quarta-feira, abril 30, 2014

Lisboa by night em noite de amores, sombras, recantos


No post abaixo já vos dei conta do regresso da Lovely Lídia que vem com a pedalada toda, imparável, indomável. Se, no final deste, descerem até ao post seguinte verão porque vos digo isto.

Agora, aqui, muito rapidamente - porque cheguei a casa bem depois da meia noite e porque ainda me deu para fazer uma mudança de look no Um Jeito Manso - dou-vos conta de que não são 20 anos, já são mais, mas que foi esta música que me veio à cabeça quando acordei.

[Ainda não parecemos o casal de capa do vídeo abaixo mas tomara que, quando tivermos a idade deles, ainda estejamos juntos; e mais vinte e mais vinte e sempre juntos. Tomara.]



Palabras - 20º aniversário




Somos tão diferentes mas tão complementares. Ele diurno, eu nocturna, ele disciplinado, eu anarca, ele planificador, eu intuitiva. Mas respeitamos as nossas diferenças e, quando não as suportamos, paciência, adiante que para a frente é que é caminho. Duas peças iguais encaixam? Não. Terão que ser complementares, peças de um puzzle que vai evoluindo à medida que o tempo passa.

como a sentir a tua cara rente
à minha e as tuas mãos nas minhas, ou
como se a dança amarguradamente
nos desse nesta noite ainda um slow

levado a medo, apenas a ternura
a conduzir de leve os nossos passos
e o corpo estremecendo-te à procura
do seu lugar na grade dos meus braços

e a luz, fina película de vidros
por entre a frialdade de janeiro,
a trespassar os corações partidos
estranhamente, e o meu sendo o primeiro,

como se não doesse o que doía
na própria dor tingida de alegria.


Depois do trabalho, fomos ao cinema e depois jantar num dos restaurantes do Avillez, ali ao S. Carlos e, depois, passear. 




Lisboa, bela, bela, ó meu deus, que bela estava Lisboa esta noite.

Há agora, em edifícios para tal restaurados, muitos pequenos hotéis, e boutique hotéis e hostels e há muitos estrangeiros, e muitos jovens,  e há uma miscigenação nas ruas, nas vozes. Estávamos no passeio no meio de um grupo de que não conseguimos perceber a língua, uma língua estranhíssima. Mais estrangeiros que portugueses. Um ambiente engraçado, múltiplo.

A noite amena, as luzes a envolverem em mistério e romance as casas, as árvores cinéfilas, escadas luminosas cruzando as paredes, e nós dois passeando pela cidade, turistas também, descobridores de maravilhas.




Cá em cima a Pensão do Amor cheia, muita gente na rua, sentada nos muros e, lá em baixo, S. Paulo de novo cheia. Finda Abril, adivinha-se um maduro Maio e Lisboa abre-se ao verão, ao sul, ao azul meridional. E as noites, mais do que vagabundas, são românticas, pedem abraços, malícias suaves, brincadeiras de namorados. 

é uma porção de terra rodeada
de amor por todos os lados?
uma porção de amor rodeada
de terra por todos os lados?
rodeada de água?
rodeada?
ah todo o amor é árduo a humano trato
e se interroga e ninguém
é uma ilha
onde se caça. apenas
se conhece asperamente
seu rodeado mapa de coral. apenas
contra a morte
a ilha, a redondilha.

Cidade de espantos, tascas, tabernas, azulejos, moda, design, barbearias, alternativos, castiços, casais típicos e atípicos, vadios, vadias, gente colorida, modernidade e becos, caminhos antigos e hábitos novos. Lisboa está tão diferente mas sempre tão igual, única, magnífica, cidade de recantos, de segredos, de amores clandestinos, ou antigos como o nosso.




E depois regressamos, jazz na rádio, um cansaço breve e bom.

Depois ainda aqui quis vir. Parece que o dia não estaria completo sem esta minha conversa aqui convosco. Não vos vejo mas sei que estão aí desse lado e a vossa presença chega até mim, sinto-vos, quase sinto como respiram.

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Já agora, antes de me ir deitar, a ficha técnica. Para mim: 

Couvert: Manteiga trufada; espuma de tomate perfumada, azeitonas marinadas
Entrada: Brusqueta de pancetta com alho e alecrim, 
Prato principal: Risotto de vitela e couve lombarda, 
Sobremesa: Ananás em forno de lenha com sorvete de limão e manjericão. 

Excelente e preços acessíveis. Recomendo. Pizzaria Lisboa do Chef José Avillez.


(Não me achem egocêntrica por só dizer o que eu comi mas é que já mal me aguento acordada, já não consigo relatar mais nada)

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A música lá em cima é Palabras, 20º Aniversário, Patxi Andión


Os poema são, respectivamente, 'como a sentir a tua cara rente' e 'o atol dos amores' de Vasco Graça Moura in Poesia Reunida


As fotografias foram feitas esta terça feira à noite na zona do Chiado em Lisboa.

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  • Relembro: desçam, por favor, para matarem saudades da Lovely Lídia.
  • Informo: continua animadíssima a troca de comentários sobre as motivações, as virtudes e outras adjacências inerentes ao 25 de Abril. A não perder: aqui

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Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela quarta-feira.

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