Dame Vivienne Westwood, nascida Vivienne Isabel Swire em 1941, é inglesa, estilista, mulher de negócios, mulher de causas. Uma mulher livre.
Inicialmente ligada à moda punk, rock 'n roll, coisa da pesada, foi evoluindo para vestuário ligado à história, depois ao romantismo. Verdadeiramente uma mulher de vanguarda, uma mente aberta, alguém que desconhece barreiras ou condicionalismos. Vive agora com um anterior aluno, Andreas Kronthaler, nascido em 1952, giríssimo (o tipo de homens que acho o máximo), mas já antes tinha sido casada, creio que umas duas vezes.
Tem dois filhos. Veste princesas, nomeadamente as da família real inglesa, tal como vestiu Carrie Bradshaw para o casamento no filme Sex and the City e tal como veste personalidades ilustres de todo o lado.
Quando foi receber a Order of the British Empire das mãos da rainha Isabel no Buckingham Palace, cá fora, ao rodopiar para que vissem o movimento da saia, os fotógrafos, que estavam num nível mais baixo, apanharam-na... sem cuecas.
Ao ver a fotografia, a Rainha achou muita graça e Vivienne ainda mais.
Já antes, em 1989, tinha feito outra das suas. Apareceu na capa da revista Tatler vestida, arranjada e com a pose tal e qual de Margaret Thatcher. Tal, tal e qual.
E, por cima da fotografia a inscrição: esta mulher foi, em tempos, uma punk. O vestido que usou era um que tinha sido encomendado pela Thatcher mas que esta ainda não tinha usado. Thatcher quando viu ficou fula da vida, fula. Vivienne, pelo contrário, adorou a paródia.
Peças suas têm estado patentes em numerosas exposições. Se inicialmente a inspiração lhe vinha de prostitutas, gente da rua, das bandas de hard rock, agora a sua inspiração é global, cosmopolita, romântica, prática, requintada. Gostava muito de ter uma peça de vestuário dela (querer não custa dinheiro, ora...)
Vivienne não vê televisão, não lê jornais e dedica-se à jardinagem.
Como se não bastasse surpreender o mundo com a sua obra, resolveu surpreender o mundo com o seu corpo.
As fotografias não são de agora. São de há três anos, quando tinha 68 anos. Deixou-se fotografar sem pudores, coisa que nunca teve em grande escala, pelo seu amigo, o fotógrafo Juergen Teller, nascido na Alemanha em 1964, conceituado fotógrafo de moda e artista.
Decorre desde dia 23 de Janeiro e até 17 de Março uma exposição em Londres, Woo, no Institute of Contemporary Arts, onde estas fotografias podem ser vistas, estas e outras, bem entendido.
Olho agora para ela, descontraída, confiante apesar da barriga gorda, do peito descaído, das peles dos braços e acho-a fantástica: sorridente, irreverente, com uma alegria intrínseca que a torna uma eterna criança, sem maldade. Uma mulher inteligente, interessante. Para ela viver deve ser uma coisa muito boa. Vê-se isso no que diz, na forma como ri, na forma como luta pelas suas causas, na roupa que imagina, nos desfiles que produz. Na forma como se despe. Na forma como não esconde o seu corpo, a sua idade, a sua história.
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As fotografias não têm grande qualidade, tem má resolução, se as ponho pequenas vêem-se mal, se as aumento, ficam pouco nítidas... mas vocês já sabem que eu escrevo isto à noite, e hoje, uma vez mais, só me consegui sentar ao computador às 10 e tal (e já escrevi o Ginjal e já respondi aos comentários, pelo que, aqui chegada, o sono acaba por se impor). Ou seja, agora, quase 2 da manhã, sei as fotografias que quero, vou à procura delas, mas não tenho já força para procurar imagens com melhor definição. Por isso, peço desculpa mas vão mesmo estas - e eu sei que é pena, que o motivo mereceria mais qualidade. Mas não se pode ter tudo (e eu tenho mesmo que ir dormir).
