Nunca percebi bem. Apareceram notícias contraditórias de que se tinha casado com o Pedro Miguel Ramos, agora casado com a Fernanda Serrano. Tenho ideia que ela dizia que não e ele que sim. Como se casar fosse coisa sujeita a dúvidas desse tipo. Que tinham ido para um sítio qualquer longínquo, casamento nas Caraíbas ou Las Vegas, não sei, uma dessas excentricidades. A coisa nunca me pareceu linear e parece que, a partir daí, passei a olhá-la com alguma estranheza. Dito assim, parece que me interesso muito por estas coisas. Mas não, acho que nunca mais me lembrei disto até agora.
Depois achei ainda mais bizarra a notícia de que ia casar com o Manuel Maria Carrilho. A coisa parece que não ligava bem, sei lá porquê. Mas a estranheza maior foi o casamento vendido com exclusivo à Caras (salvo erro). Tudo aquilo me pareceu uma encenação muito despropositada tanto mais que envolvia um ex-ministro, um filósofo com carreira académica reconhecida. No outro dia, já aqui falei disto.
A partir daí a imprensa cor de rosa foi acompanhando a vida de Bárbara Guimarães. Ou ia a um lançamento, ou a uma festa, ou era presença não sei onde, ou era fotografada a sair do hospital com o recém nascido ao colo, etc.
Ora, é sabido que tudo isto tem um preço.
Se os fotógrafos aparecem num determinado local a fotografar é porque alguém os chama.
E, se alguém os chama, é porque quer ser visto em determinado sítio. E, se quer ser visto em determinado sítio, é porque há um contrato por detrás: a marca (seja do que for) suportou as despesas ou está a pagar para fazer publicidade.
E não estou a conjecturar: estou a dizer como é que as coisas são.
E, assim, cada vez mais esbatidas as fronteiras entre vida privada e vida pública, o mercantilismo a comandar a vida, a pessoa habitua-se a viver dessa forma. Se quer qualquer coisa, vai tentar não a pagar. Como? Estabelecendo, através de agentes, contratos: vocês pagam e eu sou fotografada a consumir os vossos produtos.
Ora, é sabido que tudo isto tem um preço.
Se os fotógrafos aparecem num determinado local a fotografar é porque alguém os chama.
E, se alguém os chama, é porque quer ser visto em determinado sítio. E, se quer ser visto em determinado sítio, é porque há um contrato por detrás: a marca (seja do que for) suportou as despesas ou está a pagar para fazer publicidade.
E não estou a conjecturar: estou a dizer como é que as coisas são.
E, assim, cada vez mais esbatidas as fronteiras entre vida privada e vida pública, o mercantilismo a comandar a vida, a pessoa habitua-se a viver dessa forma. Se quer qualquer coisa, vai tentar não a pagar. Como? Estabelecendo, através de agentes, contratos: vocês pagam e eu sou fotografada a consumir os vossos produtos.
A exposição pública é permanente e a vontade de manter o nível de vida também: há que aparecer sorridente, parecer nova, ser elegante, estar sempre bem arranjada. E tudo parece valer a pena para se conseguir isso.
Do lado de Manuel Maria Carrilho a mesma coisa, embora num outro plano: quando foi candidato a presidente da Câmara de Lisboa, a campanha publicitária envolveu um filme que o mostrava em casa, a ele, mas também à mulher e ao filho. Isso causou alguma celeuma, que estava a expor o filho em benefício próprio. Penso que ele invocou que isto é normal noutros países e a gente esqueceu-se disso.
Tirando isso, víamo-lo de vez em quando a dizer mal dos correligionários socialistas, quase tanto quanto dos partidos aos quais seria suposto fazer oposição. Mas ninguém já estranhava muito. Habituámo-nos a ver nele uma pessoa algo arrogante, algo quezilenta, algo antipática, talvez pouco dada a gestos de lealdade.
A ela fomo-la vendo cada vez mais aparatosa, mais exuberante, numa sensualidade quase exibicionista, numa alegria sempre esfuziante. Enfim, nada que nos dissesse respeito e, também, nada que fizesse suspeitar que algo se estaria a passar nos bastidores da sua vida.
