sexta-feira, junho 14, 2013

No 105º aniversário de Vieira da Silva houve festa na Fundação e no Jardim das Amoreiras. Houve bolo de anos, música e muita alegria. Claro que eu não podia faltar...!


Nos post a seguir a este, falo do Crato e da campanha de intimidação contra os professores que tão ameaçados na sua dignidade, enquanto classe, têm sido nos últimos tempos.

No post a seguir a esse, falo das tristes notícias que toldaram o Dia de Sto António que deveria ter sido festivo: mais ameaças, mais cortes, mais pobreza. E interrogo-me: perante isto o que vai dizer Cavaco Silva? Ou reserva a próxima opinião para daqui por uns anos, quando voltar a ser convidado para ir à estranja?

Mas, enfim, isso é a seguir a este. Aqui, agora, a conversa é outra. É boa. É dia de Festa.

NB: Se alguma das pessoas que aparece em alguma das fotografias não se quiser ver aqui, deverá contactar-me que eu a retirarei.


Maria Helena Vieira da Silva nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1908. Esta quinta feira, dia de Santo António, festejámos o seu aniversário. Abriu-nos a porta da sua casa e todo o Jardim das Amoreiras esteve em festa.




Vieira da Silva em festa


Agora que estou a começar a escrever já passa um bocado da uma da manhã. Por isso não vou poder alongar-me muito. Também, se o fizesse, ficaria fastidioso. Vou, por isso, ser relativamente sintética e, talvez, amanhã ou um outro dia volte com algumas outras fotografias que lá fiz.



Jardim das Amoreiras


Escuso de vos dizer que em ambientes assim entro em epifania. Adoro este Jardim. Frequentei-o assiduamente durante muitos anos. É um jardim abrigado, lindo, com uma luminosidade maravilhosa. E o ambiente de museus e toda aquela gente que o frequenta é-me sempre familiar, acolhedor. E, desta vez, havia música. Uma maravilha!



Nesta altura as pessoas tinham-se dirigido para ouvir o coro e esta sala estava com pouca gente


A Fundação estava cheia. Portas abertas. As obras expostas a toda gente em dia de festa. Miúdos e graúdos, muita gente das artes, gente conhecida, outros nem tanto, gente com ar alternativo, gente bon chic bon genre, gente com sorrisos no rosto. Hoje não vou falar aqui da obra do casal de pintores que se amava e protegia. Vou restringir-me ao ambiente neste dia de feliz aniversário.



O Coro Menor com fatos pintalgados, uns verdadeiros pintores


Lá dentro um coro, o Coro Menor. Uma alegria com coreografia 'à maneira'. Nem vou tentar descrever pois só visto e ouvido. 


Houve bolo e espumante mas estava tanta gente que me limitei a um pequeno macaron e uma água fresca no bar antes de voltar, de novo, para o Jardim.



Livros a bom preço, livros a que dificilmente se resiste


Depois, cá fora, feira do livro com livros da livraria da Fundação. Irresistível, como é bom de ver. Tinha seleccionado umas passagens de alguns para aqui vos transcrever mas vai ter que ficar para outro dia. 



Algumas das aquisições aqui já em casa


Volto lá dentro, ao bar, apenas para vos mostrar uns azulejos bonitos. Tu es bicho. (Ma femme chamada bicho) e já verão porque o faço.



Tu es
bicho na parede e uma janela por onde se espreita para o Jardim


É que, por falar em bicho, um curioso casal desfrutava a relva e a sombra verde. Normal. A maior parte das pessoas olhava e achava natural. Talvez seja. Eu é que vejo estas coisas e parece que me revejo, fico encantada, cerquei-os fotografando de todos os ângulos.


Bichos no Jardim das Amoreiras


Para não transformar isto num extenso lençol de fotografias, digo-vos, numa tentativa de síntese, que o ambiente, nesta aprazível tarde de festa tinha todos os condimentos para a alegria descontraída: crianças brincavam no parque infantil, uns pintalgados - em dias de festa as crianças gostam de pintar as caras - e muita gente na esplanada, gente nos bancos de jardim, bolinhos numa banquinha que era extensão do bar do museu, livros, quadros, e, muita, muita conversa sempre para ser posta em dia.



A amizade no feminino - cabelos grisalhos mas sorrisos de meninas


A amizade no feminino - na flor da idade, com alva e brilhante elegância


E as cores? As maravilhosas cores oferecidas por Vieira da Silva aos amigos? 

Já vos mostro. Mas antes deixem que vos mostre a explicação, a ver se conseguem ler. Vou pôr em ponto grande para verem melhor, porque está escrito a branco sobre branco.



Maria Helena Vieira da Silva deixou em testamento aos amigos 19 cores



E aqui estão, no Jardim, essas cores. Vou mostrar agora apenas umas quantas, que isto está longo, longo e eu cheia, cheia de sono.



