sexta-feira, março 28, 2014

Joseph Stiglitz, Prémio Nobel da Economia, defende profunda reestruturação da Dívida Pública portuguesa. Interessante também é a opinião de J. Rentes de Carvalho sobre a ostentação bacoca do Governo-Topo-de-Gama-da-Austeridade que alicia os contribuintes com carros de luxo, cujos custos mensais, segundo o Expresso, ultrapassarão os 300 euros


Depois de, no post abaixo, ter falado da reeleição de António Saraiva à frente da CIP, agora falo de um outro assunto.


Transcrevo parte de um artigo do Expresso: Joseph Stiglitz, prémio Nobel da Economia em 2001, defendeu hoje, em Macau, uma reestruturação "profunda" da dívida de Portugal e teceu duras críticas às políticas de austeridade impostas pela 'troika' na Europa.


Um crescimento que, em países europeus como Portugal, pode figurar como ilusão, segundo Joseph Stiglitz: "Quando falo com pessoas de governos de países como Espanha ou Portugal eles dizem: 'As coisas estão a melhorar. A crise acabou'. E, em certo sentido [estão]: Eles estavam a cair de um precipício e deixaram de cair e começaram a crescer".

Contudo, como sustentou o Nobel da Economia, "o crescimento é tão lento que, a este ritmo, nunca mais vão voltar à normalidade. Mas, mesmo se começassem a crescer rapidamente ia demorar anos e anos". "Penso que as políticas que têm sido impostas pela 'troika' são contrárias às políticas sustentáveis. São políticas que farão com que o crescimento seja mais difícil no futuro", defendeu. "O preço que estes países estão a pagar, particularmente os jovens, é enorme", defendeu o economista que, na intervenção que proferiu na abertura do MIECF, já tinha estabelecido um paralelismo entre a atual crise na Europa e a Grande Depressão.


**

Permito-me, em contraponto, transcrever o post intitulado Topo de Gama do blogue Tempo Contado de J. Rentes de Carvalho:



Um governo digno, consciente dos seus deveres, respeita e educa os cidadãos, não os insulta nem alicia com brindes. É falta de vergonha tratá-los como débeis mentais, querer  agradar-lhes com lotarias, acenar-lhes com luxo quando a realidade em que o povo vive é a da miséria. 

Infelizmente, e para mal de todos, na nossa desgraçada pátria não o são apenas os carros do burlesco sorteio, topo de gama é também a bacoquice governamental.


Nem mais.


O Expresso fez as contas aos gastos com os carros que o Governo vai sortear e diz:

O Expresso pediu uma estimativa dos custos mensais de utilização dos modelos em causa (52 modelos A4 2.0 TDI 136cv e dois modelos A6 2.0 TDI 177cv, ambos com caixa manual, pintura metalizada e nível de equipamento base) à consultora 4Fleet, que representa a FleetData no mercado nacional e elabora análises de custos de utilização dos diferentes modelos à venda em Portugal.

Dentro da grelha habitual de análise da referida consultora (horizonte de 48 meses, 2.500 quilómetros percorridos em média por mês, manutenção/revisões, gasto de dois jogos completos de pneus e consumos de combustível segundo os valores do fabricante), chega-se a valores de 315 euros por mês para o Audi A4 e de 365 euros para o modelo superior. Estes valores incluem IVA e têm em conta o custo mensal do seguro obrigatório contra terceiros. Se em vez deste seguro básico o proprietário optar por um seguro contra todos os riscos, os encargos respetivos aumentarão pelo menos quatro vezes.


Há muitos contribuintes que, nos tempos que correm, possam dispor de verbas desta ordem para suportar um carro? De quem foi esta estúpida ideia? Que gente parva, inconsciente, irresponsável, insensível, desprezível é esta, senhores?!

A Caritas alerta para a alimentação cada vez mais deficiente de grande parte da população, todas as estatísticas apontam para um empobrecimento assustador, e esta gentinha descerebrada - ao mesmo tempo que continua com a conversa parola e desinformada de que antes vivíamos acima das nossa possibilidades -vai sortear carros topo de gama? E ninguém consegue pôr cobro a estes atentados à inteligência de um povo?


Sem comentários:

Enviar um comentário