At last
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Os sábados eram dias de descanso para Nita pelo que disse logo que Lídia podia ir descansada. Ficou tão entusiasmada com o programa de Lídia que até parecia que era com ela. Vamos lá então escolher a toilette, tem que ir vestida para arrasar, e ria, maliciosa. Lídia, enervada, que ideia, não estou nada entusiasmada, ele tem é pena de mim ou, então, julga que se vai aproveitar do meu estado, eu devia era ter logo dito que não mas ele apanhou-me de surpresa, não consegui reagir, enervada, enervada que só visto. Nita riu-se, isso é que é mesmo razão para uma tal camada de nervos, coitado do homem a querer ser simpático e, no fim, uma destas, toda nervosa como se o pobre do homem lhe quisesse fazer algum mal. Oh senhora, descontraia-se. E, olhe, vamos lá mas é concentrar-nos na toilette.
Começou por sugerir túnicas coloridas, vestido floridos, tshirts estampadas, brincos alegres, mas, dado que Lídia nada tinha dentro desse género, acabaram por concordar que fosse, então, simples e sóbria, como se sente bem. Jeans, uma blusinha branca e nada mais. Depois, como Paulo dizia que por lá costumava esfriar, Lídia lembrou-se de ir à procura de um blusão de camurça que tinha comprado há muitos anos, ainda o pai era vivo, numa feira já nem se lembra bem onde, foi numa altura em que ainda davam alguns passeios ao fim de semana, o pai ia a ouvir relatos de futebol pelo caminho. Nita não estava muito convencida, quis que ela se arranjasse para ver como ficava e achou que não era roupa para ir passar o dia ao campo, ainda foi buscar umas blusas dela, uns colares extravagantes, tentou dar-lhe alguma vida. Mas Lídia não gostava de se ver com nada daquilo. Nita dizia-lhe, então, ao menos prenda o cabelo, senhora, com um travessão às cores, qualquer coisa que lhe dê cor. Mas Lídia já estava enervada por si, só a perspectiva de ir de carro sozinha com ele, de ir conhecer os pais dele, de se sentar à mesa com gente desconhecida, só isso já a inquietava, quanto mais ainda ir apalhaçada. Nita reagiu, apalhaçada, D. Lídia? Ora essa… Mas Lídia esclareceu que tinha dito aquilo sem ofensa, gostava de ver nas outras pessoas mas que nela não, parece que aqueles adornos e cores não tinham a ver com ela.
Os comprimidos faziam-na dormir mas, de tal forma estava ansiosa, nessa noite ainda acordou algumas vezes, agitada. Acordou cedíssimo. Limpou e lavou a mãe, deu-lhe o leite por uma palhinha, tentou que comesse alguma coisa mas não quis, estava toda trocada, não dizia coisa com coisa, estava aí um homem, acho que era o meu marido mas depois foi-se meter na cama contigo, uma pouca vergonha, vou fazer queixa à minha filha, e ela não insistiu, enervada, inquieta, sem paciência. Tomou banho, pôs um pouco de perfume na nuca, depois arrependeu-se: não fosse ele achar que ela se tinha esmerado, lavou o pescoço. Tentou comer mas mal conseguiu, a boca seca, sem apetite nenhum.
Olhou-se ao espelho, magra, triste, sem graça. Depois sentou-se numa cadeira da cozinha. Quem a visse diria que aguardava alguma má notícia. Mas aguardava apenas que fossem dez horas. Nita viu-a naquele estado, credo, que até a mim me mete nervos vê-la nesse estado, para que será isso? e esse cabelo todo escorrido, deixe-se estar aí que vou buscar o secador para ver se lhe dou algum volume, credo. E assim fez. Um pouco antes, Lídia saíu de casa. Nita disse, não saia, senhora… mas então vai pôr-se ali, plantada no meio da rua…? Não senhora, deixe-se ficar aí que ele já toca à porta ou já lhe liga. Mas ela não conseguia estar naquela ansiedade. Desceu, foi pôr-se numa ponta da rua.
Uns minutos depois chegou Paulo, encostou o carro. Lídia não se mexeu, paralisada, transida de medo. Paulo saíu do carro e abriu a porta do lado dela. Sem ser capaz de articular palavra, Lídia entrou.
Paulo sentou-se e arrancou. Quase sem olhar, disse, está bonita. Lídia sentiu-se corar e ainda mais se envergonhou por se saber tão estupidamente ruborizada. Quis dizer que não, que estava normal mas não conseguiu.
