terça-feira, junho 25, 2013

Segundo o Washington Post, Portugal é um país triste, sem vitalidade, onde já não se nasce. Entretanto, os juros da dívida portuguesa sobem para perto dos 7%. Os empresários juntam-se para pedir ao Governo que mude de rumo, que baixe os impostos, que deixe a economia respirar, que reconheça que a receita falhou. Debalde. Passos Coelho já respondeu que não muda de rumo. E, enquanto a desgraça continua, a Alemanha importa jovens formados em Portugal. Até quando, senhores? Até quando??!?!??!?!?!


No post a seguir a este conto-vos uma fofoca. Coisa feia. Não sei se daqui a nada não a apago. Não gosto nada de contar fofocas - mas esta tem tanta graça, que não resisti. Pena que não possa contar-vos tudo. Se calhar, assim, omitindo uma parte, nem tem tanta graça.

A seguir há uma festa de anos. Se quiserem, apareçam. Com sorte, se se apressarem, talvez ainda encontram por lá um dos maiores comediantes do nosso tempo. 

Adiante que isso é a seguir. Agora, aqui a conversa é outra.



Mafalda Dioho Sabino is held by her mother, Susana Diogo, in Vila Velha de Rodao, Portugal.
The local newspaper heralded her birth last September with a half-page spread and a goodie basket of oils and lotions delivered to her door.
Every day since, seemingly everyone has wanted a piece of the little celebrity.
In this graying corner of the Iberian Peninsula, the 9-month-old’s claim to fame is merely being born.


Matt McClain / The Washington Post


Tanta campanha que o Moedas e o Gaspar e o Rato e a Maria Luís dos Swaps e outros inteligentes têm andado a fazer pelos States e, afinal de contas, eis que o Washington Post retrata Portugal como um palco de decadência, desolação, abandono. E, inteligentes como são, dão um tiro na mouche: com esta taxa de natalidade e com este estado de coisas, maiores problemas haverá no futuro.


Com um artigo destes, realista e desapaixonado, os mercados, os sacrossantos mercados, vão fugir a sete pés. Afinal aquilo do sucesso é tudo mentira?Afinal o ajustamento não passa de conversa da treta? Sem gente no país, só velhos e desempregados, como vão poder pagar o raio da dívida?, perguntarão enquanto se preparam para sacar de cá todo o dinheiro ou pedir juros ainda mais agiotas.

Ah pois.

Aliás, não é que os juros da dívida já estão outra vez a trepar? Já perto dos 7%? Não é só por causa das asneiradas do Coelho ou do Gaspar, claro. Mas também é.



Além de razões endógenas específicas a cada país - por exemplo, risco de nova crise política na Grécia, com o enfraquecimento da coligação governamental, e probabilidade de nova alteração sucessiva de metas de défice orçamental para Portugal -, a volatilidade global nos mercados financeiros da zona euro e nas economias desenvolvidas advém do efeito do preanuncio na semana passada de um plano de abrandamento e depois descontinuação da política de "alívio quantitativo" por parte da Reserva Federal norte-americana para além da incerteza sobre a situação financeira na China ameaçada por uma alarmante crise de crédito, segundo muitos analistas.


Sobre a volatilidade nos mercados financeiros, Richard Fisher, presidente da Reserva Federal de Dallas, disse hoje em entrevista ao jornal "Financial Times" que os grandes investidores estão a organizar-se como "porcos selvagens" para testar a Fed.



Chama-lhes também porcos selvagens,
chama o que quiseres mas, ó Coelho,
vê se percebes alguma coisa do que se passa à tua volta
antes que os porcos selvagens devorem o país de uma ponta a outra 


Está bonito, isto, está. Dois anos de empobrecimento, de desgraça de tantas famílias, de venda de empresas estratégicas e rentáveis a Estados estrangeiros, para nada...?, perguntar-se-ão alguns ingénuos.

Ah pois é.



Até os patrões...! Até os patrões...!


Entretanto, coisa nunca vista, e passo a transcrever: O Governo está a tempo de “salvar o país da recessão e do abismo”, mas para isso tem de “reconhecer, com humildade, que algo falhou”, consideram as quatro confederações patronais representadas na Concertação Social, que pedem ao executivo medidas urgentes e concretas que invertam a recessão e reanimem o tecido empresarial.


