sexta-feira, novembro 02, 2012

Lídia, a mulher que era triste e que agora se descobre uma mulher bem diferente, tem a sua primeira noite de amor (e faz de Paulo um homem muito feliz) - The End





O coração de Lídia quase saltava do peito. Mesmo que lhe ocorresse tentar controlar-se não o conseguiria. Enervada, enervada. Mas, apesar disso, uma determinação inesperada batia mais forte. Não recuar, não recuar, pensava surdamente. O que fazer, como fazer, seriam perguntas a que, se as formulasse, não saberia responder. Reparou que Paulo também não estava tranquilo como habitualmente. Não conseguia abrir a porta do quarto, virava o cartão em todas as direcções e a porta não abria. Depois respirou fundo, endireitou-se, e tentou de novo. A porta abriu-se mas ele não se riu como se teria rido noutras circunstâncias.

Lídia pensou vagamente que não devia fazer sexo inseguro mas não conseguiu pensar muito mais do que isto. Não saberia como o evitar, não estava prevenida para nada. Sentia-se a tremer e já nem se lembrava da dor nos pés. Paulo disse, Se quiser, pode descalçar-se. E dê-me o casaco que eu penduro aqui no roupeiro. Lídia tremia, não disse nada, não se descalçou e quase não conseguia despir o casaco. 

Paulo disse, Quer aqui vir ver a vista do quarto? 




Lídia foi mas sem acção, É bonita, disse sem qualquer convicção e só pensava E agora? E agora o que faço? Que medo, que nervos.

Paulo perguntou-lhe, Quer que ligue a televisão?, mas sabia lá ela se queria, se não. Encolheu os ombros. Paulo ligou a televisão.

Depois durante um instante os seu olhares cruzaram-se mas logo o desviaram. Lídia pensou, Se não fosse a vergonha de fazer figura de parva, ia-me já embora. 

O quarto era pequeno e estavam os dois de pé, notoriamente atrapalhados, desconfortáveis.

Paulo disse, O quarto é pequeno, se houvesse uns sofás, eu dizia para a gente se sentar, assim só posso oferecer a cama. Mas Lídia continuou de pé. Depois pensou, Mas que situação mais ridícula, aqui de pé, especada no meio do quarto. Paulo tinha-se sentado na cama, de lado. Permaneciam em silêncio. Depois, sentindo que não seria possível prolongar por muito tempo a situação, Lídia também se sentou mas do lado contrário. E ali ficou, de lado, a olhar para o chão. Até que, olhando num relance para Paulo, lhe deu vontade de rir. Que situação, que figura. Talvez fosse dos nervos, um escape, qualquer coisa; o certo é que nem se reconhecia na incontrolável vontade de rir. Ria, ria. Paulo também se desatou a rir e, às tantas, já riam os dois à gargalhada, Lídia chorando de riso como nunca antes lhe tinha acontecido. E, então, Paulo aproximou-se e abraçou-a e, como se nem mais nem menos, beijaram-se.

Depois Paulo baixou-se e disse, Vou tirar-lhe os sapatos, vou pôr água a correr na casa de banho, senta-se na beira da banheira e põe os pés de molho que eu a seguir dou-lhe uma massagem nos pés. Pode ser? Lídia pensou, Se me sento com os pés dentro de água, na banheira, vou ficar com as calças encharcadas e então disse, Já agora tire-me também as calças.

Paulo quase caíu para trás. Sério...!?, perguntou, duvidando do que tinha ouvido. Lídia disse, As calças são justas em baixo, não dá para as pôr para cima, se me ponho de calças na banheira, molho-os todas. Paulo riu, É o sentido prático das mulheres… Mas eu tiro-lhe as calças com todo o gosto. Baixou-se e tirou-lhe os sapatos. Lídia pensou que ia ficar ridícula sem calças e de meias pelo joelho e, por isso, disse, Tire-me também já as meias. Paulo obedeceu.

Lídia, então, levantou-se e deixou que Paulo lhe tirasse as calças. E pensou, Felizmente comprei lingerie de jeito antes de vir. Quando a viu, Paulo quase ficou fulminado. As pernas de Lídia eram bonitas e as cuecas eram inesperadas, muito cavadas, de seda muito fina, cor de pele, debruadas a renda um pouco mais escura. Paulo quase instintivamente ia tocar mas Lídia não o deixou, Não senhor, não permito tais ousadias a um massagista e, alguém de fora que a visse, não a reconheceria, decidida e maliciosa. Foram então para a casa de banho.

