Desde que Sócrates saíu e que António José Seguro lhe sucedeu nunca mais me apeteceu falar do PS.
Como aqui me manifestei algumas vezes, achava que António Costa daria um muito melhor líder do PS e candidato a Primeiro-Ministro.
Maria Antónia Palla, jornalista e escritora, uma mulher íntegra, uma lutadora |
António Costa é vivo, inteligente, mordaz, focado - e tem uma mãe que admiro e com quem simpatizo e nisto, meus amigos, é sempre melhor a gente gostar da mãe deles .
Não sendo o António Costa o novo líder do PS, coisa que acho uma pena, então que fosse o Francisco Assis, que não sendo extraordinariamente fotogénico, tem um nome santo e deve ser uma santa pessoa e que é, isso de certeza, um homem culto e um orador brilhante.
Mas o primeiro não quis e ao segundo não o quiseram - e acabou por ser eleito aquele por quem eu pouco dava.
(Aqui chegados deixem-me que avance com um dos meus statements, apenas pró memoria: não sou filiada em nenhum partido e não voto sempre no mesmo pois avalio, consoante as circunstâncias, a qualidade dos candidatos e as funções para que são eleitos. Contudo, a nível legislativo, nem sempre, mas na maioria das vezes, votei no partido socialista. A nível autárquico voto de maneira diferente, a nível europeu de outra. Mas desfiliada que sou, sinto-me descomprometida para poder criticar ou apoiar consoante o que, a cada momento, a minha consciência me dita)
O Tozé sempre foi pessoa que nunca me despertou qualquer interesse. Mal conheço o que pensa e, pior, também não me interessa saber.
Uma boa fotografia de António José Seguro (... mas por mérito do fotógrafo: Luíz Carvalho) |
Na política como na vida, para que um homem (ou melhor, uma pessoa) me desperte interesse tem que ter qualquer coisa de bad boy, de imprevisível, de criativo, de bem disposto, tem que ser capaz de momentos de humor, ser capaz de um golpe de asa, de um rasgo, e tem que saber demonstrar que tem uma visão e que é capaz de ir atrás dela, que é capaz de mobilizar este mundo e o outro para, em conjunto, todos irem atrás dessa ideia e tem que ser capaz de enfrentar interesses instalados, tem que lutar contra a inércia, tem que vencer a monotonia, tem que ser capaz de romper para refazer melhor, tem que ser uma pessoa interessante.
Ora, que posso eu fazer se não vejo nada disto no Seguro? Não vejo.
É muito certinho, muito bem comportadinho, muito atiladinho, tem um sorrisinho em que mal abre a boca, nunca deve dar uma boa e genuína gargalhada, diz coisas muito politicamente correctas, porta-se muito bem, quer ser muito simpático, deve ser um sobrinho dedicado das suas tias solteiras e beatas (já estou a derivar...), deve ajudar velhinhas a atravessar a rua (continuo, mas que querem?), no inverno deve andar de pantufas, e só não digo que, nas noites de inverno, deve dormir com um barretinho na cabeça e botinhas de lã feitas pela tia porque acho que isso já seria eu a embirrar à descarada. Mas, enfim: tudo coisas que me aborrecem.
Aquele número no congresso de andar por ali a espalhar sorrisos junto dos jornalistas, qual lança-perfume, aquelas frasezinhas sempre muito controladas, tudo aquilo é muito a antítese do Sócrates, é certo, mas a mim aborrecem-me homens assim ou melhor, pessoas assim, são umas maçadoras.
Acho que um líder de um partido tem que ter punch.
Temos que confiar que, caso estejamos a ser atacados por bandidos, temos cá, a tomar conta do pedaço, alguém capaz de levantar o punho e expulsar todos ao murro, um(a) tipo(a) capaz de um gancho bem metido, alguém com punch, é isso. E este não tem punch nenhum, nada, nem sei se um aperto de mão forte ele será capaz de dar. Delicado como se esforça por ser, é bem capaz de dar um apertozinho de mão bem mole para não magoar o outro (mas isto, se calhar, já sou eu outra vez a ser mázinha)
Alguns dos meus leitores mais críticos, já devem estar a suspirar, 'lá está ela, agressiva... Se agora tomou o Tozé de ponta está tudo perdido, vai ser sempre a desancar no pobre homem'. Pois. Não prometo o contrário.
No entanto, num esforço sincero, apelo à minha costela mais mansa e vou dar o benefício da dúvida por algum tempo.
Maria de Belém: feminina, firme, oportuna, informada, inteligente |
Para já gostei que a Maria de Belém, mulher por quem nutro simpatia, fosse para Presidente do PS. Boa escolha. Também estou em crer que o Carlos Zorrinho, se os seus pares o elegerem, vai ser um competente líder parlamentar. Pode ser que, não sendo ele um ás, se saiba rodear de uma boa equipa e, se assim for, só isso já abonará a favor dele.
De qualquer forma, melhor que o Pedro Passos Coelho isso é de certeza - que, para isso, também não é preciso muito.
Mas dá-me pena porque tempos difíceis exigiriam líderes competentes e fortes e forte é coisa que não me parece que o Tozé seja.
A ver vamos.