Num documento conjunto em defesa de um compromisso para o crescimento económico, apresentado nesta segunda-feira em Lisboa, a Confederação Empresarial de Portugal (CIP), a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) e a Confederação do Turismo de Portugal (CTP) não poupam críticas às políticas de austeridade seguidas pelo Governo nos últimos dois anos e pedem um equilíbrio entre a redução do défice público e uma eventual redução dos impostos acompanhada por medidas de estímulo à economia, ao investimento, à competitividade e ao emprego.


“Não se vê uma luz ao fundo do túnel” para o fim da recessão, alertou o presidente da CCP, João Vieira Lopes, para quem a estratégia de estímulo económico apresentada pelo Governo não vem dar resposta imediata aos problemas de curto prazo das empresas, do desemprego e da queda do investimento e da procura interna. “Assistimos a um definhar de um conjunto de empresas”, ao aumento do desemprego, da recessão, vincou este responsável, durante a apresentação do compromisso Novo Rumo para Um Portugal de Futuro, numa conferência de imprensa na qual estiveram os líderes das quatro confederações.


Tenho, pois, razão quando digo que este Governo, ao contrário do que por vezes ouço dizer, não está a governar para os patrões. Os que conheço estão estarrecidos com o que se está a passar. Patrões modernos querem que, na sua empresa, as pessoas sejam bem remuneradas, andem bem dispostas e confiantes, se sintam motivadas. Talvez em algumas empresas mais pequenas, mais familiares, ainda subsistam os patrões que não se importam de explorar os trabalhadores. Mas nas empresas grandes, que são as que conheço melhor, os patrões e gestores fazem seminários internos sobre a felicidade, sobre o amor como critério de gestão (coisas que me fazem sorrir, claro - mas isso agora não vem ao caso), fazem de tudo para ver os trabalhadores de boa cara e, mal se ouve falar em que o Governo vai proceder a mais um confisco, já eles se estão a preocupar em ver como podem compensar os que vão ser sacrificados.

E não é só pelo bom ambiente interno: é que as empresas precisam de economias saudáveis, de gente com dinheiro no bolso, para poderem progredir.

Por isso, não me admiro com esta tomada de posição pública e conjunta das quatro confederações patronais. 



Custos de trabalho baixos, direitos nulos, garantias nenhumas
- o modelo económico de António Borges, Vítor Gaspar, Carlos Moedas, Passos Coelho, Paulo Portas
(e talvez, também, dos coisinhos que mais recentemente entraram para o Governo)

O Governo de Passos Coelho não governa para os portugueses, sejam eles empregados ou patrões (e, muito menos, para os desempregados ou pensionistas). Governa apenas para os angolanos, para os chineses, para os brasileiros, e, talvez, sobretudo, para os alemães: para que possam vir cá comprar empresas baratas, em saldo, com custos a preço da uva mijona.





Merkel e o bom aluno: a imagem diz tudo


E, a propósito disto, deixem que vos conte. Estive a falar com uma amiga com quem não falava há algum tempo. Contou-me que uma sobrinha acabou o curso de enfermagem e, sabendo que cá não arranjaria trabalho ou, se arranjasse, seria precário e mal pago, fez o que os amigos a aconselharam a fazer: foi ao Instituto Alemão inscrever-se para aprender alemão. 

Lá recebem candidaturas para ofertas de trabalho na Alemanha. Ela entregou o curriculum. Combinaram que primeiro fazia uns meses do curso de alemão pois só querem pessoas que saibam a língua, disse a minha amiga.

Ao fim de poucos meses, tendo tido aproveitamento, foi a uma entrevista. Depois informaram que tinham emprego para ela num hospital, com residência garantida nas próprias instalações. Lá foi. Pagam-lhe os estudos de alemão pois querem que fique a falar e escrever bem o alemão.

Já lá está, efectiva. Diz que os alemães trabalham menos horas que os portugueses, têm mais feriados. Diz que os enfermeiros portugueses têm muito mais habilitações que os alemães. 


Com ela foram mais uns quantos. Entretanto, já lá conheceu engenheiros que foram pelo mesmo processo.


Ouço isto revoltada. Estamos a formar os nossos jovens para eles irem servir a Alemanha, descontar para os alemães. Portugal definha, soçobra, ajoelha, enquanto os alemães nos sugam o sangue fresco.


