segunda-feira, novembro 21, 2011

A alma das mulheres - saber captá-la, saber capturá-la (o caso de Bettina Rheims)


Leio que Bettina Rheims, parisiense, nascida em 1952, filha do especialista em arte Maurice Rheims, é considerada uma grande fotógrafa de mulheres.


Que lhes desvenda a alma, que as mostra como elas gostam de ser vistas, que as mostram como os homens gostam de as ver, que compreende como ninguém o desejo no feminino - é o que dizem.


Sensualidade, erotismo, voyeurismo, ambiguidade e, mesmo, obscenidade e escândalo são palavras frequentemente associadas ao trabalho de Bettina. Pornografia, dizem outros.


Estive a ver e gostei. Escolhi fotografias inócuas para aqui, que este é um blogue de família mas, mesmo as mais ousadas, não me parece que tenham nada de excessivamente chocante. Terão um toque de provocação, um toque de divertimento por anteciparem o efeito que provocarão, mas nada que incomode quem tem boa consciência.

Nas que escolhi para aqui só posso dizer que tomara eu que alguém me fotografasse assim, tomara eu ser capaz de fotografar alguém com tanta arte e cumplicidade, pois o resultado é mesmo muito bom.


Bettina, ela própria uma bela mulher, começou por ser modelo, depois foi jornalista, teve uma galeria de arte até que se fixou naquilo que se afirmou como a sua verdadeira vocação, a fotografia. Tem trabalhado em moda, publicidade, tem retratado personaliddaes públicas (inclusivamente é dela o retrato oficial de Jacques Chirac, 1995), tem feito séries autónomas de sua inteira autoria, tem trabalhado por encomenda. É conceituadíssima, apesar das polémicas. Tem participado em mostras retrospectivas, tem livros publicados, é bastante requisitada.


Em 2008, a pedido do milionário russo Sergey Rodionov, fez uma série de fotografias da sua mulher, Olga Rodionova, que deram origem a um livro, The Book of Olga, do qual escolhi a parte de cima de uma fotografia de corpo inteiro, por, vista assim, parecer uma fotografia quase púdica. Grande parte das restantes são surpreendemente impudicas. Há maridos assim.


As mulheres retratadas são respectivamente Monica Bellucci, Milla Jovowich, Sybil Buck, ? (campanha para o Vin de Chablis), Madonna e Olga Rodionova.

Nesta altura, com a incerteza que paira no ar, várias pessoas questionam-se sobre se, já ou num possível momento de aperto, não deveriam mudar de profissão ou passar a dedicar-se a qualquer outra actividade remunerada. Pois eu, a ter que mudar de ocupação, a que me ocorre é a fotografia. Os tapetes de Arraiolos não dão nada, escrever blogues também não - mas quem sabe fotografar os maridos de milionárias ricas...?
  

4 comentários:

  1. Bom, as fotografias mais "pesadas" têm uma enorme carga irónica, creio. E é difícil não gostar de todas elas, independentemente de integrarem ou não o conceito "familiar". Aliás, vale a pena espreitar o site oficial da Bettina Rheims, é uma enorme e boa surpresa.
    E pronto, um dia feliz!

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  2. Packard,

    Carga irónica umas, carga erótica outras mas, tem razão, acho que sempre com algum distanciamento, o distanciamento de quem avalia que previamente o efeito que vai produzir, talvez uma certa vontade de provocar. Mas outras bastante subtis, muito íntimas.

    Tem razão quanto ao site e já o linkei. Aliás ontem à noite estava com ele na tecla para o linkar mas passou-me. É um site bem feito, esteticamente interessante e, claro, as fotografias valem por si.

    E pronto, obrigada.

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  3. Jeitinho Manso
    Belas fotos que talvez só uma mulher saiba fazes de outra. O olhar dos homens sobre nós é sempre diferente. Melhor ou pior, tanto faz. Mas diferente, porque raramente rasga a alma.
    Sempre lhe digo que se for para fotógrafa tem sucesso garantido. Mas se decidir reunir os seus textos em livro, garanto-lhe que tem quem os edite.
    A escrita não dá para muito. Mas arredonda o fim do mês. E, sobretudo a alguns, dá um imenso prazer!

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  4. Helena, saberá como essas palavras me cairam bem...?

    Tenho esta compulsão por escrever e por fotografar que é tudo e apenas prazer porque a minha vida profissional é o oposto de tudo isto.

    E vou sonhando que um dia - quem sabe?, talvez..., pode ser..., mas tudo tão remoto... - possa dedicar-me a fazer coisas deste género, fotografar, escrever, olhar as pessoas, escrever sobre as pessoas.

    Mas as suas palavras são um estímulo, um sinal de apreço que muito me tocam.

    Obrigada.

    PS: Mas olhe que há homens também muito bons fotógrafos de mulheres (embora, agora que penso melhor, talvez lhe dê razão: não rasgam a alma, é isso mesmo)

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