Mas não é o nosso Tribunal Constitucional que é formado por perigosos comunistas, gente alienada que quer transformar Portugal num estado marxista-leninista. Não: o nosso Tribunal é formado por gente equilibrada, que se informa, que ajuíza, que zela pela legalidade à luz dos grandes princípios que devem orientar qualquer Estado de Direito.
Mas não está sozinho. Há outro Tribunais Constitucionais de outros países que zelam igualmente pela legalidade, pela justiça, pelo respeito pela dignidade dos cidadãos.
Vejamos. Transcrevo do iOnline:
O Tribunal Constitucional alemão equiparou as pensões à propriedade, pelo que os governos não podem alterá-las retroactivamente.
A Constituição alemã, aprovada em 1949, não tem qualquer referência aos direitos sociais, pelo que os juízes acabaram por integrá-los na figura jurídica do direito à propriedade. A tese alemã considera que o direito à pensão e ao seu montante são idênticos a uma propriedade privada que foi construída ao longo dos anos pela entrega ao Estado de valores que depois têm direito a receber quando se reformam.
Como tal, não se trata de um subsídio nem de uma benesse, e se o Estado quiser reduzir ou eliminar este direito está a restringir o direito à propriedade. Este entendimento acabou por ser acolhido pelo Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.
Nem mais.
A decisão, no caso português, não foi sequer uma questão política ou de orientação partidária (ainda que implícita): não, a decisão do Tribunal Constitucional foi tomada por unanimidade.
A decisão, no caso português, não foi sequer uma questão política ou de orientação partidária (ainda que implícita): não, a decisão do Tribunal Constitucional foi tomada por unanimidade.
A reacção não se fez esperar. Agora já aí estão os cães com pulgas do costume, sem perceberem bem o que se passa, sem qualquer compreensão pelas origens da crise, sem conseguirem avaliar o impacto das medidas que tomam, a pregar contra a decisão do Tribunal.
Esquecem-se estas luminárias que quem suscitou a questão constitucional, usando palavras como medidas sacrificialistas e outras igualmente críticas, foi Cavaco Silva. E esquecem-se que um Governo que age à margem da lei não merece ser governo. E vêm afirmar que o Governo já se tinha comprometido com credores e que agora é uma chatice. E, dizendo isto, não percebem que isto revela uma vergonhosa falta de decoro: querem roubar os concidadãos para desviar o seu dinheiro para credores agiotas (tão agiotas que há uma hemorragia permanente de juros, o dinheiro é só para juros, não chega para pagar nem um pouco a dívida já que a dívida não pára de subir) e vêm acusar o Tribunal de não os deixar perpetrar o roubo.
Uma das coisas que repete excitadíssima - como se isso fosse o comprovativo cabal de que a culpa de todos os males que acontecem à superfície da terra fosse de Sócrates - é um sounbite qualquer que o Daniel Bessa disse há algum tempo: que no tempo de Sócrates se gastava a cada hora que passava não sei quantos milhões.
Esta gente não percebe que o país não é uma casa particular, que num país as verbas são da ordem dos milhões e que o gastar-se, por si, não é mal, se houver uma relação equilibrada com o que se recebe. Se na empresa onde trabalho se gastarem dois milhões de euros por dia ou por hora ou o que for e se recebermos 3 milhões, está tudo bem. Mas também pode acontecer que, num período determinado, se gastem 3 para apenas receber 2 e isso também não ser mau (posso estar numa fase de investimento, a plantar para colher mais tarde). Ou seja, uma pessoa que agita bandeiras relativas a uma parte da equação, desconhecendo a existência das restantes parcelas devia era estar caladinha para ver se ninguém dava pela sua ignorância.
E depois há a estupidez de acharem que o chumbo é mau. Até dá pena tanta estupidez. É que esta gente ainda não percebeu que, se querem que a economia dê alguns sinais de vida, é bom que o Tribunal tenha chumbado o roubo que queriam levar a cabo, pois assim haverá alguma liquidez circulante e, dessa forma, talvez o consumo interno espevite.
Neste momento ouço Manuela Ferreira Leite a tentar explicar isto mesmo que eu acabei de dizer: ou seja que este chumbo é muito bom para ver se há algum estímulo ao crescimento. E está a dar uma lição de economia aos seus correlegionários que são burros como portas (portas, neste caso, com minúscula). E a dizer que acha bem que o Helder Rosalino se demita, já que foi chumbada a medida que ele tanto defendia. Para bom entendedor...