Nenhum dos dois falava. De vez em quando Paulo ainda tentava dizer qualquer coisa mas a conversa saía-lhe forçada e ele não insistia e ela não sabia o que dizer ou as palavras não lhe saíam a tempo de ser ainda oportuno responder.
Já perto de chegarem Paulo começou a falar como se falasse sozinho e dizia ali viviam os meus avós e a minha mãe, depois o meu pai foi trabalhar para uma fábrica de tijolos lá ao pé. Conheceram-se e casaram e ali têm vivido toda a vida. Raramente de lá saem, não têm vontade de conhecer o mundo. Vivem felizes, têm as reformas, têm a terra, têm lá a vida deles. Não é muito longe de Lisboa mas, para eles, é como se fosse no estrangeiro. Para os ver sempre fui eu que tive que lá ir. Às vezes vou com a minha filha. A minha mulher nunca queria vir. Há trabalhos que eles já têm alguma dificuldade e que ficam para mim. Também lá tenho um pedaço que sou eu que amanho. A casa é pequena e tem um anexo. Regra geral fazem a vida de dia no anexo. É lá que a minha mãe cozinha, é lá que passa a ferro, é lá que comem e vêem televisão. Só vão a casa para dormir. Num canto desse anexo coloquei uma divisória e fiz um quartinho para mim. É tudo muito simples, não se admire que aquilo é tudo campo, e é gente do campo, gente humilde, só estão bem a trabalhar.
Lídia não disse nada. Depois chegaram. Mal o carro parou, uma senhora saíu de casa e veio assomar ao quintal. Via-se que tinha arranjado o cabelo em casa, posto rolos. Via-se que a roupa não era a usual, uma blusinha por dentro de uma saia antiquada, um fio de ouro com uma medalhinha, uns brincos de ouro. Sorria, acolhedora. Beijou o filho e aproximou-se cerimoniosa de Lídia. Lídia beijou-a também e, ao beijar, sentiu-lhe a pele enrugada e tisnada e um cheiro a sabonete. Vieram-lhe à memória os sabonetes lux envoltos num papel que também cheirava bem. Depois apareceu um homem, um bocado curvado. Lídia pensou que devia ser de passar muito tempo à enxada. O homem cumprimentou-a calorosamente e disse mais logo já vai sair daqui com melhores cores, que estes ares são muito fortes, fazem bem às pessoas da cidade. À volta deles um cão saltava e Paulo fazia-lhe festas, o cão deitava-se no chão de patas para cima e Paulo afagava-lhe a barriga e o cão todo ele se ria, o rabo a dar, a dar.
Depois a mãe de Paulo disse, venha que lhe vou mostrar a casa e mostrou com orgulho as pequenas divisões, os móveis simples, a cama com colcha de renda branca às rosetas e umas almofadas de renda com uma fitinha de seda amarela, o sofá com rendas nos braços, a mesa com naperon de renda e ria-se, orgulhosa, fui eu que fiz tudo, tenho sempre que estar a fazer qualquer coisa. Paulo andava atrás de Lídia e Lídia reparava que ele estava contente e parecia achar normal a mãe estar a mostrar assim a casa.
Depois o pai de Paulo disse-lhe então porque não vais agora tu mostrar a propriedade? Paulo riu-se e deu uma palmada nas costas do pai, sim senhor proprietário, já vou. Mas olhe não se gabe muito de ser proprietário que quando vir a factura que o Gaspar lhe vai mandar até vai chorar. O pai riu-se, eu cá sei bem o que esse sacana precisava… Via-se a cumplicidade e carinho entre os dois, está bem, pai, sabemos todos, mas não diga que está aqui uma senhora…
E, então, lá foram os dois passear pelo terreno, o cão correndo à sua volta. Aqui são as batatas, aqui é um talhão de cebolas, aqui de alhos, ali é o feijão-verde que está armado, aqui o tomate de rama. Ia contente e, de vez em quando, baixava-se para arrancar umas ervas, para ajeitar uma ramo fora da guia. Depois eram as galinhas à solta e ele chamava-as e atirava uma mão cheia de milho. Depois ligou uma torneira para começar a regar as laranjeiras. Mangas arregaçadas, ali andava, braços possantes, homem de trabalho. Lídia andava em silêncio a seu lado e, progressivamente, ia sentindo uma paz imensa. Era como se tivesse sido transportada para um outro mundo. O ar era limpo, cheirava a campo, o chão era de terra e estava coberto de folhas douradas, havia um silêncio feliz, nada os poderia perturbar
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Songbird
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Paulo, então, parou, olhou-a nos olhos. Lídia sentiu-se estremecer. Então, o que acha? Está a gostar? Lídia fechou os olhos, deixou que a paz entrasse no seu corpo, depois abriu-os e olhou-o também de frente, Estou, isto é muito bonito. Paulo sorriu. Era capaz de viver o resto da minha vida num sítio assim, disse ela e nem parecia a sua voz. Paulo, então, aproximou-se. Ficou sério, olhava-a nos olhos, muito sério. O coração de Lídia sobressaltou-se, sentiu-se a tremer por dentro. Mas estranhamente também não desviou o olhar do dele. Paulo levantou o braço muito lentamente e, como se afagasse um bebé, com mil cuidados, fez-lhe uma festa no rosto. Lídia continuava a olhá-lo, e sentia-se apaziguada, inundada de doçura. E de desejo. Depois fechou os olhos.
