Hoje uma música diferente do registo habitual
(mas recomendo que baixem o volume...)
(mas recomendo que baixem o volume...)
Peter Gabriel - Don't give up
Eu vinha de um ambiente de festas, tardes dançantes, namoro no horário das aulas, fora do horário, passeios à beira rio, tardes na esplanada, idas ao cinema, idas em grupo à praia. O meu namorado era todo de esquerda, com intervenções públicas de esquerda, uma pessoa ligada às artes, amigo dos artistas mais conhecidos da arte de esquerda (e, na altura, a arte era quase toda de esquerda). Eu não o acompanhava nessas andanças nem era tão engagée pois, na altura, tinha, sobretudo um sentido lúdico da vida. Mas partilhava a preparação das suas intervenções, e tudo aquilo, e toda a minha vida, na altura, era uma festa, uma fantástica e permanente festa.
Já, em tempos, aqui o referi.
Na altura não havia tanta informação como há hoje, nem sei se havia testes vocacionais, nem eu tinha nenhuma vocação bem definida, nem procurei ajuda para me ajudar a decidir. Lembro-me de ter ido com a minha mãe falar com dois amigos dela, uma que era professora, directora de um estabelecimento de ensino e com outro que, na altura era presidente da Câmara (ou que viria a ser, não me lembro se a conversa foi antes ou depois dele ser Presidente da Câmara). Não adiantaram muito, mas ele disse que eu era boa aluna a matemática, que havia um curso versátil, que talvez fosse bom para mim, que facilmente podia ir trabalhar para um banco, uma seguradora, uma empresa. Achei que talvez, mas sem grande convicção.
Na altura o que eu pensava era que gostaria de ser psiquiatra mas, para isso, tinha que tirar medicina o que estava fora de questão já que as doenças e, sobretudo, a morte me incomodavam, para não dizer que me apavoravam. Depois pensei em psicologia mas o curso não tinha, na altura, grande reconhecimento oficial.
Hoje penso que gostaria de ter feito arquitectura mas, na altura, isso não me ocorreu.
Os cursos que eu achava que davam, geralmente, apenas para leccionar tais como biologia, química, pareciam-me restritivos pois, tinha a ideia de que, quando acabasse o curso, não me quereria ver limitada. E assim fui excluindo. Até que fiquei naquele que fiz, o que o outro tinha sugerido.
Quando cheguei à faculdade tive um enorme choque. Choque. Choque a sério. Apenas por ser pessoa de não desistir (e porque, se desistisse, não sabia qual a alternativa) não me vim embora.
Foi horrível. Toda aquela gente estava ali apenas para estudar. Os chamados marrões com quem eu nunca me tinha dado no liceu parece que estavam ali todos. Escreviam apontamentos compulsivamente, ficavam numa excitação a colocar dúvidas e mais dúvidas, no fim da aula corriam para junto do professor, para pedir ajuda para coisas do arco da velha, faziam trabalhos em casa, nos intervalos tiravam dúvidas uns com os outros e, no fim, iam todos para casa. Uma coisa inimaginável.
O meu namorado andava noutra faculdade, noutro extremo da cidade, e tinha as suas actividades culturais, e, algum tempo depois, começou a dar aulas.
E eu via-me, de repente, sem os meus amigos que se tinham dispersado por outras faculdades, sem a presença assídua do meu namorado e no meio de gente baça, sisuda, marrona, chata.
Em relação à matéria, eu achava que não percebia nada daquilo, nunca tive paciência para tirar apontamentos, nem conseguia ter uma única dúvida, achava tudo aquilo uma maçadoria. Claro que estudava mas não muito, tanto mais que me começava a convencer que estava a cometer um erro tremendo. Nem aqueles assuntos, nem aqueles estranhos professores, nem aqueles colegas chatos e limitados me pareciam talhados para mim.
Tentava retomar um pouco do meu estilo de vida anterior, queria arranjar companhia para passear, ir ao cinema, ao teatro, ir até à Linha, à praia mas ninguém, ninguém estava nem aí.
