quarta-feira, junho 19, 2013

'Sérgio Azevedo, deputado do PSD, que assina o relatório preliminar da comissão parlamentar de inquérito sobre as Parcerias Público-Privadas (PPP) rodoviárias, destaca a importância do envio do documento para o Ministério Público, embora não especifique os crimes que poderão ter sido cometidos.'. Vi o catraio na televisão e tive curiosidade em perceber que curriculum poderia ter o garoto para andar aqui a cantar de galo. 'Curriculum...? O que é isso?', perguntaria o jovem jota de 31 anos ///// Poeira, poeira. É como o que se passa com os SWAPs e com as verbas astronómicas que, à pála disso, estão a ir limpinhas, direitinhas, para os bancos! //// Face a isto, o que me resta esperar? Olhem, eu e a Rosa Oliveira, nestes dias de cinzas, "esperamos ver finalmente os fontanários públicos a mijar na cara dos passantes". Calma... ela disse 'fontanários públicos', não disse 'os ministros do governo de Passos Coelho'



Gaiato armado em importante


Como não sou um cão, não vou atrás de qualquer osso que atirem para a rua. Um maduro qualquer deve ter tido a brilhante ideia de enviar o relatório das PPPs para os media e ei-los: os jornais, rádios e televisões não falam de outra coisa. E, claro está, todos os canais ficaram enxameados de comentadores e papagaios de toda a cor e feitio. Mata, esfola, enterra, pisa em cima. Veio mesmo a calhar para toda a gente se esquecer da vergonha da actuação do Crato (que de outras vergonhas me custa um pouco falar, porque cada um saberá de si).

Já aqui falei algumas vezes sobre as PPPs. Investimentos que são feitos têm que ser pagos e um investimento que é usável ao longo de muitos anos é amortizado ao longo de muitos anos.

A Ponte Vasco da Gama custou milhões e é natural que seja paga. Que seja paga directamente aos bancos ou a empresas vai dar ao mesmo.

Dizer que para o ano há x milhões para pagar e para o ano seguinte outros tantos e por aí fora, em si, não é mal nenhum. É o normal.



Catraio convencido que é importante


Pode ser questionado se a Ponte fazia falta ou se o contrato com a Lusoponte está bem feito. Mas são duas questões distintas. E quem diz a Vasco da Gama diz qualquer outra obra. 

Mas, agora que está feita, tem que ser paga. Portanto, sobre a primeira questão não vale a pena agora dissertar, já é leite derramado. Que se questione publicamente e de forma responsável, pode ser uma lição a tirar para o futuro. 

Resta saber se o contrato está bem feito. Tendo que se pagar a obra, haverá que ver se o reembolso é justo. Se assegura uma margem de lucro superior ao que é normal, então poderá ser revisto.

Há muitas PPP's e foram feitas ao longo de vários governos. Se não estou em erro a opção de subcontratar a exploração do investimento desde a sua génese até à sua posterior manutenção e pagamento começou com Cavaco Silva, e não sei se a Ponte Vasco da Gama não foi, justamente, o primeiro ou um dos primeiros casos. Todos os governos desde então recorreram a esta modalidade. Não tem mal em si, desde que a coisa seja feita de forma bem delineada, justa e seja, posteriormente, controlada (como presumo que seja, pois, do que acompanho nos media, parece-me que tem sido sucessivamente revista). 


Repito: com esta modalidade, o Estado, em vez de se endividar directamente para fazer as obras, adjudicou a terceiros - nada de mais, a menos que haja dolo ou má fé que leve a benefício desequilibrado para uma das partes. Quando isso acontece pode haver matéria para revisão contratual - o que também não é um feito épico mas, sim, um acto normal de gestão.


No entanto, que eu saiba, todos os contratos foram validados pelo Tribunal de Contas. E não é o Tribunal de Contas um órgão idóneo? Creio que sim. Ou seja, custa-me um bocado a acreditar que, depois de algumas renegociações que já aconteceram (algumas no tempo de José Sócrates) e depois do crivo do Tribunal de Contas, ainda haja para ali matéria especialmente escabrosa. 



Garoto armado em importante


Ainda assim, como acima referi acho normal que se analisem contratos em vigor, quem os gere deve estar sempre atento à sua execução - mas que se analisem com isenção técnica, com rigor, com conhecimento de causa. Há matéria complexa de ordem jurídica e financeira, já para não dizer operacional. Não é qualquer gaiato, sem conhecimentos ou experiência, que pode pegar em assuntos desta natureza.

Pois bem.

Hoje vinha no carro e já ouvia a voz de um gaiato a dizer que matava e esfolava. O que dizia eram lugares comuns. Qualquer coisa ali me fez soar as campainhas. Chego a casa, vejo a televisão e o que vejo? O dito Sérgio Azevedo, todo pimpão, todo moralista, a matar, esfolar, trazendo para a opinião pública suspeições a torto e a direito.


