Uma Leitora muito simpática escreveu-me e pediu se eu lhe podia dizer a marca dos copos de vinho de que há tempos falei.
Porque a informação pode ser útil a mais alguém, resolvi fazer um post só para falar de copos de vinho.
Vou aqui colocar uma música para acompanhar a prova de vinhos, uma cantiga d'amigo porque o vinho é para se degustar entre amigos, as coisas boas saboreiam-se melhor com companhia.
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Os copos de que antes tinha falado são Riedel e são frequentemente referidos como os melhores copos de vinho do mundo. Há copos dedicados às principais castas. Pode parecer mariquice e eu não sei o suficiente de vinhos para poder confirmar que um copo Sirah não deve ser usado se o vinho não for dessa casta - mas posso dizer que os copos são mesmo determinantes na cuidada degustação do vinho.
Não é de sempre que sou apreciadora de vinho como hoje sou. Aliás pouco vinho bebia.
No entanto, há tempo frequentei um curso de vinhos ministrado por um grande enólogo e a verdade é que vim de lá outra. Aquele curso foi, para mim, uma verdadeira epifania.
Já falei nisto mas vou repetir-me. Fui para lá a achar que aquele curso não era para mim e que, não apenas eu não gostava de vinho o suficiente para ser capaz de aproveitar o que me iam ensinar, como toda aquela mística que rodeia o acto de beber me parecia uma coisa de faz de conta, uma encenação.
Pois bem: céptica que sou, saí de lá devota.
Quando o curso começou com as provas de águas, ainda eu estava de pé atrás e numa de encarar a coisa na desportiva e meio no gozo.
No entanto, ao fim de pouco tempo já eu estava concentrada a perceber a leveza, a densidade, a frescura das águas. Água da torneira, água do Luso, águas francesas, tenho ideia de que, também, da Austrália, uma água do Japão que era de subir aos céus.
A seguir passou-se para a prova dos copos: experimentávamos o mesmo vinho em diferentes copos. Garanto: pareciam vinhos diferentes.
Tenho uns copos encarnados daqueles espessos aos bicos e o meu marido sempre se recusou a beber vinho por eles, dizia que estragavam o vinho. Eu que gosto tanto deles, tão lindos, achava que era embirração dele. Afinal que razão ele tinha... Um vinho bebido num copo assim muda de espírito.
Os copos devem ter uma abertura que permita que os odores se soltem do vinho mas que não se evaporem completamente, devem ter uma espessura que não empate o curso do líquido na boca. E devem ter um pé para que a mão o segure por aí, não tocando o vidro onde o vinho se encontra para que não altere a temperatura (já agora: o vinho tinto não é para se servir à temperatura ambiente como erradamente se costuma dizer pois esta pode ser alta ou baixa demais: a temperatura ideal para o tinto deve estar a cerca de 16º).
Um vinho deve ser aspirado, sentido, percebido. O vagar é essencial.
Beber um belo vinho tinto por um Riedel é uma experiência especial. Têm um inconveniente (e que inconveniente...): são caros. Aconselho que se comprem os da gama Vinum que podem ser lavados na máquina. No entanto, já o confessei antes: sou ciosa até mais não poder com estes copos e, por isso, lavo-os à mão.
Tenho ideia que, em média, andam à volta de 30€ cada par. Não sei ao certo onde se vendem agora. Costumavam ser vendidos nas boas garrafeiras mas agora não sei. Fui à procura no google e vi sobretudo vendas pela internet, inclusivamente no site da própria Riedel mas aconselharia a que, primeiro, procurassem nas boas lojas de vinhos.
Tenho também um serviço de copos austríacos, oferta de uma tia aquando do nosso casamento, aqueles que, na fotografia lá em cima, estão à direita. Foram comprados na antiga Loja José Alexandre do Chiado. São sobretudo elegantes mas são tão frágeis que só os uso em alturas especiais e, nessas ocasiões, ando sempre com o credo na boca pois sei que, se se partirem, não terei como substitui-los. E não proporcionam uma experiência tão completa como os Riedel.
Por causa dos meus medos, acabámos por comprar uns copos mais baratos para as refeições da confusão. Com os miúdos e com aquela barafunda que se gera quando se atiram todos aos comes e bebes, nem eu estava descansada com os Riedel ou os austríacos a periclitarem em cima da mesa, e não estou para estar preocupada com isso quando estamos todos juntos.
Antes tínhamos uns outros que acabaram por se ir partindo e desde há alguns anos usamos no dia a dia os do IKEA.
São estes aqui ao lado, os da gama IVRIG, e custam 2.5€/cada e, verdade seja dita, não são uns Riedel, claro que não..., mas, para refeições despretensiosas e para as quais não há tempo para rodar o vinho, sentir os taninos ou tentar adivinhar o terroir, servem razoavelmente bem. Têm uma vantagem sobre os outros: se algum se partir, não me estraga o dia.