Tentava retomar um pouco do meu estilo de vida anterior, queria arranjar companhia para passear, ir ao cinema, ao teatro, ir até à Linha, à praia mas ninguém, ninguém estava nem aí.
Eu estava a viver lá durante a semana e ao fim de semana ia para casa. Tanto que eu tinha sonhado com aquela liberdade e afinal não encontrava ninguém que a quisesse partilhar comigo.
Um dia, encontrei-me à tarde com a minha mãe e, pela primeira vez, ela viu-me triste, infeliz, com vontade de desistir. Eu via a minha mãe preocupada por me ver assim e tentei manter-me sem chorar mas, mal ela virou costas para ir para casa, eu desatei a chorar. Nunca antes me tinha acontecido nada assim.
Foram uns meses de desenquadramento e aflição, sem saber como lidar com aquele tão grande desapontamento. À medida que o semestre ia avançando, eu ia confirmando que a matéria parecia ser, toda ela, complexa, hermética, inútil, estupidamente incompreensível.
Nunca fui pessoa de estudar muito; nunca, em toda a minha vida, fiz uma directa para estudar. O que percebia à primeira, entrava, ficava. O que tinha que ser lido, relido, treslido e fixado era uma desgraça, não tinha paciência, sempre odiei gastar muito tempo com a mesma coisa, a menos que o faça por prazer. Por isso nunca fui aluna de jeito a história, a geografia, a botânica, a mineralogia. Em contrapartida, a matemática, física, filosofia, português, era muito boa aluna.
Agora ali era matéria a jorros, a jorros mesmo, matéria que era chinês, rodeada de gente que nem queria saber de nada que não apenas estudar e eu não sabia viver assim.
Eu tinha entrado para a faculdade sem ter feito um único exame, com excepção do exame da 4ª classe e da admissão ao liceu que eram obrigatórios. A partir daí dispensei sempre. Não sabia o que era fazer um exame nem escrito, muito menos oral.
Quando começaram as frequências eu pensei que era o fim. Salas enormes cheias de gente, tudo a fazer aquelas provas horrorosas. Pensei que ia chumbar. Pensei que ia passar das dispensas de exame às reprovações.
No entanto, para minha grande surpresa, grande parte daqueles alunos que andavam sempre de volta dos professores e que não faziam mais nada senão estudar e bajular os professores, chumbou e eu, para minha ainda maior surpresa, embora não muito à larga em duas das disciplinas, lá passei e até dispensando da oral a todas. A todas menos a uma. É que, para enorme meu espanto, numa das pautas que estava cheia de Reprovado escritas a encarnado de alto a baixo, vi, à frente do meu nome, um 19 e uma data para prova oral. Pensei que era engano, que se calhar era 9. Fui à secretaria. Informaram-me que não, que era 19 e que tinha que ir defender a nota. Pensei que o professor me iria fazer umas perguntas, se calhar para perceber se eu tinha copiado. Como praticamente não me dava com ninguém, não me informei.
E assim, uns dias depois, sem saber bem ao que ia, sozinha, entrei numa sala cheia de gente, com um júri numa mesa ao fundo e uma cadeira em frente. Estavam à minha espera. Eu tinha andado perdida lá dentro do edifício, sem dar com aquela sala, era a sala nobre. Quando vi aquela gente toda, senti um calafrio. Eu não tinha estudado, ainda não me tinha habituado a estudar, ainda tinha os meus hábitos de festa e boa vida dos tempos de liceu. Lembro-me que, à medida que atravessava a sala cheia de gente e me ia sentar em frente da mesa com três professores, pensava ' Estou feita... Mas o que é isto, senhores...?!?! E agora, como é que saio desta? Bolas para isto...!'.
