You've got a friend
(para, por favor, irem ouvindo, enquanto lêem as minhas palavras)
James Taylor
Pintura de Van Gogh |
Hoje já tinha escrito um post (poderão vê-lo já aqui abaixo, um post a propósito da arte, da cor, de Kandinsky) e não tencionava escrever mais pois estou mesmo a acabar o livro de Houellebecq e quero ver como acaba. Fui às compras agora à noite, cheguei tarde a casa, tencionava ler até adormecer. Mas, como estava à espera de um mail, fui ver o correio e tive uma surpresa. É essa surpresa que me leva, agora, a estar aqui a escrever de novo.
Estive a ler um mail de uma pessoa que me costuma ler aqui no Um Jeito Manso. É um mail longo e que me deixou muito emocionada. Conta-me que regressou agora, depois de uma viagem que fez. Conta-me que tem estado com uma depressão da qual está a recuperar. Conta-me que, antes, quando a tristeza tomou de assalto a sua vida, lia muitas vezes o meu blogue e chegou a sentir como que uma inveja pensando na vida preenchida que eu tenho e na sua vida, que podia ter sido preenchida e que acha que não o foi pelas escolhas, pela maneira de ser, pela sorte, por tudo.
Conta-me que, agora que regressou, passou a tarde a ler o que tenho escrito nos últimos tempos e que lhe fez bem.
E conta-me episódios divertidos, alguns mesmo muito divertidos, conta-me um pouco da sua vida, fala-me de si e fala com o coração nas mãos. E tão preenchida tem, afinal, sido a sua fantástica vida que diz que se eu quiser, lhe posso pôr um gravador à frente que me contará a sua vida, tudo, e que eu, depois, posso contar as suas histórias como eu quiser.
Leio, leio as suas palavras sentidas, sinceras, e fico comovida. Tenho dificuldade em transmitir-vos a emoção que sinto com manifestação de confiança assim, com uma sinceridade assim.
Não é a primeira vez que fico assim, emocionada. Pudesse eu ser muitas e acorreria ao encontro de cada uma das pessoas que me escreve, que me fala na sua vida, nas suas doenças do corpo e da alma, nos amores e desamores, nas tristezas, nas alegrias, nos infortúnios da vida, nos momentos de incerteza.
Quando se escreve aqui na internet, não se sabe quem nos lê, como vamos ser interpretados. Por vezes escrevo, no fim, quando me despeço, 'Sejam felizes!' ou 'Tenham um dia feliz!' e, ao fazê-lo, estou apenas a exprimir o que vos desejo. Mas já li noutros blogues algumas pessoas dizerem que acham abominável que alguém dê aos outros ordens para serem felizes. Ora, nunca me ocorreria que, ao formular um desejo tão sincero, alguém pudesse lê-lo como uma ordem. No entanto, agora já sinto alguma inibição ao formular esses votos, não quero que alguém pense que há arrogância da minha parte.
Também sinto agora um certo receio que se tome por ostentação de felicidade aquilo que é afinal uma manifestação sincera da minha maneira de ser. Não sou arrogante, pretensiosa. Nada disso. Sou uma pessoa muito simples, que me contento com pouco e que, por isso, acho sempre muito o que tenho, sinto-me agradecida (embora não saiba a quem devo agradecer) por tudo o que tenho; e acho sempre que tudo é precário, efémero e, por isso, tem que ser muito bem aproveitado.
Da mesma forma, por vezes, penso que, se alguns dos meus leitores estiverem a atravessar momentos difíceis - se tiverem tido algum desgosto, ou se sentirem que estão insuportavelmente sós, desejando ter uma companhia que não aparece, ou se estiverem desempregados ou em dificuldades, ou se estiverem cativos de alguma situação de que não sabem como sair, ou se estiverem a viver momentos de angústia - podem olhar para o que escrevo e pensar que, estando eu de bem com a vida, sou insensível aos problemas dos outros. Nada de mais errado. Escrevo e a cada momento penso em quem não teve sorte, ou em quem tomou decisões erradas e não sabe como as corrigir, ou em quem está doente ou infeliz. Tomara eu poder escrever as palavras certas para cada um, tomara.
Pintura de Diego Rivera |
Não tomem nunca como arrogância as minhas palavras, não pensem nunca que, quem está de bem com a vida, é menos exigente, ou mais tolo ou é melhor ou teve mais sorte que os outros, nem pensem que há um destino a comandar as nossas vidas, nem pensem que a boa sorte é só para alguns.
E, se estiverem a atravessar um momento menos feliz da vossa vida, não pensem que isso vai ser para sempre, nem pensem que são mais infelizes do que os outros e que nunca voltarão a ser felizes.