Intrigada com a precocidade do gaiato, fui investigar.



O grande especialista em contratos, finanças, gestão, economia e obras públicas,
Sérgio Azevedo do PSD de seu nome


E cá está. Sérgio Azevedo, 31 anos, escolado na JSD, frequência de Direito (não diz por quanto tempo mas admito que tenha constatado que era areia a mais para a camioneta dele pelo que rapidamente deve ter saltado fora), curso de Ciências da Comunicação (obtida onde?), e, tendo, como único trabalho, o de trabalhar na EMEL (durante quanto tempo? a fazer o quê? a passar multas ou o quê?).


E é um gaiato destes, sem formação em Direito, sem formação em Gestão, Economia ou Finanças, sem sequer formação em Engenharia (o que o ajudaria a perceber os projectos), que se põe a escrever sobre contratos financeiros complexos e se sente à vontade para lançar suspeições sobre gente adulta, com anos de carreira académica e profissional como, por exemplo (e refiro apenas um), António Mendonça, doutorado, professor, com larga experiência universitária cá e lá fora?

Volto a dizer: para mim não há tabus pelo que me parece razoável que, com seriedade, isenção, honradez, se analise tudo o que há a analisar. 

Mas, ó senhores!, que se faça com competência, conhecimento de causa e seriedade.



Gaiato já crescidinho, com idade para ser vice-presidente que,
pelo cabelo cor de laranja,
até é capaz de ser  deputado do PSD


Agora entregarem a condução de trabalhos sérios e complexos e a redacção das conclusões a um aprendiz de politiquice já me deixa arrepiada. Eu disse arrepiada? Disse mal. Encanitada. Brava. Enjoada. 

Por estas e por outras é que eu não me meto na actividade política.

Imagine-se se eu tinha paciência para dar troco a um gaiato destes? Eu que trabalho há tantos anos (que nem digo aqui para não acharem que tenho ideia para ser tetravó do garoto), eu que toda a vida vi o meu trabalho ser respeitado, imagine-se se tinha 'saco' para aturar um fedelho qualquer a aparecer-me pela frente, sem saber do que está a falar, achando-se importante por ser vice-presidente da JSD, e começar a questionar a minha honorabilidade...? Havia de ter graça. É que, antes de dar meia volta, o mandava calar a boca, crescer e só me voltar a aparecer pela frente quando a mãezinha lhe tivesse tirado os cueiros (... lá está: cueiros. Conversa de velha. Agora já ninguém sabe o que são cueiros. Nem eu sei. Melhor trocar por 'fraldas').

Raios partam isto tudo.

É como o escarcéu à volta dos SWAPs...! Mais umas centenas ou mais, nem sei bem, acho que é mais de mil milhões, direitinhos para os bancos, sem piar. Já. Não é em Novembro, não é em duodécimos. Não. Todos. Uma coisa que podia até nunca vir a dar lugar a qualquer pagamento já foi direitinho, à cabeça, para os bancos. Fico de boca a aberta, escandalizada. E, como já vem sendo hábito, tudo envelopado numa conversa moralista, com julgamentos sumários na praça pública, despedimentos. De arrepiar de medo. Esta gente é perigosa, bem vos tenho dito.


Note-se que não conheço nenhum dos contratos em causa, falo em abstracto. Uma vez mais, um contrato swap não é mau em si. Pode estar mal feito, pode ter havido incompetência, pode a conjuntura se ter alterado. Não sei. Uma vez mais, como todos os contratos, a sua execução deve ser monitorizada e, se for caso, disso, renegociada. É o normal.

Mas o que sei, pelo pouco que se consegue perceber( porque o relatório técnico não foi divulgado e vivemos atolados no meio de 'bocas' de uma indigência técnica confrangedora) é que, pelos vistos, haveria ali um risco implícito (pelo menos foi o que uma empresa que levou quase meio milhão de euros para o estudar, concluíu - e claro, para pagar esse estudo pago a peso de ouro também houve dinheiro, há sempre dinheiro para estas coisas). Mas um risco é um risco. Pode ocorrer ou pode não. E, claro, pode ser mitigado. Mas, ó senhores!, mitigar não significa passar para os bancos o pagamento de grande parte do risco.

É a mesma coisa que eu, como seguradora, poder ter que pagar 150.000 euros de indemnização caso haja um incêndio numa habitação e, para não correr o risco de ter que pagar tanto dinheiro, armada em esperta, desfazer-me dessa responsabilidade e pagar já, à cabeça, 100.000 ao dono da habitação. Linda coisa... A casa poderia nunca arder e nem haver lugar, algum dia, à necessidade de pagar. A ser feita uma maluquice destas, com esta linda medida a seguradora iria desembolsar uma verba que, se calhar, nunca iria gastar.

Mas algum puto palerma, lá metido como gestor, ainda poderia aparecer todo ufano a gabar-se de ter poupado 50.000 - e como se a estupidez ainda fosse pouca, vir dizer que quem antes tinha assinado a apólice de seguro era incompetente e deveria ir para a rua.