Não pensou em nada mas, se pensasse, seria para se perguntar dentro de si própria, será isto a felicidade...? mas sabia que sim, que era isto a felicidade.
Não pensou em nada mas, se pensasse, seria para se perguntar dentro de si própria, será isto a felicidade...? mas sabia que sim, que era isto a felicidade.
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A cantora é Eva Cassidy.
As fotografias de hoje mostram Kristin Scott Thomas e Harrison Ford no filme Random Hearts.
Relembro que caso vos apeteça ler a história desde o primeiro dia, poderão procurar 'Lídia - a mulher triste' nas etiquetas aí do lado direito, lá mais para baixo.
Não sei se a história acaba aqui. Neste momento apetece-me continuar pois quero, eu própria, ver como vai isto evoluir especialmente num certo momento. Mas também pode acontecer que fique por aqui para não correr o risco de alguma coisa de menos bom lhes acontecer. Não sei. Logo se vê.
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Hoje já escrevi aqui um outro post. Podem ver já aqui abaixo o que se me oferece dizer do fantástico Rosalino, o Secretário de Estado da Administração Pública que anda sempre com (os poucos) cabelos em pé.
E, claro, se depois disto tudo ainda tiverem paciência para continuar na minha companhia, hoje no meu outro blogue, o Ginjal e Lisboa, as minhas palavras voam calientes em volta de um poema de Casimiro de Brito. É que, meus caros, sou apologista de que é bom Amar a Vida Inteira. A música é Bacanal de Saint-Saëns.
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E agora é que já chega, não é? Desejo-vos, meus Caros Leitores, uma beleza de dia!
PS: à hora a que estou a acabar isto, cerca da 1:30m da manhã, parece que o (des) governo ainda está reunido. Cá para mim, andam todos à estalada uns aos outros como venho prevendo há algum tempo. Ou então os do PSD amarraram e amordaçaram o Paulo Portas. Ou então a Cristas anda a rebolar no tapete com a Teixeira da Cruz a arrepelarem os cabelos um da outra. Ou então o Relvas está a dormir porque não percebe nada do que estão para ali a dizer e, a esta hora, já não tem a quem telefonar. Ou então o Álvaro está a atafulhar-se em pastéis de nata antes que o recambiem para o Canadá. Ou então o Passos Coelho surtou e está a cantar ópera como se não houvesse amanhã. Ou, então, o chefe do Nini, o Gaspar, deixou-se dormir a agora ninguém sabe mexer naquela folha de cálculo que já está mais que quitada. Ou então o Cavaco foi lá, fechou-os à chave e engoliu a chave como se fosse um bolo rei. De manhã saberemos.
Amiga:
ResponderEliminarNão pare a história de Lídia. Está tudo a correr tão bem!
Nas histórias antigas, o fim era: E foram felizes para sempre. Ambas sabemos que nunca ninguém é feliz para sempre, nem sempre. Mas há dias felizes, horas felizes. A Lídia merece isso.
Abraço grande
Mary
Olá Mary,
ResponderEliminarAntes acabava de escrever a história de Lídia e estava angustiada. Saía daqui, do computador, e, antes de ir dormir, ia beber um copo de leite morno para ver se a ansiedade ia para baixo.
Agora é o contrário, acabo e estou é com vontade de escrever mais, estou na pele de Lídia e parece que estou a descobrir o mundo e o amor.
Mas pode uma mulher com quarenta e tal anos, quase cinquenta, sempre inibida e condicionada, ser, assim de repente, feliz...?
Não sei.