A partir daí acho que entrei em piloto automático, não faço ideia do que me perguntaram. Mantive o 19 e sei que recebi palmas. Foi esta a minha primeira prova oral. Sozinha. Saí dali sem perceber bem o que me tinha acontecido e sem que ninguém meu conhecido tivesse assistido para me explicar que experiência extra-sensorial tinha sido aquela. Fui sozinha, rua fora; e nada daquilo me soube a coisa alguma.
Mas, por coincidência, a partir daí a minha vida levou uma grande volta. O curso passou para segundo plano, a vida voltou a estar em primeiríssimo lugar. Voltei a ser eu. Até hoje.
*
As fotografias são de Lois Greenfield.
Já agora, e não querendo monopolizar a vossa atenção, gostaria ainda de vos convidar a visitar-me lá no meu Ginjal e Lisboa. A música hoje é linda, Shostakovich. E as minhas palavras emergem junto a um rochedo ao encontro de um belo poema do novíssimo livro de Armando Silva Carvalho, 'De amore'.
*
E tenham, meus Caros leitores, uma terça feira muito boa, um dia muito feliz!
Que engraçado jeitinho ainda ontem estive a falar dos meus tempos de estudante e como fui feliz no liceu e na faculdade, mesmo muito feliz. O que sinto mais falta são as tertúlias em que se falava e se punha em causa tudo, e claro as festas em que dançava até ser dia.
ResponderEliminarBeijinho e obrigada pelas memórias.
Ana
Que interessante descrição desses seus tempos da Faculdade. Deliciei-me a ler.
ResponderEliminarSabe, no meu caso, eu tinha uma mania de seguir Medicina, porque gostava da profissão e por várias razões (algumas até familiares). Mas, quando fazia os exames do então 5º ano do Liceu (que também dispensei), decidi-me por Letras , em vez de Ciências (para os então 6º e 7º anos). Isto porque, apesar de ser bom aluno a Matemática (que ainda hoje gosto e respeito muito), tive um azar dos cabrais com os professores dessa matéria. Eram tipos horríveis. Chatos, mal dispostos, sem sensibilidade para ensinar, excessivamente severos, antipáticos, enfim, do piorio. E isso marcou-me. Disse para comigo que nunca mais na vida aturaria gente daquele calibre se o pudesse evitar. Até porque nunca fui pessoa para aceitar determinado tipo de comportamentos, ao ponto de preferir contesta-los, se necessário fosse e depois arcar com as responsabilidades do meu acto (um dia fui expulso de um colégio, mas como que para “recompensar” meus pais, dispensei nos exames desse ano). E daí aquela minha opção, que me levou posteriormente a ingressar na Faculdade de Direito, onde acabei por me licenciar. E ainda que ao princípio as coisas não tivessem sido fáceis, à medida que o curso prosseguia, vim a gostar cada vez mais. Havia ali algo que me satisfazia, que era a existência de uma certa Lógica e a Argumentação (ainda hoje gosto de argumentar assente num raciocínio lógico).
Mas, tal como sucedeu consigo, os meus melhores tempos de estudante foram durante o dito Liceu. Na Faculdade, esse ambiente, que tão bem descreveu, também o tive de suportar. E ainda me recordo do dia em que terminei os estudos e como disse na ocasião para comigo: “e agora lança-te á vida!” E cá vou indo, umas vezes melhor, outras pior, outras assim assado. Such is life! A Política também atravessou a minha vida naquela ocasião (mais pelo lado esquerdo do que do direito), mas curiosamente sempre fui um pouco céptico relativamente aos seus agentes. E assim continuo.
A terminar, concordo consigo: a vida deve vir em primeiro lugar. Tenho amigos e colegas cuja prioridade é o trabalho. Enfim, opções. A um dos meus filhos foi-lhe recentemente perguntado, numa entrevista de acesso a um emprego se valorizava mais a família (mulher e filhos, se os tivesse um dia), ou o emprego. Como respondeu a família, ficou sem esse...emprego. Mas tranquilo com a sua consciência. Ainda bem, tenho orgulho nele. Na vida devemos ter coragem para ser honestos com os outros e assumir o que pensamos. Se não, a vida é uma mentira.