Em primeiro plano: Uma terra de sombra natural para aceitar melhor a melancolia negra

Em segundo plano: Um azul cerúleo para voar alto



Um preto sumptuoso para ver Ticiano


Não acham fantástico?

Tenho que vos mostrar as outras cores. A descrição que Vieira da Silva faz delas é que é verdadeiramente sumptuosa!

Mas depois o Grupo de Baile apareceu e foi a festa, música, música, alguns afoitos e bem dispostos a dançarem, uma alegria mesmo. Em momentos assim, garanto-vos, não entra a crise, o mau astral do Gaspar ou do Passos ou do Crato ficam a milhas, essas medíocres criaturas perdem qualquer relevância. Nada. Bicheza maldosa dessa não tem cabimento em sítios civilizados.



Erricheta Underground, free style, free music, música para fruir num belo jardim ao entardecer



Tenho tantas fotografias aqui no Jardim, as pessoas a dançarem, os namorados junto às arcadas das Águas Livres,  as cores da Vieira da Silva, as sombras, a luz a espreitar, os jacarandás... mas não apenas não quero ver-vos a suspirar de tédio como tenho que me ir deitar.

Gostava de vos mostrar a igreja mas fica para outro dia. Contudo, mostro-vos ainda um pouco da Mãe d' Água. Estava também aberta, portas abertas, quero dizer, entrada gratuita e até às 20h. Para quem não conheça, que não deixe de vir ver quando vier para estas bandas. É também no Jardim das Amoreiras e é um lugar mágico.




Reparem nas pessoas pequeninas lá em cima no varandim para terem a perspectiva da dimensão




Toda a superfície está coberta por água. Quando andamos, andamos sobre uma plataforma que flutua sobre a água. É de uma beleza e tranquilidades imensas.


Não vos maço mais. Digo-vos apenas que foi uma tarde maravilhosa.

(A manhã também não tinha sido má, fui à praia e estava-se muito bem: não muita gente, um sol não excessivo, a água fresca mas não gelada - deu para uma bela caminhada de mais de uma hora à beira de água).


**

Recordo que, para assuntos mais maçadores, tenho dois posts a seguir a estes. Se forem sensíveis, não vão para não ficarem mal dispostos.

Convido-vos ainda a fazerem uma visita ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa. Hoje a very little bird solta-se do meu peito para brincar comigo à beira Tejo e, à sua volta, voam as palavras de João Miguel Fernandes Jorge. A música é ainda Bach numa onda jazz, linda.


**

E, com isto, me vou por hoje. Passa das duas e meia da manhã e daqui a nada tenho que estar a pé que isto não é todos os dias que é Dia de Sto. António.
Desejo-vos uma bela sexta feira! divirtam-se, está bem? (Mesmo que não tenham muitos motivos para isso).

6 comentários:

  1. Gostei imenso desta sua reportagem :) hei-de reservar um dia para ir ver este jardim.

    Beijinhos

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  2. JOAQUIM CASTILHOjunho 14, 2013

    Olá UJM!

    E eu que também lá andei mas de manhã!!! Como sou fotógrafo fanático e dado que como visitante do museu não me permitem tirar fotos desta vez "vinguei-me" e tirei só fotos do interior do museu em particular das janelas veladas que para mim eram melhores do que algumas das obras da colecção da FLAD em exposição. Pela "agitação" geral e em particular o entusiasmo da criançada do jardim foi muito interessante a a música saxofónica
    ajudou ao ambiente. Foram umas horas bem passadas . As fotos vão aparecer no meu blog .
    Desde já chamo a atenção dos utentes do jardim para a manifestação outonal dos Ginkgo Biloba, as árvores em torno do repuxo central, que no fim do Outono dão um extraordinário espectáculo amarelo que ninguém deve perder e que eu , fanático vou sempre fotografar.-

    A sua "crónica" como sempre brilhante. Repare que não digo post escrevo crónica. Ao ler o "Diário de um Fumador" na GRANTA ( eu por vezes tenho hábitos de intelectual de pacotilha!!) lembrei-me de si e das suas crónicas. Sobre o tema falar-lhe-ei ( por escrito , claro) mais tarde!!!

    um abraço

    um abraço

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  3. Bonito texto! Gostei da reportagem igualmente, como disse a Alice Alfazema (que nome engraçado, Alice!).
    P.Rufino

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  4. ERA UMA VEZjunho 14, 2013

    Grande Dia de Sto António

    Por sugestão do actor almoçamos no jardins do Museu do Teatro. As três pataniscas subindo e descendo, simulando quartos de princesa nos recantos do jardim senhorial.