Fico doente com isto, palavra que fico.

Até quando vamos permitir uma coisa destas? Até quando, senhores? Que tristeza.


//\\

Tinha ainda mais uma coisa para vos dizer mas isto já está imenso. Fico-me por aqui.

Relembro que, para saberem de uma fofoca, é descerem até ao post seguinte. Se lá chegarem e não encontrarem, é porque a apaguei.

E muito gostaria ainda de vos convidar e irem dar uma espreitadela até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, a love affair. Hoje, por lá, já que estou numa de segredos, descubro um pouco a ponta de um. Mas não contem a ninguém. A poesia de João Miguel Fernandes Jorge puxou por mim, foi o que foi. A música chega-nos, uma vez mais, pelas mãos do Simón Bolívar String Quartet.


\\//

Resta-me desejar-vos, meus Caros leitores, uma bela terça feira. 
E nada de baixar os braços, sim? Não nos podemos deixar vencer. 
Muito menos, deixar-nos morrer por delicadeza.

5 comentários:

  1. Estes patrões são uns "traidores".
    Se o filantropo Ferraz da Costa sabe, nunca mais os convida para um "banquete" no clube dos empresários.

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  2. Pôr do Soljunho 25, 2013

    Jeitinho,
    Tambem me sinto revoltada.
    Isto já ultrapassou tudo o que poderiamos imaginar e com toda a falta de vergonha, de caracter, de honestidade dizem que não mudam.

    Em dois anos conseguiram destruir tanta coisa.

    Há dias, em conversa com uma amiga, surgiu, a titulo de brincadeira(que pena), a solução para o desaparecimento desta equipa de malfeitores e vendidos que tomaram conta do nosso País.

    Existe e vive em Portugal uma jovem belga Isabelle Deikien, que vende bonecos de vodu com as caras de politicos de varios países.

    A partir daí imagine em quem espetámos alfinetes.

    Se acreditasse nisto, ou melhor se não tivesse um certo pudor, haveria muitas boquinhas que não diriam mais asneiras e algumas barrigas saberiam o que é fome.

    Entretanto esperemos que os empresários deste país com a sua força de emprego. ponham o dedo no nariz deles.

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  3. Faço minhas as suas palavras!
    E hoje vem Gaspar reconhecer mais um enorme falhanço, o do Deficit acima dos 10% no primeiro trimestre! E, anteriormente, soube-se outra previsão, a de que 50% das micro e pequenas empresas irão falir e encerrar este ano!
    E a tudo isto aquela criatura em Belém assiste impávido e sereno. No fim de contas, inverteram-se as coisas, este é “um Presidente cada vez mais de iniciativa governamental”!
    P.Rufino

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  4. Cara UJM,
    os porcos selvagens continuam a devorar as pérolas da nossa desgraça e a borrar, cada vez mais, a pocilga do contentamento em que chafurdam. Toleramos e assistimos à porcaria, deixando a horrenda bicheza esparzir o nefando pivete.

    Quando os timoneiros só fazem nojeiras e se esbardalham a cada obstáculo que criam, qualquer avaliação de desempenho consegue uma sintonia colectiva ─ os mandantes e os mandados criticam em uníssono e até os “amigos” comentam a bandalheira. Nem uns nem outros conseguem ver “uma luz ao fundo do túnel,” e o descontentamento pode virar peste negra dos nossos conturbados tempos. Se alastra…que se cuidem!

    Tal como P. Rufino comenta, os falhanços continuam, perante a estúpida impavidez da criatura de Belém.Triste sina a nossa!

    Muita saúde e felicidades.

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  5. Olá UJM,
    Subscrevo tudo o que diz. O País está em crise e abandonado de Norte a Sul. É traumatizante ver como as cidades estão apagadas, fecham lojas, talhos, restauração, centros comerciais e os imóveis que ficaram por acabar estão todos vandalizados! Fortunas investidas e tudo deitado por terra sem dó nem piedade, e em tão pouco tempo! É urgente que se baixem os impostos e que se ponha esta máquina a mexer antes que fique obsoleta, deitada para um canto qualquer!...
    Mudar de rumo é assim tão difícil senhores (des)governantes?! Preferem continuar a enterrar o País, vivo!
    Um beijinho

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