E, como vos disse, escrevi no Ginjal e muito gostaria de vos ter por lá. As palavras de hoje deslizam num rio espelhado como gaivotas depois da acalmia. O poema que pegou na minha mão foi um muito bonito e muito a propósito, da Inês Lourenço. Na música, continuamos nos Grandes Intérpretes, Glenn Gould. Por isso, se forem lá, talvez vos possa recomendar que leiam o texto e o poema enquanto o ouvem. Toca Bach e é um som que parece vir dos céus.
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E, por hoje, apenas isto. Aliás, corrijo: se descerem um pouco mais verão o que era para ser um texto e ficou à espera de melhores dias e, a seguir, um belo poema da Leitora Era uma Vez.
E, agora sim, despeço-me: tenham, meus Caros Leitores, uma bela terça feira!
Há qualquer coisa nela que me lembra a nossa Tété do Chapitô.
ResponderEliminarTambém admiro muito esta senhora e adoraria ter algumas peças dela. Por cá, os estilistas que, às vezes, me lembram VWestwood são os storytailors. Também queria algumas roupinhas das suas colecções... Ainda assim, não gostaria de um guarda-roupa só destes estilos pois, apesar de bonitos, são muito exuberantes e "palavrosos". Só uma senhora professora discreta...
ResponderEliminarBoa semana, já com sinais de Primavera!
Querida Jeitinho
ResponderEliminarSe puder, passe pelo "Tibete"
A coisa por lá está divertida. E a minha amiga está precisar.
Há muito que sigo Viviane Westwood e que a admiro. Por isso tem a seu lado um homem muito mais novo e um verdadeiro "pão"!
ResponderEliminarA sua foto com 68 anos é muito bonita e se lhe soube bem faze-la, porque não?
O belo que uma foto procura não tem que ver com a idade. Tem a ver com a forma como os outros nos olham e com o que queremos que os outros vejam em nós e de nós.
Admiro as mulheres que conseguem fazer o seu caminho.
ResponderEliminarA ideia que tenho das roupas criadas por ela, é que são muito extravagantes e pouco "vestíveis", mas certamente essas são as dos "espectáculos".
Um beijinho
Vivienne Westwood é uma estilista muito versátil, extrovertida e exuberante, aliás como quase todos os estilistas, gostam de ser eles próprios, quanto mais genuínos e extravagantes, mais apreciados e adorados são. Ela reúne de tudo um pouco, criatividade, excentricidade, loucura,encanto, "jovialidade" etc.etc., e acaba por agradar a todas as classes sociais e faixas etárias. Mesmo com idade avançada consegue surpreender e deslumbrar os seus fãs.
ResponderEliminarPara mim bastava-me um vestidinho dela, podia ser o de seda azul com o interior dourado!
Hoje já esteve um dia cheio de sol a convidar a um belo passeio e a fotografar..., é o que vou fazer amanhã, se o dia estiver igual ao de hoje.
Um beijinho.
maria eduardo
Olá Erinha,
ResponderEliminarTem razão, é isso. Tem mesmo qualquer coisa da Teté. São polémicas, irreverentes, sensuais (a Teté Ricou disse uma vez que diziam que ela era uma grande 'cama' - palavras dela), determinadas, sem preconceitos nem barreiras. E ambas têm um certo ar de meninas, não é?
Já lá estive no Tibete. Que animação... Quando a desgarrada começa não há quem se vos compare.
A velha Senhora, o velho Senhor, a Erinha, a Helena, o Alcipe - a farra está garantida. Não há alegria que se compare ao inteligente e bem humorado uso das palavras.
Beijinhos.
PS: Já estou bem disposta. Lembro-me das minhas árvores tombadas e, em especial, do meu belo pinheiro lá ajoelhado e vem-me uma tristeza mas logo dou um 'chega pr'a lá!'
Olá Leitora fantástica,
ResponderEliminarPois eu, Leitora, do que lhe conheço diria que as roupas da Vivienne e dos story Tailors lhe assentariam mesmo muito bem. Têm aquele toque de irreverência que, conjugado com o romantismo e a feminilidade, a caracterizam (enfim, pelo menos é o que eu acho).
