quinta-feira, outubro 13, 2011

Durão Barroso e Cavaco Silva, os novos Dupond e Dupond: ei-los que, à uma, resolvem desancar no par de jarras Merkel e Sarkozy. (E a minha opinião sobre as tretas da TSU e da lei laboral. E o que eu sei sobre empresas. READ MY LIPS)




O José Manuel Barroso, uma vez mais, saíu das profundezas. O cherne está a vir à superfície, voz inflamada, revolucionário, sem medo. Grande intervenção de novo. Deu forte e feio na Angela e no Nicolas, o glorioso par de jarras que resolveu fazer de conta que manda na Europa: para quê andar a inventar novos orgãos de governação quando já há os necessários? Vamos mas é lá a fazer o trabalho de casa, vamos mas é lá ver se nos entendemos.

O senhor Comissário europeu, o Grande Revolucionário Durão Barroso, Dupond 1


Andou lá pelas funduras, caladão, sem ninguém dar por ele. Víamos a Angela e o Nicolas, beijinhos e abraços, a porem e disporem, e ele nada. Felizmente, parece que acordou. Agora que o vento sopra forte e o desastre está iminiente, eis que, finalmente, dá o ar de sua graça e põe a boca no trombone. Confirma-se, então: old MRPP is back. Temos homem! Temos Durão!




Mas eis que do outro lado, onde os ventos também sopram desabridos, lhe responde o mano Dupond 2, o novo revolucionário Aníbal. Eis que de Itália nos chegam notícias de Cavaco desancando no casal maravilha, o dito par de jarras, a que chama um auto nomeado directório franco-germânico, negando-lhes autoridade para o teatro que andam a encenar, apelando às políticas de relançamento de economia e o escambau.


Depois de ter pintado a manta com o Sócrates, ou melhor, depois de ter tirado o tapete ao Sócrates (que a crise internacional não era desculpa, que não se podiam pedir mais sacrifícios, que era bom que a malta toda viesse para a rua indignar-se e etc e tal) eis que, num passe de mágica, vira o bico ao prego e agora é a economia internacional, é a política europeia, é isto e mais aquilo. O dito por não dito - coisa, aliás, pouco inédita no personagem.

Mas, enfim, hoje estou boazinha, por agora vou relevar. (Relevo mas não esqueço... Porque é pena que tenha sido tão desleal para o anterior primeiro ministro, pena que adapte a conversa às circunstâncias, pena que eu olhe para ele e, por tantas que tem feito, já tenha muita dificuldade em fiar-me )


Adiante. Ontem, o espírito de Florença desceu por ele abaixo e pudemos ver Cavaco a apontar os erros, a apontar o caminho certo, a apontar o dedo aos desmandos e aos dois prentensiosos, a definir o primado da economia sobre o das finanças (ou em paralelo com as finanças) como o único caminho para que o remédio para a crise não se torne socialmenete insuportável. Reconheço que falou muito bem. Falou grosso, falou bem.

Vamos mas é lá a ver se alguém o ouve.

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George Soros, António Vitorino e outros influentes também andam a dardejar (vidé carta apelo que lançaram), e pode ser que se comece a criar uma onda de fundo que não deixe o cherne voltar à fundura, que arraste o par de jarras para onde não empatem, que esta gente toda caia na real, que se portem como gente civilizada e evoluída, que regulamentem os mercados, que acordem da dormência em que caíram, que se virem para as pessoas - e que isto se concerte.

Gosta da ribalta este casalinho que está a brincar aos governantes
e que acha que manda em nós todos

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O que é imperioso é que se relance a economia. Com uma economia forte poderão fazer-se ajustamentos financeiros, cortar 'gorduras', reestruturar e tudo isso que tem que ser feito. Agora se invertemos a ordem dos factores, como tem estado a ser feito, para poupar na ração da mula, que é cara, vai-se reduzindo, reduzindo, cada vez poupando mais na ração. Até que um dia a mula morre. Oh... que pouca sorte.... agora que estavamos a poupar tanto, é que a sacana da mula foi morrer. E agora? Quem é que nos leva? Quem é que carrega com as coisas? E agora? Raios partam a mula que se lembrou de morrer, filha da mãe.

