Nos dois posts abaixo falo do ataque cerrado e traiçoeiro quee José Rodrigues dos Santos fez a José Sócrates durante o seu espaço usual de comentário semanal na RTP 1. Foi deselegante e não foi jornalismo o que ele fez, foi uma entrevista à má fila. Mas, ainda que involuntariamente, acabou por fazer um favor a Sócrates pois deu-lhe a oportunidade perfeita para que este pudesse defender-se de todos os ataques (grande parte injustos e irracionais) que lhe fazem.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Muito diferente.
Apetece-me falar de coisas de um outro mundo. Tenho aqui um post quase feito, que ontem tinha começado a escrever e que interrompi por causa do que acima referi, mas agora estou na dúvida. Apetece-me, antes, falar de livros.
Não sou dada a medos mas há alguns que tenho. De alguns não quero nem falar, tenho medo de atrair. De coisas más quero distância. Mas falo de um deles pois refere-se a algo de que já aqui falei mil vezes: tenho pavor a que alguma desgraça me aconteça e que me impeça de poder comprar livros.
Ainda hoje. A minha mãe faz anos e eu já tinha comprado o último livro da Rita Ferro para lhe dar e tencionava que fosse o complemento de uma qualquer outra coisa. Contudo, disse-me que não quer mais nada, só livros. Quase me implora que não lhe ofereça mais écharpes, mais molduras, mais roupa, mais colares, que não precisa, que não quer, que já lhe falta espaço para guardar essas coisas. Só livros. Lá fui, então, à FNAC. Ia para comprar livros só para ela e na minha cabeça convencia-me a não olhar para nada que a ela não interessasse, ia mesmo decidida a não me deixar cair em tentação.
Mas qual quê...? Para além dos que comprei para ela, trouxe mais uma braçada deles para mim. Sempre a mesma coisa.
E agora aqui estou toda contente, espreitando-os, lendo aqui e ali, passando a mão pela capa, sentindo-lhes o cheiro.
Mostro-vos, então, os que comprei para mim.
Juntei na fotografia dois brasileiros (assinalados com *) que já aqui tinha mas que acho que não vos tinha mostrado ainda.
Mas isso é a seguir. Aqui, agora, a conversa é outra. Muito diferente.
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Apetece-me falar de coisas de um outro mundo. Tenho aqui um post quase feito, que ontem tinha começado a escrever e que interrompi por causa do que acima referi, mas agora estou na dúvida. Apetece-me, antes, falar de livros.
Não sou dada a medos mas há alguns que tenho. De alguns não quero nem falar, tenho medo de atrair. De coisas más quero distância. Mas falo de um deles pois refere-se a algo de que já aqui falei mil vezes: tenho pavor a que alguma desgraça me aconteça e que me impeça de poder comprar livros.
Por vezes, sabendo da dificuldade em que vive grande parte das pessoas do meu país (ainda esta segunda feira se soube que uma em cada cinco pessoas vive no limiar da pobreza), tenho até vergonha de aqui confessar a facilidade com que compro livros.
Os livros hoje são um luxo. Cada livro custa cerca de 15 euros, senão mais. Comprar quatro ou cinco livros significa gastar entre 60 a 70 euros. Poderei então confessar aqui que comprei mais uns quantos? Não estarei a ser ostensiva perante quem tanto gostaria de poder comprar um ou dois e não tem como?
Se o for, peço que me desculpem.Mas, apesar de agora não ter tempo para ler tudo o que tenho, assalta-me frequentemente este medo: e se, um dia, quiser ler um livro e não tiver dinheiro para o comprar? Se me faltarem os livros para ler? Sei que é um receio absurdo (acho que tenho livros para ler enquanto viver, mesmo que viva até aos 200 anos como conto viver) mas tenho este medo. Então tenho vontade de os ir amealhando para o caso de um dia precisar.
Ainda hoje. A minha mãe faz anos e eu já tinha comprado o último livro da Rita Ferro para lhe dar e tencionava que fosse o complemento de uma qualquer outra coisa. Contudo, disse-me que não quer mais nada, só livros. Quase me implora que não lhe ofereça mais écharpes, mais molduras, mais roupa, mais colares, que não precisa, que não quer, que já lhe falta espaço para guardar essas coisas. Só livros. Lá fui, então, à FNAC. Ia para comprar livros só para ela e na minha cabeça convencia-me a não olhar para nada que a ela não interessasse, ia mesmo decidida a não me deixar cair em tentação.
Mas qual quê...? Para além dos que comprei para ela, trouxe mais uma braçada deles para mim. Sempre a mesma coisa.
