domingo, abril 20, 2014

In heaven com o meu amor, os meus amores, os meus amorzinhos e muitas flores. Ressurgir em Abril. O maravilhoso perfume de esperança.






Sento-me à noite no sofá em frente da televisão e o corpo apaga-se. Podem ser cinco minutos mas são o suficiente. Depois desperto e já estou quase acordada. Ainda consegui ver o Downton Abbey, que bom.

No cavalinho de madeira que era do pai e da tia

Estes dias cansam o corpo: muito oxigénio, ar muito puro, muito afecto, uma ternura muito palpável, muita animação em volta da mesa - e, de pouco em pouco tempo, já está toda a gente de novo em volta da mesa - e há muito apetite e muita alegria, e, quando chega a noite, o corpo requer descanso. Mas o coração está repleto, a cabeça limpa de tudo o que o polui ao longo dos dias de chumbo.

E tudo isto vale mais, mas muito, muito mais do que milhões de outras coisas.

Pode não ser nada de mais: não estou a falar de viagens à volta do mundo, de idas a espectáculos a Londres ou à Broadway, não estou a falar de carteiras Hermès ou sapatos Louboutin, não estou a falar de jóias raras ou êxtases perante tiradas literárias de cortar a respiração - não, nada de coisas próprias de gente exigente. A mim são as coisas simples que mais me satisfazem.

Pode não ser muito mas, para mim, é tudo.


Os brinquedos que há tão pouco tempo eram os de uns, encantam agora os de uma nova geração.

Transportando folhas e ramos para servirem de ninhos

As árvores que antes eram pequenas, que se perdiam no meio das ervas, agora são abrigo de pássaros e um desafio para meninos que, nessa altura, não há muito, nem se sabia que viriam a existir.

Temia-se o mau tempo mas afinal foi outro dia ameno, a temperatura suave, o sol macio e velado. E as crianças não se cansam, brincam, correm, saltam, empoleiram-se, conversam. E dão-nos abraços e beijinhos de contentes que andam. Andam felizes a a felicidade das crianças contagia os adultos.

Se será isto o paraíso eu não sei, nem devo ter possibilidade de o vir a comprovar. Tantos têm sido os meus pecados que palpita-me que não devo vir a lá pôr os pés. Mas não me importo porque muitas vezes já tenho vivido a paz e a felicidade que os bem-aventurados que vivem depois da morte certamente experimentam quando os portões do paraíso lhes são abertos.

E, a bem dizer, nem penso em tal - os meus pensamentos também nisso são muito simples. A minha vida é esta, agora. Não me prendo ao passado nem fico à espera do que o futuro me há-de trazer e, muito menos, da maravilha que será depois de ir desta para melhor.

A minha vida é esta e é tão imensa que não me deixa espaço para desânimos. À minha volta a vida renasce todos os dias e, quando se fala de Páscoa, é de renascimento que se fala.

Mas, para mim, parece que é em Abril que a primavera avança em todo o seu fulgor e que as vidas adormecidas ganham nova força para ressurgir. Que a Páscoa se esteja a festejar agora, a poucos dias de festejarmos outro renascimento, é um bom prenúncio.

Os cachos de flores brancas da Robínia.
Atrás, uma azinheira também em plena floração

Quando Abril é chegado, parece que sinto uma esperança mais forte no ar.

E sinto-o dentro de mim, por mim e pelo meu amor, e pelos meus, pelos mais velhos que tomara que me acompanhem ainda durante muito tempo, e pelos mais novos a quem desejo que lutem sempre pela sua felicidade, que se ergam de todas as batalhas, que procurem a sua realização, que construam o seu futuro com toda a energia do mundo e que nunca se esqueçam de ser solidários e generosos, e por todos os outros, pelos que estão tristes e com saudades, pelos que estão sozinhos e sem forças, pelos que estão cansados e sem esperança, pelos que estão doentes e em dor, pelos que estão sem trabalho, pelos que se sentem indignados e sem perspectivas, pelos que têm medo, pelos que vivem entre sombras.

Por todos, eu sinto que Abril traz um perfume de mudança, de alegria, de esperança.

Não deixem, por favor, que Abril vos passe ao lado. Agarrem-no, agarrem a esperança, agarrem a vossa vida.



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A música lá em cima é Derrière L'arc-En-Ciel _ Over the Rainbow interpretado por Eddy Mitchell, Melody Gardot.

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Desejo-vos a todos, meus Caros Leitores, um bom domingo de Páscoa.

Acreditem em tempos melhores. Lutem por eles. 
E agarrem a felicidade, mesmo a dos pequenos momentos.

(Nota: isto claro que não é uma ordem, é um desejo, um sincero desejo)

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6 comentários:

  1. Uma Feliz Páscoa para si e sua
    Família. Um bj. de uma grande
    admiradora dos seus blogues.
    Irene Alves

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  2. Como a compreendo! Sim, tudo isso vale mais do que o tal milhão de coisas. Infelizmente, muita gente prefere anestesiar-se com ilusões de paraísos de férias, consumismo, ou permanentes queixumes, não raro de barriga cheia. Ou refinar o charme da tristeza, acabando por encontrar uma qualquer superioridade naquilo que é, a outros olhos, fraca cabeça.
    Aproveite.
    Boa Páscoa.
    JCC

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  3. Olá jeitinho,
    Vejo que teve uma doce Páscoa.
    Emocionei-me com o seu post. Adorei.
    Beijinhos Ana

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  4. Olá Irene,

    Muito obrigada. Foram dias felizes, sim. Espero que estes dias também tenham sido muito bons e que encare o futuro como muita esperança.

    beijinho.

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  5. Olá Grande Agricultor e Grande San-Dan!

    Gostei muito de ler as suas palavras. Quem gosta de meter as mãos na terra e gosta de respirar o ar limpo da natureza sabe apreciar a bênção que é a felicidade que nasce das pequenas coisas, dos gestos simples, do carinho doméstico, e nisto eu sei que nos entendemos.

    Revi-me no que escreveu e desejo-lhe também que goze em plenitude a sua bela e jovem idade e a sorte de já não ter que aturar as 'maçadorias' do ministério da Educação.

    Um abraço.

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  6. Olá Ana,

    Tenho presente o último comentário que aqui deixou e que eu, nas minhas correrias, deixei passar. Quando mudo o visual do blogue lembro-me sempre de não arranjar uma mal-encarada para ver se merece o seu agrado. Estou a falar a sério. E por isso fico contente quando vejo que 'passei no exame'.

    Gostei de ter aqui hoje estas suas palavras e gostei que tivesse gostado.

    Muito obrigada.

    beijinhos.

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