Por isso tenho vontade de o descobrir. A minha indecisão é: e se a história me foge para o lado menos bom? Fico com pena.
Vamos ver.
Ontem estava com vontade de continuar e hoje também andei com essa vontade. Mas tive um dia tão estafante que acho que hoje já não o vou fazer. Estou cheia de sono... e amanhã vai ser outro dia tramado.
Obrigada pelas suas palavras, Mary!
Um abraço, Mary!
Querida Jeitinho,
ResponderEliminarQuantas vezes não desejariamos ter o poder nas nossas maos para pudermos tornar o Mundo melhor?
A ficção dá-lhe essa possibilidade.
Não abandone agora todas as Lidias que ainda têm uma restea de esperança em dias melhores.
Creio que não pensa que aos cinquenta anos já não vale a pena tentar.
Dê-lhe tempo de vencer algumas inseguranças, e a felicidade tambem não vem de repente, ela irá conquistando-a aos poucos.
Nós esperamos.
Um beijinho.
Tenha uma boa sexta feira.
Olá,
ResponderEliminarEstive em Lisboa nestes últimos dias e quando regressei vim ler as suas crónicas em falta. Concordo inteiramente com tudo o que escreveu e agradeço-lhe imenso todas estas lições de economia, muito enriquecedoras.
O ambiente está mesmo de arrepiar!...Andei por algumas artérias e praças da nossa grande cidade e fiquei muito impressionada com o que se vê. Vêem-se muitas pessoas completamente desorientadas, muito tristes, sem rumo, desempregadas e as conversas e os desabafos que presenciei são alarmantes, dramas sociais incríveis.
Tive que apanhar o comboio/Metro para me deslocar mais rapidamente para o meu destino e quando olhei para o lado fui surpreendida com o olhar tristíssimo de uma mulher, as lágrimas corriam-lhe abundantemente pelo rosto abaixo. Mais uma recém desempregada? Ainda me interroguei se devia de dizer ou fazer qualquer coisa para a ajudar, mas ela tapava o rosto com a mão, receei ser inconveniente ou intrometida. Dentre os recuos e os avanços sem saber que fazer, não dei por ter passado a minha estação do Metro e tive que sair na próxima paragem para voltar para trás. Lembrei-me da história de uma Lídia triste cuja história de vida estava a acompanhar no Blogue de uma escritora anónima, extraordináriamente humana e confesso que me senti um pouco triste e até envergonhada por não ter agido a tempo. Aquela Mulher triste, (Lídia ?) seguiu o seu destino e eu segui o meu, em sentido contrário...
Hoje aqui deparei-me com a continuação da história da Lídia, a Mulher triste da história que estou a seguir no Blogue e fiquei muito aliviada por saber que esta Lídia está no bom caminho em busca da felicidade e que o seu rosto estará iluminado, neste momento, cheio de fé e esperança de um futuro melhor!
Muito obrigada mais uma vez pelos seus belos textos, crónicas político-sociais e lições de economia de tão grande nível.
Um grande beijinho
Gostei do que li, mas acho que tem muita razão com as perguntas que a fazem hesitar.
ResponderEliminarPode uma mulher de quase cinquenta anos, muito inibida, mudar?
Pode, mas leva muito tempo. Tanto, que às vezes as coisas já passaram e não dá para voltar atrás.
Oxalá a Lídia mude a tempo de não deixar passar a oportunidade de ser feliz.
Todos os fins são possíveis e fico curiosa à espera do que vai escolher.
Um beijinho
Olá Pôr do Sol,
ResponderEliminarEu acho que aos quarenta, aos cinquenta, aos sessenta, aos setenta e presumo que até aos oitenta e noventa uma mulher está sempre para as curvas. Mas penso isso mesmo a sério.
Vejo por mim. Claro que sou suspeita e também não posso falar por experiência própria senão até à idade que tenho mas eu sinto-me predisposta a todas as manifestações românticas tal como me sentia aos vinte ou aos trinta e posso até assegurar que o amor, a todos os níveis, é bem melhor à medida que o tempo passa.
Mas a minha experiência é a de uma vida a dois, com namorados, depois com um companheiro de longa data com quem tenho grandes afinidades. A minha dúvida é em relação a uma mulher cuja vivência é a do 'bom comportamento', os receios, as inibições, o medo da censura alheia. Pode chegar aos quarentas e cinquentas e enfrentar a nudez do amor com segurança? Não sei. Mesmo com vagar. E um homem vivido terá paciência para aturar medos e hesitações que hoje já não fazem sentido, ainda por cima numa mulher que devia portar-se como uma mulher madura.