Além disso, quer ela, quer eles (e acho que essa associação de estilos entre eles, está muito bem 'achada') têm uma outra coisa que tem muito a ver consigo: as roupas deles contêm uma narrativa e isso para si é determinante, não é?
Por isso, se puder ou se conseguir adaptar algumas roupas mais normais dando-lhes um jeito ou um toque, não hesite: surpreenda os seus alunos e os seus colegas professores. Ensino arejado e professores avant-garde é o que se precisa. :))
Um beijinho e que venha ela, a Primavera!
Helena, olá!
ResponderEliminarEla é um exemplo de muitas coisas: de como uma mulher da moda pode ser também uma boa empresária, de como os estilos podem evoluir de forma muito consistente, de como a irreverência não é sinónimo de cabecinha fraca, de como os sinais do tempo não retiram a jovialidade, etc, etc.
Quanto ao 'gato' que vive com ela há já algum tempo e que colabora nas produções pois é mestre do mesmo ofício, foi aluno dela, é mesmo um gato e, do que tenho visto, é danado para a brincadeira. E giro... Eu, que gosto de homens morenos com ar de malandros, acho-lhe um piadão.
Quanto à nudez dela, exposta tão naturalmente, com tanta alegria e frontalidade, é um exemplo de como é bom viver com o corpo que se tem.
E o que diz, das fotografias, é muito verdade. Eu, que gosto tanto de fotografar, sei bem como as fotografias têm a ver com o que queremos ver e com o que os fotografados querem mostrar.
A mim quase ninguém me tira fotografias pois sou eu que fotografo. Mas a Helena não pode queixar-se, tem fotografias lindas. Apanham-na sempre luminosa, radiante. Está certo que isso é seu mas podiam não conseguir captar e a verdade é que as fotografias que vejo suas são sempre muito felizes. E quando uma pessoa sorri, ar tranquilo e feliz, com jovialidade no olhar e no sorriso, a gente nem se lembra da idade. A idade deixa de ser um peso para ser qualquer coisa de irrelevante. Eu acho isso.
E, talvez justamente por isso, tenha achado o máximo a Vivienne Ter posado desta forma, descontraída e feliz.
Um abraço, Helena!
Olá Isabel,
ResponderEliminarEla tem vestidos lindos... Vestíveis ou não, são lindos. Mas foi ao ler este seu comentário que me lembrei de arranjar o desfile com a colecção dela para esta primavera/verão que já coloquei num post.
Eu, quando vejo isto, fico com vontade sabe de quê? De comprar uma máquina de costura e começar a fazer alguns modelos para mim. Simples, vestíveis, mas com alguma graça, um toque meu. E, se tivesse jeito, a fazer para a minha filha, para a minha neta. Quem sabe se ainda não me venho a tornar a próxima Vivienne Westwood? De maluca já eu tenho um bocado... :))
Um beijinho, Isabel!
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarConcordo com o que diz dela. São pessoas assim, 'fora da caixa', incomuns, capazes de fazer diferente, que ficam para a história. Pessoas muito certinhas, muito convencionais, não deixam grande rasto.
Para si, que é tão habilidosa, não deve ser difícil fazer trabalhos de costura, não?
A minha mãe ajeita-se imenso. Fez muitos vestidos para a minha filha quando ela era pequena. E faz muitos arranjos. Mas agora dedica-se mais ao tricot. Faz casaquinhos para os bisnetos e não dá mãos a medir. Faz também mantinhas para as camas deles e ficam muito bem.
A sua sorte em poder aproveitar o sol e sair a fotografar. Eu saio de manhã cedo e durante todo o dia, até à noite, não respiro ar da rua. Entre garagens e escritórios e parque de estacionamento subterrâneos ando no mínimo 12 horas do dia a respira ar condicionado e a ver o sol pela janela. Por isso, que sorte a sua!
Um beijinho!