E, se estiverem a atravessar um momento menos feliz da vossa vida, não pensem que isso vai ser para sempre, nem pensem que são mais infelizes do que os outros e que nunca voltarão a ser felizes.
A vida é uma mistura de acasos e é aquilo que fazemos face aos acasos e é a forma como nos entregamos ao fatalismo ou como, pelo contrário, lutamos para arranjar uma solução para os problemas ou, não os podendo ultrapassar, como aprendemos a contorná-los e a encontrar a felicidade noutro lugar, que faz a diferença. Não há um único caminho à nossa disposição na vida: há muitos. A nós compete escolher e, se escolhemos um e não dá certo, vamos por outro e se, de novo, não dá certo, vamos por outro. Levantamo-nos e vamos. Temos que ir.
Eu tendo a pensar que a minha vida tem sido sempre muito boa. Acho que sim, que tem sido muito boa. E, no entanto, já tive reveses a nível profissional que deitariam (e deitaram!) muito boa gente abaixo. Já me vi metida em lutas e em situações que não vos ocorre. Poderia ter desistido, atirado a toalha ao chão, achado que que tinham dado cabo da minha vida. Nos primeiros momentos, quando o embate aconteceu (e já aconteceram vários pois já passei por fusões, reestruturações, por muitas dessas situações que, quem trabalha em grupos empresariais, sabe que costumam ser a doer), não pensem que não me senti atordoada. Senti. Mas sempre pensei (e não fiquem desiludidos com a banalidade dos meus pensamentos nos momentos de confusão): há mais marés que marinheiros; que se lixe, há vida para além disto; o primeiro milho é para os pardais, etc, etc, etc - tudo nesta base que em momentos de guerra não se limpam armas e, portanto, não me deito a invocar pensamentos profundos, só me ocorrem coisas destas. E, no momento seguinte, já estou a pensar noutra coisa, já estou a arranjar um sucedâneo emocional para me ajudar a superar o desgosto ou a perda e, dias depois, já ando entusiasmada com outra coisa qualquer e já desvalorizo o que perdi.
E sabem? Que se lixe o que se perdeu. Que se lixe o que não se tem. Que se lixe o que ficou para trás e não deixou boas recordações. (Até pareço o outro com aquela do que se lixem as eleições - mas eu estou a ser sincera e ele não, e eu não sou primeira-ministra e posso falar assim e ele, a discursar em público, devia ter tento na língua e dizer coisas com nexo. Adiante).
O que importa é o que ainda temos e a força para descobrirmos novas fontes de interesse.
E não pensem que na minha vida familiar não há situações complicadas. Claro que há. Tenho passado (e estou a passar - e, claro, não me estou a referir ao estado pós-cirúrgico que atravesso que esse é chato mas é provisório e, mais dia, menos dia, hei-de ficar boa) por situações dolorosas, complexas, como são sempre dolorosas as situações relativas ao envelhecimento daqueles que amamos.
Mas o declínio faz parte da vida e há que encarar com naturalidade todas as situações e, com carinho e acompanhamento, ir ajudando a viver com esperança até ao fim, esperança em momentos melhores - e os momentos são melhores se forem vividos com um sorriso, uma presença, uma palavra. E a vida segue. E se há declínio ou fim por uns lados, há nascimentos e crescimentos por outros. E, se, por força das circunstâncias, na vossa família não há nascimentos e crescimentos, apenas declínio, então pensem em sair à procura de actividades que vos animem, voluntariado, visitas a museus, passeios, qualquer coisa. Não fiquem na tristeza. Não fiquem. Há sempre uma saída, sempre, sempre. Não fiquem presos à tristeza, fechados em casa. Falem, procurem ajuda. Há sempre alguém disposto a dar-vos a mão, só têm que o procurar. E, se estão doentes, tenham esperança e lutem com optimismo, lutem, lutem porque vão conseguir, claro que vão.
E se vos ocorre pensar que vão acabar os vossos dias sozinhos ou outros pensamentos tristes, não pensem: vão à luta, abram os olhos e o coração. A companhia pela qual esperam está também à vossa espera.
E se vos ocorre pensar que vão acabar os vossos dias sozinhos ou outros pensamentos tristes, não pensem: vão à luta, abram os olhos e o coração. A companhia pela qual esperam está também à vossa espera.
Pintura de Marc Chagall |
Escrevi muito (como de costume) e, uma vez a mais, isto pode parecer auto-ajuda de meia tigela, conversa de treta. Mas fui o mais sincera de que sou capaz; e apeteceu-me escrever isto depois de ter lido o mail tão sincero, tão tocante que recebi - este de hoje em particular mas também tantos outros que tenho recebido. É a minha forma de retribuir o vosso carinho, a vossa confiança, a vossa presença. Muito obrigada do fundo do meu coração.
