Sobre ilustres e bem conhecidos pregadores que por aí andam vendendo jogo branco, ou melhor, vendendo um jogo que muda de cor consoante mudam os tempos, e sobre o meu drama pessoal, falo no texto abaixo. É que eu também tenho dramas, ó se tenho... - então pensavam que eu era só risinhos e abracinhos...? Nem pensem nisso. Sou humana, ora essa.
Mas isso é no post a seguir a este. Aqui, agora, a conversa é outra.
!!!!!!!!!!!!
João Almeida, a inocente criança que o CDS atira sistematicamente aos bichos e que, tadinho, ainda acredita em tudo o que lhe dizem |
1. Os meninos do CDS, o Gaspar que se está nas tintas para os estados de alma dos meninos do CDS e os desagradáveis lapsus linguae que acontecem quando menos se espera
Tenho simpatia pelo jovem deputado João Almeida. Parece-me genuinamente bem intencionado e, pelo que me parece, é um inocente: ainda não percebeu a quantas anda.
Esta segunda feira, com aquela carinha de menino à beira de fazer beicinho, dizia que a medida da taxa dos pensionistas estava na carta para a troika mas que nunca ia ser aplicada porque o governo se tinha comprometido a não a usar.
Tanta ingenuidade. Depois do que se tem passado neste dois infelizes anos, ele ainda não percebeu do que a casa gasta. É o que dá deixar que jovens ainda tão impreparados para a vida possam ser deputados da nação.
Já antes tinha ouvido o Pires de Lima - e se ele já tinha idade e condições para ter tino...! - a dizer que a inclusão da bendita taxa de sustentabilidade (ou melhor, a taxa da trapalhada) na carta da troika foi um favor que o Governo fez à troika para safar a imagem da troika.
Ó Tó! Você tenha dó!
(Ou já tinha bebido cervejas a mais ou, então, para safar a imagem do amigo Paulo, fez-se passar por totó. Ou então, julga que somos todos uns totós. Seja como for, não lhe ficou bem.)
Ó Tó! Você tenha dó!
(Ou já tinha bebido cervejas a mais ou, então, para safar a imagem do amigo Paulo, fez-se passar por totó. Ou então, julga que somos todos uns totós. Seja como for, não lhe ficou bem.)
A seguir, apareceu o Gaspar a falar de-va-ga-ri-nho, para ver se os betinhos do CDS percebiam bem, dizendo que só aplicariam a dita taxa se não houvesse alternativa. Notem: ele não disse que não se deitaria, jamais, em tempo algum, a mão a esse taxa. Disse que deitariam se fosse necessário.
Ora, sabendo nós o descaminho que o Gaspar dá a todas as contas, não tardará que a dita taxa seja aplicada. E que não chegue...! Ou seja, que, até, nova taxa seja necessária... Gerir as contas públicas rarefazendo o dinheiro em circulação tem o efeito que se vê: por mais que se corte, nunca é suficiente.
E, uma vez mais, lá andam todos, políticos e comunicação social, atrás da taxa de 3,5% enquanto fecham os olhos à convergência que vai implicar cortes no mínimo de 10% nas reformas dos funcionários públicos. Ou são ceguinhos ou tolinhos.
E, para culminar o despautério, apareceu-me o Marques Guedes a chamar ao Paulo Portas o chefe do maior partido da oposição.
Dias infelizes estes.
|||
Paulo Portas, o homem que traíu os grisalhos que, vá lá saber-se porquê, acreditaram nele (o que só prova que não é preciso ser-se pequenino para acreditar em histórias da carochinha) |
2. Sobre o Paulo Portas
Cá em casa e redondezas, incluindo nas redondezas os meus amigos e os meus leitores, chamam-me muitas vezes a atenção para a condescendência que demonstro para com o Paulo Portas.
Não nego. Tenho em relação a ele mixed feelings, confesso.
Acho que tem todas as condições genéticas para ser uma pessoa de bem - e isto da genética tem muita força. Acresce que lhe reconheço inteligência, intuição, vivacidade de espírito. Deve ser uma pessoa divertida, deve ser uma boa companhia. Digo isto sem o conhecer e sem conhecer ninguém que o conheça directamente. Minto. Uma das minhas Leitoras conhece-o e diz que não é má pessoa. Acredito.
No entanto, eu sigo muito aquele ensinamento de Mateus: pelos frutos os conhecereis. Acontece que eu, dos frutos de Paulo Portas, só conheço um percurso errático, populista, calculista, onde pontuam alguns episódios de deslealdade. Acho que os seus actos não jogam com o que intuo que ele é e não percebo a razão da discrepância entre o que ele me parece que poderia ser e o que, de facto, é.
Conheço pessoas que conhecem pessoas que sabem de fonte segura coisas pouco abonatórias dele, para além das coisas que são públicas. Não dou muito crédito a isso, apesar de ter as pessoas que conheço por credíveis. Mas nunca sei até que ponto quem conta um conto, acrescenta um ponto e se, no que dizem, não há muita influência do diz-que-diz-que, até porque a comunicação social é fértil no alimentar de intrigas, boatos, ajustes de contas. Formo as minhas opiniões pelo que eu própria avalio, não valorizo muito as outras. Além disso, há coisas que as nossas consciências, agora mais despertas, rejeitam e que, há uns anos, toleravam ou fingiam ignorar.
Tudo somado, posso resumir que acho que Paulo Portas, algures no percurso da sua vida, se desviou do que poderia ser a sua verdadeira rota. Talvez se se tivesse resguardado mais, se tivesse estado mais tempo fora, a estudar, a sedimentar conhecimentos, a descobrir novos horizontes, tivesse, depois, voltado mais maduro, sabendo exercer melhor alguma nobreza de carácter para a qual me pareceria estar votado.