Lídia disse então, Não sei, parece que me estou a sentir desenquadrada, assim despida. Vou fazer uma coisa. Descalce-se também. Paulo obedeceu. As meias também. Paulo obedeceu. Depois Lídia desabotoou-lhe o botão das calças. Paulo estava quase em ponto de rebuçado. Lídia lentamente pôs-lhe as calças para baixo. Paulo nem se mexia. Na verdade, quase nem respirava. Lídia disse, Tem que ajudar, levante um pé, agora o outro. E Paulo ficou assim, também sem calças, o desejo exposto. Lídia, se parasse para pensar, não se reconheceria. Mas pensar era coisa de que ela não iria ser capaz naquele momento.

Sentaram-se, então, os dois na borda da banheira, os pés lá dentro, sentindo a água quente que corria. Que bom, que bom...  E ficaram assim, por um momento, em silêncio.

Mas depois Lídia disse, Há uma coisa, Paulo.

Paulo sorriu, Sim... diga, estou preparado para tudo.

Mas Lídia atalhou, Não, não é mais nenhuma revelação. Não é isso. É que, se vai acontecer alguma coisa, acho que deveríamos ter cuidados...

Paulo abraçou-a, brincando, Oh minha senhora, esteja descansada, está tudo previsto...

Lídia ficou surpreendida, aborrecida, Mas então já veio para cá a pensar nisto...? Já estava a contar com isto?! É muito convencimento da sua parte. Ou isso não tem a ver comigo? Anda sempre prevenido para o que der e vier?

Paulo foi muito directo, Não Lídia, não ando sempre prevenido, não ando por aí à caça. Mas é verdade que admiti que, aqui, poderia acontecer qualquer coisa. Somos adultos, livres, gostamos um do outro.  Não tem mal, é normal, é saudável. O sexo é uma coisa boa, faz parte da vida, não é pecado, não deve ser encarado com culpa. Eu quero, Lídia. A si não lhe apetece?

Depois abraçou-a. Lídia suspirou. Depois disse, Vou fazer uma coisa que há muito tempo ando com vontade de fazer. Desabotoou-lhe, então, a camisa e com as duas mãos sentiu a pele de Paulo, o peito peludo, o tronco, mexeu, sentiu, acariciou. Paulo estava imóvel, deixava que ela fizesse o que queria, quase em transe com as inesperadas carícias. Lídia nunca tinha experimentado uma sensação tão boa. A pele quente de Paulo, o corpo tão desejado de Paulo. Depois, olhando-o nos olhos, disse-lhe, E eu? Não tenho direito a nada…? Paulo nem percebeu. Lídia esclareceu, Quero eu dizer: não tenho direito ao mesmo tratamento? Paulo apressou-se, Claro! e, desajeitadamente, tirou-lhe a blusa. E ficou quase de boca aberta, de olhos fixos, sem pestanejar. Lídia tinha um soutien igual às cuecas, um soutien gorge, muito decotado, muito sensual. Parecia estar quase sem lingerie, não fora a renda ligeiramente mais escura que debruava as pequenas peças. Tão bonita, Lídia, tão bonita…

Lídia sentiu-se desejada e isso ainda ateou mais o desejo nela. Numa fracção de segundo passou-lhe pela cabeça o que a sua amiga Mary costumava dizer na brincadeira, que umas gotinhas de Chanel nº 5 vinham sempre a calhar. Devia ter pensado nisso. Mas, agora, paciência, logo compraria no aeroporto.

Quando saíram da casa de banho a caminho do quarto, Lídia disse, Já anoiteceu. E foi até à janela. Andando pelo quarto apenas em lingerie, sentia-se livre, sensual, sentia-se desejada. Olhou a rua. 




Numa curva da rua, um andar iluminado de azul, uma festa, gente animada.  Chovia. E o som suave da chuva, as luzes que iluminavam a noite, tudo, tudo convidava ao aconchego, à proximidade, ao abraço quente e bom, ao calor dos corpos que se querem. 

Lídia deixou-se ficar assim, quase nua, à janela. Paulo estava quase sem reacção, tão bela e desejável a via, recortada contra a janela, impúdica, imprevisível, outra.

Depois virou-se, feminina, sedutora, e perguntou-lhe, Posso despir-me ou ainda me quer ver mais um pouco? e o sorriso era de pura malícia. 