Por isso, está a faltar-me a confiança numa 'saída' que mantenha o realismo.
Vamos ver.
Vou pensar no que diz.
Um beijinho, Sol Nascente!
Olá Maria Eduardo,
ResponderEliminarAqui há uns dois ou três dias também vi uma mulher a falar com outra e chorava, chorava. Estavam na rua e a outra falava como se a quisesse consolar mas ela chorava que dava dó. Fez-me também muita impressão.
Há uns meses eu estava a almoçar num grande centro comercial e vi um homem novo com um ar perfeitamente normal que esperou que as pessoas se levantassem de uma mesa e, então, sentou-se e comeu os restos dos pratos. Fiquei tão impressionada que não faz ideia. Isto não me saíu da cabeça e acho que nunca vai sair. É uma miséria terrível o que pode levar um homem a fazer isto. Mas o orgulho deve impedi-lo de pedir esmola e, então, prefere os restos com os talheres usados por outras pessoas. Quem o visse e não tivesse visto o que se passou antes, pensaria que era um homem sem problemas.
São situações horríveis que deveriam levar os responsáveis a fazer de tudo para que, nos tempos de hoje, não pudesse uma única pessoa a passar por estas situações.
Enfim, quanto à Lídia, estou aqui num impasse. Quero vê-la feliz mas não sei se é realista que uma mulher tão sofrida, tão presa à responsabilidade de cuidar de uma mãe tão dependente, tão inibida, tão habituada á solidão e à tristeza, consiga libertar-se de forma a ser feliz.
Estou mesmo num impasse, nem me apetece escrever nada para ver se o caminho dela me 'aparece' por si.
Muito obrigada pelas suas palavras tão simpáticas.
E espero que, apesar de tudo, tenha gostado de estar em Lisboa. Eu adoro Lisboa e acabo por quase nem reparar nos aspectos mais negativos.
Um beijinho, Maria Eduardo!
Olá Isabel,
ResponderEliminarÉ isso. O tempo passa, não espera por quem muito hesita.
Na minha cabeça, o Paulo é um homem experiente, que já teve nos seus braços muitas mulheres, não está habituado a hesitações e medos. Mas imagino-o um homem que, por já ter visto muito, se tornou tolerante, compreensivo.
Mas uma coisa é uma amizade outra, bem diferente, é o amor. No amor é preciso haver uma troca permanente que abrange a troca de afectos de uma forma física. E aí não sei se Lídia será capaz de dar um passo em frente, desinibidamente, nem sei se Paulo tem paciência para reacções de menina num corpo de mulher. Tenho essas dúvidas e ainda não me ocorreu uma forma feliz mas realista de prosseguir.
Vamos ver. A mim as ideias aparecem e eu escrevo ou nem vale a pena forçar.
Agradeço as suas palavras.
Um beijinho, Isabel e bom fim de semana!
Eva Cassidy é uma das minhas vozes favoritas.
ResponderEliminarGosto muito dos covers na voz dela, mas também dos originais.
O seu blogue é muito interessante.
ResponderEliminarGrandes transformações se deram na nossa 'amiga' Lídia em todo este percurso, desde que fez o primeiro post.
Um trabalho talentoso, querida UJM. Andou com ela passo a passo, mostrou as suas fraquezas,fê-la exorcizar o seu medo da vida e curou-a. Já li o seu post no Ginjal, 'Anjos? Eles existem?' e digo-lhe que aqui desempenhou o papel de anjo-da-guarda de Lídia.
Uma Lídia que já sente prazer em respirar o ar puro e em aceitar sem culpas desmedidas um afago, um gesto de carinho de um homem, Paulo neste caso.
Foi um milagre o que conseguiu, UJM, e acredito que isso é possível pois tocou em todas as cordas da sensibilidade humana...
Se a história terminar aqui, tudo bem, pois já temos todos os elementos para visualizar um fim auspicioso. Se não for um 'happy end' o que tem em mente, penso que Lídia terá forças suficientes para seguir o seu caminho, numa outra perspectiva, sem se deixar afundar em depressões.
Adorei ler o seu post scriptum, todo cheio de humor, pois realmente temos de brincar um pouco para não ficar lelés.
Hoje, data deste meu comentário, a coisa já evoluiu de tal maneira para o 'mau,mau' que pior é impossível...Mas ainda hão-de arranjar maneira de piorar as coisas ainda mais. Estão a tornar-se nuns especialistas.
Beijos
Olinda