*
Com toda a sinceridade, vos desejo uma vida muito feliz e que tentem encontrar ou preservar a harmonia e a tranquilidade nas vossas vidas. E desejo que, para começar, o dia de hoje seja um dia muito bom. A sério, desejo mesmo.
Foi muito recentemente que encontrei este blog. Deliciaram-me os textos que li, pela forma simples com que as palavras se entrelaçam tecendo bordados que me sabe bem apreciar, de "Um jeito manso".
ResponderEliminarMuitas poderão ser as formas e os conteúdos dos desejos que formulamos em nome de outros. Algo que provávelmente se encontra enraizado na nossa condição de seres frágeis, que por vezes têm consciência dessa fragilidade e outras, se sentem indestructíveis.
A condição humana, julgo.
O fragmento do texto «...por isso, acho sempre muito o que tenho, sinto-me agradecida (embora não saiba a quem devo agradecer) por tudo o que tenho; e acho sempre que tudo é precário, efémero e, por isso, tem que ser muito bem aproveitado.» recorda-me o tema da Dido "Life for rent".
Aqui fica o caminho para lá:
http://www.youtube.com/watch?v=OFtNChII78k
;)
Muito obrigada pelos seus votos!
ResponderEliminarO seu texto hoje também me deixou muito emocionada. As suas palavras hoje, como noutros dias, trazem um conforto e um incentivo para procurar viver melhor. A sua boa disposição e alegria de viver não parecem de forma alguma manifestações de arrogância. Revelam uma maneira de ser, que contagia os outros; para além disso é sempre atenciosa e generosa com as pessoas, em especial com aqueles lê e a lêem. Continue! (Agora sou eu a dar ordens arrogantes)
Um beijinho
Olá, UJM!
ResponderEliminarÉ sempre agradável passar por aqui, e mesmo que os textos pareçam longos devoram-se num ápice. Ainda, ontem falei sobre a vida dos outros, pois há quem pense que para uns tudo é fácil. Por diversas vezes dizem-me isso, mas o facto de estarmos sempre a sorrir ou de encararmos a vida com optimismo não quer dizer que a nossa vida seja fácil, talvez até queira dizer que para isso parecer fácil é porque já passámos por experiências difíceis. Não gosto de parecer muro de lamentações, nem quero ser aborrecida, digo apenas que devemos focalizar os nossos recursos e as nossas energias para modos de vida mais equilibrados e simples. Muitas vezes complicam-se situações e perdem-se amigos, oportunidades,e momentos por falta de discernimento.
Beijinhos
Diria "ora aqui está a minha alma gemea" ou será muita arrogância da minha parte ?
ResponderEliminarum forte abraço
ah e já agora, os jarros são a minha flor preferida
ResponderEliminarGostei bastante de ler este seu (extraordinário) Post! Revigorante. Sincero. Cativante. Ternurento até. E estou inteiramente de acordo com o que aqui diz sobre não deitar a toalha ao chão e ir em frente.
ResponderEliminarComo muitos, também já passei por situações piores e outras melhores. Sobretudo no plano profissional. Nas piores, nunca desanimei, sempre acreditei que as coisas davam a volta. E deram.
Hoje (depois de passar a fasquia dos 50 e no meu caso já lá vão!) faço planos (profissionais) de forma diferente. Tive as minhas desilusões, mas nunca me deixei abater. Mas deixou mossa, que, no meu caso, passei a ser mais céptico, desconfiado, mais cauteloso talvez, sem todavia deixar de ser ousado (nas relações profissionais). E nunca verguei, o que já me custou caro. Às vezes prefiro uma confrontação, à cedência e aceitação do iníquo. Há quem tenha mais jogo de cintura talvez. Comigo contento-me com “os furos da minha cintura”. E desde há uns tempos a esta parte que repenso e reajusto a minha vida. Mas, com algum entusiasmo, apesar de tudo.
Recentemente, um casal nosso amigo, assim sem mais, viu-se confrontado com uma terrível situação: foi-lhes, a ambos, quase a seguir um do outro, diagnosticado um cancro, qual deles mais complicado. E nestas ocasiões penso que tudo por que passei é menor comparado com isto, com esta tragédia.
A vida, apesar de tudo, também me foi agradável. E assim tem sido. Valha-me isso!
Um grande abraço (virtual, seja!),
P.Rufino
Gostei imenso de ler o seu post. Adorei todas as belíssimas pinturas.