Paulo sorriu vagamente, rendido, seduzido. Não, não dispa ainda, deixe-me ver melhor. Vire-se. E Lídia virou-se, sensual, provocante. Depois, passado um pouco, disse, Agora já chega, e, então, lentamente, começou a despir uma alça, outra alça, devagar, e depois, uma perna, e depois, muito, muito lentamente, outra perna e os movimentos eram quase felinos, provocantes. E ficou nua, disponível, olhando um Paulo extasiado, e o olhar dos dois era de desejo, puro desejo. A seguir disse, e a voz era quase um sussurro, rouco e quente, Então prepare-se para eu ver como é, que de futuro faço eu. Paulo, quase tímido, obedeceu. Lídia disse, Agora deite-se, Paulo. E Paulo deitou-se.




E, então, Lídia sentou-se em cima dele e, com cuidado, com deleite, inaugurou o prazer de ser mulher.

Depois abraçaram-se, beijaram-se, felizes, saciados, e o carinho era tanto, mas tanto, que os olhos de Lídia estavam molhados mas as lágrimas eram lágrimas de felicidade e Paulo disse-lhe, Que amor tão grande que eu sinto, Lídia, há tanto tempo que eu não me sentia assim, Lídia, gosto tanto de si, tanto, tanto. 




E Lídia, abraçou-o ainda mais, enlaçada nele, com vontade de partilhar a mesma pele, com vontade de lhe beijar o coração, E eu nunca antes tinha sido tão feliz, Paulo, meu amor mais querido. 


FIM


*
Chega assim ao fim a minha história de Lídia, a mulher que era tão triste e que, aos poucos, foi aprendendo a viver.

Começa agora a história de Lídia e Paulo. Se eles fossem de verdade, desejar-lhes ia toda a sorte do mundo. Assim, desejo apenas que permaneçam algum tempo na memória de quem, aqui, os conheceu.

Gostava muito que esta  história servisse para iluminar um pouco a vida de alguém. Ou, pelo menos, o dia de alguém. Ou, pelo menos, este momento do dia de alguém.

*

A música é de Chopin, Nocturnos 20 e 2, e é interpretada por Adam Harasiewicz.

Relembro que, caso queiram ler a história desde o início, deverão procurar nas etiquetas aí ao lado direito, lá mais para baixo, 'Lídia, uma mulher muito triste'

*

E a vocês, meus Caros Leitores, desejo que também festejem a vida e o amor e que procurem conquistar momentos que fiquem, para sempre, gravados no vosso coração.

Tenham uma bela sexta feira!

20 comentários:

  1. Boa noite, bom dia,
    Ainda ando por aqui, e vi entrar o último episódio da Lídia. E antes de me deitar não resisti a lê-lo. Lindíssimo...
    Parabéns UJM por esta linda história de amor...contada com tanta delicadeza e sensibilidade.
    Uma boa noite para si e já agora um bonito sonho cor de rosa para todos nós!
    Um grande beijinho
    ME

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  2. Gostei do fim da história, num cenário tão bonito.
    Era bom que todas pudessem acabar assim.
    Um beijinho e uma boa noite.

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  3. Amiga:
    Esperemos que sejam "felizes para sempre", como nas histórias.
    Achei uma maravilha a transformação de Lídia. A verdade, é que às vezes, a pessoa mais tímida, se transforma numa sedutora. Se calhar, se Lídia fosse mais experiente, não teria tido uma atitude tão desinibida. Gostei muito deste inicio de amor.
    Quem se segue?
    Ó Amiga conte mais histórias de amor! Desde que não entrem coelhinhos, anibeis e cavacas, relva. Por acaso, a relva dava jeito para um cenário de amor, mas não para personagem.
    Felicidades Lídia. Não te esqueças do Chanel.
    Abraço Amiga.
    Mary

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  4. Olá,

    Que a Jeitinho é hábil com as palavras, já todos sabemos. Que é dona de uma sensibilidade notável, também!

    Ainda assim, devo dizer-lhe que achei admirável a delicadeza com que tratou o tema.

    E o sentido de humor, nada melhor do que umas boas gargalhadas para afastar o nervosismo!

    O seu desejo cumpriu-se: a sua história iluminou mesmo a minha vida!