    Depois,o momento tão esperado e prometido: ir ver a mãe a cantar no Coro (Menor) na Casa Vieira da Silva.
    Muita gente, Jazz, crianças no parque, em pleno Jardim das Amoreiras.
    Vamos à Mãe de Água? Claro filho de comprares uma ´"água para a mãe"
    E lá foram subir todos os degraus daquele lugar especial.

    E agora? Agora vamos andando que o coro está quase. Muita gente no Museu. As manas, vestidas de amarelo serpenteavam entre salas.
    De súbito, entre a multidão que subia a escadaria, digo-lhe ao ouvido: Aquela senhora, é a Anamar, do Mar à Vista, um dos primeiros blogues que visitei.
    Como podes saber? Pela foto pequenina do Perfil. Vai falar com ela. Não, é arriscado. Vou eu. E ela a rir e a dizer que sim. E ali estávamos nós, um abraço com dois anos de idade. Ficou ao nosso lado ouvindo cantar cantigas que se tornaram clássicos, coreografadas, perante um público surpreendido e agradado.
    E as minhas pintassilgas amarelas sentadas no chão, olhos grudados na mãe cantora.
    A Anamar e eu nem queríamos acreditar no nosso encontro...Coisa gira e surpreendente.

    Oh meu rico Sto António, és mesmo malandreco.
    Podias ter-me dado UM SINAL.
    Outro.
    Então não é que a minha querida Jeitinho Manso estava ALI, bem perto de nós,um ou dois metros atrás, ouvindo,"curtindo" e fotografando o mesmo que nós???

    Há dias assim...




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  5. Erinha,

    Abro uma excepção na resposta aos comentários para me mostrar de boca aberta.

    Explico porquê. Depois do Coro actuar (que maravilha!!!! mande os meus parabéns à cantora, está bem?), quando descíamos as escadas, e eu ia fotografando a multidão que descia e a que estava nas varandas, e o meu marido dizendo para eu parar de fotografar, para não incomodar as pessoas, diz-me ele, 'acho que é a filha da tua amiga que vai aqui à frente'. E eu: 'qual amiga? em? onde?' e ele fez um gesto e eu vi a sua Ana.

    Comecei por ficar um pouco na dúvida. Para já sou míope e não vejo com grande precisão, depois pareceu-me mais gordinha, e com outro corte de cabelo. Mas depois ela virou mais a cara e vi que era ela mesmo, toda gira.

    Pensei 'querem lá ver que a Erinha vai com ela?' e pus-me a olhar como um radar. Mas vi que ela ia com uma rapariga à sua direita, com quem faava. Tentei ver se as patanisquinhas iam com ela mas não me pareceu. Depois pensei 'Será que o Manel estará por aqui?' mas não vi. Estava imensa gente e eu tentava ver para onde é que ela ia, não fosse dar-se o caso de a ver ir ter consigo mas vi-a andando e falando com a tal rapariga (seria, então, a sua nora? Como eu ia atrás delas, não vi bem a cara). Pensei 'A Ana veio cá só com uma amiga'.

    Depois eu fui ao bar para beber uma água fresca, porque estava cheia de calor (e comer um macaron...) e, quando voltei ao jardim, andei outra vez a ver se a via mas perdi-a de vista.

    Ou seja, estivémos ao pé uma da outra. Desencontrámo-nos por 'uma unha negra'...!

    Imagine bem. E devemos ter andado na Mãe d'Água também uma atrás da outra... Só visto...

    Eu hoje à noite ia enviar-lhe um mail só para dizer que tinha visto (ainda que só de costas e um pouco de lado) a sua menina e que achei toda gira e mais cheeinha. E afinal estava lá a família toda. Ou seja, a Erinha também lá estava...!

    Bem, acho que para a próxima não me vai escapar, é que não vai mesmo...!

    Beijinhos para si e para a família toda!!!!

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  6. ERA UMA VEZjunho 15, 2013

    Olá Jeitinho!

    De facto ela cortou o cabelo, ficou com um ar mais juvenil e parece mais gordinha. Pelo ângulo da sua foto, penso que talvez não nos conseguisse ver. O meu marido e as gaiatas sentados no chão, eu e a Anamar em pé,ao cantinho,mais ou menos em frente aos coralistas homens. Tínhamos uma visão perfeita sobre o coro.Achei giríssimo e elas bateram imensas palmas.

    Depois de ter descoberto a Anamar(Blog Mar À Vista) quase por intuição, se a tivesse
    "reconhecido"então teria sido PERFEITO.

    A verdade é que por algum motivo ali estivémos juntas. Talvez porque, aquela é mesmo a "nossa praia"
    Tenho andado dispersa com outros assuntos mas com saudades deste "mundo" que me tem proporcionado tantos abraços e emoções.

    (Novidade: A minha nora está a ajudar-me na "preparação do book" porque é uma querida,licenciada em MarKeting e mt profissional)

    Abraço grande para toda a família.
    ...e VIVA A CULTURA!!!

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