Fui à procura e encontrei um vídeo da sua entrevista ao Daniel Oliveira, no Alta Definição.
Não sei de quando é o vídeo (foi lá colocado no início deste ano) e não o coloco aqui porque a sua reprodução apenas é possível directamente no YouTube. No final (lá para o minuto 27) o que ela refere do seu casamento é coerente com o que sempre observámos: aparente sintonia, grande cumplicidade. Afirma a sua felicidade junto do marido.
Será que, nessa altura, ainda eram mesmo felizes ou a dissimulação em público seria, desde há muito, um modo de vida?
Não sei de quando é o vídeo (foi lá colocado no início deste ano) e não o coloco aqui porque a sua reprodução apenas é possível directamente no YouTube. No final (lá para o minuto 27) o que ela refere do seu casamento é coerente com o que sempre observámos: aparente sintonia, grande cumplicidade. Afirma a sua felicidade junto do marido.
Será que, nessa altura, ainda eram mesmo felizes ou a dissimulação em público seria, desde há muito, um modo de vida?
...
Foi pois com surpresa que recebi (eu e toda a gente, presumo) a notícia da sua separação e das graves acusações que rodeiam o mediático casal.
O que se seguiu ainda me surpreendeu mais. Às acusações de violência domésticas, de permanentes agressões, ele respondeu publicamente com acusações de comportamento negligente por parte dele, alcoolismo, obsessão pela imagem.
Os jornais e, em especial, as revistas de coração às quais Bárbara Guimarães tantas vezes expôs a sua vida, falam agora de ameaça de extorsão por parte dele, de chantagem com fotografias comprometedoras, de referências por parte dele a um pai dela alcoólico, a uma mãe fraca, a um padrasto perigoso, coisas assim, que parecem que não vêm ao caso e que parecem denunciar um carácter duvidoso por parte do filósofo.
Como se tudo isto não fosse suficientemente perturbador, aparece a seguir a ex-mulher dele, Joana Varela, pessoa ligada à cultura, com idade e posição social para ter juízo, dizendo que Manuel Maria Carrilho já tinha sido violento com ela, que também a ela tinha encostado uma faca ao pescoço. E que o que teria motivado isso, teria sido ela, como retaliação de uma traição dele, lhe ter também 'posto os palitos' (sic) e que fez isso tantas vezes quantas lhe apeteceu.
Perante o insólito da acusação, Manuel Maria Carrilho diz que se divorciou dela há 30 anos e que Joana Varela é doida varrida, que já esteve internada várias vezes devido a problemas mentais. Joana Varela responde, confirmando que sim senhor, esteve internada, que é bipolar, que depois de ter sido despedida da Gulbenkian, passou por sérios problemas de depressão.
Ficamos todos perplexos com todo este lavar de roupa suja em público. Pessoas supostamente capazes de perceber o horrível desta situação, comportam-se como gente sem educação, como gente tomada pelo ódio de quem a racionalidade se afastou de vez.
Pois bem. Esta noite, numa daquelas deambulações do meu marido pelos canais de televisão - nada lhe agrada, zapping para trás e para a frente, e eu entretida a ler o Expresso - passou pelo canal do Correio da Manhã, canal que nunca vi pois ele diz-me que é só porcaria, crimes e mais não sei o quê. Não sei se é assim tão mau, nem sei se ele sabe, mas isso também nunca me importou dado o tipo de jornalismo praticado pelo Correio da Manhã em versão jornal. Mas, para nosso espanto, estava o Manuel Maria Carrilho a ser entrevistado. Deixámo-nos ficar a ouvir.
E devo dizer que me fez muita impressão. A entrevistadora, cujo nome não sei, foi directa, contundente e não disfarçou alguma antipatia pelo entrevistado, confrontando-o várias vezes com o efeito dos actos dele nos filhos.
