Sobre a incompetência encartada; sobre a negligência perigosa; sobre a leviandade assustadora. Isto é: sobre os destinos de todos nós nas mãos de quem não tem nem competência nem decência para aproveitar ajudas postas à disposição de Portugal. (Na continuação do post de ontem retirando excertos do Expresso deste sábado, dia 8 de Junho, hoje sobre o que diz o Comissário Joaquín Almunia a propósito do não aproveitamento de fundos para financiar as PMEs portuguesas). Os belos céus de Michael Biberstein continuam a pairar sobre nós.

No post a seguir a este transcrevi pequenos excertos de vários artigos do Expresso nos quais, de forma já generalizada, pessoas que pensam (umas mais que outras, é certo) e que fazem opinião revelam o seu desagrado e preocupação pela forma como o Governo de Passos Coelho está a destruir Portugal, ameaçando de forma sistemática o seu futuro.

No entanto, porque não quis alongar-me demais, acabei por não referir uma das notícias mais preocupantes - mais preocupantes porque mais reveladora da forma como as coisas se passam.

Deverão estar recordados que aqui há dias saltou o verniz entre o BEI (Banco Europeu de Investimentos) e a Comissão Europeia, acusando-se mutuamente de não libertarem fundos para acudir às PMEs portuguesas. Já alguns dias antes tinham soado campainhas, com notícias vindas do lado de Berlim (ao que consta do círculo mais próximo de Angela Merkel, senão dela própria) que diziam que os alemães acusavam Durão Barroso de incompetência, essencialmente pelo mesmo motivo.

Na altura referi isso aqui, interrogando-me sobre o que andavam as criaturas do Governo português a fazer em relação a isto. Numa altura em que a economia está em queda acentuada, com a recessão a cavar-se prolongadamente, e em que urge injectar liquidez e lançar projectos, estão milhões e milhões de euros parados, enredados na burocracia europeia sem que os desgovernados que giram à volta de Passos Coelho se mobilizem para os aproveitarem o mais urgentemente possível.

Mas quem é que diz que não estão a fazer isso...? - perguntarão os meus Leitores que acham que eu sou desconfiada ou, então, que ainda acreditam no Pai Natal.

Pois bem. Eu transcrevo (os destaques são meus) parte de um artigo da autoria de D.R. publicado no suplemento de Economia do Expresso.

Quanto às autoridades portuguesas, o comissário europeu (Joaquín Almunia) conta que uma reunião para discutir o assunto na semana passada foi adiada a pedido de Lisboa.

E numa altura em que Bruxelas parece ter voltado a ser o alvo predilecto de várias capitais, desabafa: 'Parece-me muito triste e preocupante que, em vez de nos concentrarmos todos na resolução dos problemas, tentemos passar a batata quente...'

Ao que o Expresso apurou, a Comissão enviou esta semana uma nova proposta ao Governo português para resolver o imbróglio, mas até ontem não tinha recebido qualquer resposta.

Eu leio isto e não quero acreditar.

E uma vez mais me interrogo: mas o que é isto, senhores? Incompetência? Má fé? 

E pode acontecer que quem assim destrói um país possa escapar incólume? 

E pode a desfaçatez ser tanta que Passos Coelho ainda tenha o topete de dizer que se quer recandidatar? 

Clara Ferreira Alves ontem, ao escrever sobre Vítor Gaspar, chamou ao seu texto 'O Psicopata'. E eu pergunto: é só ele?

Nota: Escolhi para terminar duas pinturas em que se percebe uma luz parece irromper de entre a escuridão pois, como escrevi no post seguinte, tenho esperança que as mais recentes sondagens que relegam o PSD e o CDS para mínimos vexatórios indiciem que o fim político de Passos Coelho está próximo.

(Não digo o mesmo de Paulo Portas pois embora pense que é isso que ele merece, sei que ele faz tudo, aceita tudo, piruetas de toda a espécie, flic-flacs à rectaguarda, atira-se da prancha do Splash! a fazer o pino e, se necessário for, até com a Júlia Pinheiro ao colo e com o José Castelo Branco a tiracolo - tudo para ficar num governo qualquer. Por isso, é bem provável que, em breve, num outro governo, o voltemos a ver todo emproado e responsável como se não tivesse sido humilhado e rebaixado vezes sem conta no governo anterior)