ResponderEliminarPenso, em tudo, como a UJM. Sou uma pessoa que vive exclusivamente do seu trabalho e o que tenho devo-o a isso. E sou uma pessoa agradecida à vida e Deus. Digo também que tenho mais do que alguma vez pensei ter em termos materiais e algumas pessoas acham isso mesmo: falta de ambição. Porque deveria estar a desejar ter um carro melhor roupas mais caras, férias no estrangeiro...
Não desejo, gosto do que tenho e é mais que suficiente e também tenho alguns sonhos realizáveis.
Porque é que algumas pessoas nunca estão felizes com o que têm? E às vezes têm tanto...
Acho que o segredo da felicidade está um pouco aí: em saber ser feliz com o que se tem. Não desejar o impossível e saber encontrar o lado positivo de todas as situações. Há pessoas tão insatisfeitas, tão insatisfeitas, que cansam. Nada é suficiente para elas. Fujo cada vez mais dessas pessoas. Tento compreender, mas acho que é mesmo algo que nasce connosco, a forma de encarar a vida.Ou se é positivo ou não. Também se pode aprender, acho eu.
Também já escrevi demais, mas identifiquei-me muito com o que escreveu. Sou positiva e espero continuar a sê-lo e já tive alguns desgostos grandes: a morte do meu pai, várias doenças muito graves na família...mas se não podemos mudar as coisas, não adianta ficar eternamente a chorar. Há que ver o que se pode tirar de positivo e seguir em frente.
Um beijinho grande e obrigada por este post que nos fez bem
E ...faça o favor de ser feliz!
Como disse Saramago: Todos nós somos escritores só que uns escrevem, outros não.
ResponderEliminarA UJM está entre os primeiros, escreve como quem respira e lê-se de um só fôlego -ar puro.
Vir aqui constitui um ritual de que não abdico desde a primeira hora.
Votos de um bom fim de semana
Jeitinho apenas uma palavra Obrigada.
ResponderEliminarEstou xururu, tristinha porque uma pessoa que amo como uma filha me desiludio muito.
Beijinho e muito obrigada. Ana
E, entretanto, escapou-me dizer-lhe o quanto gostei, igualmente, dos quadros que aqui colocou (bem como no anterior Post). Sempre me fascinou aquele relacionamente entre Diego Rivera e Frida Kahlo. Quanto a Van Gogh, os seus trabalhos “diferenciaram-se”, de algum modo, daquilo que foi o estilo Impressionista dominante, embora seja considerado um artista daquele período. E também gosto de Matisse. Um dia, creio que em Barcelona, pude ver uma exposição de algumas das suas obras.
ResponderEliminarUma passagem, ou visita, por um Museu a ver algumas grande obras também ajuda a levantar o moral quando se está em baixo. Ainda hoje não me canso de visitar o British Museum, sempre que vou a Londres! E por ali fico um par de horas.
E por falar em Pintura, que irá suceder ao Museu/Fundação Paula Rego em Cascais, após a decisão do Gato Gaspar e do Passos do Pontão?
Renovo cordialidade,
P.Rufino
:)))
ResponderEliminarQuerida UJM, já tantas vezes falámos disto tudo, aqui (e além), que é uma deliciosa 'revisão da matéria dada'.
Lamento muito os equívocos de quem não pode entender o tom ou o trocou pelo que eu sei que não é.
Por mim, não troco nada e, mesmo escrevendo pouco, sinto muito.
Obrigada pela sua amizade.
E, no meu caso, se tiver de ordenar, ordene, porque eu sei que o faz com amor. Como uma irmã. Uma amiga. Uma mãe.
Xi-coração ENORME.
Euzinha
;)
Amiga:
ResponderEliminarSempre lhe senti muita sensibilidade. Foi isso que me aproximou de si.
Gosto do que escreve, da forma como escreve.
Tenho aqui vindo, mas não comento, porque ainda estou sem vontade de escrever. O pouco que tenho escrito, sai a ferros, só para não perder o balanço.
Estou a vir à tona devagarinho, mas com alguma força.
Não fique zangada com a minha pouca assiduidade.
Abraço
Mary
Estimada Maria,
ResponderEliminarVá aparecendo, por aqui, neste excelente Blogue, sempre que se sentir com vontade. Há igualmente comentadores (nos quais me incluo)que apreciavam da sua, anterior, assiduidade.
Cordialidade,
P.Rufino
Jeitinho, adorei as pinturas e os pintores. Muito bom, tudo.
ResponderEliminarBeijinho Ana
Já lhe respondi lá no meu "apartement", mas não posso deixar de lhe agradecer as suas palavras que se sente que traduzem um estado de espírito e uma bonita forma de estar na vida.
