segunda-feira, fevereiro 03, 2014

As cidades e o desejo


No post a seguir a este mostro as fotografias do casamento religioso de Andrea, o belo filho de Carolina de Mónaco, com a rica Tatiana Santo Domingo. Glamour, romantismo, magia e belas toilettes - a principesca família monegasca (quase toda) num dia de neve, rosas brancas e centenas de velas. A não perder.

Mas isso é mais abaixo. Aqui, agora, a conversa é outra.

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Dali, ao cabo de seis dias e sete noites, o homem chega a Zobaida, cidade branca, bem exposta à lua, com ruas que se viram sobre si próprias como num cotovelo.

Conta-se isto da sua fundação: homens de nações diferentes tiveram um sonho igual, viram uma mulher correr de noite por uma cidade desconhecida, por trás, de cabelos compridos, e estava nua. Sonharam que a seguiam. Ora um ora outro, todos a perderam. Depois do sonho andaram à procura dessa cidade; não a descobriram mas encontraram-se uns aos outros; decidiram construir uma cidade como a do sonho.





Na disposição das ruas cada um refez o percurso da sua perseguição; no ponto em que tinha perdido o rasto da fugitiva ordenou diferentemente do sonho os espaços e as paredes de modo a que ela já não lhe pudesse fugir.

Esta passou a ser a cidade de Zobaida em que se estabeleceram à espera de que uma noite se repetisse aquela cena. Nenhum deles, nem em sonhos nem acordado, voltou a ver essa mulher.


As ruas da cidade eram as mesmas em que eles iam para o trabalho todos os dias, já sem nenhuma relação com a perseguição sonhada. Que de resto já tinha sido esquecida há muito tempo.

Chegaram mais homens de outros países, que haviam tido um sonho como o deles, e na cidade de Zobaida reconheciam algo das ruas do sonho, e mudavam de lugar pórticos e escadas para que se parecessem mais com o caminho da mulher perseguida e para que no ponto em que desaparecera já não tivesse saída.




















Os primeiros chegados não compreendiam o que atraía esta gente a Zobaida, a esta feia cidade, a esta ratoeira.


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  • O texto é As cidades e o desejo - 5  de Italo Calvino in 'As Cidades Invisíveis'
  • A música é The Beatitudes de Vladimir Martynov interpretado por Sirin Ensemble.

  • As fotografias são fantásticas vistas aéreas respectivamente de Paris, Barcelona, Nova Iorque (com o Central Park no centro - passe a redundância) e Berna e não sei quem as fez mas eu obtive-as no Obvious. Todas as cidades começaram um dia e começaram com motivações individuais, pequenos sonhos, fantasias, desejo de uma qualquer coisa.



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Relembro: para verem fotografias do casório principesco de um dos mais belos rapazes de famílias reais é descerem até o próximo post.

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Muito gostaria ainda de vos convidar a irem de visita ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Hoje tenho a poesia de A. M. Pires Cabral e uma certa Balada Astral de Miguel Araújo que aqui é acompanhado por Inês Viterbo.

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E, por agora, por aqui me fico. 
Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela semana a começar já por esta segunda feira.

2 comentários:

  1. Uma “visita” a Praga impõe-se. Quem sabe se um dia destes ainda nos surpreende com umas fotografias daquela belíssima cidade? Contraponho, por outro lado, Zurique a Berna. Incomparavelmente mais bonita.
    P.Rufino

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  2. Estas são cidades bem visíveis e o desejo de as revisitar também.

    abraço

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