    Um abraço,

    Antonieta

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  5. Amiga,
    Há algum tempo que não comento os seus posts, umas vezes por falta de tempo, últimamente por ter tido um problema com o PC.
    Hoje, em final da sua história de Lídia, não quero deixar de lhe dizer que adorei o fim romântico que lhe deu.
    Enquadrado no panorama da maravilhosa viagem que recentemente fez, o fim não podia ser melhor.
    É pena que a realidade, na maioria das vezes, não seja assim tão risonha como foi a de Lídia, mas aqui foi bom que tal tenha acontecido...fez-nos sonhar e isso é maravilhoso!
    Quero agradecer-lhe também, pela maneira maravilhosa que connosco partilhou a sua viagem a Amesterdão. As fotos, a descrição, os pormenores...tudo transmitido com a magia das palavras com que há muito nos habituou.
    Obrigada Amiga.
    Um grande abraço.
    MCP

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  6. Lindo!

    Estava expectante em relação ao final desta história e à forma como iria narrar a entrada deste par na casa do amor. Não digo que superou as minhas expectativas, porque já deu provas de qualidade de escrita, digo apenas que gostei muito, foi gentil, bem-humorada e sedutora.
    Os textos eróticos ou sobre a partilha dos corpos são dos mais difíceis, creio, por isso tantos roçam a vulgaridade ou até o mau gosto. O seu texto consegue o mais difícil, a extrema delicadeza, aliada à clareza e à originalidade. A quem lembraria que uma langerie da cor da pele (bege?) poderia ser sedutora? Chanel nº5? Não é o meu perfume, mas que a sugestão transforma definitivamente Lídia numa mulher pronta para os jogos do amor, da vida, é inegável.

    Um abraço

    P.S. Aguarda-se um novo conto!

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  7. "Old man sunshine, listen you
    Never tell me dreams come true
    Just try it and I'll start a riot

    Beatrice Fairfax, don't you dare
    Ever tell me he will care
    I'm certain it's the final curtain

    I never want to hear from any cheerful Pollyannas
    Who tell you fate supplies a mate
    It's all bananas

    They're writing songs of love, but not for me
    A lucky star's above, but not for me
    With love to lead the way, I've found more skies of gray
    Than any Russian play could guarantee

    It all began so well, but what an end
    This is the time a fellah needs a friend
    Love ain't done right by now, however
    What the hell, I guess he's not for me

    I was a fool to fall and get that way
    I should have known the price I'd have to pay
    Although I can't dismiss the memory of his kiss
    I guess he's not for me"


    BUT NOT FOR ME
    do musical da Broadway "Girl Crazy" (1930)
    Musica de George Gershwin / Letra de Ira Gershwin

    ;)

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  8. Para a Amiga e para Margarida:
    http://youtu.be/JamLxPjXMpE.
    É linda cantada por Sarah Vaughan.
    Adoro esta canção.
    Mary

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  9. Olá Maria Eduardo,

    Ontem à noite ainda li (e publiquei) o seu comentário mas já era tão tarde que já não consegui reunir a energia para responder. Mas aqui estou agora.

    Gostei muito de escrever o final desta história. Não podia ser de outra forma. A Lídia (e todas as mulheres nestas circunstâncias - e são tantas) merecem que a vida lhes proporcione a possibilidade de serem felizes.

    E eu sou uma optimista. Luto por aquilo que quero e, por isso, luto (nem que seja escrevendo histórias) em nome de todas ou todos aqueles que têm vidas difíceis, de cansaço absorvente e que, por isso, não encontram espaço para si próprias.

    E acredito também que as grandes oportunidades estão nas pequenas coisas. Nos pequenos gestos, nas palvras simples, reside muitas vezes o segredo que abre a porta de uma vida diferente.

    Muito lhe agradeço a sua companhia pois, enquanto estou a escrever, sinto a companhia de quem está aí, desse lado.

    E fico contente quando vejo que o que escrevi merece o agrado de quem me lê.

    Um beijinho para si também, Maria Eduardo.

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  10. Olá Isabel,

    Tal como eu escrevi, eu acabei de escrever a história mas, para os dois personagens, Lídia e Paulo, a história começa agora e tomara que consigam preservar o bom entendimento.

    Quando acabo de escrever uma história fico com pena de abandonar os personagens. Apetece-me continuar com elas. Hoje, na minha cabeça, já estava a imaginar o casamento deles, a vontade de terem um filho apesar da idade, a ideia de adoptarem uma criança. E por aí fora... Mas forço-me a parar. A vida agora é deles, não posso continuar por perto.