Um resto de bom dia de trabalho!
P.Rufino
Cara UJM,
ResponderEliminarapesar de, raramente, escrevinhar neste seu recanto, vou lendo, sempre que possível os seus interessantes e policromáticos temas. Não sei se já reparou, mas o dia em que normalmente comento os seus “posts” é às terças-feiras, altura em que disponho de fragmentos de tempo livre, nas minhas residências de Medicina hospitalar.
Sabe que às vezes, e agora mais, perante a referência a recortes da vida, vem-me à lembrança um livro que adorei ler: “Às terças com Morrie” de Mitch Albom. Sei que o contexto é diferente, mas nele também se revivem ciclos e contraciclos do nosso itinerário quotidiano, numa ciclópica luta contra o tempo e o envelhecimento, de que poderemos tirar ilações do verdadeiro sentido da nossa existência.
Falou de choque. Mas que é a vida senão um labirinto de choques que até podem servir de incentivo para a busca da perfeição que, como sabe, só teoricamente existe. Naquele dia que buscou a imagem dos seus pais no bailado, (post anterior) não teria sido mais um choque na sua vida e na dos seus pais. No entanto suplantou a prova… e por aí adiante.
As provas suplantadas vão continuar, pelo que concordo com o seu epílogo, em que diz:“…a partir daí a minha vida levou uma grande volta. O curso passou para segundo plano, a vida voltou a estar em primeiríssimo lugar. Voltei a ser eu. Até hoje.
Usando o título do seu “Ginjal” de hoje, diria que este mundo não passa de um “rochedo que (nos) suga os anos e morde, devagar, a memória da vida”. Mas para sentirmos essa memória, como diria Gabriel García Marquez, há que “Viver para contá-la”.
Felicidades e muita vida!
Gosto imenso desta música do Peter Gabriel, que não ouvia há tempos.
ResponderEliminarGostei muito do seu relato, mas fiquei sem perceber se seguiu esse curso ou mudou...
Nunca gostei de estudar, nunca gostei de andar na escola, porque era um pouco "inadaptada" por excessiva timidez. Ainda hoje sou em muitas situações. Mas tinha facilidade em aprender. Ouvia e fixava.
Se tivesse escolhido, sem olhar a nenhuma condicionante, tinha feito um curso ligado às artes. Mas também gosto da minha profissão.
Sonhamos tantas coisas, e a vida acaba por ser tão diferente. Mas sem mágoas.
Um beijinho
Esqueci-me de dizer, que as fotos que escolheu são fabulosas.
ResponderEliminarLi "Às terças com Morris", é um livro interessante.
Beijinhos
Querida Jeitinho
ResponderEliminarDeliciada com o seu texto. Com a sua sensibilidade com a música a fotografia o bailado que nos oferece todos os dias.
E uma coisa leva à outra. E hoje perdoe-me fugir ao tema(havia tanto para dizer sobre ele) mas atrevo-me a partilhar consigo o meu grande orgulho pela nossa Joana Vasconcelos.
Gosto tanto da sua astúcia e criatividade. Já publiquei noutro lado mas...não podia deixar de lhe oferecer a versão "melhorada"
Com este texto abraço as duas.
JOANA D´ARTE
Joana vale tudo o que pesa e pesa tanto
de tachos faz sapatinhos de cristal
e as supostas filigranas se enredam no olhar
até o impensável garrafão brilha na relva
a provocar a provocar...
porque nas mãos de Joana tudo acontece
a mente de Joana é um palácio sem fim
e até os lustres são intimidade
na alma de Joana
Portugal é um país imenso
no coração de Joana
do passado se faz presente
e se constrói futuro
com fios e rendas de saudade
Olá Ana,
ResponderEliminarEu, festas, bailaricos, convívios dançantes e tudo o que havia do género foi sobretudo com os amigos do liceu. Na faculdade, na minha, era quase tudo gente muito 'séria', não eram dados a isso.