Pois, a primeira a cair de fome e sede foi a mula do inglês, depois foram os gregos, a seguir seremos nós.

Não pode ser.

É essencial criar riqueza.

Olhemos para nós. Fui ao Ikea comprar uma coisa - quase tudo importado. Vou a um centro comercial - quase tudo importado. Não pode ser.

Temos que voltar a fazer coisas: fazer talheres, fazer tachos, fazer pratos, fazer atoalhados, fazer mobílias, fazer navios, fazer máquinas, fazer fábricas, cultivar, pescar, criar peixes, investigar, fazer malas, sapatos, fazer filmes, fazer livros, fazer, fazer, fazer para não importar, fazer para exportar. Produzir.

Esquecer as chachadas das consultorias da treta e back to basis.

As palavras de ordem deveriam ser: trabalhar, produzir, arranjar clientes, mercados. Evitar burocracias, olhar para os custos, incrementar as margens. Ser inovador, ser arrojado.

Nota: Já agora, outra vez e please read my lips:

  • Reduzir a TSU é muito errado (compromete seriamente o futuro das nossas reformas) e não acrescenta competividade que se veja às empresas. Não é por aí!  
  • Mexer na lei laboral é treta. A actual serve e mais que serve para as necessidades, não é impecilho para coisa nenhuma. Senhores governantes deixem-se de perder tempo com fantasias.

O que é necessário é competência na gestão das empresas! Comprar bem, vender bem, produzir bem, apostar na motivação dos colaboradores. Gerir bem são as palavras que interessam - palavras de quem trabalha em empresas desde o século passado e que conhece os mercados nacional e estrangeiro. Acreditem em mim, sei do que falo.

Se a economia animar, se for criado emprego, se aumentarem as exportações e se reduzirem as importações, as coisas equilibram-se. E pode, então, cortar-se na despesa do estado, reconduzir emprego do Estado para a economia. Evitaremos a recessão e equilibraremos as contas.

Ouçam a Lagarde, oução a Dilma. Por favor. Estamos na rota errada, vamos estampar-nos. Temos que ir noutro sentido. E não apenas nós - a Europa toda. Temos que ter futuro. Não podemos empobrecer à toa, não podemos dar cabo do nosso futuro, não podemos destroçar as hipóteses de futuro dos nossos filhos. Não podemos arruinar o nosso país. Não podemos!



Temos que descobrir dentro de nós a força, a motivação, a esperança, a persistência para redesenhar o futuro, para o fazer renascer mesmo onde pareça já quase impossível descobri-lo.

.....

[E agora que já me ouviu clamar alto e bom som, vamos acalmar os ânimos. Desçamos pois até ao post abaixo.]

14 comentários:

  1. ERA UMA VEZoutubro 13, 2011

    É assim mesmo, Jeito Manso, hoje em Jeito BRAVO.
    Gosto desta coragem!
    Chega de nos encolhermos e de nos sentirmos coitadinhos!!!

    Eles que venham até cá, passem fins de semana, apanhem sol aos montes, provem comidinha boa...e descubram a melhor varanda sobre o Atlântico.

    E nós orgulhemo-nos do que somos e força aí a arregaçar as mangas.

    É preciso algum dinheiro para começar, eu sei. Depois é uma bola de neve.
    Qualquer cidade da Europa fica a duas ou tres horas deste imenso areal.

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  2. Ou terá sido o Mentor Divino e Chefe Supremo do Grande Cherne de Bruxelles que mandou travar as veleidades do duo?

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  3. (Do aparvalhado moço de fretes provinvciano nem falo ie. nem interrogo)

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  4. (não há nada substantivo a dizer
    apesar de apetecer fazer comparações com o almirante que numerava o que fazia, contava; este enumera o que se segue, 'tautologa')

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  5. (a grande diferença entre os dois reside no facto de um ter nascido em Lisboa e o outro ter nascido num discreto lugar, asuldo Alentejo - numa terra tão exígua como a nossa é decisivo, para toda a vida... em tudo!)