Ele respondeu sempre, aparentemente sincero, exposto, frequentemente fragilizado, assumindo que tem dito o que tem dito não apenas por ser verdade (segundo ele) como por estar preocupado por ter os filhos entregues a alguém que, segundo ele, não está em condições de se ocupar deles, por se ver julgado na praça pública, por estar desorientado. Reconhece que não teria dito o que disse se estivesse no seu estado normal e não tão atormentado. Disse várias vezes, e emocionado, que adora os filhos e os filhos o adoram a ele e que não quer que os filhos fiquem com ideias erradas sobre ele. Em tudo o que disse pareceu sincero mas não o conheço o suficiente para saber se aquilo era sinceridade, encenação ou um momento de fraqueza.
No entanto, apesar de dizer não negar que ela tem qualidades, tanto que se apaixonou por ela e viveram felizes até há cerca de 1 ano, referiu-se a Bárbara Guimarães como 'a infeliz', falou em que está sempre na cozinha e que, se começa a beber, não pára, que este último ano em que tem estado sem fazer nada na televisão lhe deu volta ao juízo, que também tinha detestado fazer o programa dos gordos, que não queria agora fazer o X-Factor com o Manzarra, que quer competir com outras mais jovens, que é uma luta para ela, que tudo isto a está a destruir. Diz que tentou que ela pensasse voltar à informação ou que tentasse perceber qual o melhor para a carreira ou para a vida em geral mas que ela deixou de o ouvir. Que a filha Carlota foi para ela um excesso de trabalho que ela não conseguiu aguentar, que a festa dos 40 anos foi um fiasco, que ela bebeu até mais não poder, e que a partir daí tem sido sempre a piorar, quase não come para não engordar, que toma montes de comprimidos, que parece que nos últimos tempos escolhe os amigos em função de a acompanharem na bebida. Que não liga a fazer o jantar, que não liga ao que os filhos vêem na televisão ou no computador, que nunca se consegue combinar o que quer que seja com ela. E garante que nunca lhe bateu, que é contra a violência. Quando a entrevistadora lhe perguntou o que diriam os seus pais, se fosse vivos, se o vissem a passar por esta situação e a ter o comportamento que tem tido, não se aguentou e chorou.
Custou-me ver. Custa sempre ver uma pessoa a chorar. Custa ver um homem a chorar em público. Custa ver uma pessoa que nos habituámos a ver como um político respeitável, um professor, um antigo ministro, a chorar na televisão, vulnerável. E a dizer que tem muitas saudades dos filhos. Contou que o polícia, naquele dia em que foi lá a casa para tentar ver os filhos (e disse que foi com mais duas pessoas porque tem medo dado que ela contratou uns seguranças), tentou por tudo que ela o deixasse ver o menino, o Dinis (a menina, a Carlota - felizmente disse ele - já estava a dormir) e que ela não deixou.
Não sabemos, eu pelo menos não sei, o que se passa na vida destas pessoas. Não sei se ela é alcoólica e se está fora dela. Não sei se ele é violento e a agride. O que sei é o que vejo. E o que vejo é uma exposição excessiva. Todas as pessoas, por muito extrovertidas que sejam, precisam de alguma reclusão no que se refere aos sentimentos mais íntimos, precisam de algum resguardo.
Em momentos importantes da vida tais como nascimentos, mortes, separações, traições, deve haver algum recolhimento e contenção para viver a situação com a intensidade normal - mas em privado.
Quando isso não acontece, o descontrolo emocional próprio desses momentos é potenciado (no sentido multiplicativo do termo) pelos meios de comunicação social, empolado, é explorado até aos limites da decência, é deturpado.
Volto a dizer: neste caso tão exposto e tão extremado não sei quem tem razão pelo que não quero emitir juízos de valor. Mas temo que se não pararem de se expor, acabem devorados pelo fogo do seu ódio. Dirão e farão coisas impensáveis, irreversíveis, e tudo se tornará para eles, dificilmente suportável.
E os filhos? E já nem falo apenas nos dois mais pequenos. Falo também nos filhos mais velhos de Manuel Maria Carrilho que devem estar a sofrer por verem o pai e os irmãos mais novos envolvidos nesta situação tão triste.