Felizmente, acabei por arranjar amizades no próprio curso (em regra, alunos não muito aplicados mas muito divertidos e boas pessoas) e, sobretudo, noutros cursos e noutros estabelecimentos de ensino. Passei a dar-me com pessoas do Técnico, de Medicina, de uma Escola para Educadoras de Infância e aí voltei a estar integrada num grupo de amigos de 'mão cheia', com quem passei tempos gloriosos e de quem hoje ainda sou amiga.
Mas dançar como dançava naqueles meus tempos de liceu nunca mais dancei. A partir daí, íamos a discotecas muito ruidosas, coisa já menos 'personalizada' (digamos assim).
Um beijinho, Ana.
Caro P. Rufino,
ResponderEliminarDireito é mesmo daqueles cursos que eu acho que seria simplesmente incapaz de fazer. Requer muito estudo, muita capacidade de memorizar. Tem, claro, a vertente de argumentação e de desmontagem de vícios de raciocínio mas, presumo eu, até lá chegar terá que se percorrer o longo calvário de decorar toda a legislação possível e imaginária.
Mas, claro, tem que haver gostos para tudo, pessoas com apetência e capacidade para o desempenho de todas as profissões. Porque exercer direito também deve ser obra.
Claro que há as vertentes mais 'clean' como as de direito comercial, internacional, laboral, coisas assim que mexem com empresas e dinheiro e não com os vícios ou desmandos humanos - mas, não sei, requer tudo muita ponderação, muito estudo.
Na profissão tal como no curso, dá ideia que no Direito não há lugar à intuição, ao improviso (factores que, para mim, pela minha maneira de ser, são fundamentais) e que, em contrapartida, se privilegia as habilidades semânticas ou os expedientes administrativos. Pelo menos é a ideia que tenho - mas posso estar errada, claro.
Quando eu andava a estudar fui convidada para ingressar nas hostes do PCP, do PS e, até da UDP. Mas nunca me deu para nada disso, tenho dificuldade em sentir-me arregimentada, também sou como se descreve: com gosto em pensar e falar segundo a minha consciência.
Ainda bem que o seu filho respondeu como respondeu apesar de isso lhe ter custado a hipótese de entrar.
Há de facto uma corrente empresarial que quer que os colaboradores ponham a empresa antes da família. É um disparate. Em primeiro lugar tem que estar sempre a vida pessoal, familiar, a estabilidade e a realização emocional. Até porque seres infelizes e desenquadrados nunca darão bons profissionais...
Uma pessoa íntegra, honesta, vertical, capaz de assumir as suas ideias, não apenas será sempre uma pessoa de bem com a sua consciência como alguém que os outros sempre respeitarão.
Finalmente, muito obrigada pelo seu testemunho e pelas suas palavras, sempre tão agradáveis de ler. E tem toda a razão: a vida não pode ser uma mentira.
Um dia feliz para si, P. Rufino.
Caro DBO,
ResponderEliminarQue prazer é ler as suas palavras e abençoadas terças feiras. Tomara que apareçam poucos casos nas urgências e poucas complicações, não apenas a bem dos próprios doentes mas também para que possa ter sempre um tempinho para aqui nos deixar as suas opiniões.
Não conheço esse livro e, curiosa como sou, já fui à procura. Pois bem, acabo agora, emocionada, de ver excertos do filme feito sobre o livro. Penso que não se importará que o divulgue aqui no UJM.
Assim deve ser a vida, também eu o acho: vivida com prazer, aproveitando-a muito bem, sem rancores, azedumes, superando dificuldades, transformando em saber e resistência acrescida as adversidades que se ultrapassaram, e sempre com alguma doçura, afecto, alegria.
'Viver para contá-la', como muito bem evoca o livro de Gabriel Garcia Marquez (mas sempre, como ele, colocando em primeiro lugar a vida, viver).