Um outro sítio onde tenho comprado copos - mas, por acaso, os que comprei foram apenas para brandy - é na loja da Fábrica da Vista Alegre pois vendem lá copos Atlantis a preços mais acessíveis (mas, ainda assim, carotes). São copos que não foram vendidos nas lojas ou sobras de lotes para exportação ou alguns com ínfimos defeitos (embora eu, nos copos, acho que nunca detectei nenhum defeito). São vendidos nos estojos originais e podem ser um bom presente.
Um Riedel à frente, um austríaco à esquerda e dois balões Atlantis (que, por acaso, não vieram da dita loja), um à direita e outro atrás. Atrás açucareiro Vista Alegre |
Também já falei desta loja. É em Ílhavo. Dantes, no fim do verão, eu gostava de lá ir e vinha sempre com belas compras mas agora até evito pois já não preciso de mais louça. Mas, para quem não conheça e não saiba onde comprar presentes bonitos, úteis e a bons preços, e que tenha disponibilidade para dar um passeio, talvez seja uma opção. No mesmo largo da loja, está também o Museu da Vista Alegre, muito agradável e que merece uma visita.
Claro que agora, para acabar em beleza, depois de tanta teoria, deveria poder passar à prática: convidar-vos a virem beber um copo de tinto num Riedel, comer uns queijinhos, e, depois, rematar com uns figos secos torrados e recheados com amêndoas, coisas assim - mas, enfim, isto da internet ainda continua a ter algumas limitações.
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Descobri este pequeno vídeo
onde se fala da escolha dos copos, a respectiva razão de ser, a sua utilização, etc.
Em português com açúcar, isto é, brasileiro - por Vanessa Sobral
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E agora, sem necessidade de finuras, de Riedel e mais não sei o quê...
O Vinho, Vasco Santana, Pátio das Cantigas
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A música lá em cima é "Mandad'ei comigo", cantiga de Martin Codax (Sec. XIII), do disco "Cantigas D'Amigo" interpretada pelo grupo "La Batalla" & Pedro Caldeira Cabral.
Arranjo e direcção musical de Pedro Caldeira Cabral.
Darabuka - João Nuno Represas
Flauta - José Pedro Caiado
Guitarra - José Pedro Caiado e Pedro Caldeira Cabral
Lute - José Peixoto e Nuno Torka
Percussão e voz - Isabel Biu
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Hoje tinha ideia de vos falar da minha ida às compras, a correr, à hora de almoço e do que, nesta altura, sempre penso quando me vejo carregada de sacaria. Também gostaria de vos ter contado sobre um senhor que há uns dois ou três anos encontrei no parque de estacionamento de um grande centro comercial e que não sei se ainda não andará por lá, perdido, às voltas. Só que hoje estou cansada, levantei-me mais cedo do que é costume, tive um dia um bocado estafante e aquela hora de compras fez o resto (por isso, se detectarem gralhas a eito já sabem a que se deve: estou mesmo cheia de sono... e ainda só estou no princípio da semana). Além disso, amanhã rumo a norte, tenho umas centenas de quilómetros de autoestrada para fazer e, por isso, não quero abusar.
Por isso, também não respondo aos comentários, que agradeço. Não consigo mesmo. Amanhã, se não chegar muito tarde e não vier capaz de me atirar logo para o sofá a dormir, logo tento compensar, está bem?
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No Ginjal também preguicei mas, se forem até lá, não ficarão a perder pois tenho o magnífico Pedro Lamares com O Fraseador. Muito bom.
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E por aqui me fico. Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma bela terça feira.
Saúde!
Bom dia, pode indicar-me onde foi que frequentou o curso sobre vinhos?
ResponderEliminarObrigado e boa viagem para o Norte.