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  6. (muit'obrigado pelo espaço concedido para aforismos à toa)

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  7. Alguém ouviu há pouco Passos Coelho e o arrazoado de medidas para todos nós?
    E os outros, meus senhores, e os outros? Os que nem ouvem o seu nome pronunciado?
    Porque continuam intocáveis?
    Porque quem se lixa são sempre os mesmos?
    Beijinhos e estou de saída porque posso proferir algum impropério.

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  8. A JM já pensou no negócio que vai criar?

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  9. Era uma Vez,

    Eu temia que o orçamento fosse mau. Estava, contudo, longe de imaginar que fosse aterrador.

    Estou bem apreensiva com tudo isto.

    É um rumo erradíssimo.

    Não é apenas o turismo que tão bem refere: há mil outras coisas que deveríamos produzir cá, incentivar a economia, criar riqueza.

    Este caminho, pelo contrário, é o da recessão, do empobrecimento, do flagelo do desemprego.

    Não sei o que vai ser de nós.

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  10. Teresa- Teté,

    Estou em estado de choque com o que ele disse. Tudo isto é mau demais.

    Este é o caminho que levou a Grécia à desgraça em que está. Desemprego, ruína, gente sem casas, gente sem dinheiro, gente que antes vivia bem. Não é o povo que tem culpa de medidas erradas. Mas os erros não se corrigem matando à fome a população.

    Hoje estou constrangida e revoltada a um ponto que nem sei se vou conseguir escrever.

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  11. Pirata,

    Você gosta de aforismo, alusões e tem uma forma que nos obriga a determo-nos, tentando perceber o que quer, exactamente, dizer.

    Mas, enfim, acho que percebo que acha este duo muito pouco digno da nossa consideração. Provincianos (um mais que outro), pouco inspirados, pouco interessantes...

    Mas é o que temos e, queiramos ou não, dependemos do que fazem, do que deixam fazer.

    Por isso, deixe-se lá de aforismos e diga o que acha que, numa situação destas, devemos fazer.

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  12. Estou estupefacta com os ecos do orçamento de estado! Desconhecendo eu os meandros da economia, e nada sabendo de políticas, fico aterrada com as suas palavras, não só pela gravidade da situação que tão bem esclarece, como, e principalmente, por me parecer que quem governa os nossos destinos sofre, no mínimo, de falta de imaginação. Não é obrigação dos governantes e políticos em geral apresentaram soluções, ideias para a sociedade? E não apenas cortarem nos rendimentos e aumentarem impostos?

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  13. Caríssima Leitora da Matéria dos Livros,

    O que se está a passar é aflitivo e revela um miopia preocupante. Começo a ver que a coisa se vai complicar mesmo a sério.

    Os casos concretos que começo a ver (inclusive perto de mim), os casos que se antevêem, o que já se sabemos sobre o que está no fim da linha (vide o caso da Grécia), são de nos deixar muito apreensivos.

    As pessoas que estão à frente deste país e a forma como a União Europeia está organizada, fazem-me temer impasses absolutos mesmo perante a angústia colectiva.

    Hoje não consigo animar ninguém, sorry.

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  14. Caro Anónimo,

    Não, ainda não pensei porque não sei se o meu futuro passa por aí. (Por enquanto) trabalho por conta de outrem. No entanto, por vezes isso às vezes aflora ao meu pensamento.

    No entanto, nesta conjuntura, só sobrevive quem tiver uma ideia brilhante ou quem for pouco sério ou - que seria o ideal - se houvesse um apoio generalizado ao desenvolvimennto económico, um planeamento integrado, estudos macro-económicos para se apostar em determinados sectores.

    Mas a sobrevivência do país passa pela criação de empresas e de empregos, pela criação de riqueza, pelo fim da pobreza - o contrário da linha que está a ser seguida.

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