quarta-feira, julho 31, 2013

Este governo faz coisas perigosas, muito perigosas mesmo. Tenham medo deste governo. A título de exemplo, saibam, por favor, como no último dia como ministro das Finanças, Vítor Gaspar assinou um decreto que pode liquidar a vida de, pelo menos, 3 milhões de portugueses. Fernando Dacosta chamou-lhe "Tiro de Misericórdia" e chamou bem. É o Governo de Passos Coelho em acção. Enquanto distrai a populaça com tiros de pólvora seca, vai destruindo paulatinamente Portugal.


Aqui há umas semanas o Nicolau Santos escreveu no jornal de Economia do Expresso uma coisa que me deixou siderada. 


Mas, pelo meio, meteu-se uma tal avalancha de disparates, que acabei por não falar disso. Foi o chilique irrevogável do Portas, um homem sem palavra que por aí anda há anos a espalhar demagogia, depois foi a ideia luminosa do Cavaco, a seguir foi a cagarrada fatal da ideia de Cavaco, agora é o desgoverno em segundas núpcias requentadas, é a cena das aldrabices da pinóquia albuquerque sobre os swaps (uma vergonha), eu sei lá. Não há dia em que nova porcaria não nos entre pela casa através das notícias.


No meio de tal enxurrada, a notícia de que Nicolau Santos dava conta, passou-me.

Este fim de semana voltei a ser alertada.

Mas quando se está de férias com crianças em casa  - e toda essa rotina de horas de fazer a papa, horas de dar a papa, horas de mudar a fralda, horas de dormir, horas de levantar, horas de dar a papa do lanche, horas de ir, horas de vir, e cada um come sua papa e cada um tem sua especificidade, em particular agora o bebé, o que está a caminho de fazer 1 ano, que é um reguila irrequieto, mas irrequieto senhores..., capaz de ultrapassar o ex-bebé que já tinha ultrapassado o 'mano velho' - o mundo muda de configuração.

Deixa de haver qualquer remanescente de hábitos anteriores.

Por isso, os horários agora são outros, quase não se vê televisão, jornais nem pó e, as nossas melhores intenções são ultrapassadas pela força dos acontecimentos domésticos que se sucedem a um ritmo imparável.

Nada de que me queixe. Adoro os meus meninos, adoro, adoro vê-los, tê-los perto de mim, são a vida em toda a sua maravilha, são uma felicidade, são tudo o que pode haver de melhor.

Mas isso é um facto e outro, inegável, é que uma pessoa fica com poucas probabilidades de fazer alguma coisa das que vagamente tinha em mente. 



Hoje na praia, um coelho

(Se repararem na mãozinha repararão que diz:
mais coelho, não, não queremos mais, o coelho é mau, pleaaseeee, tirem-me o coelho daqui, medo...., medo...!)



Por isso, o assunto de que acima falei ia outra vez passar sem uma referência aqui no Um Jeito Manso. Contudo, em boa hora, um Leitor atento e a quem agradeço a generosidade de me ir enviando alguma informação preciosa, deixou-me hoje o texto que transcrevo. Trata-se da crónica de Fernado Dacosta publicada no Jornal i de 25 de Julho intitulada:




Vítor Gaspar, um homem perigoso até ao último dia


Mas ele não era o 1º responsável.
O primeiro responsável chama-se Pedro Passos Coelho e ainda chefia o desGoverno de Portugal


TIRO DE MISERICÓRDIA



No último dia como ministro das Finanças, Vítor Gaspar assinou um decreto que pode liquidar a vida de, pelo menos, 3 milhões de portugueses. Esse decreto determina que o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (que geria uma carteira de 10 mil milhões de euros) "terá de adquirir 4,5 mil milhões de euros de dívida soberana".


Sabendo-se que o referido fundo foi criado como reserva para assegurar, em caso de colapso do Estado, os direitos dos reformados, pensionistas, desempregados e afins durante dois anos (segundo o articulado de lei de bases), o golpe em perspectiva representa o risco de uma descomunal tragédia entre nós.

Lembremos que dos rendimentos dos seniores vivem hoje gerações de filhos e netos seus, sem emprego, sem recursos, sem amparo, sem futuro. Lembremos ainda que os últimos governos têm sido useiros no desvio de verbas da Segurança Social para pagamentos de despesas correntes - "o que qualquer medíocre gestor de fundos sabe que não se deve fazer", comenta, a propósito, Nicolau Santos no "Expresso".


Em 2010, dos 223,4 milhões de euros que deviam ser transferidos para o fundo em causa, o executivo apenas entregou 1,3 milhões.

Após ter semidestruído Portugal economicamente, socialmente, familiarmente, psicologicamente, com total impunidade e arrogância, Vítor Gaspar deixa, ao escapar-se, apontado um tiro de misericórdia aos idosos (e não só), depois de os ter desgraçado com o seu implacável autismo governamental. Sindicatos, partidos, oposições, igrejas, comentadores, economistas, intelectuais meteram, por sua vez, a viola no saco ante mais esta infâmia - entretanto, os papagaios de serviço aterrorizam as populações com a insustentabilidade da Segurança Social.


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Isto é muito, muito grave. Não sei se toda a gente que me lê consegue perceber a enormidade da desgraça que se pode estar a desenhar. E coisas como esta passam-se no silêncio dos gabinetes sem que transpareça para a comunicação social... É assustador. E outro dos dramas é que são raros os jornalistas atentos e lúcidos. Geralmente limitam-se a andar por aqui e por ali a papaguear o que os assessores de Passos Coelho & Amigos passam para os media como fontes

No entanto, felizmente ainda há alguns. Nicolau Santos e Fernando Dacosta merecem, pois, uma palavra de apreço.


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A ver se ainda cá volto hoje.

2 comentários:

  1. Gravíssimo. Um caso que, havendo coordenação, acção, uma pitada de coragem, uma bem articulada Participação - e fundamentada, "deixada ao critério do Ministério Público (MP)", para avaliar dos crimes que se lhe imputariam, poderia, quem sabe, vir a merecer a devida atenção do MP e dar origem a um eventual processo crime.
    E a responsabilidade de avançar para tal, seria sempre do MP. Caberia a quem a propusesse advogar as razões de Direito e depois deixar o MP decidir. E, deste modo, o Dr. Gaspar não poderia vir queixar-se de terceiros. O Dr. Gaspar acha-se muito esperto, mas se calhar há outros que são tanto ou mais do que ele. Quem sabe!
    A ver vamos como diz o cego!
    P.Rufino

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  2. Obrigada por ter divulgado esta crónica de Fernando Dacosta a quem dou os meus parabéns pelo excelente trabalho. Subscrevo o que disse o seu Leitor acima, pois este caso poderia dar origem a um eventual processo crime, uma vez que está em causa a sustentabilidade da vida de milhares de Portugueses. Haja alguém com coragem para o fundamentar e denunciar.
    Obrigada por este alerta.
    Um beijinho

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