ResponderEliminarTodos temos altos e baixos e toda a gente tem momentos de algum sofrimento. Faz parte da vida.
No entanto, creio também que, o modo como encaramos os problemas, seja qual for a sua origem, ditam a forma como os resolvemos.
E eu sei. Já passei por situações bem difíceis incluindo uma mais grave de saúde que me fez tremer, mas como enfrentei o problema de forma positiva, creio que consegui ultrapassá-lo. Só o tempo o dirá mas entretanto faço tudo para que possa substituir os pensamentos negativos por sentimentos de solidariedade, entreajuda e dedicação aos outros.
Valha-nos o coração que ama e os ouvidos que sabem escutar.
Beijinhos muito grandes
Caro Bartolomeu,
ResponderEliminarMuito obrigada pelas suas palavras. Fico sempre a pensar se mereço a gentileza das palavras que me dirigem já que escrevo sem pensar (e sem esforço) mas, seja como for, e sabendo-me elas muito bem, não as rejeito.
No entanto, gostei muito das suas palavras para além das que me dirigiu directamente. Concordo que somos seres frágeis e nessa fragilidade reside a razão do cuidado que deveremos sempre ter quando lidamos uns com os outros.
Não há seres indestrutíveis. Todos já vimos pessoas que tinham o rei na barriga, que falavam com arrogância, como se fossem ter o poder para sempre e que, alguns anos depois, vemos já curvados ao peso da idade, doentes, vulneráveis. é a condição humana, como muito bem diz.
Life is for rent, claro. Não me lembrava já da canção e gostei imenso de a ouvir. Muito obrigada. Ainda agora estou, de novo, a ouvi-la e a ouvi-la de gosto.
Muito obrigada, Bartolomeu, e desejo-lhe um bom fim de semana.
PS: Já lá estive no seu Avançando e gostei.
Olá Leitora de A matéria dos Livros,
ResponderEliminarMuito obrigada. Ontem escrevi já tardíssimo (mais que nos outros dias...) e escrevi de seguida e apeteceu-me escolher imagens que estivessem de acordo com o meu espírito e depois, também, escolhi aquela música de que gosto muito e, com tudo, acabei a uma hora indecente. Mas escrevi com o coração nas mãos. Por vezes há palavras que nos tocam muito.
Isto de se escrever no escuro é uma coisa curiosa, não sabemos quem está aí, do outro lado. E, por vezes, percebemos que estão pessoas extraordinárias.
Já lá estive a ler e a comentar o seu belo texto de hoje (um texto muito bem estruturado e de leitura aliciante como sempre, de resto).
Obrigada uma vez mais pelas suas palavras que sempre me incentivam, (mesmo não me dando ordens. Mas pode dar à vontade, leio-as como um incentivo cheio de convicção e com energia contagiante.)
Um beijinho e bom fim de semana, Leitora!
Olá Alice rodeada de Alfazema,
ResponderEliminarO seu estado de espírito, tão bem patente no seu blogue, é sempre muito positivo, muito atento aos outros, muito generoso e, por isso, gosto de a visitar. Além do mais, tem um sentido de humor luminoso.
Concordo com o que diz. Na véspera de ser operada eu estava com um bocado de medo. Nunca tinha sido operada nem levado anestesia. Adiei a operação até ao médico não ter paciência para me tratar pois dizia, desde há algum tempo, que só havia esta solução.
quando me sentei aqui para escrever, não queria falar disso mas queria estar na boa, toda zen e queria deitar-me cedo porque ia ser internada logo às 8. No entanto, já não me lembro do que ouvi na televisão que me fez 'passar'. E não é que me pus a escrever e até me esqueci que ia ser operada? Deitei-me tardíssimo, ali toda focada na tareia que estava a dar devia ser ao Passos Coelho...). Quem me leu, não apenas não percebeu que eu ia ser operada no dia seguinte como, se calhar, ainda pensou que se eu tivesse ralações a sério não perdia tempo com o Passos Coelho (se é que foi com ele que eu me 'peguei'...).
Mas é isto: acho que não nos devemos entregar excessivamente aos nossos pequenos problemas (porque são grandes problemas para nós mas são muito relativos para os outros) e acho que relativizando os nossos problemas, os encararemos com maior força. E acho também que o afecto é importante, a generosidade também. Nós próprios não somos muito importantes se interessarmos só a nós próprios. mas podemos ser úteis se tentarmos estar atentos aos outros.
Vejo também esta atitude em si, Alice (que na volta ainda é também sadina, do que li outro dia, noutro blogue).
