 


Ou seja, o dr. sem ser dr., junto com o Professor Doutor. Infelizmente, a história tem muitos exemplos destes e dão sempre torto. Mas eles nunca querem saber de história.

Num desses trinados, em inglês como convém, Maçães escreve que “todos os dias lhe lembram o muito que os 35 anos de hegemonia socialista em Portugal fizeram de mal ao país. Felizmente podemos hoje dizer que esses dias acabaram”. É o equivalente ao “I think I saw a pussycat”, sendo que o “pussycat” que quer comer o passarinho é o socialismo, “I did, I did”, ele viu 35 anos de “pussycat”.



O artigo na íntegra pode ser lido aqui. Grande artigo, grande Pacheco Pereira.

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2 comentários:

  1. Pacheco Pereira tem toda a razão. Na verdade, quando alguém, como Passos Coelho se rodeia de pessoas como o Maçães (ou Relvas) está tudo dito. Este indivíduo, o Maçães, e digo-o com toda a calma, é do mais cabotino, imbecil e cretino, que se possa imaginar. Um bacoco, um menino estúpido e reaccionário, uma avantesma, ignorante político, um pateta! Parolo intelectual, uma diminuta criatura do ponto de vista politico-intelectual. mas, a imagem deste governo, no seu todo, e do PM que nos calhou em sorte - com o apoio dessa avestruz de Belém, o PR.
    P.Rufino

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  2. Olá P. Rufino,

    Não há quem escreva com maior desprezo desta seita que se alapou no poder do que as pessoas dos próprios partidos; e eu percebo-os: esta gentinha dá mau nome aos partidos a que pertencem.

    Onde se viu uma criatura como o Maçães ser um dos ideólogos do regime...? Isto só pode ser o fim dos tempos.

    Desejo-lhe uma boa semana, P. rufino.

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