Recordo-me de em tempos, como aqui nos recorda, abordar tema parecido. O tópico Vinho e aquilo que com ele se relaciona merece sempre a minha simpatia. Quanto aos copos, os tais de Riedel são na verdade especiais, mas julgo que os nossos de bom cristal não ficam muito atrás. Quando vivemos na Austria comprámos uns copos e uns decanter (tenho uns poucos). Para o dia a dia e sobretudo naquelas refeições de muita confusão concordo consigo que se recorra a outros e esses do IKEA (balões) que minha mulher comprou também, servem muito bem e fazem uma bela mesa. Também, nunca por nunca, bebo um vinho em copos de cor. O vinho tem de ser “analisado” antes de o desfrutarmos e uma das coisas é a sua cor. E depois, vinho bebe-se em copos apropriados. Não serve qualquer copo. Mesmo nos restaurantes mais populares já há, muita das vezes, esse cuidado. Bom sinal. Outra regra que pouca gente segue e conhece é de que nunca se deve lavar um copo de vinho com detergente e pelas mesmas razões numa máquina de lavar. Qualquer detergente adultera as paredes desse copo por onde bebemos o vinho. Lavam-se á mão, em água quente. Dá mais trabalho, mas é assim. Quanto á temperaturas, sempre discordei de alguns enólogos. Não gosto de um tinto a 16º, mas a 18º. Aliás, os tintos chamados “complexos recomendam-se entre os 16º e 18º, sendo os outros 15º a 17º, segundo outros enólogos. Cá por mim, complexos ou não, bebo-os a 18º e nunca me arrependi. Já os brancos, há quem proponha entre 10º e 12º ou 12º a 14º para os tais “complexos”. Volto aqui a discordar, mas, lá está, é uma opinião meramente pessoal. Um vinho normal branco gosto dele entre os 8º e 10º, mais complexo, nos 10º. Possuo uma pequena parafrenália de objectos relacionados com o vinho, quer para o gargalo, para o “pescoço”, termómetros, filtros, saca-rolhas,além naturalmente dos tais “decanters”, arranjei até uns para brancos, mas, a não ser nos tais complexos, não noto tanta diferença ao bebe-los. Nisto do vinho, há um testezinho que se faz dando uma garrafa para abrir a alguém. Se essa pessoa extrair envólucro à volta do gargalo, está chumbada. Só se deve extrair a parte em volta do topo da garrafa. Mas, enfim tal não retira qualidade ao vinho, é apenas um precisismo de quem tem carinho, respeito e gosta de vinho. Outra coisa, não decantar vinhos tintos velhos. Perdem qualidade e bouquet (ou nariz como hoje se diz). Os brancos perdem “perfume” (ou nariz). E nunca se deve provar um vinho...estando “impregnado” com perfume (senhoras) ou água de colónia (homens), pois “confunde” a prova. Resumindo e voltando aos copos, são, depois do próprio vinho, a mais importante “ferramenta” para se beber, provar e degustar um vinho, tinto ou branco, novo ou velho. Até porque cada um merece um copo a condizer. Saúde!
ResponderEliminarP.Rufino
Já acompanho os seus blogues há uns anos, devia esperar que, falando de copos, não iria dizer só a marca, no entanto, consegue surpreender-me sempre!
ResponderEliminarMuito obrigada.
Desejos de bom regresso a casa e Boas Festas.
Maria Luísa
É estranho, como um copo pode fazer a diferença!
ResponderEliminarEu raramente bebo, e não percebo nada, mas se bebo vinho, gosto de um copo fininho. Não gosto de copos de vidro mais grosso.
Um beijinho
Continuação de uma boa semana!
Os copos são fundamentais, reconheço.
ResponderEliminarMas agora o que ia mesmo era um de "Château Margaux Balthazar de 2009".
Uma bagatela...
:)
Caro Manuel Simões,
ResponderEliminarJá fui ao Norte e já voltei. Sou uma papa-léguas...
Quanto ao curso: não foi um curso comercializado.
Uns conhecidos meus são produtores de vinho. Há tempos atrás convidaram o enólogo que os assessorou e que supervisionava o enólogo residente para que organizasse um curso para alguns clientes, alguns colaboradores e alguns amigos. Tive a sorte de fazer parte de um desses grupos.
Sei que existem vários cursos que se vendem mas não sei se serão tão bons quanto este que frequentei, se seguirão uma estrutura como a deste. Talvez sejam.
Lamento não poder ajudar...
Pois é, P. Rufino, já em tempos trocámos impressões sobre este tema e é um tema (mais um) em que convergimos. Um bom vinho é uma obra de arte e um prazer para quem o sabe apreciar.
ResponderEliminarDe resto, aprendo sempre consigo e hoje já aqui nos deixou dicas que serão preciosas para quem goste de se deleitar com um bom vinho, tinto ou branco.
Saúde!
Maria Luísa,
ResponderEliminarJá nos falámos noutro local mas não quero deixar de lhe agradecer eu a sua companhia e as suas palavras simpáticas.
Um abraço e agradeço os votos de Boas Festas - mas apenas os retribuirei daqui por uns dias, está bem?
Um abraço!
Olá Isabel,
ResponderEliminarEspero que tenha gostado da Hannah Arendt. Ainda não vi mas quero ver se ainda o apanho.
Quanto ao vinho, se a gente começar a tentar perceber os aromas (frutado, madeiras, baunilha, etc), deixar estacionar o vinho sobre a língua, etc, aos poucos começa a apreciar de uma forma diferente. É uma coisa que sai da natureza e que é tão rica em perfumes e sabores. E sempre em copos transparentes de vidro fino.
Beijinhos, Isabel!
jrd,
ResponderEliminarJá me fez ir saber do que está a falar e já vi que não fez por menos: um néctar das arábias...! Se eu tivesse um poço de petróleo aqui na varanda ainda era capaz de ir tentar perceber porque é que o dito Balthazar é tão caro. Agora assim, sem petróleo, não dá...
Mas obrigada na mesma. quem sabe um dia destes não me sai o jackpot do euromilhões...!
Um jeito manso,
ResponderEliminarEu sou assim, quando me "dá uma de virtual" vou às caves da Web e bebo até cair para o lado.