    Eu acredito em vidas felizes mas, para mim, as vidas felizes não são as vidas sumptuosas, não é a rapariga pobre que casa com milionário, etc. Não, para mim vidas felizes são vidas em que há esperança, em que há projectos, em que há motivação, em que há afecto. E isso são coisas que não são assim tão impossíveis de obter, um bocadinho de cada vez.

    Um beijinho, Isabel, e uma boa noite para si também.

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  11. Olá Mary,

    Agora a Mary já é também uma personagem das minhas histórias: é a amiga de Lídia, uma amiga animada, positiva, divertida, com grande conhecimento da arte de ser mulher.

    Talvez a Lídia, que tanto tem sofrido, abrace agora com força e carinho esta oportunidade que a vida lhe proporcionou e talvez o Paulo, homem vivido, com grande conhecimento da vida, trate com carinho e delicadeza a mulher sensível que o destino colocou no seu caminho.

    Por isso, acho que vão ser felizes. Têm a maturidade suficiente para se unirem nos momentos difíceis e para desvalorizar os arrufos que, certamente, enfrentarão.

    Vamos ver se um dia destes me nasce outra história. Isto não sai quando se quer (pelo menos, comigo não sai), aparece sozinho sem eu saber como aparece. Mas gosto muito quando isso acontece. Nessas alturas, a vontade de escrever move-me.

    Obrigada pelas suas palavras que me deram ideias para os textos e obrigada pela sua companhia.

    Um abraço de amizade, Mary.

    PS: Gostei muito do seu texto de hoje lá no seu Alcatruzes da Roda.

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  12. Olá Antonieta,

    Gosto de me rir e encaro grande parte da vida com sentido de humor. Por isso, é natural que, depois de ter lutado tanto comigo mesmo ao escrever sobre a fase difícil da vida de Lídia, agora, ao ver que as coisas se estavam a encarreirar, tenha havido, mesmo em mim, uma descompressão.

    E, ao escrever, parecia que era eu mesma que estava ali, e aquelas hesitações, aquela vergonha, tudo aquilo me começou a dar vontade de rir.

    E, tendo havido a descompressão através de umas boas gargalhadas, foi como se a mulher que viveu subjugada e amedrontada uma vida inteira se tivesse libertado e tivesse deixado que a sua sensualidade viesse à superfície.

    Deu-me muito gosto escrever este final. Claro que tinha receio de ser ou muito explícita, o que poderia resvalar para o vulgar ou, então,'lamechas'. Mas depois limitei-me a escrever o que acho que seria normal que acontecesse.

    Fico contente que tenha gostado e que as minhas palavras tenham levado alguma luz a um dia como o de hoje, cinzento, tão escuro.

    Um beijinho, Antonieta, e muito obrigada pelas suas palavras.

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  13. Olá MCP,

    Deve ter havido telepatia. Tenho estranhado a sua ausência e, quando isso acontece, fico sempre com algum receio que haja alguma coisa, uma doença, algum problema. Hoje tinha pensado que agora à noite irei escrever-lhe um mail a perguntar se estava tudo bem consigo. Por isso, foi com muita alegria que aqui a vi por hoje.

    Isto é um bocado disparatado da minha parte pois cada um faz o que quer e ninguém tem que vir aqui escrever comentários. Mas, ao passo que quem me lê, vai vendo que estou viva, de saúde, escrevendo, eu, que estou aqui deste lado, não sei nada de quem está aí. Quando são pessoas que também têm blogues, eu vou vendo se está tudo ok e fico contente. Também há pessoas que não têm blogues mas que eu sei que escrevem comentários de forma aleatória e, por isso, se não escrevem, não estranho.

    O pior mesmo é quando não tenho qualquer contacto, nem mail, nem nada. Aí, se não tenho notícias, fico apreensiva, com receio que tenha havido qualquer coisa.

    Enfim...

    Seja como for, fiquei muito contente de saber de si e fiquei também contente que tenha gostado do que escrevi.

    Nunca sabemos se não vamos além do que se deve ou se, pelo contrário, a coisa não fica pãozinho sem sal.

    Muito obrigada pelas suas palavras e receba também, MCP, um grande abraço.

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  14. Olá Leitora de A Matéria dos Livros,

    Sabendo-a uma leitora exigente, as suas palavras sabem-me bem.

