Vítor Gaspar faz de conta que isto não é um falhanço colossal da política do Governo de Passos Coelho (mas é!!!!) e lança novo ataque brutal aos portugueses através de um 'enorme' aumento da carga fiscal: mais do que um roubo através dos impostos que aumentam de forma tresloucada, isto já é uma ameaça de devorar a nossa carne em vida. Será que vamos ficar como o búfalo que, passivamente, se deixa comer vivo? E outra pergunta: e agora Paulo Portas? Acha democrático e cristão o que está a ser feito aos portugueses (com a sua conivência)? - TEXTO REVISTO E AUMENTADO

O filme abaixo impressiona e não deve ser visto por pessoas mais sensíveis. O que se vê é uma imagem que pode vir a ser a nossa se consentirmos na continuação deste logro, desta governação ilegítima.

Algum dos membros do actual Governo foi eleito para fazer isto? Não, que eu saiba.

Por um qualquer misterioso motivo, nas últimas legislativas houve quem achasse que esta gente era a melhor alternativa e lhes desse o seu voto. Estes eleitores foram enganados. Quem elegeu esta tropa fandanga, não os elegeu para nada disto. Esta gente está a correr por conta própria.

É que nem o programa da troika eles estão a seguir, já que não cumprem o que estava previsto do lado da reforma do aparelho de Estado e, por outro, estão a ultrapassá-lo à bruta pelo lado da receita. E, claro, o que se poderia esperar deste disparate? Um tremendo desequilíbrio, claro!

Falham, falham sistematicamente. De cada vez que tomam uma decisão, tomam uma decisão errada. Estão a destruir o País a um ritmo assustador e irreversível. 

A conferência de imprensa de ontem às 3 da tarde de Vítor Gaspar poderia ser uma cena cómica. Tudo o que ele diz é ridículo, é absurdo, é disparatado, é de gargalhada. É mal fundamentado, incompleto, uma afronta e a conversa chega a ser infantilóide de tão mal articulada. 

Mas pior que tudo: todas as medidas anunciadas são tiros nos pés, no peito, na cabeça dos portugueses, é cavar uma vala comum para atirar lá para dentro os que forem sucumbindo.

Se o que ele anunciou for seguido, na prática o que vai acontecer é que o Governo vai secar a economia, vai retirar o dinheiro de circulação.

Ouvi ontem à noite Nicolau Santos na SIC N dizer que, no Expresso, fizeram as contas e que, no mínimo, vão ser retirados dez mil milhões de euros às famílias. Isto é uma coisa fatal para uma economia tão frágil como a portuguesa.

Ao pretender efectuar um brutal agravamento convergente de impostos (IRS, IMI, IRC, juros de depósitos, etc) o que vai acontecer, na prática, é que os rendimentos líquidos vão levar um corte tão brutal que a economia não vai conseguir resistir e, como num corpo moribundo, tudo vai começar a entrar em falência. Daí que o desemprego vá continuar a crescer - quando qualquer pessoa com dois dedos de cabeça deveria saber que um desemprego desta dimensão é explosivo quer do ponto de vista social, quer dos pontos de vista económico e financeiro. E é um drama humano, senhores!

Em toda a parte é a classe média e a classe média alta que mantêm a funcionar os motores da economia pois daí vem grande parte do dinheiro que paga o comércio, a restauração, que paga escolas privadas, que paga o turismo interno, que gera alguma poupança (que é indispensável ao sistema financeiro), etc. Ao despedaçar a classe média e média-alta, o grupelho Passos Coelho-Gaspar-Borges-Moedas-Portas-Relvas-e outros o que faz é paralisar a economia, é destruir Portugal. E como, ao mesmo tempo, vendem as empresas ao desbarato, não vai ficar pedra sobre pedra.

Em simultâneo aquele sujeito sinistro, o Gaspar-não-acerta-uma, que parece que está a gozar com a nossa cara tamanho é o desplante que demonstra, diz que, em cima disto, vai cortar ainda nas prestações sociais, na educação, na saúde e na segurança. Ou seja, primeiro mata e, a seguir, esfola. Sinistro, sinistro.

Sobre o IMI: vai disparar sem limites, são levantados os tectos que majoravam os aumentos. A factura vai ser insuportável.

Sobre o IRS: pagam-no os de sempre, os que não têm como fugir, os que trabalham por conta de outrem, porque as profissões liberais, ao que parece, continuam protegidas e, quem é rico a sério, já pôs o dinheiro a bom recato, em offshores, na Suiça, onde calhar.