Um beijinho e desejo-lhe um belo fim de semana!
Olá Rosita Amarela,
ResponderEliminarQue afinal é uma traidora ao próprio nome (Rosa) e diz que afinal 'há' outro... um jarro...!
Eu também gosto imenso de jarros. In heaven, mesmo á minha porta, tenho uns jarros. Não tem conta as vezes que já os fotografei. São lindos. basta colocar um único numa jarra, de tipo solitário, para ficar uma beleza.
Quanto a ser uma alma gémea, não me espanto que o seja mesmo.
Do que tenho lido lá no seu canto, presumo que a Rosita seja uma guerreira, uma lutadora. Aquilo por que já passou e sempre cheia de energia e alegria. Admiro-a.
Um beijinho e um bom fim de semana que será melhor se ainda for aí no Porto, nesses belos sítios por onde tem andado!
Olá P. Rufino,
ResponderEliminarRevigorante o seu comentário, isso sim. A vida dá muitas voltas e, decorrido algum tempo, somos capazes de perceber que, se calhar, aquilo que nos parecia dramático na altura, afinal, não era assim tão mau.
Decepções todos as temos mas há os que desistem, ficam acabados, e há os que dão a volta.
Em tempos tive um colega que não suportava o chefe. Não suportava mesmo. O chefe era uma pessoa muito competente mas inflexível, prepotente. E ele não aguentava aquela pressão. Começou a entrar em depressão. Toda a gente lhe dizia que não valia a pena, que deixasse o outro berrar. Mas ele empreendeu naquilo, foi-se baixo, pediu para sair. Toda a gente dizia que era um disparate mas ele achava que o outro estava a dar cabo da vida dele. Recebeu uma indemnização e foi para o desemprego.
Passado pouco tempo houve uma reestruturação e o outro, o mau da fita, foi promovido, deixando de estar no lugar em que antes chefiava o que se desempregou. Ou seja, se não se tivesse desempregado, ao fim de pouco tempo, o problema tinha naturalmente desaparecido.
Mas desempregou-se. A mulher nunca aceitou isso e passado algum tempo divorciou-se. Teve que passar a dar a pensão às filhas e pouco dinheiro lhe sobrava. Apareceu lá uns tempos depois para nos visitar e estava um velho. Vivia num quarto alugado. Entretanto o outro, o que tinha sido chefe dele já estava noutra. Destruiu a vida por uma coisa passageira. (Passado algum tempo, esse tal mau da fita tornou-se meu chefe, imagine. Era faísca a toda a hora, discussões que só visto, qual dos dois o mais torto, mas nunca me passou pela cabeça ir-me embora. Aguentei. E passado algum tempo depois mudámos os dois de funções e até viémos a dar-nos bem. Por isso, dramas para quê? Tudo passa)
Na sequência de uma fusão, deixei de exercer as funções de que tanto gostava já que o administrador do pelouro era da outra 'facção' e, logo, escolheu um dos 'dele'. Fiquei quase sem chão. Eu era competente, o que fazia era reconhecido como de valor e, por uma coisa daquelas, sem dó nem piedade, retiraram-me as funções. No entanto, publicamente nunca me mostrei vencida. Fiquei com outras funções de que gostava menos mas, paciência, não fui 'corrida' como nestas coisas tantas vezes acontece e a vida continuou. Depois toda a gente reconheceu que aquilo tinha sido um erro, que o outro era menos competente que eu. Mas eu tinha perdido o interesse naquilo. A vida tinha continuado e eu tinha ganho gosto pelo que passei a fazer.
E assim acho que deve ser: seguir em frente, aproveitar a vida. Mau mesmo é o caso dos seus amigos. Um cancro é uma barreira que aparece à frente da vida das pessoas. Mas as barreiras também se vencem e, felizmente, o cancro já não é o poço negro onde caía quem tinha a pouca sorte de o ter. É precisa coragem, ânimo, muita esperança e muito apoio. Mas vence-se.
E de resto algum de nós é imortal? Alguém sabe qual o prazo de validade? Ninguém. Por isso, é viver e agradecer estar vivo e honrar a vida, vivendo-a bem.
Agradeço e retribuo o abraço. É virtual mas é forte na mesma.
Olá Isabel,
ResponderEliminarA sua boa onda é que é contagiante. A sua espontaneidade e a sua maneira de ser, descomplicada e sincera, são sempre muito agradáveis. Gosto sempre muito de ler o que escreve, quer no seu Palavras daqui e dali, quer aqui, quando comenta. Vê-se que é uma pessoa junto de quem a amizade nasce com facilidade.
