quarta-feira, maio 01, 2013

No 1º de Maio, Passos Coelho e Papa Francisco - dois extremos que não se tocam. Passos Coelho dedicou o dia a explicar porque cada vez tem que fazer mais cortes nos ordenados e mandar mais gente para o desemprego; Papa Francisco fala da falta de trabalho e denuncia o trabalho escravo que atenta contra a dignidade humana


Aqui onde estou pouca televisão vejo, só tenho os quatro canais e a oferta é deprimente. Acabei de ver o Telejornal ou Jornal da Noite - ou lá como são os nomes das notícias nos 3 canais - e acabo de ver dois exemplos opostos.

Por um lado, o Passos Coelho, o infeliz que nos calhou na rifa, um mau passo de alguns votantes nas últimas legislativas. 




Estava reunido com uns quantos também com ar deprimido que não sei quem eram (aqui em casa o zapping é permanente, como já o referi antes), e falava com ar compungido-doutoral explicando porque tinha que fazer cortes sobre cortes, roubar ainda mais ordenado aos funcionários públicos ou despedi-los, ou roubar a reforma aos pensionistas. 

Básico como é, daquele tipo de básicos que não tem inteligência suficiente para se interrogar sobre o porquê das coisas, explicava que, como a dívida está a subir, não há dinheiro para pagar os ordenados e, por isso, têm que se cortar. Acrescentava que as pessoas simples percebem este raciocínio. 

Pensei mas não disse, este sujeito é um ordinário. Não disse porque não costumo exprimir-me assim. Mas, em pensamento, interroguei-me, mas será que este sujeito é um ordinário, ou um simples de espírito, um desprovido de capacidades mentais? Ou será um vendido? Não verbalizei porque já me incomoda falar deste sujeito. Mas, de facto, ainda não consegui perceber. Admito que toda esta desgraça que nos está a acontecer pode ser fruto, simplesmente, de estarmos a ser governados por um destituído das capacidades mentais mínimas necessárias para o desempenho de um cargo desta natureza.

É que o nó que ele deu na sua própria cabeça e que está a ver se dá na cabeça das 'pessoas simples' é simples de desembrulhar: o problema está no aumento da dívida. A dívida está a aumentar, dizia ele como se isso fosse obra divina. Não percebeu ainda que a dívida não pára de aumentar porque ele está a paralisar a economia e a impedir as pessoas de gerarem a riqueza necessária para o seu pagamento. Ainda não percebeu, este sujeito, que é o caminho que está a seguir que leva a um aumento contínuo da dívida: quanto mais aumenta os impostos ou corta ordenados ou pensões, mais o buraco aumenta e mais cortes tem que fazer. Simples de compreender, acho eu. Mas aquele sujeito ainda não compreendeu, senhores!

No extremo oposto, ouvi um homem lúcido, um homem que, curiosamente, a Igreja escolheu para a governar: Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco. 




Enquanto o outro infeliz se fecha numa salinha de hotel, rodeado de seguranças, o Papa Francisco, em terreno aberto, de frente para milhares de pessoas e, depois, misturando-se com elas, clamou contra o trabalho escravo, louvou a dignidade do trabalho, censurou os que colocam o lucro acima dos aspectos sociais e humanos.

Confesso-vos que fiquei emocionada quando o ouvi. Até que enfim a Igreja tem um homem assim à sua frente. Tomara que a voz de Francisco, o Papa, chegue longe, seja ouvida, incomode as más consciências dos ignorantes e canalhas que andam a desgraçar a vida de países inteiros e a destruir a vida de tantos milhões de pessoas.

E tomara que as pessoas que, inocentemente, ainda andam convencidas que esta política estúpida e criminosa é merecida como expiação para pecados cometidos, percebam que estão a ser manipuladas, que são vítimas, e se revoltem, mas se revoltem mesmo, que virem a mesa, que corram com os vendidos e anormais que por aí andam a dar cabo da sua vida.

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Talvez ainda cá volte hoje.

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