    Meto-me nestas empreitadas assim, sem rede, sem recuo nem distância, vou escrevendo no dia a dia, nunca sabendo, quando acabo o texto desse dia, que continuação lhe irei dar na vez seguinte. E, quando acabo de escrever, lá vai disto... publico.

    Desta vez, por mais do que uma vez, pensei que a história podia ficar por ali e, afinal, no dia seguinte, não descansava enquanto não lhe dava continuidade.

    Claro que ontem, quando comecei a escrever, podia admitir que a 'coisa' já se tinha consumado e partir para o day after. Mas apeteceu-me descrever a noite, apeteceu-me imprimir um twist na maneira de agir de Lídia. Sabe que gosto de mulheres fortes, que não precisam de ser conduzidas. Por isso, pareceu-me que, desaparecendo as inseguranças e os medos, Lídia poderia revelar-se (até perante ela própria) uma mulher diferente.

    Quanto à lingerie, Leitora, tal como em tudo na vida, a diferença está nos pormenores. Não fique a pensar em lingerie bege, daquela opaca, básica. Não senhora... essa, dou-lhe toda a razão, não é nada sexy. A lingerie que Lídia usava, tal como a narradora a imagina, é cor de pele o que, numa pessoa clara, será um tom de pêssego claro e, numa morena, um ligeiro tom de café com leite. Mas agora imagine isto num tecido acetinado, muito fino, um toque de macieza. O chamado tom 'nude'. Agora imagine isto em muito decotado e com uma larga renda de um tom ligeiramente acima a debruar. Fica sexy, pode crer.

    Deixo-lhe aqui um link para uma lingerie no dito tom nude, embora o modelo não tenha renda mas pontos brilhantes:

    http://www.victoriassecret.com/bras/new-angel-fantasies/angel-fantasies-push-up-bra-angels-by-victorias-secret?ProductID=85358&CatalogueType=OLS

    Quanto ao Chanel nº 5, bastam umas gotas estrategicamente colocadas. É um perfume envolvente, a um tempo suave e quente. Não é para todos os dias (a menos que todos os dias se pretendam dias de festa) - até porque é caro, como são todos os perfumes Chanel (Chanel e todos os das mesma gama).

    Quanto a novos contos, espero que sim, que um dia destes me apareça uma nova personagem. Gosto muito de ser guiada pela escrita. Mas, a julgar pelas vezes anteriores, ainda deve demorar. Mas não sei, não é voluntário.

    Finalmente, muito obrigada. As suas palavras são sempre um importante estímulo.

    Um beijinho e boas leituras, feitas de águas morrentes ou simplesmente belas!

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  15. Olá Margarida,

    Sei que o que vou dizer é de difícil aceitação por quem tem um blogue cujo título é o 'Destino marca a hora'.

    Mas eu, que sou uma voluntarista e uma optimista, custa-me perceber que alguém diga ou pense de uma coisa boa que 'não é para mim'.

    A vida de Lídia é uma vida muito real. O destino que eu lhe arranjei é um destino muito exequível, muito provável. Eu, pelo menos, acho que sim.

    Uma pessoa pode deixar-se submergir pelas circunstâncias, deixar-se esgotar, ficar sem espaço na sua vida para si próprio (porque ser-se a si próprio requer disponibilidade) ou pode tentar obter ajuda e, obtendo-a, consegue respirar e, respirando, pode viver.

    E, vivendo, pode arranjar espaço na sua vida, para uma companhia, um afecto.

    Foi este o percurso que eu desenhei para Lídia e, tal como o imaginei, é um percurso que vai fazê-la feliz e realizada. Paulo não é um príncipe, não é perfeito, tem defeitos, veio de um casamento falhado, tem um percurso complexo mas acabou por se revelar o homem certo para ela.

    Mas para que um percurso de felicidade se desenhe tem sempre que haver disponibilidade para ele.

    No caso que me é muito próximo, sei, por experiência própria, que as coisas só começaram a melhorar e a entrar, de novo, na normalidade, com ajuda. Antes de se ter essa ajuda, a vida para a pessoa que tratava do doente era um sufoco, uma dependência enorme, esgotante, que lhe tirava ânimo, alegria e, até, em dias de maior cansaço, algum discernimento. De tal forma que não queria ajuda, achava que não ia funcionar, que não resultaria, que não queria ninguém lá em casa, etc. Foi preciso muita insistência minha para conseguir que aceitasse ajuda.