No IRS, aqueles que conseguiram ascender a lugares melhores remunerados, vão receber menos de 35% do seu ordenado (entre os 11% da TSU, e o IRS que pode ir aos 54,5% - ao valor que já era escandaloso, soma-se agora a sobretaxa, mais o agravamento, mais a taxa de solidariedade - ou seja, chega-se a cerca de 65% de descontos, ou seja cerca de 8 meses a trabalhar para entregar aos desmandos do Passos Coelho e Gaspar, um roubo inaceitável). Se aos 8 meses que resultam directamente do IRS, somarmos o que resulta do IVA e do IMI, constataremos que praticamente andamos a trabalhar para nada. Claro que isto é para quem ganha mais porque, para os dos escalões intermédios, não será este esfaqueamento a sangue frio mas quase, até porque, em valores absolutos, ganham menos.

Na conferência de imprensa aquela criatura sinistra disse, com aquele palavreado entre o etéreo e o alucinado, que as coisas têm estado a correr bem ao Governo. Uma das bandeiras é a melhoria do rácio importações/exportações. E eu ouço alguns comentadores a irem atrás disto...! Que estupidez, senhores! Importa-se menos, sim, porque o consumo caíu brutalmente e porque os investimentos estão parados, ou seja, porque o País está à beira do colapso; e exporta-se mais, sim, mas uma parte disso é uma coisa extraordinária: é ouro! Ouro! As famílias estão a desfazer-se do seu ouro!

Isto, esta gente do Governo, não é gente de bem. Que não são inteligentes já o sabíamos, que não têm escrúpulos, também. Mas as falhas são ainda mais graves, parece também faltar-lhes um pingo que seja de patriotismo, de lealdade, de humanidade. 

Espero que os Deputados e o Presidente da República arranjem maneira de tirar de lá, urgentemente, esta gente na qual não se consegue descortinar moral, competência, carácter.

Quanto a Paulo Portas só espero que, quando o Governo for ao ar (porque vai... ah não tenhamos dúvidas que vai...!), tenha a decência de ficar fechado em casa para não corrermos o risco de nos cruzarmos na rua com uma criatura que parece que vende a alma ao diabo por pouca coisa, para ser ministro, mesmo que seja ministro de governos chefiados por gente muito pouco qualificada. Ou então, saia já! Saia e esfregue o programa do PSD na cara de Passos Coelho - e, de preferência, faça-o em directo na televisão (mas, se me permite o conselho, assoe-se antes).

Para nos atemorizarem, acena-se agora com a falta de alternativas. Dizem que, sem isto, não haveria nova tranche de dinheiro. Não sei se é mesmo assim ou se isto é conversa de cobardolas. O que sei é que há um ano e meio que lá estão e não têm feito outra coisa senão dar cabo do país. Agora é que vão nomear um grupo para ver não sei o quê. Só agora?! Que incompetência, que desleixo, senhores. Não fizeram nada do que deviam ter feito e onde se puseram a ter ideias próprias só fizeram asneira e da grossa. 

Há sempre alternativa. Há muitas alternativas. 

O que não há é nada a esperar de tamanhos incompetentes. 

Deixo para o fim um outro aspecto que me chocou, que, até, me enojou: a forma como aquele Gaspar, que anda a gozar connosco, disse que este anúncio de roubo era em nome da liberdade e do futuro e mais não sei o quê. O que eu gostava de escrever estas palavras mil vezes numa folha branca e, a seguir, amarrotá-la e enfiá-la pela goela abaixo daquele sujeito, para ver se ele nunca mais ousa dizê-las em vão...!

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Um dos aspectos mais dilacerantes deste filme é o facto de, no início, o búfalo estar de pé e, sentindo-se atacado, se deitar para se deixar estar sossegado, passivo, enquanto dois leões o devoram. Vê-mo-lo vivo, pacientemente aguardando que os outros se saciem. 

Assim estamos nós. Contudo, espero que por pouco tempo.

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Hoje estava com vontade de continuar a história de Lídia mas, face a mais este desvario do Governo de Passos Coelho, tive que sujar as mãos.

No entanto, caso vos apeteça espairecer um pouco, permito-me sugerir que visitem o meu Ginjal e Lisboa. Ao som de Corelli, as minhas palavras de hoje são de súplica e lamento, ou seja, na verdade também um pouco tristes, fazendo companhia a um belo poema de Alice Vieira.

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E é isto. Mas, apesar de tanta ameaça que paira sobre nós, desejo-vos um belo dia!