Muito obrigada pelas suas palavras e obrigada por me ter dado a conhecer esse livro, de que irei à procura.
Muitas felicidades e também muita vida para si (adorei essa expressão 'muita vida')!
Olá Isabel,
ResponderEliminarI didnt't give up. Superado aquele horrível 1º semestre, comecei a perceber que não tinha ido cair num antro de génios onde só eu era a burrinha da fita. Muita gente desistiu logo ali, as turmas foram ficando mais curtas e mais 'humanas', comecei a conhecer outras pessoas e, atrás disso, fui conhecendo outros mundos.
Uma das pessoas importantes nessa altura foi um rapaz simpatiquíssimo, retornado de Moçambique cuja família se tinha fixado em Castelo Branco. Era um rapaz de outro curso mas que tinha algumas cadeiras em comum com o meu. Também ele conhecia ali ninguém, também ele estava ávido por conhecer, por descobrir a grande cidade. Com ele, comecei a frequentar a Associação de Estudantes, a Cantina, outras pessoas. Tinha uma irmãzinha mais nova de quem falava sempre com imensa ternura.
O mundo começou a abrir-se de novo à minha frente. Comecei a encarar o curso com menos aversão, as matérias passaram a ser menos herméticas, e embora pouco dada a estudar, sempre tive facilidade em aprender e em memorizar aquilo que percebia. E comprava outros livros, documentava-me, mas fazia-o sem esforço, nas esplanadas, nos jardins. E fui uma das melhores alunas, conseguindo manter a mesma média de sempre (a mesma desde que entrei no liceu e até que saí da faculdade).
E no final desse 1º ano, apesar de namorar ainda com o rapaz que tinha começado a namorar no 7º ano do liceu (actual 11º), apaixonei-me por um outro e aí foram tempos de intensa paixão e emoção.
Por isso, acho que tudo fez parte do processo de aprendizagem e crescimento.
Hoje talvez a minha opção académica fosse outra e talvez a minha profissão fosse outra mas, verdade seja dito, também não me arrependo. tenho tido uma vida tão variada e tão cheia de momentos interessantes que não me posso mesmo queixar.
Um beijinho, Isabel (uma grande professora que os alunos não esquecerão vida fora, estou certa disso).
Olá Querida 'Era uma Vez',
ResponderEliminarPor motivos de força maior (ainda aquele assunto que há tempos me colocou em black out e sobre o qual lhe falei por outra via e que agora, inesperadamente, voltou e em força) não tenho conseguido escrever nada, nem sequer responder aos comentários, coisa pela qual me penitencio.
Por isso, tarde e más horas louvo a oportunidade do seu poema sobre a nossa grande Joana. O seu poema, como sempre, sabe encontrar a musicalidade certa, para nos contar a história desta nossa fantástica artista de grande sorriso, que sabe pegar nas artes tradicionais, em objectos comuns, e transformá-los em grande arte.
Se um dia destes eu escrever uma coisa sobre esta nossa Joana d'Arte, que nos enche de orgulho, penso que não se importará que coloque lá o seu poema a 'apadrinhar'.
Um beijinho, Era uma Vez.
Querida Erinha
ResponderEliminarAs suas melhoras. Please tenha cuidado. Às vezes é preciso saber parar porque o objectivo é ficar bem.
Cuide de si, OK?
Nós sabemos esperar. Abraço.
Erinha, muito obrigada,
ResponderEliminarDesta vez estou a tentar (mas não está a ser nada fácil)...
Vou esforçar-me por aceitar bem o seu conselho se bem que, para mal dos meus pescados, não tenho grande alternativa senão estar mesmo parada. Espero é que não seja por muito mais tempo...
Obrigada uma vez mais pelo seu cuidado e carinho.
Um beijinho, Erinha.
Se não encontrar o Livro "Às terças com Morris" e quiser, eu empresto-lho.