    Agora,felizmente, tudo melhorou para ambos, doente e cuidadora. Há sempre esperança mesmo quando parece que já não há motivos para haver.

    Por isso, Margarida, veja lá se descobre uma música que contenha uma mensagem mais animada.

    Mas, de qualquer forma, apesar de tudo essa canção é linda...

    Um abraço, inspirada Margarida (que imagens fantásticas que consegue desencantar para cada situação e que oportuna que é sempre no que escreve ou refere)!

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  16. Mary, de novo,

    Linda a interpretação da Sarah Vaughan, linda e sentida. Mas triste.

    Eu ontem estava com vontade de colocar como pano de fundo o What a Wonderful World. Acabei por colocar uma música menos óbvia, os nocturnos de Chopin, para ser um fundo suave e mais neutro, mais romântico.

    Mas gostava que quem lesse a história de Lídia pensasse que a si também lhe pode acontecer uma reviravolta, que a vida vire para melhor, para uma maior tranquilidade, paz de espírito, romance, afecto - e não que isso não é para si.

    Mas isto, se calhar, sou eu que sou muito optimista...

    Um beijinho, Mary.

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  17. Querida UJM

    Que final primoroso! Foi uma delícia ver esta Lídia, uma mulher normal, com reacções normais,a reagir perante a sua primeira noite de amor de forma tão natural e, para mais, tomando ela a iniciativa. Todo este caminho percorrido valeu a pena.

    Adorei tudo, as imagens que foram evoluindo até chegar à imagem tranquila e linda dos últimos posts. Escolheu muito bem os dois actores, nossos conhecidos, de modo que nos ficou na memória esta Lídia e este Paulo que se revelou um homem às direitas.

    A música, a música foi uma companhia constante, como sempre no UJM, com excelentes escolhas e sempre a propósito.

    O desenvolvimento psicológico foi de mestre.

    Dou-lhe os meus parabéns.

    Um bom fim de semana.

    Beijinhos

    Olinda

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  18. Amigona, Parabéns!
    Partilhámos a vida de Lídia de um modo tão real como se fosse o trajeto da nossa melhor amiga e a quem Paulo, de um modo leal e verdadeiro, ajudou a descobrir uma vida em pleno; por toda a dedicação que, além de lhe encher a alma, lhe mostrou como a vida pode ser bem vivida com a ajuda de um verdadeiro amor.
    Queremos mais porque as suas narrações nos agarram e, ao lê-la, também vivemos as emoções de cada instante dos personagens.
    Grande beijinho

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  19. Olá Olinda,

    Quando eu escrevo, as pessoas que invento passam a viver dentro de mim. Presumo que isto não aconteça com os escritores. Provavelmente conseguem guardar distanciamento.

    Eu não,nestas alturas, eu sou elas. Se a Lídia andava arrasada, eu acabava de escrever arrasada. Tinha que ficar aqui a respirar fundo, depois ia à cozinha beber um copo de leite e, mesmo assim, chegava à cama angustiada.

    Mas, à medida, que a Lídia se foi tratando, arranjando ajudas, contando com o afecto de Nita, de Paulo, fui escrevendo com uma maior alegria, acabava descontraída e, em Amesterdão, já eu escrevia com leveza, com vontade de irreverência, mais descontraída, perdendo os medos.

    Com com muita alegria, a rir em dada altura, que escrevi o último 'episódio'.

    E agora estou com saudades, com pena de não continuar a escrever sobre este casal tão simples e que está a entender-se tão bem. Mas fica por ali - e agora é com eles...

    Obrigada, Olinda, pela sua companhia e amizade.

    Um beijinho!

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  20. Olá Teresa-Teté,

    Em primeiro lugar espero que já esteja boa do dente que se foi...

    Em segundo lugar, quero agradecer as suas palavras. Cheguei ao fim desta história contente com a evolução na vida desta mulher, que vivia sufocada, sem tempo, sem paciência, sem alegria, sem qualquer tempo para si própria e que, por via do afecto e amparo (e, também, do tratamento médico), conseguiu reerguer-se e, não descurando o apoio à mãe dependente, começar a viver a sua vida.

    Imaginei-a todo este tempo e fico contente por 'vê-la' agora assim, decidida, bem disposta, carinhosa, recebendo amor de um homem tão bom como Paulo.´

    Por agora vou ficar em pousio. mas a ver se um dia destes me volta a inspiração.

    Obrigada, Teresa-Teté. Um beijinho!

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