Eu não me posso queixar do que tenho e o que tenho resulta do meu trabalho (meu e do meu marido) mas até isso eu acho que deve ser usado com parcimónia pois nunca se sabe o que pode acontecer (veja-se estar crise desgraçada que já dura há que tempos e que nos tem levado parte de ordenado, que nos levam cada vez mais rendimento).
Quando os meus filhos eram pequenos, foram também criados sem luxos. Nunca incentivámos marcas, gastos supérfluos. Queixavam-se que os outros tinham grandes mesadas, tinham tudo e mais alguma coisa e eles não, viviam com o necessário e tinham pouco para ostentar. E eu dizia que se calhar os pais deles eram ricos. Quando entraram para a universidade, quase todos os colegas receberam um carro. Os meus não, andavam de transportes. Sempre lhes disse que teriam um carro quando o pudessem, eles, pagar. E assim foi.
Por isso, hoje são organizados, poupados, têm objectivos que eles próprios traçam.
O excesso é um mal, retira objectivos, retira o que sonhar.
Ainda hoje estive a coser meias. Acha que me envergonho disso ou que sinto necessidade e o esconder? Claro que não. Claro que poderia deitar as meias fora ou pagar para as coserem. Mas porque faria eu isso se posso eu mesmo fazê-lo e, assim, evitar gastar dinheiro desnecessário (para além que não desgosto de o fazer)?
Apreciar o que se tem, dar valor ao que se tem, acho eu que não é falta de ambição, é apenas respeitar as coisas, o trabalho, a vida.
Por isso, Isabel, percebo-a muito bem e revejo-me no que diz.
E para a frente é que é caminho.
Um beijinho, Isabel e faça também o obséquio de ter um belo fim de semana!
Olá jrd,
ResponderEliminarAs suas palavras deixaram-me em suspenso, no ar. Li-as deliciada. Digo muitas vezes (e digo-o sinceramente) que muitas vezes acho que as palavras gentis que me são dirigidas o são por equívoco de quem as profere e não por mérito meu.
Sempre achei, no meu íntimo, que são merecedores de apreço e reconhecimento as pessoas que se esforçam, que trabalham arduamente, e não aquelas a quem as coisas aparecem feitas.
Quando há mil anos atrás eu andava no liceu (e na faculdade também, mas aí, as coisas já eram menos personalizadas), tinha colegas que estudavam muito, muito, noites a estudar. E eu, entretanto, andava no namoro, em festas, ou a ler livros que nada tinham a ver com os estudos. Quando recebíamos os testes, eu tinha geralmente grandes notas a algumas disciplinas (especialmente a matemática, física, ciências e, também, embora menos, a português) e esses meus colegas tinham, por vezes, nessas disciplinas, notas mais fracas. Quando os professores elogiavam as minhas notas eu ficava encabuladíssima, a achar que eu aceitar aqueles elogios era quase uma fraude, que eu deveria ter a coragem de lhes dizer que estavam enganados porque eu pouco tinha estudado.
Assim se passa agora, aqui. Ponho-me a escrever e escrevo, sem pensar antes, nem durante, nem depois. Sai assim.
Mas, seja como for, não se vá pensar que me estou a armar em falsa modesta: gosto imenso de saber que as minhas palavras são lidas com gosto. Isso dá-me muito prazer, dá-me ainda mais gosto em escrever, é como se estivesse a conversar.
E, confesso, adoro escrever. É para mim uma coisa que flui, sem esforço, com prazer. Quando penso no que gostaria de fazer um dia que me reforme, penso muitas vezes que me entregarei ao prazer da escrita. Histórias, talvez, gosto de escrever histórias. Mas sei lá, a vida dá tantas voltas, não é? Ou escrever ou fotografar ou pintar ou fazer tapetes de arraiolos ou, então, simplesmente, ler.
Mas muito obrigada pelas suas palavras tão simpáticas.
Um bom fim de semana, jrd!
Ana, olá!
ResponderEliminarTristinha e xurururu é que eu não gosto nada de a ver. No entanto, percebo-a. Mas terá sido intencional? Terá sido alguma coisa a valer ou algum mal entendido?
Os filhos às vezes magoam-nos, especialmente quando são adolescentes e ainda não medem bem as consequências das palavras e actos, mas a gente desculpa-os e eles acabam por ficar também sentidos quando percebem que nos magoaram e a coisa fica assim e passa. Não será o caso com essa menina a quem quer como filha? Não é coisa que fale com ela, dizendo-lhe que está magoada, e que possa seguir em frente, retomando os laços de afecto?
Acho que coisas assim não devem passar em branco. Mas também não deixe que a envolvam de negro, Ana.