ResponderEliminarPareceu-me que está doente, é isso? Desejo-lhe as melhoras rápidas, para voltar aqui, pois faz falta.
Um beijinho
Isabel,
ResponderEliminarTão querida que é. Muito obrigada pela sua generosidade. Vou procurar o livro e, se não o encontrar, tomarei a liberdade de aceitar o empréstimo.
É isso, estou com um problema que já me tinha afectado aqui há umas 3 semanas e que deveria ter sido curado até estar bem. Como me pareceu que já estava a caminho de estar bem, encurtei a recuperação e, para mal dos meus pecados, a coisa retrocedeu e fiquei pior que antes.
Hoje, apesar de tudo, comecei a sentir-me um pouco melhor e, por isso, apesar de algumas condicionantes (estou a escrever quase deitada, por exemplo), já me apeteceu voltar aqui à vossa companhia.
Muito obrigada, Isabel, pelas suas palavras tão queridas.
Querida Jeitinho,
ResponderEliminarSentia a sua ausencia e só hoje percebi os motivos.
Deixo os votos de rápidas melhoras, dê tempo ao tempo pois querê-mo-la em forma.
Um beijinho e que Deus a proteja.
Caríssima UJM!
ResponderEliminarTenho, do Direito, de algum tempo a esta parte...uma ideia pouco “direita”! E razões haverá para tal (basta ver o que vai no campo da Justiça - e não só. A Administração do Estado, por exemplo. Se imaginasse o que se passa, nos Ministérios! E, designadamente, do que é solicitado a “certos” Escritórios de Advogados, enfim... ).
Mas olhe, permita-me esta “adenda”, a intuição e improviso podem ser, por vezes, cruciais, num julgamento.
Um dia, porém, entendi ser altura para mudar de rumo e assim fiz. Dei uma volta à vida, e optei por outra actividade profissional (onde curiosamente o dito Direito me ajudou e muito) e, depois, recentemente, entendi dar outro “piparote” à mesma vida. E seguir outra, no caso, apoiado, de algum modo, no Direito.
E cá vou indo, tirando o melhor partido daquilo que são as opções que faço - depois de bem pensadas (sobretudo, nunca ignorando com quem partilho a minha vida).
Mas, ainda hoje, tenho uma “certa nostalgia” por aquela minha “velha simpatia” pela Medicina. Mas, igualmente, por Economia (hoje, limito-me a ler o que posso sobre a matéria e a retirar os “devidos ensinamentos”. E já não é mau!).
Cordialidade e estima,
P.Rufino
Olá Pôr do Sol,
ResponderEliminarPois, estava mesmo incapaz de escrever. Agora, sinto que já estou a recuperar embora mais lentamente do que eu gostava. Mas o nosso corpo não quer saber da nossa vontade, não é?
Por isso, cá estou a ver se isto volta a entrar nos eixos mas já com vontade de voltar ao vosso contacto.
Muito obrigada pelas suas palavras.
Um beijinho, Sol Nascente!
Olá P. Rufino,
ResponderEliminarPois, tenho ideia que nos corredores do poder se usam os melhores escritórios de advogados para suportar toda a espécie de decisões, pareceres e contra-pareceres. É um mundo em que, imagino eu, o ar não será o mais puro que se desejaria.
Mas olhe que é preciso coragem para ir ousando mudar de vida profissional pois há sempre uma dose de risco. Mas tem razão, há muitas actividades em que o suporte do Direito é uma mais valia.
Desejo muito sinceramente que se sinta sempre motivado e realizado e que tudo lhe corra sempre muito bem, que tenha muita sorte.
E que a intuição e o improviso (tem razão: nos julgamentos devem dar muito jeito) também o acompanhem sempre, por forma a guiá-lo quando a sabedoria não seja suficiente.
Uma boa tarde!
Então depois se quiser o livro diga-me se faz favor.
ResponderEliminarUm beijinho
Assim farei, sim, Isabel e, uma vez mais, obrigada pela sua generosidade.
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