E, se abaixo mostro Paulo Morais a denunciar o que se passa na Assembleia da República no que ao regime incompatibilidade dos deputados diz respeito, aqui agora mostro mais um fantástico exemplo de cidadania. Fantástico e inesperado.
Vinha eu a conduzir para Lisboa e a ouvir a Antena 2, já a noite caía, quando resolvo sintonizar a TSF. E eis que não apenas ouço as palavras de Obama sobre Madiba - palavras arrebatadoras, Obama é um orador cuja voz sabe tocar as cordas da emoção de quem o ouve - quando ouço outra coisa que igualmente me emocionou.
O assistente social da Junta de Freguesia de Campanhã, no Porto, que foi hoje homenageado na Assembleia da República propôs trocar a medalha de ouro por políticas que não causem mais estrago na vida dos que deixaram de dar lucro.
José António Pinto foi um dos homenageados no âmbito do Prémio Direitos Humanos, anualmente entregue pela Assembleia da República, tendo aproveitado para dedicar a medalha de ouro dos 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, aos seus utentes e aos seus pobres.
Perante uma plateia de várias dezenas de pessoas, entre a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, o júri do prémio e vários deputados, o assistente social disse estar disposto a trocar aquela medalha de ouro por outro desenvolvimento económico.
«Deixo ficar esta medalha no Parlamento se os senhores deputados me prometerem que, futuramente, as leis aprovadas nesta casa não vão causar mais estragos na vida daqueles que, por terem deixado de dar lucro, são hoje considerados descartáveis», disse José António Pinto, tendo recebido um forte aplauso.
Aproveitou para lembrar que enquanto fala, mais de 120 mil pessoas deixaram já Portugal, cerca de meio milhão de crianças perdeu o abono de família, 140 mil jovens estão desempregados e a maior parte dos idosos recebem uma reforma «miserável».
«Quero emprego com direitos para criar riqueza, quero que a dignidade do homem seja mais valorizada do que os mercados, quero que o interesse coletivo e o bem comum tenham mais força do que os interesses de meia dúzia de privilegiados», defendeu, tendo sido novamente muito aplaudido.
Vejam, por favor, o vídeo no qual se ouvem e lêem as palavras que proferiu.
(Não encontrei nenhum em que se vissem imagens colhidas na ocasião).
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A superioridade moral de um cidadão.
ResponderEliminarjrd,
ResponderEliminarÉ mesmo. Que pessoa corajosa e digna, não é? Senti-me orgulhosa por ele, veja lá. Vinha no carro e a sentir-me emocionada.
Um abraço.
Ah se eu tivesse o poder de colocar cavacos, passos, portas e tantos outros iguais em frente deste Senhor a ouvirem tudo o que ele tem a dizer mostrando-lhes o que é dignidade...
ResponderEliminarSubscrevo cada palavra.
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ResponderEliminarAlguém me explique porque se atribui uma medalha destas a alguém que se recusa a reconhecer as mulheres como tendo os mesmos direitos. Afinal o que são os direitos humanos na cabeça destes deputados?
Energúmenos é o que chamo para não ser mal educada.
Cumprimentos
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=702006&tm=7&layout=123&visual=61
Subscrevo por inteiro o comentário de JRD. E que Post! Que grande figura aquele. Emociona de facto.
ResponderEliminarP.Rufino
Medalha muito bem entregue e melhor devolvida!
ResponderEliminarBeijinho
Bem haja José António Pinto pela dignidade e pela coragem! Obrigada!
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