Não sei.
O que sei é que, apesar de o ver sistematicamente a fazer cenas, a fazer exercícios de retórica, a fazer jogos florais para iludir quem o ouve, apesar de o ver em actos que revelam de não é credível nem fiável, continuo a achar que talvez um dia ele ganhe juízo, ponderação, elevação e verticalidade no exercício das suas funções.
|||
3. Sobre a estabilidade, sobre a credibilidade, sobre o que os mercados e os investidores apreciam e assim
Assisto eu e assistimos todos ao mais rápido e forçado declínio a que este país alguma vez foi sujeito. Assistimos perplexos ao quebrar de todos os paradigmas, ao quebrar de todos os contratos, incluindo os que aparentemente mais inquebrantáveis seriam, os que se baseiam sobretudo na confiança.
Assistimos a um descalabro continuado das contas públicas, a dívida imparável, o défice que, apesar do estrangulamento à economia (apesar, disse eu? ... Não: por causa!) não desce como deveria, assistimos ao descalabro acentuado do número de pessoas que trabalham, ao consequente descalabro das receitas fiscais e contributivas. Aqui chegados, o pouco dinheiro que se consegue arrecadar não chega para as acrescidas necessidades, e novo saque aos contribuintes, e mais dinheiro retirado da economia. E assim sucessivamente. Tem sido imparável. Todas as previsões falham, todas, todas. As revisões em baixa não param. Os orçamentos rectificativos são vários e nunca se cumprem.
É isto estabilidade?
É isto credibilidade?
Digo-vos com a experiência que tenho dos meios empresariais: NÃO!!!
Num ambiente de alta volatilidade, de absoluta instabilidade fiscal, de total ausência de controlo sobre as contas públicas, num ambiente de despudorado desrespeito pelos cidadãos, vocês digam-me: se vocês tivessem um dinheirinho extra, iam investir num novo negócio em Portugal? Claro que não.
Só os especuladores, os que andam à babugem nos mercados, no compra e vende, é que ainda se aproximam. De resto, empresários a sério, quem é que é maluco para vir arriscar-se num país entregue a gente destas?
Digo-vos: ninguém!
Qualquer empresário, quando pensa em investir, faz planos de médio/longo prazo, faz contas. Nessas contas entra com variáveis como taxa de crescimento anual e espera ver os seus negócios a crescerem (e em Portugal o crescimento tem vindo a ser negativo!), custos directos, indirectos e de contexto (e em Portugal tudo é variável, sendo que, por exemplo, o nível de impostos, que é um custo significativo, tem vindo a ser crescente), disponibilidade de mão de obra qualificada (e em Portugal a mão de obra jovem, mais qualificada, tem vindo a ser posta fora do País), etc. Tudo ao contrário.
E, sobretudo, um empresário quer trabalhar num ambiente de previsibilidade. O que um empresário mais teme é um ambiente de desnorte, de amadorismo e aleatoriedade em que vale tudo, todos os dias, em relação a qualquer coisa.
E, sobretudo, um empresário quer trabalhar num ambiente de previsibilidade. O que um empresário mais teme é um ambiente de desnorte, de amadorismo e aleatoriedade em que vale tudo, todos os dias, em relação a qualquer coisa.
|||
A saltitona, a brincalhoteira, a leva e traz, a menina de seu dono, a sabichona, a criatura que já quer mandar mais do que o criador: Marques Mendes, a verdadeira pequena concierge |
4. Sobre o Conselho de Estado para debater o pós-troika, convocado há duas semanas pela porteira de Belém e de S. Bento: Marques Mendes de seu nome.
Sobre isto nem sei o que vos diga. O circo a pegar fogo e o boliqueimista a querer combinar as férias de verão do ano que vem..?!!
Não dá para entender.
Ou então isto é tanga para disfarçar. Não sei.
Isto não vai lá assim, é a única coisa que vos sei dizer.
|||!!!|||
As imagens, como é visível, provêm do blogue We have kaos in the garden (uma inesgotável fonte de divertidas montagens) a quem aqui credito a autoria e a criatividade.
|||!!!|||
Relembro que, no post abaixo tive uma quebra anímica, um desabafo (e não garanto que, antes de me deitar ou amanhã, mal acorde, não apague o que escrevi).
Mas, para um registo num outro comprimento de onda, nada como virem comigo até ao meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, a love affair. Hoje as palavras são de causar arrepios, e saem das paredes pela mão de Emerenciano. A música é de se ouvir, justamente, entre paredes. Ou melhor, entre os claustros de um espaço de recolhimento: os Tallis Scholars interpretam Allegri: Miserere.
|||!!!|||
E, para terminar - que isto já vai outra vez longo demais - só me resta desejar-vos uma bela terça feira. Pensamentos felizes e desejos escaldantes. E, sobretudo, muita saúde!
Olá UJM!
ResponderEliminarDo blog "Câmara Corporativa"
Quadrilha dos pensionistas (*)
Paulo enganava Pedro
Que enganava a troika
Que era enganada por Gaspar
Que enganava Aníbal
E todos eles enganavam os portugueses
Que, como de costume, não tinham entrado nas contas deles.
(*) d'après Carlos Drummond de Andrade
um abraço
O problema Paulo Portas é simples de definir: Tem muita gente na mão e está na mão de muita gente.
ResponderEliminarComo uma mão lava a outra (no sentido lato da expressão) a situação vai-se mantendo.
Subscrevo inteiramente tudo o que diz. Quando assistimos à quebra de todos os contratos incluindo os de confiança "confidellis", está tudo muito mal...
ResponderEliminarUm beijinho