Porque será que concordo tanto consigo?!
ResponderEliminarE também não voto sempre no mesmo. Porque, como não sou Maria Antonieta, detesto espartilhos.
Coitadinha o que ela devia ter sofrido. E não ganhou nada com isso...
O Seguro está com uma dentadura nova que lhe perturba o discurso, Aquilo está tudo certinho demais.
Assis era o meu preferido - ai esta costela católica ! - mas reconheço que Costa tem mais humor.
Mas Costa vai lá chegar. é uma questão de meses!
Cara Helena,
ResponderEliminarJá me fez rir com o seu comentário.
Concordo consigo em tudo. Com a Maria Antonieta e com o Tozé (e, ao juntá-los aqui na mesma frase, não estou a estabelecer nenhuma 'liaison' entre o destino de um e de outro, claro).
Mas estou de acordo, o Costa está a caminho. E tem mérito e tem aquele 'killer instinct' que caracteriza aqueles que lá chegam.
Viu aquele comentário displicente e bem humorado dizendo que aquela cena do Seguro a irromper pela zona dos jornalistas era uma cena de tipo apanhados...? Com duas ou três simples palavritas arrasou o outro e tudo na boa, sem que ninguém o possa acusar de nada. Esta malandrice bem humorada e certeira fica-lhe bem e mostra que tem estofo para se abalançar a mais.
Está apenas a ganhar fôlego e a honrar o compromisso para com os eleitores da autarquia de Lisboa.
Achei graça quando (achei mais graça...) quando diz que está a divagar
ResponderEliminare
fico espantadocom a sua boa vontade
- mas qual delicado, qual quê?! O rapazito é apenas um encolhas (ia a dizer nhónhinhas, uma expressão do tempo em que se visitava as tias, como diz...) o rapazito é um encolhas-passpartout sem rasgo mas com astúcia. Educado sou eu.
(É verdade... o rapaz Costa de pateta tem nadas - queima este nhónhinhas neste tempo incerto enquanto aguarda a variação. Desgraçadamente sem significado; só mudará o passatempo da populaça - nós!
ResponderEliminarDESCULPE eu! )
Pirata,
ResponderEliminarConcordo consigo quando se diz parte integrante da 'populaça' porque se fosse gente fina diria 'encarnado'.
[Para as tias (e eu tenho alguns sobrinhos, de facto), quem diz 'vermelho' são esses perigosos comunas da populaça.]
Mas, tirando esta 'piquena' questão linguística, ocorre-se-me uma questão: mas haverá quem aposte a sério no Seguro?
Ou é apenas o rapaz sossegado que não fará diabruras neste meio tempo, enquanto os passistas dão cabo das loiças, e que depois, quando deixar de fazer falta, virá então o Costa para varrer a varapau o Relvas & Cª do adro?
(a mim ocorre-se-me pensar é na optima -com 'p' acentuado- interpretação em viés que faz do qu'eu digo e reciprocamente - tem piada mas pode resvalar desgraçadamente, on s'en doute!... )
ResponderEliminarClaro que vi a cena...
ResponderEliminarEmpacotou o Tozé que nem ginjas, como se diz na mina terra.
Helena,
ResponderEliminarEssa expressão é boa, não conhecia. Parecido com isso só aquela canção do festival, a da Dina, salvo erro, 'meti-te na cesta' que, aqui também se aplicaria à dita cena... (imaginemos o Tozé com aquele ar de gatinho carente, numa cestinha, e o Costa, com aquele seu sorrisinho irónico, com a cestinha na mão...)
Essa agora, ó Pirata, interpreto-o de viés? Como? Ou é você que me está a olhar de viés? Revalar desgraçadamente? Que trágico!
ResponderEliminarNão percebi. O que quer dizer com isso?
... apesar disso, ninguem iria referir o Crimson Pirate (R. Siodmak) por Pirata Encarnado, ou a Krassnaia Plochad por Praça Encarnada, ou a festa de VFranca por Festa do Colete Vermelho (e a CMVFX é toda avermelhada...) nunca lhes passaria p'a cabeça mudar o nome à Festa. Há ainda aquela 'coisa' dos cartões do futebol e o nickname do Chessman da lanterna mas falar disso só iria complicar, não ajuda...
ResponderEliminar(rais part'o preconceito)
Pirate in red,
ResponderEliminarPois não é que eu não fazia a mínima ideia desse filme? Aliás, acho que nunca vi nenhum filme de piratas. Mas costumam ser maus, não é?
Tirando isso, e para não me repetir a mim mesma, aqui lhe deixo uns links para dois posts meus sobre a problemática: quer dar uma espreitadela?
http://umjeitomanso.blogspot.com/2010/08/afinal-como-e-encarnado-ou-vermelho.html
http://umjeitomanso.blogspot.com/2010/08/encarnado-ou-vermelho-eis-questao.html
Quanto a mim, prefiro o Rouge da Chanel:
http://umjeitomanso.blogspot.com/2011/06/time-for-lipstick-ladies-vamos-la.html
Gostos.
O filme não é bom nem mau, é Hollywood-1952. O grande cinema americano do pós guerra, entre o sonho e a aventura -fora a propaganda- visto com a mentalidade de então.
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