E agora aqui estou toda contente, espreitando-os, lendo aqui e ali, passando a mão pela capa, sentindo-lhes o cheiro.
Mostro-vos, então, os que comprei para mim.
Juntei na fotografia dois brasileiros (assinalados com *) que já aqui tinha mas que acho que não vos tinha mostrado ainda.
A ver se um dia destes se proporciona ocasião para transcrever um pouco de cada para que vos possa dar ideia do que é. Do que já espreitei, estou desejando ler o livro de João Bigotte Chorão. Livros sobre livros ou escritores ou sobre as circunstâncias que envolvem a literatura atraem-me muito: é a decantação mais pura da vida.
Mas hoje, dado o adiantado da hora (e dado que amanhã me espera uma daquelas que requereria que eu antes estivesse uma semana num spa a ganhar forças para o embate que se adivinha), vou então completar o post sobre uma mulher pássaro.
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Como forma de me abstrair de tudo o que é mediano ou medíocre, penso noutras coisas - no cheiro da maresia nestas noites junto ao rio, em que caminho cheia de frio; no voo livre das gaivotas que atravessam o Tejo; na sabedoria tranquila dos gatos indiferentes perante a beleza imensa de Lisboa. E imagino-me a voar ou a dançar.
Volta e meia penso que seria bom se pudesse elevar-me como a Sylvie Guillem. Tivesse eu pernas assim e braços longos como asas e, com a minha alma de pássaro livre que é irmã gémea da dela, voaria para bem alto, bem, bem alto.
Volta e meia penso que seria bom se pudesse elevar-me como a Sylvie Guillem. Tivesse eu pernas assim e braços longos como asas e, com a minha alma de pássaro livre que é irmã gémea da dela, voaria para bem alto, bem, bem alto.
Deixa que a escuridão se instale completamente sobre a terra e acende só então o pequeno candeeiro para que a tua sombra encontre a noite do mundo. |
Esperanças de um maior contentamento na areia dos dias que se espraiam |
Sylvie Guillem tem agora 49 anos. Na altura do documentário que abaixo vos mostro, tinha 48 e um corpo extraordinário: leve, flexível, voador.
O seu sentido artístico é notável.
E tem fibra, uma personalidade forte.
E é uma mulher comprometida com a realidade que a rodeia, sendo também uma convicta ambientalista.
E é uma mulher comprometida com a realidade que a rodeia, sendo também uma convicta ambientalista.
Se estou a fazer o que os outros querem, estarei a viver a vida deles e não a minha, diz Sylvie.
De vez em quando volto a Sylvie como se fosse uma amiga da qual tenho saudades.
Gosto de a ver a dançar, gosto de a ver a ensaiar ou, simplesmente, a falar. Gosto de saber o que anda ela a fazer.
Gosto de a ver a dançar, gosto de a ver a ensaiar ou, simplesmente, a falar. Gosto de saber o que anda ela a fazer.
Contra a mediania que tudo transforma em nulidade, as televisões inundadas de lixo, os jornais quase só divulgando banalidades ou ruínas, as pessoas desfiando ódios imaturos e irracionais, abençoada internet que traz até mim imagens que me levam a voar.
Vamos Sylvie, vamos voar, vamos conversar.
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O primeiro poema é '1. Incipit' - de 'Glosas à Esperança'.
O segundo poema é 'A noite do mundo'.
Ambos fazem parte do fantástico 'A Misericórdia dos Mercados' de Luís Filipe Castro Mendes
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Relembro: abaixo poderão ver um post escrito como reacção aos vibrantes comentários de alguns Leitores a quem muito agradeço e que escreveram, encalorados, acerca de Sócrates e Rodrigues dos Santos. Que este seja um espaço de partilha de opiniões é algo que me traz alegria.
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E, assim sendo, por aqui me fico por agora.
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira.
Be happy!
Compreendo-a perfeitamente. Assim como à Sra. sua Mãe.
ResponderEliminarNesta idade, um dos maiores prazeres que posso ter, é passear descontraidamente entre os corredores de uma livraria.Quase sempre saio insatisfeita pois ficam sempre titulos que gostaria de ter trazido.
Por vezes encontro-os nas estantes dos amigos, o que ultimamente praticamos muito, mas não é a mesma coisa. Gosto de os TER.
A própósito de livros e da riqueza que são, guarde-se para o prazer e emoção que é assistir às primeiras leituras dos seus pequenitos.
A minha neta, desde quase bebé que adora livros e agora que frequenta o 1ºano, já lê bastante bem.
É emocionante observá-la e ouvi-la ler-me as suas historias favoritas.
Um beijinho,boa noite e boas leituras.