Tomara que Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães consigam perceber que o que estão a fazer um ao outro é mau de mais para ser verdade. E tomara que a Joana Varela se deixe estar sossegada até que alguém a chame a opinar. Isto de toda a gente vir para os meios de comunicação social expor as suas feridas ou agredir os outros é perigoso e indicia uma sociedade que começa a perder os seus referenciais mais profundos de decoro, de respeito, de generosidade, de solidariedade e compaixão.
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Elevemo-nos um pouco
Somewhere over the Rainbow
(Factor X, EUA 2012)
Elevemo-nos um pouco
Somewhere over the Rainbow
(Factor X, EUA 2012)
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Desejo-vos, meus Caros Leitores, um bom domingo.
Saúde e felicidade.
Olá UJM,
ResponderEliminarDepois de assistirmos a tudo o que a imprensa relata, esperemos que não se destruam ainda mais, que respeitem os filhos e os familiares de ambos. Vidas perdidas! Quando o ódio substitui o amor(?) nada fica como estava e a reconstituição é quase impossível.
Partilho das suas opiniões.
Um grande beijinho e uma boa semana.
p.s. Vou estar ausente por algum tempo numa missão de ajuda familiar. Não vou estar disponível para a seguir, com muita pena minha. As minhas desculpas.
A vida é feita de partilhas! Voltarei em breve. Um beijinho e desejo-lhe muita saúde e muitas e boas postagens, excelentes, como sempre! E bem haja!
Um beijinho
Vim parar a este blog por acaso, porque procurei no google sobre este caso.
ResponderEliminarFiquei espantado porque gostei do tom da escrita, e dos outros posts, em especial o do Banksy (sendo eu um amante da cultura hip hop, e sendo o graffiti uma das suas vertentes).
Venho por isso dar os parabéns e referir que tentarei visitar este cantinho com maior frequência.
Felicidades :)
Diz tudo. Um lava roupa suja deprimente!
ResponderEliminarResumiu tudo muito bem (já tinha lido o seu anterior post sobre o mesmo tema).
ResponderEliminarA Bárbara Guimarães quando surgiu na tv era uma jovem despretensiosa, assim o parecia, com os seus fatos de calças largas masculinos que dizia gostar de usar (talvez para se proteger de olhares masculinos mais atrevidos) - foi o que pensei na altura e fiquei agradada com a postura dela), cara fresca, discurso simples, simpatia contagiante e humanidade (o chuva de estrelas foi reflexo disso mesmo).
Depois de casar com Carrilho a postura foi mudando. Apesar de não consumir revistas cor-de-rosa estava estampado para todos verem o exibicionismo qb, muitos sorrisos de felicidade e cumplicidade... Revelaram um casamento de estrela de cinema com edição exclusiva... Muito sinceramente a imagem que a B.G. quis passar todos estes anos foi a de uma pessoa que vivia uma vida perfeita, de sonho, exemplar... uma ilusão que ela talvez tenha criado para ela mesma. A Bárbara vive da sua própria imagem e ilusão de si mesma, é o que deixa passar cá para fora.
Mas eu perdia-a de vista, embora tenha assistido a alguns "páginas soltas" criado e bem conduzido por ela. A televisão nos últimos tempos não me diz nada, está demasiado saloia e brejeira, não gosto.
É provável que beba mas o pior foi o ainda marido ter vindo a público expôr as fragilidades da mãe dos filhos mais novos. Carrilho não engana ninguém porque escorre demasiado nas suas próprias cascas de banana e esta imagem que agora passa dificilmente a apafará.
Desejo-lhes melhores dias, a um e a outro.
Só mais uma coisa... se as pessoas não têm pejo em mostrar as suas vidas nos meios de comunicação social, pois nós igualmente temos tb o direito de ler e saber a respeito das ruturas que igualmente expõem.
ResponderEliminarEscreve muito bem UJM
Um abraço :)
Gostei do que escreveu.
ResponderEliminarHumano, sensato, distanciado, factual.
Li e entendi que a pessoa que escreve é equilibrada, preza os bons costumes, a moral, o respeito.
Obrigado.
António - 52 anos - a trabalhar em Angra do Heroismo há 25 meses - do PORTO.