Francamente.

Isto é tudo mau demais para ser verdade.

Onde é que param os economistas do PS que não vêm denunciar isto?! A falta que o Louçã faz na Assembleia, é o que eu digo. (E quem haveria de dizer que eu ia ter saudades dele. Ó senhores, ninguém me poupa...)

«««»»»

Face a isto só me resta ir buscar a Rosa Oliveira para dizer umas palavrinhas a propósito.




                                                                 atordoados
                                                                 diante do arroz de favas
                                                                 nós
                                                                 pobres criaturas flaubertianas
                                                                 um pouco imbecis
                                                                 olhando o prato fumegante
                                                                 sedentos de prosa alcoólica
                                                                 e de religião demarcada
                                                                 esperamos ver finalmente
                                                                 os fontanários públicos
                                                                 a mijar na cara dos passantes


                                                                ['pós-preditivo' de Rosa Oliveira in 'cinza']





«««»»»

Bem. Convido-vos ainda a irem de passeio até um certo mosteiro em ruínas no meu Ginjal e Lisboa, a love affair. As minhas palavras foram em oração junto às palavras de uma outra agradável descoberta, Abel Neves. A música que se lhes segue é outra vez um espanto. Ando admirada e agradada com o José Valente. Porque é que eu nunca tinha ouvido falar nele? É fantástico.

«««»»»

E, por hoje, é isto. 
Tenham, meus Caros Leitores, uma bela quarta feira. 

E, já agora um conselho: cuidado com os fontanários públicos. Nunca se sabe. 
O mesmo conselho em relação aos ministros, caso passem perto de algum. Fujam para bem longe. Há que temer o pior!!!!

4 comentários:

  1. Dois rápidos comentários:
    estes jovens PSD (e CDS) são uns cretinos da pior espécie. Sem curriculo, sem provas dadas, todavia de barriga cheia a perorar no Parlamento. Uns imbecis e cabotinos. Mas, atenção, são os futuros dirigentes deste país, mais dia menos dia. Como nos sucedeu com o Pedro Massamá, o Relvas e outras porcarias que estamos hoje aturar.
    Sobre as PPP, concordo com a sua posição aqui expressa.
    Quanto aos SWAPs, subscrevo por inteiro a teses do B.E e as suas críticas como tudo isto está e foi conduzido, com vista, entre outras coisas, a limpar o péssimo desempenho neste imbróglio dessa triste figura política, a militante e S.E Maria Luís Albuquerque. De facto, Louçã faz falta neste debate na A.R.
    P.Rufino
    PS: espanto-me como foi possível as TV terem feito cobertura – total – ao palavroso Paulo Portas! Mas afinal quem é a criatura para merecer uma atenção assim tão destacada? Que fez o indivíduo nestes últimos 2 anos no governo (para já nem falar nos anos anteriores) para merecer aquela atenção? Faz parte do desastre a que o governo a que pertence nos atirou e vem agora dar-se ares de que nada tem a ver com isto, a justificar as medidas tomadas, a perorar soluções, etc, etc.
    PP é dos mais cínicos políticos que alguma vez conheci! Até parecia que estava ali o PR a anunciar um estado de sítio! Ao que se chegou! O CDS já não é um partido, mas a “quinta política” de Paulo Portas. E os outros dirigentes metem dó, ao sujeitarem-se a isso ao mante-lo na liderança.

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  2. Humm... Ciências da comunicação?!
    Mais um jovem que deve estar a preparar-se para ir comunicar de perto com o "Manneken Pis".

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  3. Ora bem, acabo de ouvir a Constança Cunha e Sá a dizer de algum modo o mesmo que UJM disse sobre os tais meninos do PSD, isto a propósito do pedido dos putativos sobre "quanto custa o sindicato dos professores". Os meninos imberbes não sabem ao que parece nem metade das coisas e depois fazem perguntas estúpidas como meninos estúpidos que são. Os meninos patetas da JSD já pensaram em perguntar quanto custa a mediocridade do seu patético Ministro das Finanças, o incompetente Gaspar ao País? Não sabem, nem se atrevem a saber, os imbecis!
    P.Rufino

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  4. Olá UJM,
    Também já não suporto tanta estupidez junta. Cá em casa já quase não ligamos a TV, estamos imensas horas em silêncio, é que já não há pachorra para aturar esta garotada toda a cantar de galo e a gerir coisas sérias sem conhecimentos académicos nem profissionais para o fazer. Estou como a UJM "encanitada, brava e enjoada"... com tanta incompetência, e o pior é que não se vislumbra nada de bom no horizonte. Também acho que Louçã está a fazer muita falta na A.R.
    Obrigada por mais esta análise tão inteligente e precisa, aliás como já nos habituou.
    Um beijinho e uma boa quinta-feira.

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