Anime-se, está bem?
Um beijinho, Ana e desejo-lhe um bom fim de semana, com um espírito mais leve.
P. Rufino, de novo,
ResponderEliminarLeio os comentários quando os publico mas, depois, quando me ponho a responder, vou seguindo um a um, para responder pela mesma ordem. E, por isso, passou-me, atrás, a referência aos pintores.
Também acho que aquele relacionamento entre a Frida e o Diego foi uma coisa e tanto. Já li alguns livros sobre a vida deles e foi um autêntico carrocel, traições, casos e descasos, mas um enorme amor até ao fim.
Quanto aos outros são luminosos, impressivos, marcantes.
Apeteceu-me escolher para este post imagens vibrantes, hinos à luz, à vida, ao movimento, ao afecto.
Quanto à Fundação Paula Rego acho que devem recuar. Aliás devem recuar em muitas. Aliás recuam quase sempre. Não se preparam, não sabem, têm medo de abrir frentes de hostilidade.
Só não recuam naquilo que lhes é fácil: ir buscar dinheiro aos que trabalham e consomem bens básicos.
Margarida, olá,
ResponderEliminarOu eu, por estar aqui em casa, me estou a transformar numa florzinha de estufa ou então não sei. As suas palavras também me comoveram. Acabei de as ler e estava com lágrimas nos olhos.
É verdade que já conhece a minha cartilha. Esta sou eu, tal e qual. Mas talvez por tantas vezes já termos falado nisto, ao ler aqui as suas palavras fiquei comovida. Obrigada. O que eu digo faz sentido, não faz? Eu acho que sim mas fico tão contente quanto sinto que as minhas palavras são apreciadas (mesmo por quem não lhes liga patavina... não é?!....)
Obrigada Margarida-do-grande-coração, obrigada mesmo, gostei imenso que aqui tivesse vindo dizer-me isso.
E veja se faz o favor de ser muito feliz e de ter um belo fim de semana, está bem?
Um beijinho, Margarida!
[PS: E se o livro que anda a ler lhe causa arrepios, não lhe dê muita atenção nem o leia até ao fim (li o que aparece na contra-capa e parece-me o tipo de coisa que nem quero nem saber de nada para não ficar com pensamentos estranhos)... Olhe, recomendo o que acabei de ler, 'O mapa e o território', lê-se de gosto ]
Olá Mary, minha amiga,
ResponderEliminarÉ claro que não me zango consigo, é claro que estará sempre aqui um lugarzinho reservado à sua espera. Mas já sabe, é como diz o P. Rufino, a gente sente a sua falta.
Era sempre um gosto ler as suas palavras cheias de imaginação, cheias de alegria, ou truculentas, ou, outras vezes, de uma sinceridade e sensibilidade desarmantes. Faz-nos muita falta isso.
Um dia destes ainda arranco com mais uma das minhas extravagantes histórias a ver se lhe dá vontade de vir aqui ajudar-me, construindo cenários, lançando pistas.
Mas, deixe estar. Há momentos em que as forças fraquejam e, nessas alturas, elas levam o seu tempo a ser recuperadas. Quando escrevo penso muitas vezes em si e fico contente de saber que vai lendo o que escrevo. E aos poucos há-de ir voltando. Cá estamos todos à sua espera e só não digo que teremos flores para a receber e um bolinho e um sumo fresquinho porque, enfim, estas coisas virtuais têm as suas limitações.
Um beijinho com muita amizade, Mary!
Olá Teresa-Teté, dona de uma casa de braços sempre abertos,
ResponderEliminarJá lá vi a sua campanha pelo Joãozinho e lá irei, com muito gosto, participar. Ser solidário é isto, é estar presente e a divulgação desta campanha é muito meritória.
Em si vejo sempre não apenas o seu bonito sorriso (o Mikas tem a quem sair) mas também a disponibilidade para fazer sorrir os outros.
O exemplo do seu filho, o seu exemplo ao apoiá-lo, são exemplos de determinação e luta e eu sinto muita admiração por isso.
Quanto aos seus sustos, estão certamente ultrapassados e apenas terão servido para a fortalecer ainda mais. Assim terá ainda mais razões para sorrir.
Muito obrigada pela sua presença sempre tão amiga e muito obrigada pelas suas palavras.
Um beijinho e um belo fim de semana, Teresa-teté!
Amiga, caro Rufino e todos os que dão pela minha falta. Agradeço a vossa amizade e prometo ir passando. A saúde está ainda um pouco em baixo, a moral, um pouco em baixo, mas tudo voltará breve.
ResponderEliminarAbraços grandes para todos, da
Mary