*
NB: A quem entrou directamente por aqui, informo que, posterior a este texto, acima portanto, há um post também relativo ao mesmo assunto mas com questões da Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades específicas para o Passos e para o Crato (que devem sujeitar-se a esta prova, depois de pagarem 20 euros, para ver se passam e se, dessa forma, poderão manter-se em funções)
Esta senhora, a Teresa Coelho, anda sempre com uma "gola" qualquer. Será por causa do peso do "chumbo" que lhe subiu à cabeça?...
ResponderEliminarSinceramente, não me surpreendeu mais este chumbo do TC. Era, de algum modo, de prever. O que me espanta é o Governo, com tanto adjunto e assesssor nos gabinetes não ter percebido isso mesmo. Ou esses assessores são uns imbecis, ou então, confesso, não sei como explicar. Estes chumbos consecutivos deveriam ser passíveis de se poder extrair uma conclusão: a de que este governo não presta por ser incompetente e ser um bando de foras-da-lei. Um PR à altura da crise deveria demiti-los. É chumbo a mais. E ainda estamos para eventualmente assistir a outros, como os dos salários da função pública, que já sofrem cortes constantes desde 31 de Dezembro de 2010, ainda ao tempo de Sócrates, que era provisório e se aplicava ao ano de 2011. Passos, todavia, pegou na coisa e foi por aí fora acrescentando mais cortes, até estes contidos neste O.E/2013. O constitucionalista (da área do governo), J.Bacelar Gouveia, já afirmou ser essa proposta também ela inconstitucional. Voltando ao Post, é lamentável ver, depois de mais um chumbo constitucional, quer o PSD, quer o Partido de Paulo Portas, a deitarem a água fora do capote e desresponsabiizarem-se! E ver a mulher do chefe de gabinete de Passos Coelho em transe furioso (quem sabe obedecendo a instruções) na TV, afogada num xaile ao pescoço, a justificar o injustificável, foi feio de mais! Embora, ao que parece, licenciada em Direito, é uma ignorante da matéria. Manuela Ferreira Leite, que ouvi com gosto, disse ali hoje umas tantas verdades! E deu sugestões, mais do que óbvias e já conhecidas deste desgoverno, para onde se deveria ter de buscar os “trocos”, em vez de se ir aos bolsos dos tais pensionistas. E o facto de a decisão ter sido unânime, deveria merecer reflexão da parte do duo Passos/Portas. Mas não. Numa fuga para a frente, estes dois reaccionários irresponsáveis fazem o papel de vítimas! Quanto à posição alemã, no que respeita ás pensões é muito interessante e fez bem em dar-lhe relevo. Alguma vez por lá um ministro das Finanças, como fez Gaspar (e a sua sucessora Albuquerque) poderia utilizar (gastar) milhões para comprar dívida pública? Nunca! E se o fizessem eram demitidos e íam presos! Aqui...é pouca vergonha que se conhece! Impunes! Uns bandalhos!
ResponderEliminarP.Rufino
PS: quanto ao Sec. Est da Justiça, um engenheiro, que até foi bastonário da Ordem e tem um curriculum a condizer com essas suas qualificações, pergunto-me o que é que esteve a fazer na Justiça! E é assim que nos governam!
jrd,
ResponderEliminarAquela senhora tende muito facilmente para a arruaça e, quando lhe sobem aqueles calores que a deixam tão transtornada, diz coisas que são de bradar aos céus. Além disso, tem uma característica: não pensa.
Mas também é vice, não é?
Pois é, P. Rufino, também não fiquei admirada. Fiquei admirada, sim, com a unanimidade.
ResponderEliminarMas esta gente do governo é gente sem vergonha nenhuma na cara. Podem sofrer vexames destes ou de outro tipo todos os dias que não se torcem nem se amolgam. Continuam em frente, asneirando, fazendo parvoíces, dizendo bacoradas, que nada os afecta. Governam tendencialmente na ilegalidade e isso só não é mais notório porque têm a sorte de viver num país em que os cidadãos vivem adormecidos.
Uns não sabem o que estão a fazer no governo e outros sabem-no bem de mais.
Como será que esta 'cena' pífia vai acabar? Chegarão ao fim da legislatura?
Permita-me só mais um curto comentário: foi com algum nojo que li e ouvi as declarações desse serviçal do PS para as questões constitucionais,o avô cantigas do Largo do Rato, Vital Moreira. O tipo deve estar já a preparar-se para sair, sorrateiramente, do PS e ir bater à porta do PSD. E se durar tanto como Manuel de Oliveira, ainda acaba na antiga União Nacional, depois de uma passagem pelo CDS.
ResponderEliminarBom fim de semana!
P.Rufino